IN COLD BLOOD Direção: Richard Brooks Ano: 1967 Assistido em: 08/12/2023
Tomei conhecimento sobre a família Clutter na semana passada quando escutei o episódio do Modus Operandi sobre o tema, e como sou consumidor assíduo de true crime, não dispenso nenhum filme inspirado em algum caso famoso, então lá fui eu assistir In Cold Blood, e fiquei muito surpreso, não só pelo desenrolar da história, mas pelas qualidades do filme, que é excelente.
Em 1959 a família Clutter levava uma vida pacata em uma fazenda na pequena cidadezinha de Holcomb no interior do Kansas. O que eles não poderiam imaginar é que um alvo foi colocado em suas cabeças, e que uma dupla extremamente perigosa está se direcionando até sua casa para acabar com a paz. Dick e Perry são dois jovens ex-presidiários que acreditam que a família possui uma grande quantia de dinheiro escondida na casa, e querem esse dinheiro a todo custo para recomeçar suas vidas, e para isso eles estão dispostos a qualquer coisa.
Como alguém que sempre gostou de ler sobre psicopatas e serial killers, sei que os estudos voltados para esse tipo de transtorno só se tornaram frequentes a partir dos anos 1970, antes disso era inconcebível para algumas pessoas o fato de que assassinatos brutais pudessem acontecer de maneira tão aleatória, sem existir nenhuma condição pregressa, sem ser por uma vingança ou por uma razão passional, uma brutalidade movida apenas por uma um descontrole emocional de um assassino. Em 1959, quando esse crime ocorreu, a sociedade era muito distinta, não havia metade do conhecimento que temos hoje em dia, portanto é bastante interessante ver como que um crime tão brutal repercutiu na mídia americana, e como o filme foi montado em cima dessa história, já que ele não segue os padrões adotados hoje em dia para quando tratarmos um longa sobre um crime real.
Hoje em dia muito se fala em dar voz às vítimas, muitos podcasts, filmes e documentários contam suas histórias pelo olhar daqueles que sofreram, mas isso não é o que ocorre aqui, tanto no livro do Truman Capote, quanto no filme dirigido brilhantemente pelo Richard Brooks os protagonistas são os vilões, são a dupla de assassinos, Dick e Perry, os Clutter são meros cordeiros para abate, até temos uma cena ou outra deles como família antes da carnificina acontecer, mas eles são meros coadjuvantes na sua própria história. A mídia sempre foi sensacionalista e o filme retrata isso muito bem, o foco aqui é no que vende, afinal o que era mais interessante para aquela época, a familiazinha medíocre do cu do mundo, ou a dupla de facínoras que fugia Estados Unidos afora?!
Não sou um profundo conhecedor da filmografia do Richard Brooks, mas pelo pouco que já assisti dele, ele era um diretor excepcional, o elenco também é excelente principalmente a dupla Robert Blake e Scott Wilson. O roteiro é muito bem escrito, você consegue entender a personalidade dos assassinos muito bem, e apesar de ter algumas pausas dramáticas, está em constante ascensão, e guarda o momento dos assassinatos para nos mostrar apenas na hora certa, como se eles só entregassem o que o público queria, apenas quando todas as peças estivessem encaixadas, a matança foi uma espécie de recompensa.
Não que eu me incomode com filmes preto e branco, mas confesso que o estranhei bastante uma produção de 1967 ser feita dessa forma, creio que a trama se beneficiária mais se fosse colorida, mas fora isso não há absolutamente nada que desabone a produção de forma alguma, aliás rodar as filmagens na mesma casa onde ocorreram os assassinatos, hoje em dia pode ser considerado de extremo mal gosto, mas creio que na época ninguém deva ter se importado, e para o Richard Brooks e sua equipe, isso apenas daria mais veracidade à história, mas querendo ou não, In Cold Blood é um dos mais importantes filmes sobre crimes reais já feito.Tudo que eu li sobre o mesmo, reforça que ele foi um dos pioneiros deste “gênero”. Super recomendado, tanto aos fãs do True Crime quanto aos do bom cinema.
PS: E quem diria que trinta e quatro anos depois, Robert Blake estaria na mesma situação que o seu personagem Perry: respondendo por assassinato, bastante irônico não?!
SCOUTS GUIDE TO THE ZOMBIE APOCALYPSE Direção: Christopher Landon Ano: 2015 Assistido em: 03/12/2023
Lembro que quando li uma notícia sobre esse filme pela primeira vez, lá em 2015, fiquei bastante curioso, a sinopse não é das mais comuns para os dias de hoje, era algo que mais parecia saído dos anos 1980 e isso me deixou um pouco animado, pois amo as comédias desse período, mas nem tudo é o que parece, e mesmo lembrando bastante algo produzido no passado, essa história exala tudo que é pertinente ao Século XXI.
Quando misteriosamente um vírus é liberado, uma pequena cidadezinha no interior dos Estados Unidos começa a ser assolada por um surto que transforma todos os atacados em zumbis. Nesse contexto para lá de caótico, caberá a três amigos que já estão um pouquinho grandinhos para serem escoteiros, usarem as habilidades que aprenderam no grupo para sobreviver e tentar encontrar uma maneira de parar essa loucura.
Vendo a filmografia do Christopher Landon, obviamente ele é um pessoa voltada para o terror, embora seja louvável ver a tentativa de misturar um gênero já conhecido como um que ele não tem experiência, ele esbarra na complexidade da comédia, é preciso ter o time certo, é preciso ter os atores certos, enfim, são perceptíveis as boas intenções, mas boas intenções não fazem filmes bons, e aqui faltou muita coisa para o filme atingir os objetivos pretendido.
Landon e sua equipe nos entregam piadas visuais boas, mas no roteiro não há muito que dê para salvar. A história é muito simples, personagens não tem um pingo de carisma, não vou nem culpar os atores porque, por exemplo Ty Sheridan tem suas limitações, mas já assisti alguns trabalhos dele onde ele entrega algo melhor quando lhe dão condições, e aqui, infelizmente ele não teve essas condições, tanto o protagonista quanto os coadjuvantes, são personagens muito bobinhos, muito sem graça, faltou aos roteiristas e ao diretor delinear melhor a personalidade dessas figuras e usá-los sem medo, o resultado seria melhor.
O grande problema de Scouts Guide to the Zombie Apocalypse, é que você espera que chegue em algum lugar, mas que ele não chega, é comportadinho demais, faltou perder as estribeiras, faltou ultrapassar a barreira do absurdo, faltou ser mais anos 80 conforme a sinopse tanto parecia. Talvez nas mãos de um pessoal que fosse mais experiente com comédia, o resultado teria sido melhor, mas para quem procura algo bobinho, sem muitas pretensões, talvez deve funcionar melhor, mas confesso que fiquei mais entediado e com sono, do que entretido.
SIXTEEN CANDLES Direção: John Hughes Ano: 1984 Assistido em: 03/12/2023
John Hughes foi um homem que mudou a forma como adolescentes eram vistos na década de 1980, sei que pode até parecer um certo exagero dar essa grande importância para ele, mas a forma como o adolescente foi retratado nas telas do cinema, pode ser dividida antes e depois de Hughes, um diretor/roteirista que trouxe para o grande cenário hollywoodiano alguns dos conceitos e estereótipos adolescentes que são utilizados até hoje, e aqui temos o primeiro trabalho dele na direção, com a fundação da pedra fundamental de tudo que viria a seguir.
O aniversário de 16 anos é uma data muito importante para qualquer garota, e com Samantha não é diferente, entretanto seu tão sonhado dia é completamente eclipsado por se tratar da véspera do casamento de sua irmã mais velha, e por seus familiares completamente surtados terem esquecido dela. Enquanto isso, na vida escolar, ela tem seu crush na figura de Jake, porém a mesma não tem muitas esperanças de conquistá-lo, mas esse cenário está prestes a mudar.
Uma coisa que precisamos deixar bem claro é que Sixteen Candles é produto de seu tempo, aliás todo filme é, e a sociedade de 1984 não é nem de perto a mesma de 2023,são quase quatro décadas separando os dois períodos, então algumas passagens talvez soem erradas para os padrões de hoje, mas naquela metade de década de 1980 ninguém via problema nenhum. Portanto em momento algum devemos julgar o longa com os olhos de hoje, sinto que o mesmo pode ser usado como reflexão, como prova de como evoluímos mesmo que pouco ao longo desses 39 anos, ao observarmos situações tidas como normais para os padrões da época, mas inaceitáveis para os dias de hoje, e de forma alguma devemos deixar que isso atrapalhe o nosso entendimento do projeto como obra artística.
Dois dos meus filmes favoritos da década de 80 são do John Hughes, The Breakfast Club (1985) e Ferris Bueller's Day Off (1986), então minha expectativa com relação a esse aqui estava nas alturas, mas devo admitir que fiquei um pouquinho decepcionado com a simplicidade da história apresentada, não temos muita coisa acontecendo em cena, temos uma garota completando 16 anos, frustrada porque ninguém se lembrou, e a seguimos por um período de dois dias enquanto ela tenta se encontrar, não que isso seja algo ruim, existem piadas boas aqui e acolá, mas a fragilidade do roteiro é muito grande, não apresenta nenhum grande momento, não tem nenhuma virada, basicamente termina da forma como começou só que com a diferença de Samantha finalmente conquistando o galã do colégio.
Hughes aqui começa a sua parceria com a eterna rainha da Sessão da Tarde, Molly Ringwald e com Anthony Michael Hall (sempre fazendo papel de chato), até aí nenhuma novidade, e o que me surpreende é o de fato dos dois terem a idade condizente a seus personagens, ambos com apenas 16 anos na época. Temos também o desaparecido Michael Schoeffling no papel de Jake, que o que tinha de lindo, tinha de fraco na atuação, acredito que mudar de carreira tenha sido uma boa opção para ele. Tivemos ainda o garotinho de Kramer vs. Kramer (1979), e John Cusack bem novinho em um de seus primeiros papéis, ou seja, um elenco bastante promissor.
Em linha gerais, dos trabalhos voltados para adolescentes do Hughes que já assisti, Sixteen Candles é o mais fraquinho, mas nem de longe é ruim, ele é simples, tem uma história inocente, que reflete os comportamentos da época, e que sem sombra de dúvidas marcou uma geração, e é preciso ressaltar que o trabalho de efeitos sonoros aqui é espetacular, muito bem encaixado e ajuda nas piadas. A partir de hoje vou enxergar esse filme como um pequeno aperitivo, do que viria lá na frente, porque aí sim, seria algo glorioso.
THE FOG Direção: Rupert Wainwright Ano: 2005 Assistido em: 26/11/2023
Cinema do terror é uma coisa complicada, se faz um sucesso mesmo que mínimo imediatamente vira uma grande franquia, e quando essa franquia se desgasta, os produtores se desesperam para tentar ressuscitar algo do passado, enquanto não aparece um novo lampejo de sucesso, vemos isso há décadas, mas parece que algo saiu de controle ali no meio dos anos 2000, pois tivemos uma insana quantidade de remakes de clássicos, e até mesmo daqueles que passaram batidos em suas versões originais. E aqui temos mais um exemplo disso, The Fog (1980) nunca foi dos mais memoráveis, mas que voltou em 2005 para uma versão ainda mais esquecível.
Numa pequena cidadezinha costeira 100 anos antes um naufrágio resultou em uma grande desgraça. Certa dia quando todos acreditavam que seria apenas mais uma noite comum, uma misteriosa névoa cobre o local e mortes violentas começam a ocorrer. Agora os descendentes daqueles envolvidos na morte dos marinheiros correm um sério risco de vida.
Os anos 1970 e 1980 foram bem prolíferos quando o assunto são filmes de terror com ideias mirabolantes, tenho que dar o braço a torcer e admitir que um longa com uma névoa assassina não é algo que vemos surgir com muita frequência em Hollywood, mas enquanto o original era dirigido pelo lendário John Carpenter e trazia a final girl mais famosa de todos os tempos, Jamie Lee Curtis, como protagonista, esse aqui é de uma falta de atrativos absurda, para mim o único ponto interessante é o Nick, pois sempre fui apaixonado pelo Tom Welling que em 2005 era um dos maiores galãs da TV norte-americana como protagonista de Smallville (2001-2011), mas tirando esse motivo específico não tem nada aqui que me seja atraente.
Filme fraco com história fraca, atuações mais fracas ainda, uma direção que não sabe criar tensão, honestamente, esse aqui foi um que lutei para manter meus olhos voltados para tela, pois honestamente a burrice dos personagens e a total falta de carisma do elenco definitivamente acabaram com qualquer tesão, qualquer vontade que eu tinha de acompanhar essa história. Só tava torcendo para que a névoa engolisse a tela inteira e que somente os créditos finais sobrassem porque era a única coisa pelo qual estava ansioso
Essa nova versão de The Fog é só mais uma dentre as muitas que provam que alguns filmes jamais devem ser refeitos, uns por serem muito bons e por isso se tornam intocáveis, e outros por serem muito ruins e não merecerem uma segunda oportunidade. Quando falamos de uma filmografia tão vasta quanto a do Carpenter, encontramos títulos clássicos, e alguns esquecidos, e a versão de 1980 é sempre ignorada quando nos referimos aos principais trabalhos do diretor. E sobre essa nova imaginação da história, a única cena que vai ficar na minha cabeça, foi o Tom Welling sem camisa.
Sem fazer muitos rodeios o motivo que me trouxe até esse filme não poderia ser outro senão o grandioso James Cameron, aqui, na função de produtor executivo, e fonte de inspiração para essa obra que convenhamos, tem tudo a ver com ele, afinal de contas estamos falando de uma aventura com personagens simples, mas que seguem tropos bem estabelecidos e obviamente, água, muita ÁGUA. Junte isso também ao fato da história ser muito levemente inspirada em um episódio semelhante ocorrido em 1988 com o Andrew Wight, produtor que trabalhou com Cameron em seus três documentários sobre o oceano. Mas uma coisa é se inspirar em um grande mestre do cinema, seguir a cartilha dele, outra bem diferente é fazer um trabalho que esteja no mesmo patamar do que ele faria.
Frank é um mergulhador bastante experiente. O que seria apenas mais uma de suas aventuras nas cavernas da Oceania, toma contornos bastante diferentes quando uma imensa tempestade fecha as rotas conhecidas para os mergulhadores retornarem à superfície. Agora ele será obrigado a encontrar um novo caminho para sair das profundezas desse labirinto junto com o seu grupo, do qual faz parte o seu filho Josh, com quem ele não mantém uma relação muito boa.
Quando disse que esse filme se inspira muito no Cameron é porque temos aqui uma estrutura que ele sempre utiliza em seus projetos, personagens muito simples, com dilemas comuns que se vêem diante de uma situação de vida ou morte, e isso não é algo ruim, James Cameron sempre aposta no básico, porém o faz de maneira espetacular. Seguindo esse esquema, aqui encontramos pai e filho protagonistas numa relação complicada de afastamento, e que precisarão se entender enquanto suas vidas estão em risco, temos o ricaço que não tem um pingo de moral e que vai se revelar um filho da puta ao longo da história, enfim, nenhuma novidade, mas o problema é que o roteiro não é bem trabalhado, é apático demais, e não consegue nos fazer torcer por esse pessoal, não dei a mínima se eles iriam sobreviver, ou se morriam pelo caminho, e isso deve ser a inabilidade do roteiro em desenvolver essas personagens e dos atores em desempenhar esses papéis de uma maneira mais intensa.
Visualmente muito bonito, Sanctum obviamente tem muito CGI, mas também tem muito efeitos práticos, algumas cavernas são reais, e a sequências de ação são bem conduzidas, mas tirando isso, a direção é super básica, o roteiro como disse, não é bem aprofundado, as atuações são fracas, a trilha sonora é quase que inexistente de tão desinteressante, enfim, existem alguns pontos positivos, mas os negativos os anulam.
Em linhas gerais Sanctum deixa a sensação de que é um filme que mira no James Cameron, mas que faltou muito para chegar até os resultados obtidos pelo diretor, talvez caso a direção fosse um pouquinho mais competente, o elenco mais talentoso, e o roteiro mais trabalhado, os resultados obtidos fossem melhores, ainda assim não de todo desastroso, talvez eu que tenho assistido em um dia não muito bom, e pessoa com o senso crítico mais desarmado, que só querem ação pela ação, interpretem tudo de uma forma menos exigente.
I GIVE IT A YEAR Direção: Dan Mazer Ano: 2013 Assistido em: 25/11/2023
Nem todo filme é feito para ser uma grande produção cinematográfica, e nem toda produção cinematográfica é feita para marcar a vida do espectador, algumas são meras distrações, meras passagens de tempo para uma pessoa que quer ir ao cinema ou simplesmente assistir do sofá de sua casa, servem apenas para nos fazer desligar o cérebro por um período de uma hora e meia, duas horas, nos divertir com uma história qualquer, mas o problema é que tem filmes que são tão insossos, tão apáticos, tão anêmicos que nem para distração eles servem, e é isso que I Give it a Year representou para mim.
Quando Josh e Nat se conhecem, eles rapidamente vivem um romance tórrido e já decidem unir as escovas de dentes, o problema é que a personalidade deles é muito diferente e ambos só vão descobrindo essas incompatibilidades ao longo do seu casamento. Enquanto isso, absolutamente todo mundo ao redor dos pombinhos aposta contra a união, e para piorar ainda mais a situação cada um deles encontra uma opção de relacionamento mais viável do que o seu cônjuge.
Honestamente, não sei qual que era a intenção do diretor Dan Mazer com esse filme, como um drama não funciona, como romance não cativa, como comédia não faz rir, sei que os britânicos têm um senso de humor bastante diferente, basta assistir qualquer série de comédia deles, mas isso aqui foi uma tentativa tão insípida, tão meia boca de fazer uma comédia romântica que honestamente não entendi qual era a ideia, no final a única coisa que o filme conseguiu ser foi totalmente esquecível.
Temos um elenco de bons nomes, Rose Byrne é uma ótima atriz, Rafe Spall também consegue entregar muito quando lhe dão um bom roteiro, e no suporte temos Simon Baker a Anna Faris, e mesmo assim todos eles são desperdiçados com personagens que não convencem, você só quer que aquele povo suma da sua frente de uma vez.
Não sou muito fã de comédia romântica, mas prefiro mil vezes aquelas que mexem comigo a ponto de eu odiá-las do que aquelas que sou totalmente indiferente, I Give it a Year simplesmente não despertou nenhum sentimento em mim, terminei o filme em total estado de apatia, é um longa tão fraco que a única sensação que me despertou foi sono, tanto que nem vi a cena final, cochilei e quando acordei os créditos já estavam subindo, li o desfecho na Wikipédia, e me dei por satisfeito. Se eu não tivesse marcado ele aqui no Filmow e no meu perfil no IMDb, provavelmente nem lembraria da existência disso aqui, e seria melhor esquecer mesmo.
THE 33 Direção: Patricia Riggen Ano: 2015 Assistido em: 25/11/2023
Existem alguns episódios que extrapolam os limites nacionais e se tornam eventos mundiais, geralmente tragédias têm um alcance muito maior do que acontecimentos felizes, e nesse sentido, quem já tem mais de 20 anos com certeza deve se recordar do acidente com os mineiros no Chile em agosto de 2010. Para mim esse evento está associado com algo muito particular, já que nesse mesmo mês eu completava meus 18 anos, portanto essa história foi muito marcante para mim, junto obviamente a intensa cobertura midiática. Anos depois veio esse filme, que tentava retratar um pouquinho do enorme e complicado processo de resgate daquelas pessoas.
Na pequena cidade de Copiapó, no deserto do Atacama, uma mineradora ignora os sinais de que a montanha onde se encontrava uma mina de cobre e ouro, estava em processo de desabamento, e continua suas operações como se não houvesse amanhã. No dia cinco de agosto de 2010 um imenso deslizamento no interior da montanha faz com que 33 trabalhadores fiquem presos a quase 700 metros de profundidade, dando início a uma corrida contra o tempo do lado de fora para tentar salvar suas vidas.
Desgraça vende mais do que notícias positivas, isso é uma máxima do jornalismo que se repete no cinema, afinal de contas dá para contar nos dedos quantos filmes trazem eventos felizes sem que exista algo muito caótico e complicado nos bastidores, e era óbvio que Hollywood iria por suas mãozinhas na história dos chilenos, até lembro que na época do ocorrido pensei que não demoraria nada para eles reproduzirem essa história nos Estados Unidos, portanto fiquei bastante surpreso ao ver que temos aqui uma coprodução entre países, e que isso fez com que além dos americano, podemos encontrar mexicanos, espanhóis e até um brasileiro no elenco, temos todas as etnias interpretando chilenos, menos chilenos, pelo menos não nos papeis centrais.
Vendo um pouquinho sobre as críticas recebidas pelo filme quando ele foi lançado em 2015, eu esperava algo bem inferior, mas me surpreendi positivamente, é claro que o objetivo do roteiro não é aprofundar nenhum personagem, eles até pincelam superficialmente algumas histórias de background, mas logo partem para o que interessa, que é o acidente e todo o processo de resgate, mas nem por isso é difícil se conectar com aqueles homens, é muito simples se colocar não só no lugar das vítimas como no lugar dos familiares que estão ali sofrendo e isso é um ponto positivo, porque quando você consegue essa conexão com essas pessoa você teme pela vida deles, mesmo sabendo o desfecho da história.
A produção é competente, as atuações são na medida do que o roteiro oferece, temos uma das últimas trilhas sonoras do James Horner, mas fiquei decepcionado com toda a direção das sequências do acidente, os enquadramentos escolhidos por Patricia Riggen ficaram muito confusos, o caos estava rolando ali embaixo e não estava conseguindo entender quase nada em cena, não sei se isso foi uma decisão proposital da diretora para emular o que ocorreu de fato naquela mina, mas como espectador aquilo tudo me deixou com uma impressão de que foi um serviço mal feito e me incomodou bastante.
The 33 é um filme catástrofe diferente, apesar de ser uma história que envolve um acidente muito complexo que deixou 33 pessoas por mais de dois meses em uma situação extremamente complicada (principalmente nos dias iniciais), ela tem um diferencial em relação a outros casos, não só de filmes, mas também dos desastres da vida real, o final é feliz, na última cena vemos os 33 mineiros verdadeiros e os letreiros nos dizendo que eles nunca foram compensados financeiramente pelo o que ocorreu e isso é um absurdo, afinal de contas vemos uma empresa rica colocando-os em perigo e nada aconteceu, mas entretanto creio que o principal presente que eles ganharam, foi que todos saíram vivos daquele inferno e tiveram uma oportunidade de continuar suas vidas, infelizmente nem toda tragédia tem o mesmo desfecho.
NAPOLEON Direção: Ridley Scott Ano: 2023 Assistido em: 24/11/2023
Toda vez que vejo um anúncio de algum drama histórico dirigido por Ridley Scott fico imediatamente animado, afinal ele é dos poucos diretores de Hollywood que ainda se empenha em produzir verdadeiros épicos. Scott tem uma bagagem imensa e um nome muito forte para conseguir fazer com que os estúdios embarquem em suas ideias de produzir filmes grandiosos, em uma época em que o cinema Blockbuster só tem olhos para hominhos brigando. Quando saiu a notícia que ele faria um longa sobre Napoleão Bonaparte, um dos homens mais importantes da humanidade, o meu lado obcecado por história vibrou de verdadeira alegria, mas eu nem tinha expectativas de poder assistir no cinema por ser uma produção original da Apple que chega ao circuitos após uma parceira com a Columbia Pictures, e como o cinema da minha cidade foge de produções voltados para premiação, pensei que ele não viria, mas surpreendentemente veio, e eu corri para poder conferir.
Napoleão Bonaparte, que nasceu francês quase por acidente, ingressou muito cedo nas fileiras do exército e com uma tenra idade acabou acendendo a um poder há muito não visto entre os Francos. Bonaparte assumiu o controle de um país à beira da mais completa ruína e afundado no caos, e se tornou o homem mais poderoso vivo naquele momento. Obviamente isso garantiu grandes inimigos ao imperador, mas não só aqueles oriundos de outras nações ameaçavam Napoleão, haja vista que sua vida pessoal com sua primeira esposa a Imperatriz Josephine, era tão complicada e problemática quanto a geopolítica europeia daquele período.
Não existe cinebiografia que consiga retratar toda a vida de um personagem histórico, ainda mais quando falamos de um monstro de incomensurável importância como foi o imperador francês Napoleão Bonaparte, então é óbvio que o Ridley Scott precisava escolher um recorte, e aqui nós nos esbarramos com o mais grave problema da produção. Já foi divulgado publicamente que o corte do diretor possui mais de 4 horas, mas como a Apple fez um acordo com a Columbia para levar Napoleon para os cinemas, assim conseguindo uma graninha extra e tornando-o elegível para participar da temporada de premiações, era óbvio que ele não chegaria com essa metragem para o grande público, mas mesmo possuindo uma longa duração do alto de suas 2h40min, essa versão sofre com uma montagem problemática, que só não causa uma catástrofe devido ao talento dos envolvidos.
A maior problema dessa montagem é a completa falta de cenas de conexão entre os acontecimentos, num instante temos um Napoleão tremendo de medo e ansiedade diante do Cerco de Toulon, na outra já temos alguém dizendo que ele é o maior líder militar da França atual, em uma cena vemos ele conhecendo Josephine, na outra ele já está se derretendo de amores, em outra temos ele recebendo a proposta de ser o novo rei, pra 30 segundos depois ele estar sendo coroado imperador. Tudo pula de um acontecimento para outro sem dar ao público a chance de entender o impacto que tudo que ele está vendo em cena causou na França, na Europa e no mundo. O recorte que temos aqui é de 25 anos e não são 25 anos de um ser humano comum, mas sim da porra do imperador Frances, tudo que vemos em cena possui consequências, e essas consequências não são bem exploradas, creio que na versão de 4h todas as sequencias que foram tesouradas vão estar presentes e vão dar mais sentido ao todo, mas o apresentado no cinema é brusco, corrido e atropelado.
Sou grande fã do Joaquin Phoenix desde que eu conheci o trabalho dele lá atrás no Gladiador (2000) do mesmo Ridley Scott, mas aqui eu não consegui comprar que ele era Bonaparte, achei essa escalação totalmente equivocada desde seu anúncio, quando a história do filme começa Napoleão tem um pouco mais de 30 anos, enquanto Phoenix beira os 50, não consegui enxergar aquele homem envelhecido no papel de um jovem no começo de carreira, era necessário um outro ator fazendo essa primeira parte ou então rejuvenescimento por CGI, mas o resultado final ficou muito estranho. Vanessa Kirby é ótima como Josephine, são dela os melhores momentos dramáticos, e a atriz transmite muito mais emoção do que o próprio Phoenix que interpreta Bonaparte da mesma maneira, em todas as fases de sua vida, com exceção da primeira e da última batalha.
A Direção está pra lá de caprichada, principalmente das icônicas Batalhas de Austerlitz e Waterloo, os figurinos são absurdos de tão impecáveis assim como os cenários, é possível ver o CGI complementando o que é real, e não que tudo foi feito em tela verde. A trilha sonora é apagada, mas tem alguns momentos de inspiração, resumindo: do ponto de vista técnico não tem para ninguém, o Scott mostra mais uma vez do porque é considerado um mestre da sétima arte.
Longe de ser um ruim, mas é inegável que Napoleon tem problemas, enxergo como um projeto que já chegou na sala de cinema sabotado, é impossível não sentir que o mesmo está incompleto, por isso vou aguardar pela versão do Scott poder entender melhor como é sua visão de Napoleão, visão essa que deve ser encarada como fictícia, já aqui ele está simplesmente cagando e andando para a precisão histórica.
Napoleon é um forte candidato aos prêmios técnicos dessa temporada, mas infelizmente esse corte dos cinemas é decepcionante, não ruim, está muito longe disso, mas infelizmente não atendeu às enormes expectativas de anos e anos que passei esperando por esse projeto. Só espero que a versão do Scott corrija os problemas dessa aqui, e nós possamos ter um corte melhor do que aquele que foi parar nas salas do cinema
VACATION Direção: Jonathan Goldstein & John Francis Daley Ano: 2015 Assistido em: 19/11/2023
Mesmo sendo um eterno apaixonado pelas comédias da década de 1980, confesso que não é tudo que foi produzido naquela década que me agrada, algumas coisas simplesmente não fazem meu estilo e outras infelizmente só pela sinopse já sei que não vou curtir, mas geralmente gostei de quase tudo do gênero lançado naquele período que já tive acesso. A franquia Férias Frustradas entretanto, está no grupo dos que ainda não tive a oportunidade de conferir, mesmo o extinto Cinema em Casa do SBT tendo exibi-los exaustivamente ao longo da década de 1990 é uma beirada dos anos 2000, porém algo me diz que a decisão mais errada que poderia ter tomado, foi começar nesse mundo por esse remake/reboot, ou seja lá o que diabos essa joça produzida em 2015 é.
Quando o piloto de avião Rusty decide dar um novo rumo à sua vida, ele coloca toda a sua família dentro de um carro e segue uma viagem com o objetivo de atravessar os Estados Unidos até chegar a um parque de diversões que foi muito importante na sua juventude, entretanto a viagem dos sonhos dele será um verdadeiro inferno à medida que tudo que poderia acontecer de errado, acontece com sua pobre família.
A dupla de diretores Jonathan Goldstein e John Francis Daley é bastante experiente quando o assunto é o gênero da comédia, já assisti alguns trabalhos deles que são muito bons, até gostaria de dar o destaque para uma das grandes surpresas que tive dentro das salas do cinema esse ano que foi o Dungeons & Dragons: Honor Among Thieves (2023), portanto não consigo nem entender como uma abominação cinematográfica como essa pode ter saído dos dois, porque absolutamente tudo aqui é ruim, direção, elenco, roteiro, trilha sonora, é difícil encontrar um filme que me desagrade em tudo, mas esse aqui conseguiu, não teve uma única miserável piada que me fez rir.
Ed Helms é um ator competente, ele tem uma boa veia cômica basta ver o sucesso obtido na trilogia The Hangover (2009-2013), mas o bichinho que tem um dedo podre para escolher personagens, do horrendo Andy de The Office (2005-2013), a esse picolé de chuchu que é esse Rusty, ele escolhe os tipos mais sem graça possiveis, Christina Applegate é outra desperdiçada em um personagem sem brilho e sem alma, quem mais chegou perto de me fazer esboçar algum sorriso é o personagem do Skyler Gisondo, ator que eu já conhecia por Santa Clarita Diet (2017-2019) e que tem muito potencial, mas não é porque ele tem o único personagem mais ou menos, que se destaca nessa bomba, e olha que Gisondo consegue passar uma credibilidade como um adolescente apaixonado que é maltratado pelo irmão mais novo, mas fora isso nada mais dá para salvar.
Vacation é um dos piores exemplos de algo que vem se alastrando em Hollywood nos últimos 20 anos, remake ou sequência desnecessária de filmes que fizeram sucesso no passado. Parece que toda a criatividade evaporou da superfície do lugar, dá para contar nos dedos os filmes que estreiam hoje em dia que são produtos originais, pelo menos aqueles dos grandes circuitos, e a cada ano que passa uma velha franquia e agredida, não sei se Férias Frustradas foi um grande filme, porque como disse eu simplesmente abri mão de todas as oportunidades que tive de assistir as primeiras entradas dessa saga, mas sei que existe uma base de fãs interessados que provavelmente devem ter ficado muito revoltados com isso aqui.
THE 40 YEARS OLD VIRGIN Direção: Judd Apatow Ano: 2005 Assistido em: 19/11/2023
Existem filmes que quando são lançados causam uma verdadeira euforia, eles conseguem furar a bolha cinéfila e vão parar na boca do grande público. Lá atrás, em 2005 quando The 40 Years Old Virgin foi lançado, me recordo que ele foi recebido com muitos elogios, entretanto naquele período, eu não tinha muito interesse por cinema, meu negócio era animes e mangás, então o tempo passou, e só agora tive a oportunidade de poder conferir, e honestamente?! A sensação é que não perdi absolutamente nada nesses últimos 18 anos.
Andy é um homem simples e de bom coração, que leva uma vida extremamente organizada, ele tem suas paixões, e segue vivendo a sua maneira sem incomodar ninguém. Acontece que quando seus colegas de trabalho descobrem que ele ainda é virgem aos 40 anos, os rapazes decidem fazer de tudo para resolver essa situação, que para eles é um problema muito maior do que para o próprio Andy.
Steve Carell é um ator maravilhoso, naquele 2005 ele ainda era relativamente pouco conhecido, já que o grande sucesso da sua carreira, The Office (2005-2013), havia acabado de estrear, então ele ainda não era um grande astro, portanto hoje em dia nem consigo imaginar ele nesse tipo de filme, é claro que ainda é o humor do constrangimento pelo qual ele ficou mega conhecido na figura do Michael Scott, mas diferentemente do que ocorre na série do gerente da Dundler Mifflin, a história aqui apresentada é extremamente inconsistente.
Tive acesso a versão estendida do filme que tem cerca de uns 20 minutos a mais, e honestamente não sei se teria uma impressão diferente caso tivesse assistido ao corte do cinema, mas o que senti é que a história começa muito boa, mas perde o fôlego de uma forma extremamente rápida, no começo quando somos apresentados a vida do Andy e a sua rotina, é tudo muito divertido de acompanhar, entretanto quando a chave vira para o segundo ato, e vemos o personagem numa tentativa desesperada de perder a virgindade, apenas para se encaixar no padrão exigido pela sociedade, tudo acaba entrando no lugar comum. Entendo que é uma crítica a pessoas que se matam para atender as expectativas e pressões dos outros, mas mesmo assim tudo vai ficando cansativo e sem graça, essa versão sem censura é exaustiva, exageradamente longa para uma comédia.
Além do já citado Steve Carell, o longa está lotado de gente que hoje em dia é famosa, mas que naquela época não era tão conhecida, com exceção do Paul Rudd que já era bastante famoso, nós temos Seth Rogen, Jonah Hill, Elizabeth Banks, Mindy Kaling entre outros, mas todos com personagens bem fraquinhos, bem antipáticos, e alguns até bastante irritantes.
The 40 Years Old Virgin, é um filme que talvez eu tenha assistido tarde demais, talvez o meu eu de 13 anos teria gostado mais, entretanto o de 31, achou um projeto bem qualquer coisa, ainda tem seus méritos como a trilha sonora que é espetacular, o carisma de Steve Carell que torna seu Andy um personagem bem divertido, mas a soma de todos os fatores ainda é muito anêmica. Judd Apatow queima todas as boas ideias e cenas na largada, e na metade da corrida, já está completamente sem fôlego.
THE HUNGER GAMES: THE BALLAD OF SONGBIRDS & SNAKES Direção: Francis Lawrence Ano: 2023 Assistido em: 18/11/2023
Quando o Harry Potter acabou em 2011, criou-se uma disputa em Hollywood para saber quem iria se tornar o novo grande sucesso entre o público jovem. Todos os estúdios começaram uma corrida desenfreada para saber qual seria a nova grande franquia, algumas até fizeram bastante dinheiro, mas nunca conquistaram a crítica, como Crepúsculo (2008-2012) por exemplo, outras morreram na praia sem conseguir sair do primeiro título. E foi nesse cenário que “The Hunger Games” se destacou, conseguindo mesclar, sucesso de crítica com alta bilheteria. Cinco anos após a conclusão da saga nos cinemas, a própria Suzanne Collins resolve escrever um novo capítulo para sua história, e obviamente como a Lionsgate não é boba, resolveu chamar Francis Lawrence para comandar a nova adaptação, só que que dessa vez não estamos falando de uma heroína lutando contra um governo opressivo, mas sim do nascimento de um ditador.
64 anos antes de Katniss Everdeen se tornar um símbolo da luta contra a capital, somos apresentados a um Coriolanus Snow bem diferente daquele que conhecemos no futuro. Mesmo sua família tendo perdido tudo após a guerra, ele ainda tenta manter as aparências entre a elite da Capital. Snow é selecionado entre 24 estudantes da Capital para ser mentor dos tributos no 10º Jogos Vorazes. Ele é escolhido para mentorar a jovem Lucy Gray Baird, uma garota do Distrito 12 que tem muita personalidade, juntos, Snow e Lucy vão reformular a forma como os jogos são vistos por toda Panem.
O mais interessante dessa franquia, é que ela nunca se resumiu a fantasia, Suzanne Collins brilhantemente utiliza a ação e a aventura, como uma cortina para temas muito mais importantes e críticas sociais muito interessantes, é louvável um autor que busque levar a um público mais jovem, questionamentos tão importantes como governo ditatorial, manipulação de massas e controle midiático. Sua Katniss se tornou um símbolo de esperança contra um governo opressor, mas do outro lado temos o perverso Presidente Snow, que nessa história é trazido para próximo do público, ninguém nasce ruim, vilões são criados, e aqui vemos como um garoto com um grande ideal, e com bons sentimentos começou a se transformar em um tirano frio e sem nenhuma emoção, essa história não é sobre o nascimento de um herói é como uma pessoa se perdeu ao ponto de no futuro ser um déspota enlouquecido.
Particularmente sempre gostei mais dos bastidores políticos do que dos Jogos Vorazes em si, mas sei que no cinema as coisas não funcionam dessa forma. Então, de fato, era preciso dedicar uma grande parcela do roteiro a 10ª Edição dos Jogos, entretanto, sinto que correram demais na segunda parte, precisavamos de mais detalhes sobre como o Coriolanus que se preocupava com os tributos, se tornaria o presidente de Panem que massacra jovens para a diversão do público, mas tudo é muito apressado, o roteiro infelizmente não conseguiu deixar o personagem em um ponto que o público pode virar e falar “é a partir dali que ele se tornou um sádico maluco”, sim, vemos que o personagem tomou decisões sem volta, vemos que ele foi quebrado aos poucos, foi percebendo que precisava entrar naquela dinâmica cruel propagada pela Capital, mas o filme falha ao não mostrar como ele chegou ao poder, não sei se a intenção da Collins era fazer uma continuação dessa história, mas fui para o cinema sem saber praticamente nada da trama do livro, e esperava ver como o Snow tomou poder na Capital e não apenas como ele perdeu sua humanidade, nesse sentido o roteiro pecou demais e poderia ter sido melhor trabalhado.
Francis Lawrence não só é veterano na saga, como diretor do melhor filme deste universo, "Catching Fire" (2012), e aqui ele repete todos os acertos anteriores, como direção das cenas de ação, direção de elenco, trilha sonora muito marcante do James Newton Howard, figurinos, e elenco impecavelmente escalado. Viola Davis, sempre é maravilhosa e dispensa comentários, Peter Dinklage está ótimo e a dupla de protagonistas também se garante, Tom Blyth consegue ao mesmo tempo ser gentil, e ameaçador, ele tem um olhar perigoso e você sente que existe algo ruim latente, esperando para vir à tona, do outro lado Rachel Zegler, está muito bem como Lucy, esbanjando um poder vocal admirável.
Diferente de outras franquias que têm spin-offs, prequels e até mesmo sequências completamente desnecessárias “The Ballad of Songbirds & Snakes” vem da mente da própria criadora, Suzanne Collins sentiu que precisava contar ao público como o presidente Snow surgiu, não li os livros, mas gostei muito da forma como Lawrence desenvolveu essa trama nas telas e fiquei com gosto de quero mais, talvez uma continuação nos mostrando a escalada de poder definitiva do Coriolanus sob a tutela da Gaul seria uma boa pedida. Como disse, o único ponto que me desagradou foi ter achado o roteiro muito corrido principalmente na segunda parte, mas isso não é nada que desabone o longa como um todo, que consegue ser um digno membro dessa franquia que é a única que conseguiu mesclar qualidade com bons resultados em bilheteria depois que Harry Potter saiu de cena. Espero sim por mais filmes desse universo, mas que eles venham da mente da sua autora e não do devaneio de algum produtor.
PS: Durante o filme eu só me lembrava da clássica frase do Harvey Dent em The Dark Knight (2008):
“You either die a hero or live long enough to see yourself become a villain.”
A MENINA QUE MATOU OS PAIS: A CONFISSÃO Direção: Mauricio Eça Ano: 2023 Assistido em: 12/11/2023
O caso da família Von Richthofen é indiscutivelmente um dos mais famosos crimes (se não o mais famoso) ocorridos no Brasil no princípio da década de 2000. Até então o brasileiro estava acostumado a ver pobre sendo morto dentro de casa, isso acontecer com rico era novidade, e tudo se tornou um grande carnaval midiático, quando descobriram os responsáveis por tamanha barbaridade. E mesmo passados 21 anos do ocorrido, a protagonista desse horror, Suzane, continua na “mídia”, já que se tornou uma verdadeira “celebridade”.
O recorte que temos aqui é de míseros oito dias, tudo que foi mostrado nesse “terceiro episódio” ocorreu entre os dias 31/10 e 08/11/2002. Como já conheço muitos detalhes dessa história, já sabia dos desdobramentos e como se deu toda a descoberta dos responsáveis pelos assassinatos de Manfred e Marísia, mas confesso que ver uma interpretação dos fatos torna tudo ainda mais revoltante, a frieza de Suzane é algo digno de um sociopata, não sei se ela tem algum diagnóstico nesse sentido, mas toda descrição de como ela agiu, aqui muito bem retratada pela Carla Diaz, nos mostra que a garota é um ser sem nenhum pingo de remorso.
Sempre achei desnecessário dividir essa história em partes, até comentei na época que um diretor talentoso conseguiria muito bem retratar a dualidade de perspectivas em um único filme, e vou além, um roteiro bem escrito retrataria facilmente toda a história, do início do relacionamento de Suzane e Daniel, passando pela confecção e execução do crime, todo o processo investigativo e por último o julgamento, que por um momento pensei até que renderia um quarto título, mas que foi completamente limado da história, e honestamente ainda não entendi porque que a Ilana Casoy que conhece essa história como a palma de sua mão, permitiu um deslize tão grave quanto esse, esticaram demais no começo e correram no final. Já que um filme completo não estava nos planos, porque não investiram em uma minissérie?!
Reforço que não havia nenhuma necessidade de dividir essa história, mas chega a beirar o absurdo fazerem três filmes, e ainda assim, não cobrirem o caso em sua totalidade. Quem é mais jovem, seja porque não era nascido na época, ou era muito pequeno e não conhece os detalhes da história, provavelmente não vai entender o quão grande foi a repercussão desse crime.
Sempre fui a favor de um filme que retrata-se essa história, acho muito hipocrisia que o brasileiro consome true crime de outros países de uma maneira desenfreada, mas quando é nacional eles torcem a cara. Mas creio que houve um erro brutal por parte dos envolvidos, e não estou me referindo ao elenco que faz o que pode com o que lhes é oferecido, mas sim em relação a produção, fazer uma trilogia obviamente só tem uma explicação: queriam ganhar o máximo de dinheiro possível em cima desse caso, já que eles sabem que a procura seria muito grande, mas isso infelizmente sacrificou a qualidade da narrativa nos entregando apenas fragmentos do todo. Mas passado isso tudo, espero que a mídia brasileira pare de tratar a menina que matou os pais e chocou o país, como uma celebridade, mais famosa que muito ator e cantor do passado por exemplo.
NUOVO OLIMPO Direção: Ferzan Özpetek Ano: 2023 Assistido em: 12/11/2023
Como um homem gay, acho bastante difícil achar filmes temáticos de qualidade, quando não são de humor escrachado e de mal gosto, são dramas extremamente pesados, ou seja, dois extremos, e quando tudo é ferro e fogo, é difícil de agradar. Confesso que cheguei aqui após ver algumas cenas picantes no Twitter, mas jamais imaginei encontrar um grande filme, e mais, um grande filme vindo da Netflix que é um verdadeiro celeiro de bombas nucleares.
Na Roma de 1978, o aspirante a diretor Enea e o estudante de medicina Pietro acabam se conhecendo no cinema Nuovo Olimpo. Eles acabam se envolvendo e vivendo um rápido porém intenso romance, entretanto o cenário político da Itália nessa época é extremamente conturbado, e devido a uma revolta popular combatida pela polícia os dois acabam se separando, como estamos na década de 1970 eles perdem contato completamente. Pelos próximos 40 anos vamos acompanhar a vida dos dois personagens enquanto eles ainda nutrem sentimentos um pelo outro.
Como não tenho vergonha na cara, admito que sou cadelinha de Hollywood, 99% do dos filmes que assisto são provenientes dos Estados Unidos, mas sempre que me deparo com algo mais maduro, mais evoluído, as chances de ter vindo da Europa ou da Ásia são muito maiores, obviamente não estou generalizando, mas sinto que os europeus são muito mais soltos para tratar certos temas do que os americanos. Aqui por exemplo, encontramos um romance bem contruído, a questão da sexualidade é pano de fundo, não vemos nada muito carregado, nada muito dramático nesse sentido, é claro que temos um personagem que preferiu viver uma vida infeliz em um casamento de fachada do que se assumir, enquanto outro preferiu escancarar sua orientação sexual logo de uma vez, mas não senti que o filme buscava essa discussão como foco, mas sim abordar a relação entre os os dois e como cada um seguiu sua vida por 40 anos.
Ferzan Ozpetek nos entrega um romance gay, onde o fato dos protagonistas serem homossexuais não é tratado como algo de outro mundo, é tudo natural, é um casal que se apaixonou e não teve oportunidade de viver esse amor, sei que existem milhares de filmes com casais hétero com esse tema, mas as produções gays desse tipo são uma mixaria, e precisamos nos ver retratados com mais naturalidade nas telas do cinema e da TV.
Não conhecia ninguém do elenco mas além de ser presenteado com um trio de homens extremamente lindos e gostosos em cenas bem quentes que incluem até mesmo nudez, Damiano Gavino, Andrea Di Luigi e Alvise Rigo são todos bons atores, principalmente a dupla principal, que conseguiu transmitir muita verdade em seus papéis, e passar muito dos sentimentos de Pietro e Enea pelo olhar, pelos gestos, eles são atores com muito futuro e que espero vê-los em novos projetos.
Sobre o final, confesso que estava morrendo de medo, se tem uma coisa que me irrita bastante em filmes românticos é que eles são surreais demais, na esmagadora maioria vemos que o casal protagonista não tem como ficar junto, mas o roteiro acha sempre uma forma absurdas de entregar aquele finalzinho água com açúcar ridículo onde a dupla se encontra no aeroporto e ficam juntos e felizes para sempre, e tive muito medo de que esse fosse o final dessa história. Os protagonistas ficaram 40 anos afastados, ambos seguiram suas vidas, ambos estavam em relacionamentos sérios, Enea e Antonio construíram uma vida juntos por mais de 20 anos, e até mesmo Pietro está em um casamento, mesmo ele não sendo feliz. Ambos construíram suas vidas, não seria justo abandonar seus parceiros de anos, por conta de uma ilusão, porque é exatamente isso que eles tinham, os dois tinham uma ilusão do que poderiam ter vivido e não tiveram a oportunidade de viver, mas depois de 40 anos, a decisão mais madura que eles poderiam ter é cada um seguir com seu caminho, e bato palmas para filmes que são maduros a esse ponto, nos dez minutos finais, eu morri de medo do roteiro cair no lugar comum e forçar os dois a ficarem juntos, mas fiquei muito feliz em ver que não foi esse o caminho escolhido pelos roteiristas.
É raro eu elogiar a Netflix, mais dessa vez ela está de parabéns "Nuovo Olimpo" é um excelente romance, é um excelente filme temático, tem um roteiro muito bem escrito, com reviravoltas interessantes, é uma boa pedida para qualquer pessoa que queira ver uma história simples, porém muito bem executada, que dá gosto de assistir, e principalmente com um final que não estraga tudo que foi construído ao longo das duas horas de duração.
Dizem que o brasileiro não dá valor ao cinema nacional, e de fato essa afirmação é inconteste, o problema é que para cada bom filme brasileiro, nós somos soterrados por toneladas e toneladas de porcaria, quando não é aquelas comédias vergonhosas com o elenco de novela da Globo são projetos péssimos como essa tentativa de fazer um thriller tupiniquim cujo resultado foi assustadoramente ruim.
David e Juliana são um casal jovem, bonito, mas que mesmo assim passam por uma crise em seu casamento. Eles se mudam para uma nova casa, quando David começa um novo trabalho em uma renomada instituição financeira, entretanto o recomeço é abortado quando Juliana começa a desconfiar que o marido está tendo um caso, e devido ao fato de David se envolver em uma perigoso caso de fraude, o que vai levar a vida dos dois a um caminho sem volta.
Olha, eu vinha tentando nos últimos meses abrir algumas exceções para dar mais valor ao cinema nacional, mas projetos como “Conspiração Fatal” definitivamente me fazem perder qualquer vontade de seguir em frente, um filme tão mal produzido e mal executado que dá até desânimo.
Li certa vez que para se fazer um bom filme só se fazem necessárias duas coisas: uma câmera e uma boa ideia, e conhecendo um pouquinho dos bastidores de alguns títulos importantes do cinema, vemos que essa máxima é verdadeira, basta ver como obras icônicas como “Mad Max” (1979) ou “The Blair Witch Project” (1999) que foram produzidos com uma mixaria, então, baixo orçamento não é desculpa para o que encontramos por aqui, um roteiro que é tão ruim, mas tão ruim, que chega a ser constrangedor.
A história apresentada é terrivelmente requentada, não que clichês sejam ruins, bem feitos são algo interessante de se ver, mas misericórdia toda história necessita de um pouquinho de coerência, de coesão, precisa despertar o interesse do público, precisa nos fazer querer assistir mais daquilo, mas aqui, a cada cena essa vontade vai diminuindo, além do roteiro porco, temos uma direção de elenco catastrófica.
Eu ainda vou dar uma estrela por ter tido o prazer de rever o gato do Ricardo Ramory, que lá na minha adolescência me deixou babando toda vez que assistia a novela “Maria Esperança” (2007), e após simplesmente sumir da televisão, tive o prazer de reencontrá-lo, (ainda mais bonito e mais gostoso do que era naquela época) nessa bosta aqui. Mas fora isso nada, absolutamente nada, me agradou nessa desgraça, que deveria ter todas as suas cópias queimadas em praça pública e o diretor deveria ter sua licença do sindicato recolhida, pois “Conspiração Fatal” é daquele tipo de filme que de tão ruim nos faz perder o interesse no cinema como um todo.
THE KILLER Direção: David Fincher Ano: 2023 Assistido em: 11/11/2023
David Fincher sempre esteve entre meus diretores favoritos, o estilo dele sempre me chamou atenção. Desde pequeno, fui atraído por histórias mais pesadas e densas, e nesse sentido, encontrei nos filmes dele um verdadeiro parque de diversões, repleto de serial killers, vilões pervertidos e tramas sombrias. Então, após a cinebiografia sobre o Herman J. Mankiewicz, quando anunciaram que o próximo trabalho dele seria sobre um matador profissional, imediatamente me animei, estava super ansioso para ver como ele iria trabalhar um personagem que mata por profissão e não por diversão.
Quando um assassino profissional falha em sua missão de matar um homem em Paris, ele rapidamente retorna para sua casa na República Dominicana, e descobre que a organização que o contratou pretende eliminá-lo. Quando a esposa do assassino fica à beira da morte, ele decide se vingar caçando todos aqueles que tiveram algum envolvimento na tentativa de assassinato.
Sempre crio uma expectativa muito grande toda vez que Fincher anuncia um novo projeto, e devo esclarecer de antemão que eu não acho nenhum filme que ele tenha feito ruim, é claro que tem aqueles que são chatinhos, que não empolgam, como “Alien 3” (1992) e “Mank” (2020) por exemplo, mas uma produção de baixo valor ele nunca entregou, e aqui ele mantém o padrão de qualidade com um longa muito esmerado, direção bastante caprichada, fotografia muito bonita, montagem eficiente, e obviamente uma atuação comedida, mas interessante por parte do sempre excelente Michael Fassbender, mas infelizmente temos uma derrapada no roteiro, que era justamente o que mais me empolgava nesse projeto.
O primeiro grande sucesso da carreira do Fincher foi foi a obra-prima "Seven" (1995), que em minha humilde opinião é um dos títulos definitivos quando falamos de thriller, suspense e/ou filmes sobre serial killers, e o roteiro daquela obra espetacular era do Andrew Kevin Walker, que retorna na sua parceria com o diretor em “The Killer”. Sei que essa história não é original, é inspirada em uma grafic novel que não conheço, então não posso analisar se foi uma boa adaptação ou não, só que a sensação que tive é que a história apresentada é muito arrastada, e com poucos momentos que realmente chamam atenção. O começo é muito bom, com uma atmosfera que te prepara para o grande momento que é o assassinato, em seguida, vemos o plano falhando, e o assassino fugindo de Paris, voltando para casa, tudo isso é muito bacana, mas quando a história começa a focar na vingança, ao invés de empolgar o ritmo vai diminuindo, os personagens são rasos, eles estão morrendo, e honestamente não senti nenhum impacto com nenhuma das baixas de CPF.
De modo geral a Netflix traz produção muito boa, para um roteiro muito simples, se não fosse pela habilidade acima da média do Fincher de sempre criar uma estética visual muito impactante, ele passaria facilmente por aqueles filmes ordinários de vingança, do matador que quer se vingar porque mataram a mãe, a irmã, a esposa, a filha, a cadela, a periquita ou seja lá qual for a personagem feminina da vez, e não é isso que eu espero desse diretor. Sempre quero o melhor, porque eu estou acostumado a receber apenas o excelente vindo dele. Mesmo possuindo um bom saldo final, e sendo competente, para um projeto com a assinatura que tem, “The Killer” é uma curva para baixo na filmografia de seu autor.
THE MARVELS Direção: Nia DaCosta Ano: 2023 Assistido em: 10/11/2023
Se existe um ano que podemos dizer que foi o auge dos filmes de super-herói esse com certeza foi 2019, a Disney e a Marvel criaram uma expectativa tão grande para a conclusão da história dos Vingadores vs Thanos, que por tabela, conseguiram impulsionar outras produções para o sucesso, e nessa brincadeira entrou "Captain Marvel" (2019) que mesmo imerso a polêmicas, conseguiu se destacar e fez um tremendo sucesso, entrando para o seleto “clube do bilhão”, mas algo sempre foi nítido, tal sucesso nunca foi proporcional à qualidade do filme. Corta para quatro anos depois, temos a sequência, que diferentemente do primeiro chega em uma hora terrível, um momento tão ruim que você já conseguia antever o desastre com bastante antecedência.
Carol Danvers segue sua vida ajudando diferentes planetas e civilizações galáxia afora, quando ela é misteriosamente ligada a Monica Rambeau e a Kamala Khan. O que o trio de heroínas não imagina é que sua conexão também está ligada a Dar-Benn, a nova líder dos Kreei que pretende se vingar de Carol pelo fato dela ter derrotado sua antecessora 30 anos antes. Quando a vilã começa a abrir pontos de salto por todo o universo, e começa a colocar a nossa realidade em risco, caberá ao trio Marvels neutralizar essa perigosa ameaça.
Olha, sendo honesto nunca achei o primeiro a bomba que muita gente pinta, para mim sempre esteve dentro da média do MCU, mas não consigo acreditar que os executivos da Disney tenham acreditado que aquele filme de fato fez sucesso por méritos próprios, mesmo que a mídia tente forçar que existe boicote, que é machismo e blá blá blá, a parcela de bitolados que fazem esse tipo de barulho é mínima, e é inegável que o primeiro só fez sucesso por conta da conexão direta com “Endgame” (2019), e agora, sem o apoio dos Vingadores, a continuação não tem base para se sustentar. Brie Larson é uma atriz incrível, mas que de uns anos para cá, conquistou muita antipatia de uma parcela dos fãs. A Marvel até trocou a dupla de diretores do anterior, e entregaram para Nia DaCosta, que até então, eu não conhecia nenhum trabalho, mas que depois disso aqui espero nunca conhecer. Estou até agora tentando entender como um roteiro tão vazio, tão insosso, tão pobre, foi aprovado, isso parece mais um episódio qualquer de série procedural do que um filme.
Danvers não é um poço de simpatia, para mim Larson nunca entendeu como interpretar essa personagem com leveza, Teyonah Parris é uma atriz esforçada, mas sua personagem é bem qualquer coisa, não tem uma personalidade marcante, é só mais uma no meio do rolê. E diferente da maioria das pessoas, acho essa tal de Kamala Khan uma personagem chata pra caralho, assisti a série dela, e lá, eu já achava insuportável, mas aqui conseuguiu a proeza de ser ainda pior no papel de adolescente deslumbrado que fica babando ovo do seu ídolo, nunca tive paciência para isso nem quando eu era adolescente, quem dirá para ver nos cinemas. O trio é tão desconjuntado que é preciso fazer muito esforço para gostar, e nem vou falar dessa vilã que foi a pior coisa disparado dessa sequência, a atriz está pessimamente dirigida, faz umas caretas que não dá para defender (o que me faz acreditar que só foi escalada por ser esposa do Tom Hiddleston), sem falar que a origem e as motivações são as mais preguiçosas possíveis.
Tudo aqui remete a um título de segunda linha dentro do MCU, tudo é apagado, direção de arte, trilha sonora, cenários, montagem CATASTRÓFICA, é tudo simples demais, pobre demais. Quando falamos de sagas cósmicas, eu quero ver mais pluralidade, quero ver mais cores, quero ver mais brilho, algo mais próximo do que o James Gunn fez nos seus Guardiões da Galáxia, mas aqui é tudo lavado e sem graça. Mesmo que o título traga certa relevância para a saga do multiverso, estamos na metade da Fase 5 e nada empolgou ainda, o grande vilão Kang é uma incógnita que ninguém sabe que fim vai levar, a cena final só demonstra o quão o MCU está perdido ou alguém aí tem saco para ver um bando de adolecentes/jovens chatos reunidos?!
Inferior ao seu antecessor, e sem sombra de dúvidas um dos pontos mais baixos da Marvel Studios, “The Marvels” é descartável e nada empolgante, é daqueles que vai passar em branco e por mais que a mídia tente forçar que que o fracasso é devido ao boicote dos machistas, precisamos lembrar que a maioria do público consumidor do cinema é feminino, então se os homens estão boicotando, por que que as mulheres não vão assistir?! Mas deve ser mais fácil criar narrativas do que admitir a baixa qualidade do produto entregue, ou a saturação do gênero.
PS¹: Você sabe que a coisa está feia pro lado do Zé Boné, quando a cena mais memorável do filme é protagonizada por gatinhos.
SOUTHPAW Direção: Antoine Fuqua Ano: 2015 Assistido em: 05/11/2023
Filmes sobre esportes, que trazem uma grande lição de vida, não são novidade nenhuma, inclusive quando o assunto é o boxe. E muito se engana quem pensa que isso começou com Sylvester Stallone e seu Rocky Balboa, esse tipo de produção já rola por Hollywood desde os anos 1930, portanto não esperava nenhuma novidade vinda de "Southpaw”, mas sou adepto da teoria que um clichê bem feito é muito melhor de qualquer inovação meia boca, é sempre melhor apostar no seguro, e é isso que Fuqua faz.
Billy é um homem que cresceu em um orfanato e precisou aprender a se virar sozinho desde muito cedo, após muito esforço ele está no auge da sua carreira como boxeador. Ele é bem casado com Maureen, tem uma filha, é bem sucedido e rico. Nada parece abalar a felicidade da família, entretanto tudo vai abaixo quando uma besteira acaba ceifando a vida de Maureen. A perda leva Billy ao fundo do poço, e é justamente quando ele está lá embaixo que precisará fazer de tudo para recuperar seu bem mais valioso, sua filha.
Como disse no primeiro parágrafo eu prefiro uma história requentada bem conduzida do que uma inovação feita de qualquer jeito, Antoine Fuqua não traz nada diferente do que já não tenhamos visto em filmes sobre dramas esportivos ao longo das décadas, o personagem Billy lembra bastante o Rocky Balboa quando este cai em desgraça e precisa retomar sua carreira em uma das muitas continuações do original. O roteiro é simples sem nenhuma grande reviravolta, ele segue todos os tropos do seu gênero, sem nenhum grande percalço, você sabe para onde a história está indo, e nunca é surpreendido.
Sou muito fã do Jake Gyllenhaal, acho ele sem sombra de dúvidas um dos melhores da sua geração, e creio que não é bem valorizado em Hollywood, quem conhece a carreira dele sabe que o homem é capaz de performances absurdas, mas senti que aqui ele estava travado, o roteiro até apresenta condições necessárias para uma grande atuação, mas a direção do Fuqua é muito básica, e esse é um problema recorrente do trabalhos dele, que não consegue extrair atuações muito poderosas de seu elenco, a única exceção talvez seja o Alonzo Harris do Denzel Washington, mas aqui é nítido que o roteiro e ator principal poderiam ter apresentado algo muito mais eficiente do que nos foi entregue.
Em linhas gerais “Southpaw” é um filme muito bom, que talvez até seja ótimo para quem nunca assistiu a nenhum drama sobre boxe na vida, ele é bastante funcional, aposta sempre no seguro, e nunca se arrisca, não tenta reinventar a roda. O diretor se aproveita de uma história universal, ancorada em um elenco competente, para nos entregar algo um pouco acima da média, mas que infelizmente deixa a sensação de que poderia sim, ter sido melhor, caso o drama tivesse sido explorado com força total e sem medo de mexer com as emoções do espectador.
PS: Jake estava um absurdo de gostoso nesse filme.
PIXELS Direção: Chris Columbus Ano: 2015 Assistido em: 04/11/2023
Dá para contar nos dedos quantos diretores se dedicaram a produzir filmes de qualidade para crianças e adolescentes, nesse meio destaca-se Chris Columbus, nome praticamente onipresente nos maiores clássicos infanto-juvenis das décadas de 1980 e 1990. O poder do nome de Columbus se tornou ainda maior no começo da década de 2000 quando ele nos entregou seu maior legado cinematográfico, sendo o homem que trouxe nosso amado Harry Potter pela primeira vez para as telas do cinema, mas infelizmente não sei o que ocorreu com ele nos últimos anos que sua carreira começou a degringolar, e se existe alguma coisa no fundo do poço, com toda certeza é “Pixels”.
Quando uma raça alienígena considera os videogames clássicos dos anos 80 como uma declaração de guerra, eles decidem invadir o nosso planeta. Cabe ao governo americano pedir ajuda a um tipo diferente de especialistas, adultos que eram crianças na década de 1980, e que são a nossa melhor arma para defender o planeta.
Adam Sandler é um tipo de “ator” que se você passou dos 10 anos de idade, não tem como gostar, até dizem que ele consegue entregar boas performances dramáticas, mas nunca tive interesse em assistir nada "sério" dele, porque o cômico já me basta, ou melhor, não me basta não, porque não serve para nada, esse homem não é engraçado, não tem carisma, sempre faz as mesmas caras, enfim, não sei o que Hollywood viu nessa criatura, honestamente, todo o personagem dele é o homem bobo e fracassado que leva a vida como um enorme brincadeira, e é isso em todo o bendito filme, sem exceção, não varia, não muda, e para mim não dá.
Columbus, provavelmente usando a força do seu nome, consegue reunir um grande elenco para produção, Michelle Monaghan, Fiona Shaw, Sean Bean, Brian Cox, Peter Dinklage todos eles desperdiçados em personagens pavorosos de ruim, e sendo obrigados a dividir cena com Sandler, Kevin James e companhia limitada.
Como sou cria dos anos 90, não vivi essa época que o longa homenageia, portanto não tenho nostalgia por Pac-Man e semelhantes, creio que para quem possa ter vivido esse período, ele funcione melhor, mas a única coisa que consegui sentir foi vergonha, a ideia é boa, só que o roteiro é uma desgraça, e ainda não consegui entender como Columbus se enfiou numa furada dessas.
Existem filmes que mancham carreiras, “Pixels” com certeza é um desses, quando falarmos do Columbus, falarmos de sua trajetória, com certeza vamos lembrar dos filmes que ele escreveu como “Gremlins” (1984) ou “The Goonies” (1985), e das obras que ele esteve à frente como diretor como “Home Alone” (1990), “Mrs. Doubtfire” (1993) e os mega clássicos “Harry Potter”, mas isso aqui é algo a fingir que nunca existiu, só espero que ele consiga recuperar os tempos de glória da sua carreira que anda meio em baixa ultimamente, e principalmente, fique o mais longe possível de Adam Sandler e sua laia.
Cinema não é uma arte exata, não existe uma receita que caso seja seguida, impreterivelmente resultará em um bom trabalho, mas existem alguns conceitos que precisam ser respeitados, caso contrário você pode até ter uma boa história, mas que não chegará a ser um bom filme, e não há nada mais decepcionante do que ver algo que tinha muito potencial não atingir o nível que poderia ter atingido.
Hayley tinha uma banda de sucesso, entretanto ela teve que dar uma pausa na carreira devido ao fato de ter se casado e engravidado de gêmeos, e mais tarde, ao falecimento de seu irmão e parceiro, Jack. Passado alguns anos Hayley decide retomar a sua profissão, para substituir Jack, ela acaba contratando Enzo, um homem extremamente misterioso, com o qual ela desenvolverá uma aproximação perigosa. Quando Hayley e Enzo ultrapassam os limites profissionais, ela vai perceber que está colocando seu casamento com Carter e sua família em um risco que ela não poderia imaginar.
Suspenses eróticos não tem muito tem inovação, e não tem problema, gosto deles mesmo assim, o que me incomoda muitas vezes é ver como a execução da história é toda atropelada, “Plush” apresenta uma história até interessante, uma artista que após o período de luto, decide retomar a carreira, mas devido às críticas muito pesadas que recebeu, acaba se envolvendo com um cara que aparenta ser a inspiração que ele precisava, só que o grande problema existente aqui, é que Catherine Hardwicke parece que não estava sabendo contar essa história, ou melhor, parece que está faltando pedaços da história. A péssima edição, faz com que as coisas não se conectem, não existe progressão narrativa, os personagens mudam radicalmente como se uma chave fosse virada, sem que a história apresente elementos que justifiquem tais mudanças.
A primeira cena é um assassinato, e logo em seguida vamos para a apresentação da protagonista, que não tem absolutamente nada a ver com a cena anterior. Enzo é retratado a princípio como um homem de espírito livre, um artista sem muitas ligações com as burocracias da vida, e que se transforma em um psicopata do nada, até temos uma cena dele gritando com um menino, mas até aí tudo normal, já que gritar com um moleque insuportável não é indicativo de sociopatia. A protagonista que aparentemente é feliz com seu casamento, de repente tá dando igual a cadela no cio para o amante, as coisas acontecem de forma atropelada, nada é natural, a sensação que tenho é que faltou filme, como se diversas cenas tivessem sido cortadas, e cenas importantes, que davam mais sentido as atitudes dos personagens, que justificassem as ações que eles iriam tomar lá na frente, isso sem falar da já mencionada psicopatia do Enzo que não foi trabalhada e soou como algo completamente avulso e tirado do vento.
Nunca tive boas impressões dos trabalhos da Hardwicke que já havia assistido, e apesar de todos os pesares, achei esse aqui o melhor longa dela, entre os três que tive oportunidade de assistir, entretanto, apesar da boa condução dos atores, a tesoura aqui estava amolada demais, muitas cenas importantes provavelmente foram podadas na ilha de edição, transformando “Plush” em um retalho. Do ponto de vista erótico, tudo é bem comportadinho, não é bancando o moralista, mas a personagem principal é bem escrota, uma mulher que trai um bom marido, e que ainda tem a cara de pau de ver o amante entrando dentro da casa deles, fazendo amizade com o esposo, brincando com os filhos, e não contar a verdade, é de um mau caratismo absurdo. Temos um final em aberto, mas honestamente, torço para que a Hayley de alguma forma tenha pago pelo erro dela, porque não é justo a mulher destruir uma família se dar bem no final.
“Plush” não é nem de longe o pior exemplo de thriller erótico que temos por aí, a Netflix está lotada de coisas piores, mas também não é de todo um desastre, como disse lá em cima é uma boa história, desperdiçada devido a uma condução atropelada por parte da direção, um filme que talvez funcionasse melhor se entregue a um diretor que mostrasse mais ao invés de apenas insinuar. Existe uma máxima do cinema que diz “não conte, mostre”, e é justamente nesse ponto que Catherine Hardwicke se perdeu, porque ela deixou de mostrar muita coisa, que só enriqueceriam ainda mais seu trabalho, uma pena.
SILENCE Direção: Martin Scorsese Ano: 2016 Assistido em: 02/11/2023
Fé é uma questão muito complexa, não existe meio termo, ou você crê, ou não, não enxergo as coisas por nenhum outro prisma, e conhecendo o grandioso Martin Scorsese, sei bem que religião é muito importante na vida dele, já que é filho de uma tradicional família italiana, e até foi seminarista, mas ainda bem que ele desistiu dessa ideia, e nós ganhamos uma sequência de alguns dos melhores filmes já produzidos na história. Com “Silence”, Scorcese nos dá uma amostra de como foi o trabalho dos Jesuítas em seu processo de catequização de povos que eram pagãos aos olhos da igreja católica, só que diferentemente do que aconteceu nos continentes americano e africano por exemplo, no Japão, eles quebraram a cara.
Na metade do século XVII o cristianismo tornou-se proibido no Japão, um dos últimos Jesuítas que estava em missão no país encerra misteriosamente suas comunicações com Roma. Dois padres são enviados para o local com o objetivo de investigar o que ocorreu, ao mesmo tempo que continuam pregando a palavra de Cristo, entretanto a missão não será nada fácil quando o governo local se mostra radicalmente decidido a combater o expansionismo cristão.
Não há muito o que dizer sobre um filme de Martins Scorsese, ele é um mestre absoluto no que faz, e com o tempo só melhora. Este ano, com o lançamento de “Killers of the Flower Moon” (2023) muita gente questionou a necessidade da longa duração de seus filmes, e apesar dessa história ter alguns minutos a menos, ele também foi criticado por suas 2h40min, mas honestamente, nem senti o tempo passar, o ritmo criado pela ótima edição e pela montagem, criam uma progressão narrativa excelente para a história. Os demais detalhes técnicos como direção, atuações, figurinos e fotografia, criam o cenário perfeito para que você se sinta dentro daquele contexto, outro ponto que merece destaque são as paisagens naturais de Taiwan, aqui simulando o Japão, resumindo: elogiar Scorsese é redundante, ao longo desses 50 anos de carreira, ele já recebeu todos os elogios mais do que merecidos.
Um filme como esse mexe muito com as pessoas, mas de diferentes maneiras, creio que para quem é católico, deva ser muito angustiante saber que aqueles que pregavam a sua fé foram perseguidos, eu por outro lado prefiro enxergar tudo pelo viés histórico, me interessa muito ver como ocorreu uma luta de culturas, como um país se defendendo da forma que podia (obviamente não muito humanitária), e com o que eles tinha a disposição para combater uma cultura invasora.
Sou agnóstico, entretanto venho de uma família católica, e durante muitos anos fui frequentador assíduo da igreja, só que diferentemente do padre Sebastião eu nunca tive fé, sempre estave ali apenas fazendo gosto para minha mãe, até quando atingi uma idade no qual já conseguia responder por mim mesmo, e abandonei definitivamente aquela instituição, que para mim era irrelevante, já que não acreditava em quase nada do que ela prega. Porém sou muito apegado a história, e eu acho incrível como a religião cristã que em sua origem sofreu perseguição por parte do império romano, não perdeu tempo para fazer a mesma coisa com outros povos quando assumiu o poder. Nunca consegui entender essa mania chata das religiões de origem abraâmicas de querer empurrar suas crenças goela abaixo nas pessoas, sempre achei de uma prepotência muito grande afirmar que a sua fé é maior do que a do outro, que a sua é a verdadeira, e que a do coleguinha é falsa, é errada, e por isso ele PRECISA conhecer a verdade.
O cristianismo foi responsável por apagar da face da terra inúmeras culturas, que jamais serão recuperadas, o que esse pessoal fez na idade média é um crime contra a humanidade, e infelizmente não tem como isso ser reparado, basta ver o que fizeram com os povos originários aqui da América, o com as diversas tribos africanas.Em momento algum eu consegui enxergar os protagonistas como vítimas, não apoio de maneira alguma as barbáries que eles sofreram, entretanto a igreja católica também torturou muita gente na época da inquisição, e ninguém obrigou aqueles padres a irem até lá, eles foram conscientes do perigo, tentaram acabar com a cultura milenar japonesa, só que quebraram a cara, e como grande admirador da cultura nipônica, só tenho que bater palmas para incrível resistência do povo daquela época que não se dobrou, e para o governo que mostrou para Roma que eles não podiam fazer o que bem entendessem em qualquer parte do mundo. Hoje o cristiaismo é liberado no Japão, mas apenas 1% da população é adepta, e apenas aqueles que a escolheram, bem diferente de diversos outros países, onde a doutrina é tão enraizada, que mesmo você querendo, é impossível escapar da influência.
Com um elenco primoroso liderado por Andrew Garfield, Adam Driver, Liam Neeson e por atores japonês talentosíssimos, Scorsese entrega um épico que questiona muito sobre crença, sobre o que você acredita, o título é muito condizente, e conversa muito com a jornada do protagonista, afinal a fé nada mais é do que seguir acreditando, mesmo diante do silêncio, da ausência de respostas. Independente de posicionamento religioso, creio que o filme serve como uma excelente aula, que não tive oportunidade de assistir em 2016, mas agora, olhando em retrospecto, fico chocado como foi ignorado pelas grandes premiações, sendo que muita coisa inferior daquele ano foi aclamada, mas até aí só mais uma das muitas injustiças do mundo no cinema.
O LADO BOM DE SER TRAÍDA Direção: Diego Freitas Ano: 2023 Assistido em: 01/11/2023
Confesso que não sou muito adepto de filmes nacionais, mas as vezes, quando, um ou outro consegue furar a bolha, e começa a ficar relativamente famoso, decido dar uma oportunidade, e diante do buburinho que esse aqui gerou, resolvi dar uma oportunidade, junta-se a isso o fato de eu ser grande fã do gênero triller erótico, inclusive é meu maior guilty pleasure cinematográfico, mas minha gente, não há como defender não, é por conta, de produções como essa, que o cinema brasileiro tem uma péssima fama.
Babi é uma jovem bonita, bem sucedida, e acredita ter encontrado o amor de sua vida na figura de Caio. Ela estava de casamento marcado, quando descobre que seu noivo está lhe traindo. Completamente desolada, ela acaba conhecendo Marco, juiz de um caso no qual Caio está sendo investigado. Enquanto Babi e Marco vão se envolvendo, a moça corre um sério risco de vida, quando uma pessoa misteriosa começa a perseguir-la.
Gente do céu, não vou bancar o moralista, se eu quisesse assistir filmes bons, ia atrás do top 250 do IMDb, ia atrás da lista dos indicados ao Oscar, ou dos vencedores do Palme d'or em Cannes, enfim, se cheguei até aqui, foi simplesmente para ver putaria, mas ao menos uma putaria com uma boa história, porque sexo por sexo, filme pornô está aí para isso. O grande problema, e que trama apresentada é horrorosa, é de um amadorismo aterrador, existem contos eróticos na internet que colocam esse roteiro profissional no chinelo, isso aqui tá mais fanfic de adolescente, e para piorar ainda mais, a direção é capenga demais, direcionando os atores a performances vexatórias, não vou colocar a culpa nos atores, porque muitos aqui já vi na TV e sei que são capazes de entregar algo melhor, mas a imperícia da direção não permitiu.
Para quem é mulher ou para quem é gay como eu, o filme é um prato cheio no sentido de homem gostoso, Micael Borges e principalmente Leandro Lima aparecem sem roupa e convenhamos que ambos são gostosos demais, o única falha nesse quesito, foi não ter tirado a roupa do Bruno Montaleone também. Mas todos eles têm fotos sem camisa na internet, não sendo justificativa suficiente para dedicar 1h30min de nossas vidas. Com uma protagonista tapada, que não presta atenção ao óbvio que está na sua frente, é tudo tão previsível que nas primeiras cenas, já é possível acertar o fim da história, que não traz absolutamente nada de bom quanto a questões narrativas.
Em linhas gerais, “O Lado Bom de Ser Traída” não tem lado bom nenhum quando a gente fala de qualidades cinematográficas, é um filme feito para uma senhora presa a um casamento no ponto morto, e que ainda não descobriu nenhum site de pornografia na internet. É uma tristeza quando você percebe que o único atrativo de um filme são os atores sem roupa, particularmente não estou reclamando disso, porque já estou acostumado com esse tipo de problema, já que assisto muitos títulos desse tipo, mas queria ao menos uma historiazinha mais trabalhada e melhor alinhada.
SAN ANDREAS Direção: Brad Peyton Ano: 2015 Assistido em: 31/10/2023
É de conhecimento quase unânime que o gênero desastre não são muito refinados quando o assunto é roteiro. A maioria dessas produções apenas querem exibir cenas grandiosas de desgraça, reforçando o poder do CGI moderno, enquanto seres humanos são abatidos para nossa diversão. Portanto não vou fingir que aguardava um futuro clássico quando decidir assistir a “San Andreas”, mas também não esperava por tamanha mediocridade, ou que ele seguisse tão à risca a cartilha dos filmes desastre, que desde a década de 1990 não sofrem nenhuma alteração significativa.
Quando uma série de terremotos começa a atingir a costa oeste norte-americana, um piloto de helicópteros que trabalha em uma unidade de resgate começa uma desesperada corrida para salvar sua filha e ex-esposa que estão na cidade de São Francisco, onde estão ocorrendo os mais intensos tremores, e que brevemente será completamente destruída.
Quem conhece um pouquinho de geografia sabe muito bem do que que se trata a bendita San Andreas do título, uma gigantesca falha geológica entre duas placas tectônicas que fica situada no oeste dos Estados Unidos. O local é cenário de horror para os americanos, já que por ser tratar do encontro de duas placas tectônicas, é cenários de muitos terremotos, inclusive existe a “lenda” do chamado "Big One" um terremoto nível 9 ou superior na antiga escala Richter que provavelmente vai destruir inúmeras cidades como São Francisco, San Diego, Los Angeles e por aí vai. Diferente de outros filmes catástrofe que se aproveitam de fenômenos praticamente impossíveis de acontecer, esse aqui se aproveita de um medo real, inclusive os americanos têm um trauma terrível com isso, já que São Francisco foi arruinada no grande terremoto de 1906, portanto eles estão sempre alertas com a possibilidade de um novo cataclisma, resumindo: existia muito a que se explorar com esse tema, o problema foi a forma como tudo foi feito.
Não sou fã do The Rock para mim ele não é ator, é só um daqueles muitos brucutus que Hollywood decidiu transformar em artista, e aqui temos mais uma vez ele bancando o Superman, o homem é piloto de helicóptero, piloto de barco, piloto de carro de F1, piloto de trem bala, piloto de ônibus espacial, etc., as leis da física não se aplicam a ele, tremores não o assustam, deslizamentos não o atingem, e ele consegue engolir grandes inundações. Ray é aquele personagem vazio, unilateral e completamente estereotipado, que só existe com o objetivo de exibir os músculos do "ator", aliás, nenhum personagem tem aprofundamento, nenhum é bem trabalhado, em resumo é um roteiro pobre, vazio, sem estrutura, e que só se vale da carnificina para animar o espectador, essa pelo menos, é bem feita.
“San Andreas” não traz absolutamente nada de novo, muito pelo contrário é uma grande amálgama de tudo que você já viu, aliás quem já assistiu qualquer trabalho do Roland Emmerich consegue facilmente prever tudo o que acontece aqui, já que é inegável a influência de títulos como “The Day After Tomorrow” (2004) e "2012" (2009), só que enquanto no primeiro existia uma relação consistente entre o pai e um filho, dois seres humanos normais tentando sobreviver a uma imensa onda de frio na cidade de Nova York, aqui temos um super humano sem expressões faciais, que que quer salvar uma filha. Em linhas gerais, quem for assistir, é melhor ir se preparando apenas para receber algumas sequências interessantes feitas em CGI de gente se fudendo, porque se você quiser ver bons personagens, sobrevivendo de ao meio do caos, pode esquecer, aqui não é lugar para isso.
Não sei quem foi que inventou o termo guilty pleasure, mas essa pessoa deveria receber um prêmio, porque vergonha é exatamente a palavra que define o fato de que sou fã de um gênero que para cada filme bom, tem mil ruins. Adoro um bom thriller erótico, mas por Deus que filmeco foi esse?! E olha que existiam condições perfeitas para fazer um bom trabalho, mas a incompetência dos envolvidos foi maior, e o resultado final foi uma verdadeira lástima.
Zoe é uma mulher bem sucedida, dona de uma empresa de arte, bem casada com um marido que ama, e dois filhos. A vida dela seria perfeita se Zoe não tivesse um pequeno problema: ela é viciada em sexo. Certo dia ela acaba conhecendo Quinton, um artista com quem deveria fazer negócios, entretanto ela é seduzida pela beleza do misterioso homem e acaba começando um caso com ele. Entretanto o comportamento doentio de Zoe vai colocar a sua vida até então toda ajeitadinha em um caminho completamente desgovernado.
Olha, vício é uma coisa muito delicada de ser tratada, é preciso muito cuidado por parte do roteiro e da direção de um filme para não acabar causando um grande desserviço. Zoe é vendida na história como uma mulher doente, uma pessoa viciada em sexo, o problema é que o roteiro em momento algum transparece isso, a história nos mostra uma pessoa normal, que devido a uma fase morna no casamento, quando se viu diante da oportunidade de transar com um gostosão acabou decidindo por chifre no marido. O roteiro tenta nos dizer uma coisa, mas mostra outra, em momento algum você sente que a protagonista é doente, muito pelo contrário, a única impressão que fica é que ela é uma bela de uma vagabunda, que entediada com o casamento perfeito, decidiu botar um chifre no marido. Se ali existe um problema de saúde não pareceu.
O roteiro é tão mal escrito e tão deficiente em transmitir qualquer desenvolvimento de personagem, que as coisas não fluem com naturalidade, tudo acontece na história brotando do nada, Quinton era um homem compassivo, amante das artes, e do absoluto nada, vira um psicopata, assim como a própria Zoe, que também do nada se recorda de um estupro, que é usado como desculpa para as suas atitudes. Não que isso não seja possível na realidade, mas em um filme, isso não pode acontecer do nada, faltando 10 minutos pro fim da história. E outra, como esse marido é banana hein?! Perdoar a adúltera depois de ter levado chifre de não sei quantos, é muita falta de amor próprio.
Em linhas gerais "Addicted "é ruim em todos os sentidos, o roteiro parece ter sido escrito por um adolescente de 15 anos, a direção é capenga, uma protagonista que Deus que me livre, que atriz horrenda. Para não dizer que não tem nada que presta aqui, há bastante, homem gostoso pelado, aliás cheguei aqui por causa do William Levy, e ainda ganhei o Boris Kodjoe e o Tyson Beckford igualmente sem roupa, e pelo menos nesse sentido o filme se garante, mas de resto é daquele tipo de produção C, que na época das locadoras ficavam no fundo da prateleira, criando pó e teia de aranha, porque definitivamente não merecia sair de lá.
HELLBOY II: THE GOLDEN ARMY Direção: Guillermo del Toro Ano: 2008 Assistido em: 29/10/2023
Como disse no comentário do primeiro filme, o universo do Hellboy não me conquistou, nem mesmo Guillermo del toro conseguiu me fazer embarcar nessa mitologia, e olha que eu tinha gostado de absolutamente todos os projetos dele que tinha visto até então, mas como li pela internet afora que o segundo título era melhor do que o primeiro, vim com algumas expectativas para que agora pudesse curtir esse universo, mas infelizmente “The Golden Army” só reforçou tudo aquilo que senti com o primeiro: um filme aquém da capacidade de seu talentoso diretor.
Quando Nuada, um príncipe do submundo, retorna após séculos com o objetivo de dominar a Terra, Hellboy, Liz e Abe terão que se esforçar para combater a ameaça. Entretanto, isso não será nada fácil, já que o príncipe tem o objetivo de trazer à tona um exército de máquinas super poderoso conhecido como exército dourado, que para Hellboy, era apenas uma fábula da sua infância, mas que agora se tornou uma perigosa ameaça na sua frente.
Esse segundo título funciona perfeitamente para quem curte o primeiro, afinal de contas ele tem exatamente os mesmos pontos fortes, os efeitos especiais são bons, a maquiagem é boa, os cenários, os atores são competentes, enfim, mas quem não gostou, como eu por exemplo, provavelmente também não vai gostar. Exatamente como no “Hellboy” (2004) original, meu problema com esse segundo é com a história que é muito fraca, sem vitalidade e sem nenhum atrativo. O vilão, meu Deus do céu, que coisa horrorosa, volto a repetir que não conheço o material base, mas se as histórias no papel forem como as apresentadas nos cinemas, jamais entenderei como isso conseguiu fazer sucesso.
Quando penso em Guillermo del Toro, sempre espero o melhor, ele é um diretor talentosíssimo, muito acima da média, e demonstra muita paixão em tudo que faz, mas honestamente, seus dois Hellboys ficam no fundo de sua filmografia, não tem nenhum outro filme que perca para esses dois. Com exceção de “Nightmare Alley” (2021) todos os outros trabalhos dele que assisti eram autorais, talvez seja por isso que eu tenha gostado mais. O estilo de direção dele funciona melhor nas suas próprias criações do que quando ele decide adaptar algo de outra pessoa, e olha que nunca assisti “Blade II” (2002).
Vejo que muita gente na internet pede por um Hellboy III, mas honestamente, não faço parte desse time, prefiro o diretor mais próximo da fantasia e bem longe desse negócio de adaptação de histórias em quadrinhos, porque honestamente para mim não funcionou nem um pouco. Se tratando desse personagem, não quero nem saber de qualquer outro filme, fico por aqui mesmo.
A Sangue Frio
4.1 65 Assista AgoraIN COLD BLOOD
Direção: Richard Brooks
Ano: 1967
Assistido em: 08/12/2023
Tomei conhecimento sobre a família Clutter na semana passada quando escutei o episódio do Modus Operandi sobre o tema, e como sou consumidor assíduo de true crime, não dispenso nenhum filme inspirado em algum caso famoso, então lá fui eu assistir In Cold Blood, e fiquei muito surpreso, não só pelo desenrolar da história, mas pelas qualidades do filme, que é excelente.
Em 1959 a família Clutter levava uma vida pacata em uma fazenda na pequena cidadezinha de Holcomb no interior do Kansas. O que eles não poderiam imaginar é que um alvo foi colocado em suas cabeças, e que uma dupla extremamente perigosa está se direcionando até sua casa para acabar com a paz. Dick e Perry são dois jovens ex-presidiários que acreditam que a família possui uma grande quantia de dinheiro escondida na casa, e querem esse dinheiro a todo custo para recomeçar suas vidas, e para isso eles estão dispostos a qualquer coisa.
Como alguém que sempre gostou de ler sobre psicopatas e serial killers, sei que os estudos voltados para esse tipo de transtorno só se tornaram frequentes a partir dos anos 1970, antes disso era inconcebível para algumas pessoas o fato de que assassinatos brutais pudessem acontecer de maneira tão aleatória, sem existir nenhuma condição pregressa, sem ser por uma vingança ou por uma razão passional, uma brutalidade movida apenas por uma um descontrole emocional de um assassino. Em 1959, quando esse crime ocorreu, a sociedade era muito distinta, não havia metade do conhecimento que temos hoje em dia, portanto é bastante interessante ver como que um crime tão brutal repercutiu na mídia americana, e como o filme foi montado em cima dessa história, já que ele não segue os padrões adotados hoje em dia para quando tratarmos um longa sobre um crime real.
Hoje em dia muito se fala em dar voz às vítimas, muitos podcasts, filmes e documentários contam suas histórias pelo olhar daqueles que sofreram, mas isso não é o que ocorre aqui, tanto no livro do Truman Capote, quanto no filme dirigido brilhantemente pelo Richard Brooks os protagonistas são os vilões, são a dupla de assassinos, Dick e Perry, os Clutter são meros cordeiros para abate, até temos uma cena ou outra deles como família antes da carnificina acontecer, mas eles são meros coadjuvantes na sua própria história. A mídia sempre foi sensacionalista e o filme retrata isso muito bem, o foco aqui é no que vende, afinal o que era mais interessante para aquela época, a familiazinha medíocre do cu do mundo, ou a dupla de facínoras que fugia Estados Unidos afora?!
Não sou um profundo conhecedor da filmografia do Richard Brooks, mas pelo pouco que já assisti dele, ele era um diretor excepcional, o elenco também é excelente principalmente a dupla Robert Blake e Scott Wilson. O roteiro é muito bem escrito, você consegue entender a personalidade dos assassinos muito bem, e apesar de ter algumas pausas dramáticas, está em constante ascensão, e guarda o momento dos assassinatos para nos mostrar apenas na hora certa, como se eles só entregassem o que o público queria, apenas quando todas as peças estivessem encaixadas, a matança foi uma espécie de recompensa.
Não que eu me incomode com filmes preto e branco, mas confesso que o estranhei bastante uma produção de 1967 ser feita dessa forma, creio que a trama se beneficiária mais se fosse colorida, mas fora isso não há absolutamente nada que desabone a produção de forma alguma, aliás rodar as filmagens na mesma casa onde ocorreram os assassinatos, hoje em dia pode ser considerado de extremo mal gosto, mas creio que na época ninguém deva ter se importado, e para o Richard Brooks e sua equipe, isso apenas daria mais veracidade à história, mas querendo ou não, In Cold Blood é um dos mais importantes filmes sobre crimes reais já feito.Tudo que eu li sobre o mesmo, reforça que ele foi um dos pioneiros deste “gênero”. Super recomendado, tanto aos fãs do True Crime quanto aos do bom cinema.
PS: E quem diria que trinta e quatro anos depois, Robert Blake estaria na mesma situação que o seu personagem Perry: respondendo por assassinato, bastante irônico não?!
Como Sobreviver a um Ataque Zumbi
3.1 523 Assista AgoraSCOUTS GUIDE TO THE ZOMBIE APOCALYPSE
Direção: Christopher Landon
Ano: 2015
Assistido em: 03/12/2023
Lembro que quando li uma notícia sobre esse filme pela primeira vez, lá em 2015, fiquei bastante curioso, a sinopse não é das mais comuns para os dias de hoje, era algo que mais parecia saído dos anos 1980 e isso me deixou um pouco animado, pois amo as comédias desse período, mas nem tudo é o que parece, e mesmo lembrando bastante algo produzido no passado, essa história exala tudo que é pertinente ao Século XXI.
Quando misteriosamente um vírus é liberado, uma pequena cidadezinha no interior dos Estados Unidos começa a ser assolada por um surto que transforma todos os atacados em zumbis. Nesse contexto para lá de caótico, caberá a três amigos que já estão um pouquinho grandinhos para serem escoteiros, usarem as habilidades que aprenderam no grupo para sobreviver e tentar encontrar uma maneira de parar essa loucura.
Vendo a filmografia do Christopher Landon, obviamente ele é um pessoa voltada para o terror, embora seja louvável ver a tentativa de misturar um gênero já conhecido como um que ele não tem experiência, ele esbarra na complexidade da comédia, é preciso ter o time certo, é preciso ter os atores certos, enfim, são perceptíveis as boas intenções, mas boas intenções não fazem filmes bons, e aqui faltou muita coisa para o filme atingir os objetivos pretendido.
Landon e sua equipe nos entregam piadas visuais boas, mas no roteiro não há muito que dê para salvar. A história é muito simples, personagens não tem um pingo de carisma, não vou nem culpar os atores porque, por exemplo Ty Sheridan tem suas limitações, mas já assisti alguns trabalhos dele onde ele entrega algo melhor quando lhe dão condições, e aqui, infelizmente ele não teve essas condições, tanto o protagonista quanto os coadjuvantes, são personagens muito bobinhos, muito sem graça, faltou aos roteiristas e ao diretor delinear melhor a personalidade dessas figuras e usá-los sem medo, o resultado seria melhor.
O grande problema de Scouts Guide to the Zombie Apocalypse, é que você espera que chegue em algum lugar, mas que ele não chega, é comportadinho demais, faltou perder as estribeiras, faltou ultrapassar a barreira do absurdo, faltou ser mais anos 80 conforme a sinopse tanto parecia. Talvez nas mãos de um pessoal que fosse mais experiente com comédia, o resultado teria sido melhor, mas para quem procura algo bobinho, sem muitas pretensões, talvez deve funcionar melhor, mas confesso que fiquei mais entediado e com sono, do que entretido.
Gatinhas e Gatões
3.4 714 Assista AgoraSIXTEEN CANDLES
Direção: John Hughes
Ano: 1984
Assistido em: 03/12/2023
John Hughes foi um homem que mudou a forma como adolescentes eram vistos na década de 1980, sei que pode até parecer um certo exagero dar essa grande importância para ele, mas a forma como o adolescente foi retratado nas telas do cinema, pode ser dividida antes e depois de Hughes, um diretor/roteirista que trouxe para o grande cenário hollywoodiano alguns dos conceitos e estereótipos adolescentes que são utilizados até hoje, e aqui temos o primeiro trabalho dele na direção, com a fundação da pedra fundamental de tudo que viria a seguir.
O aniversário de 16 anos é uma data muito importante para qualquer garota, e com Samantha não é diferente, entretanto seu tão sonhado dia é completamente eclipsado por se tratar da véspera do casamento de sua irmã mais velha, e por seus familiares completamente surtados terem esquecido dela. Enquanto isso, na vida escolar, ela tem seu crush na figura de Jake, porém a mesma não tem muitas esperanças de conquistá-lo, mas esse cenário está prestes a mudar.
Uma coisa que precisamos deixar bem claro é que Sixteen Candles é produto de seu tempo, aliás todo filme é, e a sociedade de 1984 não é nem de perto a mesma de 2023,são quase quatro décadas separando os dois períodos, então algumas passagens talvez soem erradas para os padrões de hoje, mas naquela metade de década de 1980 ninguém via problema nenhum. Portanto em momento algum devemos julgar o longa com os olhos de hoje, sinto que o mesmo pode ser usado como reflexão, como prova de como evoluímos mesmo que pouco ao longo desses 39 anos, ao observarmos situações tidas como normais para os padrões da época, mas inaceitáveis para os dias de hoje, e de forma alguma devemos deixar que isso atrapalhe o nosso entendimento do projeto como obra artística.
Dois dos meus filmes favoritos da década de 80 são do John Hughes, The Breakfast Club (1985) e Ferris Bueller's Day Off (1986), então minha expectativa com relação a esse aqui estava nas alturas, mas devo admitir que fiquei um pouquinho decepcionado com a simplicidade da história apresentada, não temos muita coisa acontecendo em cena, temos uma garota completando 16 anos, frustrada porque ninguém se lembrou, e a seguimos por um período de dois dias enquanto ela tenta se encontrar, não que isso seja algo ruim, existem piadas boas aqui e acolá, mas a fragilidade do roteiro é muito grande, não apresenta nenhum grande momento, não tem nenhuma virada, basicamente termina da forma como começou só que com a diferença de Samantha finalmente conquistando o galã do colégio.
Hughes aqui começa a sua parceria com a eterna rainha da Sessão da Tarde, Molly Ringwald e com Anthony Michael Hall (sempre fazendo papel de chato), até aí nenhuma novidade, e o que me surpreende é o de fato dos dois terem a idade condizente a seus personagens, ambos com apenas 16 anos na época. Temos também o desaparecido Michael Schoeffling no papel de Jake, que o que tinha de lindo, tinha de fraco na atuação, acredito que mudar de carreira tenha sido uma boa opção para ele. Tivemos ainda o garotinho de Kramer vs. Kramer (1979), e John Cusack bem novinho em um de seus primeiros papéis, ou seja, um elenco bastante promissor.
Em linha gerais, dos trabalhos voltados para adolescentes do Hughes que já assisti, Sixteen Candles é o mais fraquinho, mas nem de longe é ruim, ele é simples, tem uma história inocente, que reflete os comportamentos da época, e que sem sombra de dúvidas marcou uma geração, e é preciso ressaltar que o trabalho de efeitos sonoros aqui é espetacular, muito bem encaixado e ajuda nas piadas. A partir de hoje vou enxergar esse filme como um pequeno aperitivo, do que viria lá na frente, porque aí sim, seria algo glorioso.
A Névoa
2.1 277THE FOG
Direção: Rupert Wainwright
Ano: 2005
Assistido em: 26/11/2023
Cinema do terror é uma coisa complicada, se faz um sucesso mesmo que mínimo imediatamente vira uma grande franquia, e quando essa franquia se desgasta, os produtores se desesperam para tentar ressuscitar algo do passado, enquanto não aparece um novo lampejo de sucesso, vemos isso há décadas, mas parece que algo saiu de controle ali no meio dos anos 2000, pois tivemos uma insana quantidade de remakes de clássicos, e até mesmo daqueles que passaram batidos em suas versões originais. E aqui temos mais um exemplo disso, The Fog (1980) nunca foi dos mais memoráveis, mas que voltou em 2005 para uma versão ainda mais esquecível.
Numa pequena cidadezinha costeira 100 anos antes um naufrágio resultou em uma grande desgraça. Certa dia quando todos acreditavam que seria apenas mais uma noite comum, uma misteriosa névoa cobre o local e mortes violentas começam a ocorrer. Agora os descendentes daqueles envolvidos na morte dos marinheiros correm um sério risco de vida.
Os anos 1970 e 1980 foram bem prolíferos quando o assunto são filmes de terror com ideias mirabolantes, tenho que dar o braço a torcer e admitir que um longa com uma névoa assassina não é algo que vemos surgir com muita frequência em Hollywood, mas enquanto o original era dirigido pelo lendário John Carpenter e trazia a final girl mais famosa de todos os tempos, Jamie Lee Curtis, como protagonista, esse aqui é de uma falta de atrativos absurda, para mim o único ponto interessante é o Nick, pois sempre fui apaixonado pelo Tom Welling que em 2005 era um dos maiores galãs da TV norte-americana como protagonista de Smallville (2001-2011), mas tirando esse motivo específico não tem nada aqui que me seja atraente.
Filme fraco com história fraca, atuações mais fracas ainda, uma direção que não sabe criar tensão, honestamente, esse aqui foi um que lutei para manter meus olhos voltados para tela, pois honestamente a burrice dos personagens e a total falta de carisma do elenco definitivamente acabaram com qualquer tesão, qualquer vontade que eu tinha de acompanhar essa história. Só tava torcendo para que a névoa engolisse a tela inteira e que somente os créditos finais sobrassem porque era a única coisa pelo qual estava ansioso
Essa nova versão de The Fog é só mais uma dentre as muitas que provam que alguns filmes jamais devem ser refeitos, uns por serem muito bons e por isso se tornam intocáveis, e outros por serem muito ruins e não merecerem uma segunda oportunidade. Quando falamos de uma filmografia tão vasta quanto a do Carpenter, encontramos títulos clássicos, e alguns esquecidos, e a versão de 1980 é sempre ignorada quando nos referimos aos principais trabalhos do diretor. E sobre essa nova imaginação da história, a única cena que vai ficar na minha cabeça, foi o Tom Welling sem camisa.
Santuário
3.0 794SANCTUM
Direção: Alister Grierson
Ano: 2011
Assistido em: 26/11/2023
Sem fazer muitos rodeios o motivo que me trouxe até esse filme não poderia ser outro senão o grandioso James Cameron, aqui, na função de produtor executivo, e fonte de inspiração para essa obra que convenhamos, tem tudo a ver com ele, afinal de contas estamos falando de uma aventura com personagens simples, mas que seguem tropos bem estabelecidos e obviamente, água, muita ÁGUA. Junte isso também ao fato da história ser muito levemente inspirada em um episódio semelhante ocorrido em 1988 com o Andrew Wight, produtor que trabalhou com Cameron em seus três documentários sobre o oceano. Mas uma coisa é se inspirar em um grande mestre do cinema, seguir a cartilha dele, outra bem diferente é fazer um trabalho que esteja no mesmo patamar do que ele faria.
Frank é um mergulhador bastante experiente. O que seria apenas mais uma de suas aventuras nas cavernas da Oceania, toma contornos bastante diferentes quando uma imensa tempestade fecha as rotas conhecidas para os mergulhadores retornarem à superfície. Agora ele será obrigado a encontrar um novo caminho para sair das profundezas desse labirinto junto com o seu grupo, do qual faz parte o seu filho Josh, com quem ele não mantém uma relação muito boa.
Quando disse que esse filme se inspira muito no Cameron é porque temos aqui uma estrutura que ele sempre utiliza em seus projetos, personagens muito simples, com dilemas comuns que se vêem diante de uma situação de vida ou morte, e isso não é algo ruim, James Cameron sempre aposta no básico, porém o faz de maneira espetacular. Seguindo esse esquema, aqui encontramos pai e filho protagonistas numa relação complicada de afastamento, e que precisarão se entender enquanto suas vidas estão em risco, temos o ricaço que não tem um pingo de moral e que vai se revelar um filho da puta ao longo da história, enfim, nenhuma novidade, mas o problema é que o roteiro não é bem trabalhado, é apático demais, e não consegue nos fazer torcer por esse pessoal, não dei a mínima se eles iriam sobreviver, ou se morriam pelo caminho, e isso deve ser a inabilidade do roteiro em desenvolver essas personagens e dos atores em desempenhar esses papéis de uma maneira mais intensa.
Visualmente muito bonito, Sanctum obviamente tem muito CGI, mas também tem muito efeitos práticos, algumas cavernas são reais, e a sequências de ação são bem conduzidas, mas tirando isso, a direção é super básica, o roteiro como disse, não é bem aprofundado, as atuações são fracas, a trilha sonora é quase que inexistente de tão desinteressante, enfim, existem alguns pontos positivos, mas os negativos os anulam.
Em linhas gerais Sanctum deixa a sensação de que é um filme que mira no James Cameron, mas que faltou muito para chegar até os resultados obtidos pelo diretor, talvez caso a direção fosse um pouquinho mais competente, o elenco mais talentoso, e o roteiro mais trabalhado, os resultados obtidos fossem melhores, ainda assim não de todo desastroso, talvez eu que tenho assistido em um dia não muito bom, e pessoa com o senso crítico mais desarmado, que só querem ação pela ação, interpretem tudo de uma forma menos exigente.
Dou-lhes Um Ano
2.5 138 Assista AgoraI GIVE IT A YEAR
Direção: Dan Mazer
Ano: 2013
Assistido em: 25/11/2023
Nem todo filme é feito para ser uma grande produção cinematográfica, e nem toda produção cinematográfica é feita para marcar a vida do espectador, algumas são meras distrações, meras passagens de tempo para uma pessoa que quer ir ao cinema ou simplesmente assistir do sofá de sua casa, servem apenas para nos fazer desligar o cérebro por um período de uma hora e meia, duas horas, nos divertir com uma história qualquer, mas o problema é que tem filmes que são tão insossos, tão apáticos, tão anêmicos que nem para distração eles servem, e é isso que I Give it a Year representou para mim.
Quando Josh e Nat se conhecem, eles rapidamente vivem um romance tórrido e já decidem unir as escovas de dentes, o problema é que a personalidade deles é muito diferente e ambos só vão descobrindo essas incompatibilidades ao longo do seu casamento. Enquanto isso, absolutamente todo mundo ao redor dos pombinhos aposta contra a união, e para piorar ainda mais a situação cada um deles encontra uma opção de relacionamento mais viável do que o seu cônjuge.
Honestamente, não sei qual que era a intenção do diretor Dan Mazer com esse filme, como um drama não funciona, como romance não cativa, como comédia não faz rir, sei que os britânicos têm um senso de humor bastante diferente, basta assistir qualquer série de comédia deles, mas isso aqui foi uma tentativa tão insípida, tão meia boca de fazer uma comédia romântica que honestamente não entendi qual era a ideia, no final a única coisa que o filme conseguiu ser foi totalmente esquecível.
Temos um elenco de bons nomes, Rose Byrne é uma ótima atriz, Rafe Spall também consegue entregar muito quando lhe dão um bom roteiro, e no suporte temos Simon Baker a Anna Faris, e mesmo assim todos eles são desperdiçados com personagens que não convencem, você só quer que aquele povo suma da sua frente de uma vez.
Não sou muito fã de comédia romântica, mas prefiro mil vezes aquelas que mexem comigo a ponto de eu odiá-las do que aquelas que sou totalmente indiferente, I Give it a Year simplesmente não despertou nenhum sentimento em mim, terminei o filme em total estado de apatia, é um longa tão fraco que a única sensação que me despertou foi sono, tanto que nem vi a cena final, cochilei e quando acordei os créditos já estavam subindo, li o desfecho na Wikipédia, e me dei por satisfeito. Se eu não tivesse marcado ele aqui no Filmow e no meu perfil no IMDb, provavelmente nem lembraria da existência disso aqui, e seria melhor esquecer mesmo.
Os 33
3.5 224THE 33
Direção: Patricia Riggen
Ano: 2015
Assistido em: 25/11/2023
Existem alguns episódios que extrapolam os limites nacionais e se tornam eventos mundiais, geralmente tragédias têm um alcance muito maior do que acontecimentos felizes, e nesse sentido, quem já tem mais de 20 anos com certeza deve se recordar do acidente com os mineiros no Chile em agosto de 2010. Para mim esse evento está associado com algo muito particular, já que nesse mesmo mês eu completava meus 18 anos, portanto essa história foi muito marcante para mim, junto obviamente a intensa cobertura midiática. Anos depois veio esse filme, que tentava retratar um pouquinho do enorme e complicado processo de resgate daquelas pessoas.
Na pequena cidade de Copiapó, no deserto do Atacama, uma mineradora ignora os sinais de que a montanha onde se encontrava uma mina de cobre e ouro, estava em processo de desabamento, e continua suas operações como se não houvesse amanhã. No dia cinco de agosto de 2010 um imenso deslizamento no interior da montanha faz com que 33 trabalhadores fiquem presos a quase 700 metros de profundidade, dando início a uma corrida contra o tempo do lado de fora para tentar salvar suas vidas.
Desgraça vende mais do que notícias positivas, isso é uma máxima do jornalismo que se repete no cinema, afinal de contas dá para contar nos dedos quantos filmes trazem eventos felizes sem que exista algo muito caótico e complicado nos bastidores, e era óbvio que Hollywood iria por suas mãozinhas na história dos chilenos, até lembro que na época do ocorrido pensei que não demoraria nada para eles reproduzirem essa história nos Estados Unidos, portanto fiquei bastante surpreso ao ver que temos aqui uma coprodução entre países, e que isso fez com que além dos americano, podemos encontrar mexicanos, espanhóis e até um brasileiro no elenco, temos todas as etnias interpretando chilenos, menos chilenos, pelo menos não nos papeis centrais.
Vendo um pouquinho sobre as críticas recebidas pelo filme quando ele foi lançado em 2015, eu esperava algo bem inferior, mas me surpreendi positivamente, é claro que o objetivo do roteiro não é aprofundar nenhum personagem, eles até pincelam superficialmente algumas histórias de background, mas logo partem para o que interessa, que é o acidente e todo o processo de resgate, mas nem por isso é difícil se conectar com aqueles homens, é muito simples se colocar não só no lugar das vítimas como no lugar dos familiares que estão ali sofrendo e isso é um ponto positivo, porque quando você consegue essa conexão com essas pessoa você teme pela vida deles, mesmo sabendo o desfecho da história.
A produção é competente, as atuações são na medida do que o roteiro oferece, temos uma das últimas trilhas sonoras do James Horner, mas fiquei decepcionado com toda a direção das sequências do acidente, os enquadramentos escolhidos por Patricia Riggen ficaram muito confusos, o caos estava rolando ali embaixo e não estava conseguindo entender quase nada em cena, não sei se isso foi uma decisão proposital da diretora para emular o que ocorreu de fato naquela mina, mas como espectador aquilo tudo me deixou com uma impressão de que foi um serviço mal feito e me incomodou bastante.
The 33 é um filme catástrofe diferente, apesar de ser uma história que envolve um acidente muito complexo que deixou 33 pessoas por mais de dois meses em uma situação extremamente complicada (principalmente nos dias iniciais), ela tem um diferencial em relação a outros casos, não só de filmes, mas também dos desastres da vida real, o final é feliz, na última cena vemos os 33 mineiros verdadeiros e os letreiros nos dizendo que eles nunca foram compensados financeiramente pelo o que ocorreu e isso é um absurdo, afinal de contas vemos uma empresa rica colocando-os em perigo e nada aconteceu, mas entretanto creio que o principal presente que eles ganharam, foi que todos saíram vivos daquele inferno e tiveram uma oportunidade de continuar suas vidas, infelizmente nem toda tragédia tem o mesmo desfecho.
Napoleão
3.1 323 Assista AgoraNAPOLEON
Direção: Ridley Scott
Ano: 2023
Assistido em: 24/11/2023
Toda vez que vejo um anúncio de algum drama histórico dirigido por Ridley Scott fico imediatamente animado, afinal ele é dos poucos diretores de Hollywood que ainda se empenha em produzir verdadeiros épicos. Scott tem uma bagagem imensa e um nome muito forte para conseguir fazer com que os estúdios embarquem em suas ideias de produzir filmes grandiosos, em uma época em que o cinema Blockbuster só tem olhos para hominhos brigando. Quando saiu a notícia que ele faria um longa sobre Napoleão Bonaparte, um dos homens mais importantes da humanidade, o meu lado obcecado por história vibrou de verdadeira alegria, mas eu nem tinha expectativas de poder assistir no cinema por ser uma produção original da Apple que chega ao circuitos após uma parceira com a Columbia Pictures, e como o cinema da minha cidade foge de produções voltados para premiação, pensei que ele não viria, mas surpreendentemente veio, e eu corri para poder conferir.
Napoleão Bonaparte, que nasceu francês quase por acidente, ingressou muito cedo nas fileiras do exército e com uma tenra idade acabou acendendo a um poder há muito não visto entre os Francos. Bonaparte assumiu o controle de um país à beira da mais completa ruína e afundado no caos, e se tornou o homem mais poderoso vivo naquele momento. Obviamente isso garantiu grandes inimigos ao imperador, mas não só aqueles oriundos de outras nações ameaçavam Napoleão, haja vista que sua vida pessoal com sua primeira esposa a Imperatriz Josephine, era tão complicada e problemática quanto a geopolítica europeia daquele período.
Não existe cinebiografia que consiga retratar toda a vida de um personagem histórico, ainda mais quando falamos de um monstro de incomensurável importância como foi o imperador francês Napoleão Bonaparte, então é óbvio que o Ridley Scott precisava escolher um recorte, e aqui nós nos esbarramos com o mais grave problema da produção. Já foi divulgado publicamente que o corte do diretor possui mais de 4 horas, mas como a Apple fez um acordo com a Columbia para levar Napoleon para os cinemas, assim conseguindo uma graninha extra e tornando-o elegível para participar da temporada de premiações, era óbvio que ele não chegaria com essa metragem para o grande público, mas mesmo possuindo uma longa duração do alto de suas 2h40min, essa versão sofre com uma montagem problemática, que só não causa uma catástrofe devido ao talento dos envolvidos.
A maior problema dessa montagem é a completa falta de cenas de conexão entre os acontecimentos, num instante temos um Napoleão tremendo de medo e ansiedade diante do Cerco de Toulon, na outra já temos alguém dizendo que ele é o maior líder militar da França atual, em uma cena vemos ele conhecendo Josephine, na outra ele já está se derretendo de amores, em outra temos ele recebendo a proposta de ser o novo rei, pra 30 segundos depois ele estar sendo coroado imperador. Tudo pula de um acontecimento para outro sem dar ao público a chance de entender o impacto que tudo que ele está vendo em cena causou na França, na Europa e no mundo. O recorte que temos aqui é de 25 anos e não são 25 anos de um ser humano comum, mas sim da porra do imperador Frances, tudo que vemos em cena possui consequências, e essas consequências não são bem exploradas, creio que na versão de 4h todas as sequencias que foram tesouradas vão estar presentes e vão dar mais sentido ao todo, mas o apresentado no cinema é brusco, corrido e atropelado.
Sou grande fã do Joaquin Phoenix desde que eu conheci o trabalho dele lá atrás no Gladiador (2000) do mesmo Ridley Scott, mas aqui eu não consegui comprar que ele era Bonaparte, achei essa escalação totalmente equivocada desde seu anúncio, quando a história do filme começa Napoleão tem um pouco mais de 30 anos, enquanto Phoenix beira os 50, não consegui enxergar aquele homem envelhecido no papel de um jovem no começo de carreira, era necessário um outro ator fazendo essa primeira parte ou então rejuvenescimento por CGI, mas o resultado final ficou muito estranho. Vanessa Kirby é ótima como Josephine, são dela os melhores momentos dramáticos, e a atriz transmite muito mais emoção do que o próprio Phoenix que interpreta Bonaparte da mesma maneira, em todas as fases de sua vida, com exceção da primeira e da última batalha.
A Direção está pra lá de caprichada, principalmente das icônicas Batalhas de Austerlitz e Waterloo, os figurinos são absurdos de tão impecáveis assim como os cenários, é possível ver o CGI complementando o que é real, e não que tudo foi feito em tela verde. A trilha sonora é apagada, mas tem alguns momentos de inspiração, resumindo: do ponto de vista técnico não tem para ninguém, o Scott mostra mais uma vez do porque é considerado um mestre da sétima arte.
Longe de ser um ruim, mas é inegável que Napoleon tem problemas, enxergo como um projeto que já chegou na sala de cinema sabotado, é impossível não sentir que o mesmo está incompleto, por isso vou aguardar pela versão do Scott poder entender melhor como é sua visão de Napoleão, visão essa que deve ser encarada como fictícia, já aqui ele está simplesmente cagando e andando para a precisão histórica.
Napoleon é um forte candidato aos prêmios técnicos dessa temporada, mas infelizmente esse corte dos cinemas é decepcionante, não ruim, está muito longe disso, mas infelizmente não atendeu às enormes expectativas de anos e anos que passei esperando por esse projeto. Só espero que a versão do Scott corrija os problemas dessa aqui, e nós possamos ter um corte melhor do que aquele que foi parar nas salas do cinema
Férias Frustradas
3.2 598 Assista AgoraVACATION
Direção: Jonathan Goldstein & John Francis Daley
Ano: 2015
Assistido em: 19/11/2023
Mesmo sendo um eterno apaixonado pelas comédias da década de 1980, confesso que não é tudo que foi produzido naquela década que me agrada, algumas coisas simplesmente não fazem meu estilo e outras infelizmente só pela sinopse já sei que não vou curtir, mas geralmente gostei de quase tudo do gênero lançado naquele período que já tive acesso. A franquia Férias Frustradas entretanto, está no grupo dos que ainda não tive a oportunidade de conferir, mesmo o extinto Cinema em Casa do SBT tendo exibi-los exaustivamente ao longo da década de 1990 é uma beirada dos anos 2000, porém algo me diz que a decisão mais errada que poderia ter tomado, foi começar nesse mundo por esse remake/reboot, ou seja lá o que diabos essa joça produzida em 2015 é.
Quando o piloto de avião Rusty decide dar um novo rumo à sua vida, ele coloca toda a sua família dentro de um carro e segue uma viagem com o objetivo de atravessar os Estados Unidos até chegar a um parque de diversões que foi muito importante na sua juventude, entretanto a viagem dos sonhos dele será um verdadeiro inferno à medida que tudo que poderia acontecer de errado, acontece com sua pobre família.
A dupla de diretores Jonathan Goldstein e John Francis Daley é bastante experiente quando o assunto é o gênero da comédia, já assisti alguns trabalhos deles que são muito bons, até gostaria de dar o destaque para uma das grandes surpresas que tive dentro das salas do cinema esse ano que foi o Dungeons & Dragons: Honor Among Thieves (2023), portanto não consigo nem entender como uma abominação cinematográfica como essa pode ter saído dos dois, porque absolutamente tudo aqui é ruim, direção, elenco, roteiro, trilha sonora, é difícil encontrar um filme que me desagrade em tudo, mas esse aqui conseguiu, não teve uma única miserável piada que me fez rir.
Ed Helms é um ator competente, ele tem uma boa veia cômica basta ver o sucesso obtido na trilogia The Hangover (2009-2013), mas o bichinho que tem um dedo podre para escolher personagens, do horrendo Andy de The Office (2005-2013), a esse picolé de chuchu que é esse Rusty, ele escolhe os tipos mais sem graça possiveis, Christina Applegate é outra desperdiçada em um personagem sem brilho e sem alma, quem mais chegou perto de me fazer esboçar algum sorriso é o personagem do Skyler Gisondo, ator que eu já conhecia por Santa Clarita Diet (2017-2019) e que tem muito potencial, mas não é porque ele tem o único personagem mais ou menos, que se destaca nessa bomba, e olha que Gisondo consegue passar uma credibilidade como um adolescente apaixonado que é maltratado pelo irmão mais novo, mas fora isso nada mais dá para salvar.
Vacation é um dos piores exemplos de algo que vem se alastrando em Hollywood nos últimos 20 anos, remake ou sequência desnecessária de filmes que fizeram sucesso no passado. Parece que toda a criatividade evaporou da superfície do lugar, dá para contar nos dedos os filmes que estreiam hoje em dia que são produtos originais, pelo menos aqueles dos grandes circuitos, e a cada ano que passa uma velha franquia e agredida, não sei se Férias Frustradas foi um grande filme, porque como disse eu simplesmente abri mão de todas as oportunidades que tive de assistir as primeiras entradas dessa saga, mas sei que existe uma base de fãs interessados que provavelmente devem ter ficado muito revoltados com isso aqui.
O Virgem de 40 Anos
3.1 830 Assista AgoraTHE 40 YEARS OLD VIRGIN
Direção: Judd Apatow
Ano: 2005
Assistido em: 19/11/2023
Existem filmes que quando são lançados causam uma verdadeira euforia, eles conseguem furar a bolha cinéfila e vão parar na boca do grande público. Lá atrás, em 2005 quando The 40 Years Old Virgin foi lançado, me recordo que ele foi recebido com muitos elogios, entretanto naquele período, eu não tinha muito interesse por cinema, meu negócio era animes e mangás, então o tempo passou, e só agora tive a oportunidade de poder conferir, e honestamente?! A sensação é que não perdi absolutamente nada nesses últimos 18 anos.
Andy é um homem simples e de bom coração, que leva uma vida extremamente organizada, ele tem suas paixões, e segue vivendo a sua maneira sem incomodar ninguém. Acontece que quando seus colegas de trabalho descobrem que ele ainda é virgem aos 40 anos, os rapazes decidem fazer de tudo para resolver essa situação, que para eles é um problema muito maior do que para o próprio Andy.
Steve Carell é um ator maravilhoso, naquele 2005 ele ainda era relativamente pouco conhecido, já que o grande sucesso da sua carreira, The Office (2005-2013), havia acabado de estrear, então ele ainda não era um grande astro, portanto hoje em dia nem consigo imaginar ele nesse tipo de filme, é claro que ainda é o humor do constrangimento pelo qual ele ficou mega conhecido na figura do Michael Scott, mas diferentemente do que ocorre na série do gerente da Dundler Mifflin, a história aqui apresentada é extremamente inconsistente.
Tive acesso a versão estendida do filme que tem cerca de uns 20 minutos a mais, e honestamente não sei se teria uma impressão diferente caso tivesse assistido ao corte do cinema, mas o que senti é que a história começa muito boa, mas perde o fôlego de uma forma extremamente rápida, no começo quando somos apresentados a vida do Andy e a sua rotina, é tudo muito divertido de acompanhar, entretanto quando a chave vira para o segundo ato, e vemos o personagem numa tentativa desesperada de perder a virgindade, apenas para se encaixar no padrão exigido pela sociedade, tudo acaba entrando no lugar comum. Entendo que é uma crítica a pessoas que se matam para atender as expectativas e pressões dos outros, mas mesmo assim tudo vai ficando cansativo e sem graça, essa versão sem censura é exaustiva, exageradamente longa para uma comédia.
Além do já citado Steve Carell, o longa está lotado de gente que hoje em dia é famosa, mas que naquela época não era tão conhecida, com exceção do Paul Rudd que já era bastante famoso, nós temos Seth Rogen, Jonah Hill, Elizabeth Banks, Mindy Kaling entre outros, mas todos com personagens bem fraquinhos, bem antipáticos, e alguns até bastante irritantes.
The 40 Years Old Virgin, é um filme que talvez eu tenha assistido tarde demais, talvez o meu eu de 13 anos teria gostado mais, entretanto o de 31, achou um projeto bem qualquer coisa, ainda tem seus méritos como a trilha sonora que é espetacular, o carisma de Steve Carell que torna seu Andy um personagem bem divertido, mas a soma de todos os fatores ainda é muito anêmica. Judd Apatow queima todas as boas ideias e cenas na largada, e na metade da corrida, já está completamente sem fôlego.
Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes
3.7 345 Assista AgoraTHE HUNGER GAMES: THE BALLAD OF SONGBIRDS & SNAKES
Direção: Francis Lawrence
Ano: 2023
Assistido em: 18/11/2023
Quando o Harry Potter acabou em 2011, criou-se uma disputa em Hollywood para saber quem iria se tornar o novo grande sucesso entre o público jovem. Todos os estúdios começaram uma corrida desenfreada para saber qual seria a nova grande franquia, algumas até fizeram bastante dinheiro, mas nunca conquistaram a crítica, como Crepúsculo (2008-2012) por exemplo, outras morreram na praia sem conseguir sair do primeiro título. E foi nesse cenário que “The Hunger Games” se destacou, conseguindo mesclar, sucesso de crítica com alta bilheteria. Cinco anos após a conclusão da saga nos cinemas, a própria Suzanne Collins resolve escrever um novo capítulo para sua história, e obviamente como a Lionsgate não é boba, resolveu chamar Francis Lawrence para comandar a nova adaptação, só que que dessa vez não estamos falando de uma heroína lutando contra um governo opressivo, mas sim do nascimento de um ditador.
64 anos antes de Katniss Everdeen se tornar um símbolo da luta contra a capital, somos apresentados a um Coriolanus Snow bem diferente daquele que conhecemos no futuro. Mesmo sua família tendo perdido tudo após a guerra, ele ainda tenta manter as aparências entre a elite da Capital. Snow é selecionado entre 24 estudantes da Capital para ser mentor dos tributos no 10º Jogos Vorazes. Ele é escolhido para mentorar a jovem Lucy Gray Baird, uma garota do Distrito 12 que tem muita personalidade, juntos, Snow e Lucy vão reformular a forma como os jogos são vistos por toda Panem.
O mais interessante dessa franquia, é que ela nunca se resumiu a fantasia, Suzanne Collins brilhantemente utiliza a ação e a aventura, como uma cortina para temas muito mais importantes e críticas sociais muito interessantes, é louvável um autor que busque levar a um público mais jovem, questionamentos tão importantes como governo ditatorial, manipulação de massas e controle midiático. Sua Katniss se tornou um símbolo de esperança contra um governo opressor, mas do outro lado temos o perverso Presidente Snow, que nessa história é trazido para próximo do público, ninguém nasce ruim, vilões são criados, e aqui vemos como um garoto com um grande ideal, e com bons sentimentos começou a se transformar em um tirano frio e sem nenhuma emoção, essa história não é sobre o nascimento de um herói é como uma pessoa se perdeu ao ponto de no futuro ser um déspota enlouquecido.
Particularmente sempre gostei mais dos bastidores políticos do que dos Jogos Vorazes em si, mas sei que no cinema as coisas não funcionam dessa forma. Então, de fato, era preciso dedicar uma grande parcela do roteiro a 10ª Edição dos Jogos, entretanto, sinto que correram demais na segunda parte, precisavamos de mais detalhes sobre como o Coriolanus que se preocupava com os tributos, se tornaria o presidente de Panem que massacra jovens para a diversão do público, mas tudo é muito apressado, o roteiro infelizmente não conseguiu deixar o personagem em um ponto que o público pode virar e falar “é a partir dali que ele se tornou um sádico maluco”, sim, vemos que o personagem tomou decisões sem volta, vemos que ele foi quebrado aos poucos, foi percebendo que precisava entrar naquela dinâmica cruel propagada pela Capital, mas o filme falha ao não mostrar como ele chegou ao poder, não sei se a intenção da Collins era fazer uma continuação dessa história, mas fui para o cinema sem saber praticamente nada da trama do livro, e esperava ver como o Snow tomou poder na Capital e não apenas como ele perdeu sua humanidade, nesse sentido o roteiro pecou demais e poderia ter sido melhor trabalhado.
Francis Lawrence não só é veterano na saga, como diretor do melhor filme deste universo, "Catching Fire" (2012), e aqui ele repete todos os acertos anteriores, como direção das cenas de ação, direção de elenco, trilha sonora muito marcante do James Newton Howard, figurinos, e elenco impecavelmente escalado. Viola Davis, sempre é maravilhosa e dispensa comentários, Peter Dinklage está ótimo e a dupla de protagonistas também se garante, Tom Blyth consegue ao mesmo tempo ser gentil, e ameaçador, ele tem um olhar perigoso e você sente que existe algo ruim latente, esperando para vir à tona, do outro lado Rachel Zegler, está muito bem como Lucy, esbanjando um poder vocal admirável.
Diferente de outras franquias que têm spin-offs, prequels e até mesmo sequências completamente desnecessárias “The Ballad of Songbirds & Snakes” vem da mente da própria criadora, Suzanne Collins sentiu que precisava contar ao público como o presidente Snow surgiu, não li os livros, mas gostei muito da forma como Lawrence desenvolveu essa trama nas telas e fiquei com gosto de quero mais, talvez uma continuação nos mostrando a escalada de poder definitiva do Coriolanus sob a tutela da Gaul seria uma boa pedida. Como disse, o único ponto que me desagradou foi ter achado o roteiro muito corrido principalmente na segunda parte, mas isso não é nada que desabone o longa como um todo, que consegue ser um digno membro dessa franquia que é a única que conseguiu mesclar qualidade com bons resultados em bilheteria depois que Harry Potter saiu de cena. Espero sim por mais filmes desse universo, mas que eles venham da mente da sua autora e não do devaneio de algum produtor.
PS: Durante o filme eu só me lembrava da clássica frase do Harvey Dent em The Dark Knight (2008):
“You either die a hero or live long enough to see yourself become a villain.”
A Menina que Matou os Pais: A Confissão
3.1 218 Assista AgoraA MENINA QUE MATOU OS PAIS: A CONFISSÃO
Direção: Mauricio Eça
Ano: 2023
Assistido em: 12/11/2023
O caso da família Von Richthofen é indiscutivelmente um dos mais famosos crimes (se não o mais famoso) ocorridos no Brasil no princípio da década de 2000. Até então o brasileiro estava acostumado a ver pobre sendo morto dentro de casa, isso acontecer com rico era novidade, e tudo se tornou um grande carnaval midiático, quando descobriram os responsáveis por tamanha barbaridade. E mesmo passados 21 anos do ocorrido, a protagonista desse horror, Suzane, continua na “mídia”, já que se tornou uma verdadeira “celebridade”.
O recorte que temos aqui é de míseros oito dias, tudo que foi mostrado nesse “terceiro episódio” ocorreu entre os dias 31/10 e 08/11/2002. Como já conheço muitos detalhes dessa história, já sabia dos desdobramentos e como se deu toda a descoberta dos responsáveis pelos assassinatos de Manfred e Marísia, mas confesso que ver uma interpretação dos fatos torna tudo ainda mais revoltante, a frieza de Suzane é algo digno de um sociopata, não sei se ela tem algum diagnóstico nesse sentido, mas toda descrição de como ela agiu, aqui muito bem retratada pela Carla Diaz, nos mostra que a garota é um ser sem nenhum pingo de remorso.
Sempre achei desnecessário dividir essa história em partes, até comentei na época que um diretor talentoso conseguiria muito bem retratar a dualidade de perspectivas em um único filme, e vou além, um roteiro bem escrito retrataria facilmente toda a história, do início do relacionamento de Suzane e Daniel, passando pela confecção e execução do crime, todo o processo investigativo e por último o julgamento, que por um momento pensei até que renderia um quarto título, mas que foi completamente limado da história, e honestamente ainda não entendi porque que a Ilana Casoy que conhece essa história como a palma de sua mão, permitiu um deslize tão grave quanto esse, esticaram demais no começo e correram no final. Já que um filme completo não estava nos planos, porque não investiram em uma minissérie?!
Reforço que não havia nenhuma necessidade de dividir essa história, mas chega a beirar o absurdo fazerem três filmes, e ainda assim, não cobrirem o caso em sua totalidade. Quem é mais jovem, seja porque não era nascido na época, ou era muito pequeno e não conhece os detalhes da história, provavelmente não vai entender o quão grande foi a repercussão desse crime.
Sempre fui a favor de um filme que retrata-se essa história, acho muito hipocrisia que o brasileiro consome true crime de outros países de uma maneira desenfreada, mas quando é nacional eles torcem a cara. Mas creio que houve um erro brutal por parte dos envolvidos, e não estou me referindo ao elenco que faz o que pode com o que lhes é oferecido, mas sim em relação a produção, fazer uma trilogia obviamente só tem uma explicação: queriam ganhar o máximo de dinheiro possível em cima desse caso, já que eles sabem que a procura seria muito grande, mas isso infelizmente sacrificou a qualidade da narrativa nos entregando apenas fragmentos do todo. Mas passado isso tudo, espero que a mídia brasileira pare de tratar a menina que matou os pais e chocou o país, como uma celebridade, mais famosa que muito ator e cantor do passado por exemplo.
Nuovo Olimpo
3.5 60 Assista AgoraNUOVO OLIMPO
Direção: Ferzan Özpetek
Ano: 2023
Assistido em: 12/11/2023
Como um homem gay, acho bastante difícil achar filmes temáticos de qualidade, quando não são de humor escrachado e de mal gosto, são dramas extremamente pesados, ou seja, dois extremos, e quando tudo é ferro e fogo, é difícil de agradar. Confesso que cheguei aqui após ver algumas cenas picantes no Twitter, mas jamais imaginei encontrar um grande filme, e mais, um grande filme vindo da Netflix que é um verdadeiro celeiro de bombas nucleares.
Na Roma de 1978, o aspirante a diretor Enea e o estudante de medicina Pietro acabam se conhecendo no cinema Nuovo Olimpo. Eles acabam se envolvendo e vivendo um rápido porém intenso romance, entretanto o cenário político da Itália nessa época é extremamente conturbado, e devido a uma revolta popular combatida pela polícia os dois acabam se separando, como estamos na década de 1970 eles perdem contato completamente. Pelos próximos 40 anos vamos acompanhar a vida dos dois personagens enquanto eles ainda nutrem sentimentos um pelo outro.
Como não tenho vergonha na cara, admito que sou cadelinha de Hollywood, 99% do dos filmes que assisto são provenientes dos Estados Unidos, mas sempre que me deparo com algo mais maduro, mais evoluído, as chances de ter vindo da Europa ou da Ásia são muito maiores, obviamente não estou generalizando, mas sinto que os europeus são muito mais soltos para tratar certos temas do que os americanos. Aqui por exemplo, encontramos um romance bem contruído, a questão da sexualidade é pano de fundo, não vemos nada muito carregado, nada muito dramático nesse sentido, é claro que temos um personagem que preferiu viver uma vida infeliz em um casamento de fachada do que se assumir, enquanto outro preferiu escancarar sua orientação sexual logo de uma vez, mas não senti que o filme buscava essa discussão como foco, mas sim abordar a relação entre os os dois e como cada um seguiu sua vida por 40 anos.
Ferzan Ozpetek nos entrega um romance gay, onde o fato dos protagonistas serem homossexuais não é tratado como algo de outro mundo, é tudo natural, é um casal que se apaixonou e não teve oportunidade de viver esse amor, sei que existem milhares de filmes com casais hétero com esse tema, mas as produções gays desse tipo são uma mixaria, e precisamos nos ver retratados com mais naturalidade nas telas do cinema e da TV.
Não conhecia ninguém do elenco mas além de ser presenteado com um trio de homens extremamente lindos e gostosos em cenas bem quentes que incluem até mesmo nudez, Damiano Gavino, Andrea Di Luigi e Alvise Rigo são todos bons atores, principalmente a dupla principal, que conseguiu transmitir muita verdade em seus papéis, e passar muito dos sentimentos de Pietro e Enea pelo olhar, pelos gestos, eles são atores com muito futuro e que espero vê-los em novos projetos.
Sobre o final, confesso que estava morrendo de medo, se tem uma coisa que me irrita bastante em filmes românticos é que eles são surreais demais, na esmagadora maioria vemos que o casal protagonista não tem como ficar junto, mas o roteiro acha sempre uma forma absurdas de entregar aquele finalzinho água com açúcar ridículo onde a dupla se encontra no aeroporto e ficam juntos e felizes para sempre, e tive muito medo de que esse fosse o final dessa história. Os protagonistas ficaram 40 anos afastados, ambos seguiram suas vidas, ambos estavam em relacionamentos sérios, Enea e Antonio construíram uma vida juntos por mais de 20 anos, e até mesmo Pietro está em um casamento, mesmo ele não sendo feliz. Ambos construíram suas vidas, não seria justo abandonar seus parceiros de anos, por conta de uma ilusão, porque é exatamente isso que eles tinham, os dois tinham uma ilusão do que poderiam ter vivido e não tiveram a oportunidade de viver, mas depois de 40 anos, a decisão mais madura que eles poderiam ter é cada um seguir com seu caminho, e bato palmas para filmes que são maduros a esse ponto, nos dez minutos finais, eu morri de medo do roteiro cair no lugar comum e forçar os dois a ficarem juntos, mas fiquei muito feliz em ver que não foi esse o caminho escolhido pelos roteiristas.
É raro eu elogiar a Netflix, mais dessa vez ela está de parabéns "Nuovo Olimpo" é um excelente romance, é um excelente filme temático, tem um roteiro muito bem escrito, com reviravoltas interessantes, é uma boa pedida para qualquer pessoa que queira ver uma história simples, porém muito bem executada, que dá gosto de assistir, e principalmente com um final que não estraga tudo que foi construído ao longo das duas horas de duração.
Conspiração Fatal
2.2 4CONSPIRAÇÃO FATAL
Direção: Renato Siqueira
Ano: 2022
Assistido em: 11/11/2023
Dizem que o brasileiro não dá valor ao cinema nacional, e de fato essa afirmação é inconteste, o problema é que para cada bom filme brasileiro, nós somos soterrados por toneladas e toneladas de porcaria, quando não é aquelas comédias vergonhosas com o elenco de novela da Globo são projetos péssimos como essa tentativa de fazer um thriller tupiniquim cujo resultado foi assustadoramente ruim.
David e Juliana são um casal jovem, bonito, mas que mesmo assim passam por uma crise em seu casamento. Eles se mudam para uma nova casa, quando David começa um novo trabalho em uma renomada instituição financeira, entretanto o recomeço é abortado quando Juliana começa a desconfiar que o marido está tendo um caso, e devido ao fato de David se envolver em uma perigoso caso de fraude, o que vai levar a vida dos dois a um caminho sem volta.
Olha, eu vinha tentando nos últimos meses abrir algumas exceções para dar mais valor ao cinema nacional, mas projetos como “Conspiração Fatal” definitivamente me fazem perder qualquer vontade de seguir em frente, um filme tão mal produzido e mal executado que dá até desânimo.
Li certa vez que para se fazer um bom filme só se fazem necessárias duas coisas: uma câmera e uma boa ideia, e conhecendo um pouquinho dos bastidores de alguns títulos importantes do cinema, vemos que essa máxima é verdadeira, basta ver como obras icônicas como “Mad Max” (1979) ou “The Blair Witch Project” (1999) que foram produzidos com uma mixaria, então, baixo orçamento não é desculpa para o que encontramos por aqui, um roteiro que é tão ruim, mas tão ruim, que chega a ser constrangedor.
A história apresentada é terrivelmente requentada, não que clichês sejam ruins, bem feitos são algo interessante de se ver, mas misericórdia toda história necessita de um pouquinho de coerência, de coesão, precisa despertar o interesse do público, precisa nos fazer querer assistir mais daquilo, mas aqui, a cada cena essa vontade vai diminuindo, além do roteiro porco, temos uma direção de elenco catastrófica.
Eu ainda vou dar uma estrela por ter tido o prazer de rever o gato do Ricardo Ramory, que lá na minha adolescência me deixou babando toda vez que assistia a novela “Maria Esperança” (2007), e após simplesmente sumir da televisão, tive o prazer de reencontrá-lo, (ainda mais bonito e mais gostoso do que era naquela época) nessa bosta aqui. Mas fora isso nada, absolutamente nada, me agradou nessa desgraça, que deveria ter todas as suas cópias queimadas em praça pública e o diretor deveria ter sua licença do sindicato recolhida, pois “Conspiração Fatal” é daquele tipo de filme que de tão ruim nos faz perder o interesse no cinema como um todo.
O Assassino
3.3 515THE KILLER
Direção: David Fincher
Ano: 2023
Assistido em: 11/11/2023
David Fincher sempre esteve entre meus diretores favoritos, o estilo dele sempre me chamou atenção. Desde pequeno, fui atraído por histórias mais pesadas e densas, e nesse sentido, encontrei nos filmes dele um verdadeiro parque de diversões, repleto de serial killers, vilões pervertidos e tramas sombrias. Então, após a cinebiografia sobre o Herman J. Mankiewicz, quando anunciaram que o próximo trabalho dele seria sobre um matador profissional, imediatamente me animei, estava super ansioso para ver como ele iria trabalhar um personagem que mata por profissão e não por diversão.
Quando um assassino profissional falha em sua missão de matar um homem em Paris, ele rapidamente retorna para sua casa na República Dominicana, e descobre que a organização que o contratou pretende eliminá-lo. Quando a esposa do assassino fica à beira da morte, ele decide se vingar caçando todos aqueles que tiveram algum envolvimento na tentativa de assassinato.
Sempre crio uma expectativa muito grande toda vez que Fincher anuncia um novo projeto, e devo esclarecer de antemão que eu não acho nenhum filme que ele tenha feito ruim, é claro que tem aqueles que são chatinhos, que não empolgam, como “Alien 3” (1992) e “Mank” (2020) por exemplo, mas uma produção de baixo valor ele nunca entregou, e aqui ele mantém o padrão de qualidade com um longa muito esmerado, direção bastante caprichada, fotografia muito bonita, montagem eficiente, e obviamente uma atuação comedida, mas interessante por parte do sempre excelente Michael Fassbender, mas infelizmente temos uma derrapada no roteiro, que era justamente o que mais me empolgava nesse projeto.
O primeiro grande sucesso da carreira do Fincher foi foi a obra-prima "Seven" (1995), que em minha humilde opinião é um dos títulos definitivos quando falamos de thriller, suspense e/ou filmes sobre serial killers, e o roteiro daquela obra espetacular era do Andrew Kevin Walker, que retorna na sua parceria com o diretor em “The Killer”. Sei que essa história não é original, é inspirada em uma grafic novel que não conheço, então não posso analisar se foi uma boa adaptação ou não, só que a sensação que tive é que a história apresentada é muito arrastada, e com poucos momentos que realmente chamam atenção. O começo é muito bom, com uma atmosfera que te prepara para o grande momento que é o assassinato, em seguida, vemos o plano falhando, e o assassino fugindo de Paris, voltando para casa, tudo isso é muito bacana, mas quando a história começa a focar na vingança, ao invés de empolgar o ritmo vai diminuindo, os personagens são rasos, eles estão morrendo, e honestamente não senti nenhum impacto com nenhuma das baixas de CPF.
De modo geral a Netflix traz produção muito boa, para um roteiro muito simples, se não fosse pela habilidade acima da média do Fincher de sempre criar uma estética visual muito impactante, ele passaria facilmente por aqueles filmes ordinários de vingança, do matador que quer se vingar porque mataram a mãe, a irmã, a esposa, a filha, a cadela, a periquita ou seja lá qual for a personagem feminina da vez, e não é isso que eu espero desse diretor. Sempre quero o melhor, porque eu estou acostumado a receber apenas o excelente vindo dele. Mesmo possuindo um bom saldo final, e sendo competente, para um projeto com a assinatura que tem, “The Killer” é uma curva para baixo na filmografia de seu autor.
As Marvels
2.7 405 Assista AgoraTHE MARVELS
Direção: Nia DaCosta
Ano: 2023
Assistido em: 10/11/2023
Se existe um ano que podemos dizer que foi o auge dos filmes de super-herói esse com certeza foi 2019, a Disney e a Marvel criaram uma expectativa tão grande para a conclusão da história dos Vingadores vs Thanos, que por tabela, conseguiram impulsionar outras produções para o sucesso, e nessa brincadeira entrou "Captain Marvel" (2019) que mesmo imerso a polêmicas, conseguiu se destacar e fez um tremendo sucesso, entrando para o seleto “clube do bilhão”, mas algo sempre foi nítido, tal sucesso nunca foi proporcional à qualidade do filme. Corta para quatro anos depois, temos a sequência, que diferentemente do primeiro chega em uma hora terrível, um momento tão ruim que você já conseguia antever o desastre com bastante antecedência.
Carol Danvers segue sua vida ajudando diferentes planetas e civilizações galáxia afora, quando ela é misteriosamente ligada a Monica Rambeau e a Kamala Khan. O que o trio de heroínas não imagina é que sua conexão também está ligada a Dar-Benn, a nova líder dos Kreei que pretende se vingar de Carol pelo fato dela ter derrotado sua antecessora 30 anos antes. Quando a vilã começa a abrir pontos de salto por todo o universo, e começa a colocar a nossa realidade em risco, caberá ao trio Marvels neutralizar essa perigosa ameaça.
Olha, sendo honesto nunca achei o primeiro a bomba que muita gente pinta, para mim sempre esteve dentro da média do MCU, mas não consigo acreditar que os executivos da Disney tenham acreditado que aquele filme de fato fez sucesso por méritos próprios, mesmo que a mídia tente forçar que existe boicote, que é machismo e blá blá blá, a parcela de bitolados que fazem esse tipo de barulho é mínima, e é inegável que o primeiro só fez sucesso por conta da conexão direta com “Endgame” (2019), e agora, sem o apoio dos Vingadores, a continuação não tem base para se sustentar. Brie Larson é uma atriz incrível, mas que de uns anos para cá, conquistou muita antipatia de uma parcela dos fãs. A Marvel até trocou a dupla de diretores do anterior, e entregaram para Nia DaCosta, que até então, eu não conhecia nenhum trabalho, mas que depois disso aqui espero nunca conhecer. Estou até agora tentando entender como um roteiro tão vazio, tão insosso, tão pobre, foi aprovado, isso parece mais um episódio qualquer de série procedural do que um filme.
Danvers não é um poço de simpatia, para mim Larson nunca entendeu como interpretar essa personagem com leveza, Teyonah Parris é uma atriz esforçada, mas sua personagem é bem qualquer coisa, não tem uma personalidade marcante, é só mais uma no meio do rolê. E diferente da maioria das pessoas, acho essa tal de Kamala Khan uma personagem chata pra caralho, assisti a série dela, e lá, eu já achava insuportável, mas aqui conseuguiu a proeza de ser ainda pior no papel de adolescente deslumbrado que fica babando ovo do seu ídolo, nunca tive paciência para isso nem quando eu era adolescente, quem dirá para ver nos cinemas. O trio é tão desconjuntado que é preciso fazer muito esforço para gostar, e nem vou falar dessa vilã que foi a pior coisa disparado dessa sequência, a atriz está pessimamente dirigida, faz umas caretas que não dá para defender (o que me faz acreditar que só foi escalada por ser esposa do Tom Hiddleston), sem falar que a origem e as motivações são as mais preguiçosas possíveis.
Tudo aqui remete a um título de segunda linha dentro do MCU, tudo é apagado, direção de arte, trilha sonora, cenários, montagem CATASTRÓFICA, é tudo simples demais, pobre demais. Quando falamos de sagas cósmicas, eu quero ver mais pluralidade, quero ver mais cores, quero ver mais brilho, algo mais próximo do que o James Gunn fez nos seus Guardiões da Galáxia, mas aqui é tudo lavado e sem graça. Mesmo que o título traga certa relevância para a saga do multiverso, estamos na metade da Fase 5 e nada empolgou ainda, o grande vilão Kang é uma incógnita que ninguém sabe que fim vai levar, a cena final só demonstra o quão o MCU está perdido ou alguém aí tem saco para ver um bando de adolecentes/jovens chatos reunidos?!
Inferior ao seu antecessor, e sem sombra de dúvidas um dos pontos mais baixos da Marvel Studios, “The Marvels” é descartável e nada empolgante, é daqueles que vai passar em branco e por mais que a mídia tente forçar que que o fracasso é devido ao boicote dos machistas, precisamos lembrar que a maioria do público consumidor do cinema é feminino, então se os homens estão boicotando, por que que as mulheres não vão assistir?! Mas deve ser mais fácil criar narrativas do que admitir a baixa qualidade do produto entregue, ou a saturação do gênero.
PS¹: Você sabe que a coisa está feia pro lado do Zé Boné, quando a cena mais memorável do filme é protagonizada por gatinhos.
PS²: Se a 5 anos atrás alguém dissesse que os “Fox-Men” seriam a esperança de salvação da Marvel, essa pessoa seria tratada como louca.
A aparição do Fera na cena pós-créditos, deixou o público da minha sessão totalmente indiferente, inclusive eu.
Nocaute
3.8 688 Assista AgoraSOUTHPAW
Direção: Antoine Fuqua
Ano: 2015
Assistido em: 05/11/2023
Filmes sobre esportes, que trazem uma grande lição de vida, não são novidade nenhuma, inclusive quando o assunto é o boxe. E muito se engana quem pensa que isso começou com Sylvester Stallone e seu Rocky Balboa, esse tipo de produção já rola por Hollywood desde os anos 1930, portanto não esperava nenhuma novidade vinda de "Southpaw”, mas sou adepto da teoria que um clichê bem feito é muito melhor de qualquer inovação meia boca, é sempre melhor apostar no seguro, e é isso que Fuqua faz.
Billy é um homem que cresceu em um orfanato e precisou aprender a se virar sozinho desde muito cedo, após muito esforço ele está no auge da sua carreira como boxeador. Ele é bem casado com Maureen, tem uma filha, é bem sucedido e rico. Nada parece abalar a felicidade da família, entretanto tudo vai abaixo quando uma besteira acaba ceifando a vida de Maureen. A perda leva Billy ao fundo do poço, e é justamente quando ele está lá embaixo que precisará fazer de tudo para recuperar seu bem mais valioso, sua filha.
Como disse no primeiro parágrafo eu prefiro uma história requentada bem conduzida do que uma inovação feita de qualquer jeito, Antoine Fuqua não traz nada diferente do que já não tenhamos visto em filmes sobre dramas esportivos ao longo das décadas, o personagem Billy lembra bastante o Rocky Balboa quando este cai em desgraça e precisa retomar sua carreira em uma das muitas continuações do original. O roteiro é simples sem nenhuma grande reviravolta, ele segue todos os tropos do seu gênero, sem nenhum grande percalço, você sabe para onde a história está indo, e nunca é surpreendido.
Sou muito fã do Jake Gyllenhaal, acho ele sem sombra de dúvidas um dos melhores da sua geração, e creio que não é bem valorizado em Hollywood, quem conhece a carreira dele sabe que o homem é capaz de performances absurdas, mas senti que aqui ele estava travado, o roteiro até apresenta condições necessárias para uma grande atuação, mas a direção do Fuqua é muito básica, e esse é um problema recorrente do trabalhos dele, que não consegue extrair atuações muito poderosas de seu elenco, a única exceção talvez seja o Alonzo Harris do Denzel Washington, mas aqui é nítido que o roteiro e ator principal poderiam ter apresentado algo muito mais eficiente do que nos foi entregue.
Em linhas gerais “Southpaw” é um filme muito bom, que talvez até seja ótimo para quem nunca assistiu a nenhum drama sobre boxe na vida, ele é bastante funcional, aposta sempre no seguro, e nunca se arrisca, não tenta reinventar a roda. O diretor se aproveita de uma história universal, ancorada em um elenco competente, para nos entregar algo um pouco acima da média, mas que infelizmente deixa a sensação de que poderia sim, ter sido melhor, caso o drama tivesse sido explorado com força total e sem medo de mexer com as emoções do espectador.
PS: Jake estava um absurdo de gostoso nesse filme.
Pixels: O Filme
2.8 1,0K Assista AgoraPIXELS
Direção: Chris Columbus
Ano: 2015
Assistido em: 04/11/2023
Dá para contar nos dedos quantos diretores se dedicaram a produzir filmes de qualidade para crianças e adolescentes, nesse meio destaca-se Chris Columbus, nome praticamente onipresente nos maiores clássicos infanto-juvenis das décadas de 1980 e 1990. O poder do nome de Columbus se tornou ainda maior no começo da década de 2000 quando ele nos entregou seu maior legado cinematográfico, sendo o homem que trouxe nosso amado Harry Potter pela primeira vez para as telas do cinema, mas infelizmente não sei o que ocorreu com ele nos últimos anos que sua carreira começou a degringolar, e se existe alguma coisa no fundo do poço, com toda certeza é “Pixels”.
Quando uma raça alienígena considera os videogames clássicos dos anos 80 como uma declaração de guerra, eles decidem invadir o nosso planeta. Cabe ao governo americano pedir ajuda a um tipo diferente de especialistas, adultos que eram crianças na década de 1980, e que são a nossa melhor arma para defender o planeta.
Adam Sandler é um tipo de “ator” que se você passou dos 10 anos de idade, não tem como gostar, até dizem que ele consegue entregar boas performances dramáticas, mas nunca tive interesse em assistir nada "sério" dele, porque o cômico já me basta, ou melhor, não me basta não, porque não serve para nada, esse homem não é engraçado, não tem carisma, sempre faz as mesmas caras, enfim, não sei o que Hollywood viu nessa criatura, honestamente, todo o personagem dele é o homem bobo e fracassado que leva a vida como um enorme brincadeira, e é isso em todo o bendito filme, sem exceção, não varia, não muda, e para mim não dá.
Columbus, provavelmente usando a força do seu nome, consegue reunir um grande elenco para produção, Michelle Monaghan, Fiona Shaw, Sean Bean, Brian Cox, Peter Dinklage todos eles desperdiçados em personagens pavorosos de ruim, e sendo obrigados a dividir cena com Sandler, Kevin James e companhia limitada.
Como sou cria dos anos 90, não vivi essa época que o longa homenageia, portanto não tenho nostalgia por Pac-Man e semelhantes, creio que para quem possa ter vivido esse período, ele funcione melhor, mas a única coisa que consegui sentir foi vergonha, a ideia é boa, só que o roteiro é uma desgraça, e ainda não consegui entender como Columbus se enfiou numa furada dessas.
Existem filmes que mancham carreiras, “Pixels” com certeza é um desses, quando falarmos do Columbus, falarmos de sua trajetória, com certeza vamos lembrar dos filmes que ele escreveu como “Gremlins” (1984) ou “The Goonies” (1985), e das obras que ele esteve à frente como diretor como “Home Alone” (1990), “Mrs. Doubtfire” (1993) e os mega clássicos “Harry Potter”, mas isso aqui é algo a fingir que nunca existiu, só espero que ele consiga recuperar os tempos de glória da sua carreira que anda meio em baixa ultimamente, e principalmente, fique o mais longe possível de Adam Sandler e sua laia.
Plush
3.1 78PLUSH
Catherine Hardwicke
Ano: 2013
Assistido em: 03/11/2023
Cinema não é uma arte exata, não existe uma receita que caso seja seguida, impreterivelmente resultará em um bom trabalho, mas existem alguns conceitos que precisam ser respeitados, caso contrário você pode até ter uma boa história, mas que não chegará a ser um bom filme, e não há nada mais decepcionante do que ver algo que tinha muito potencial não atingir o nível que poderia ter atingido.
Hayley tinha uma banda de sucesso, entretanto ela teve que dar uma pausa na carreira devido ao fato de ter se casado e engravidado de gêmeos, e mais tarde, ao falecimento de seu irmão e parceiro, Jack. Passado alguns anos Hayley decide retomar a sua profissão, para substituir Jack, ela acaba contratando Enzo, um homem extremamente misterioso, com o qual ela desenvolverá uma aproximação perigosa. Quando Hayley e Enzo ultrapassam os limites profissionais, ela vai perceber que está colocando seu casamento com Carter e sua família em um risco que ela não poderia imaginar.
Suspenses eróticos não tem muito tem inovação, e não tem problema, gosto deles mesmo assim, o que me incomoda muitas vezes é ver como a execução da história é toda atropelada, “Plush” apresenta uma história até interessante, uma artista que após o período de luto, decide retomar a carreira, mas devido às críticas muito pesadas que recebeu, acaba se envolvendo com um cara que aparenta ser a inspiração que ele precisava, só que o grande problema existente aqui, é que Catherine Hardwicke parece que não estava sabendo contar essa história, ou melhor, parece que está faltando pedaços da história. A péssima edição, faz com que as coisas não se conectem, não existe progressão narrativa, os personagens mudam radicalmente como se uma chave fosse virada, sem que a história apresente elementos que justifiquem tais mudanças.
A primeira cena é um assassinato, e logo em seguida vamos para a apresentação da protagonista, que não tem absolutamente nada a ver com a cena anterior. Enzo é retratado a princípio como um homem de espírito livre, um artista sem muitas ligações com as burocracias da vida, e que se transforma em um psicopata do nada, até temos uma cena dele gritando com um menino, mas até aí tudo normal, já que gritar com um moleque insuportável não é indicativo de sociopatia. A protagonista que aparentemente é feliz com seu casamento, de repente tá dando igual a cadela no cio para o amante, as coisas acontecem de forma atropelada, nada é natural, a sensação que tenho é que faltou filme, como se diversas cenas tivessem sido cortadas, e cenas importantes, que davam mais sentido as atitudes dos personagens, que justificassem as ações que eles iriam tomar lá na frente, isso sem falar da já mencionada psicopatia do Enzo que não foi trabalhada e soou como algo completamente avulso e tirado do vento.
Nunca tive boas impressões dos trabalhos da Hardwicke que já havia assistido, e apesar de todos os pesares, achei esse aqui o melhor longa dela, entre os três que tive oportunidade de assistir, entretanto, apesar da boa condução dos atores, a tesoura aqui estava amolada demais, muitas cenas importantes provavelmente foram podadas na ilha de edição, transformando “Plush” em um retalho. Do ponto de vista erótico, tudo é bem comportadinho, não é bancando o moralista, mas a personagem principal é bem escrota, uma mulher que trai um bom marido, e que ainda tem a cara de pau de ver o amante entrando dentro da casa deles, fazendo amizade com o esposo, brincando com os filhos, e não contar a verdade, é de um mau caratismo absurdo. Temos um final em aberto, mas honestamente, torço para que a Hayley de alguma forma tenha pago pelo erro dela, porque não é justo a mulher destruir uma família se dar bem no final.
“Plush” não é nem de longe o pior exemplo de thriller erótico que temos por aí, a Netflix está lotada de coisas piores, mas também não é de todo um desastre, como disse lá em cima é uma boa história, desperdiçada devido a uma condução atropelada por parte da direção, um filme que talvez funcionasse melhor se entregue a um diretor que mostrasse mais ao invés de apenas insinuar. Existe uma máxima do cinema que diz “não conte, mostre”, e é justamente nesse ponto que Catherine Hardwicke se perdeu, porque ela deixou de mostrar muita coisa, que só enriqueceriam ainda mais seu trabalho, uma pena.
Silêncio
3.8 576SILENCE
Direção: Martin Scorsese
Ano: 2016
Assistido em: 02/11/2023
Fé é uma questão muito complexa, não existe meio termo, ou você crê, ou não, não enxergo as coisas por nenhum outro prisma, e conhecendo o grandioso Martin Scorsese, sei bem que religião é muito importante na vida dele, já que é filho de uma tradicional família italiana, e até foi seminarista, mas ainda bem que ele desistiu dessa ideia, e nós ganhamos uma sequência de alguns dos melhores filmes já produzidos na história. Com “Silence”, Scorcese nos dá uma amostra de como foi o trabalho dos Jesuítas em seu processo de catequização de povos que eram pagãos aos olhos da igreja católica, só que diferentemente do que aconteceu nos continentes americano e africano por exemplo, no Japão, eles quebraram a cara.
Na metade do século XVII o cristianismo tornou-se proibido no Japão, um dos últimos Jesuítas que estava em missão no país encerra misteriosamente suas comunicações com Roma. Dois padres são enviados para o local com o objetivo de investigar o que ocorreu, ao mesmo tempo que continuam pregando a palavra de Cristo, entretanto a missão não será nada fácil quando o governo local se mostra radicalmente decidido a combater o expansionismo cristão.
Não há muito o que dizer sobre um filme de Martins Scorsese, ele é um mestre absoluto no que faz, e com o tempo só melhora. Este ano, com o lançamento de “Killers of the Flower Moon” (2023) muita gente questionou a necessidade da longa duração de seus filmes, e apesar dessa história ter alguns minutos a menos, ele também foi criticado por suas 2h40min, mas honestamente, nem senti o tempo passar, o ritmo criado pela ótima edição e pela montagem, criam uma progressão narrativa excelente para a história. Os demais detalhes técnicos como direção, atuações, figurinos e fotografia, criam o cenário perfeito para que você se sinta dentro daquele contexto, outro ponto que merece destaque são as paisagens naturais de Taiwan, aqui simulando o Japão, resumindo: elogiar Scorsese é redundante, ao longo desses 50 anos de carreira, ele já recebeu todos os elogios mais do que merecidos.
Um filme como esse mexe muito com as pessoas, mas de diferentes maneiras, creio que para quem é católico, deva ser muito angustiante saber que aqueles que pregavam a sua fé foram perseguidos, eu por outro lado prefiro enxergar tudo pelo viés histórico, me interessa muito ver como ocorreu uma luta de culturas, como um país se defendendo da forma que podia (obviamente não muito humanitária), e com o que eles tinha a disposição para combater uma cultura invasora.
Sou agnóstico, entretanto venho de uma família católica, e durante muitos anos fui frequentador assíduo da igreja, só que diferentemente do padre Sebastião eu nunca tive fé, sempre estave ali apenas fazendo gosto para minha mãe, até quando atingi uma idade no qual já conseguia responder por mim mesmo, e abandonei definitivamente aquela instituição, que para mim era irrelevante, já que não acreditava em quase nada do que ela prega. Porém sou muito apegado a história, e eu acho incrível como a religião cristã que em sua origem sofreu perseguição por parte do império romano, não perdeu tempo para fazer a mesma coisa com outros povos quando assumiu o poder. Nunca consegui entender essa mania chata das religiões de origem abraâmicas de querer empurrar suas crenças goela abaixo nas pessoas, sempre achei de uma prepotência muito grande afirmar que a sua fé é maior do que a do outro, que a sua é a verdadeira, e que a do coleguinha é falsa, é errada, e por isso ele PRECISA conhecer a verdade.
O cristianismo foi responsável por apagar da face da terra inúmeras culturas, que jamais serão recuperadas, o que esse pessoal fez na idade média é um crime contra a humanidade, e infelizmente não tem como isso ser reparado, basta ver o que fizeram com os povos originários aqui da América, o com as diversas tribos africanas.Em momento algum eu consegui enxergar os protagonistas como vítimas, não apoio de maneira alguma as barbáries que eles sofreram, entretanto a igreja católica também torturou muita gente na época da inquisição, e ninguém obrigou aqueles padres a irem até lá, eles foram conscientes do perigo, tentaram acabar com a cultura milenar japonesa, só que quebraram a cara, e como grande admirador da cultura nipônica, só tenho que bater palmas para incrível resistência do povo daquela época que não se dobrou, e para o governo que mostrou para Roma que eles não podiam fazer o que bem entendessem em qualquer parte do mundo. Hoje o cristiaismo é liberado no Japão, mas apenas 1% da população é adepta, e apenas aqueles que a escolheram, bem diferente de diversos outros países, onde a doutrina é tão enraizada, que mesmo você querendo, é impossível escapar da influência.
Com um elenco primoroso liderado por Andrew Garfield, Adam Driver, Liam Neeson e por atores japonês talentosíssimos, Scorsese entrega um épico que questiona muito sobre crença, sobre o que você acredita, o título é muito condizente, e conversa muito com a jornada do protagonista, afinal a fé nada mais é do que seguir acreditando, mesmo diante do silêncio, da ausência de respostas. Independente de posicionamento religioso, creio que o filme serve como uma excelente aula, que não tive oportunidade de assistir em 2016, mas agora, olhando em retrospecto, fico chocado como foi ignorado pelas grandes premiações, sendo que muita coisa inferior daquele ano foi aclamada, mas até aí só mais uma das muitas injustiças do mundo no cinema.
O Lado Bom de Ser Traída
1.8 145O LADO BOM DE SER TRAÍDA
Direção: Diego Freitas
Ano: 2023
Assistido em: 01/11/2023
Confesso que não sou muito adepto de filmes nacionais, mas as vezes, quando, um ou outro consegue furar a bolha, e começa a ficar relativamente famoso, decido dar uma oportunidade, e diante do buburinho que esse aqui gerou, resolvi dar uma oportunidade, junta-se a isso o fato de eu ser grande fã do gênero triller erótico, inclusive é meu maior guilty pleasure cinematográfico, mas minha gente, não há como defender não, é por conta, de produções como essa, que o cinema brasileiro tem uma péssima fama.
Babi é uma jovem bonita, bem sucedida, e acredita ter encontrado o amor de sua vida na figura de Caio. Ela estava de casamento marcado, quando descobre que seu noivo está lhe traindo. Completamente desolada, ela acaba conhecendo Marco, juiz de um caso no qual Caio está sendo investigado. Enquanto Babi e Marco vão se envolvendo, a moça corre um sério risco de vida, quando uma pessoa misteriosa começa a perseguir-la.
Gente do céu, não vou bancar o moralista, se eu quisesse assistir filmes bons, ia atrás do top 250 do IMDb, ia atrás da lista dos indicados ao Oscar, ou dos vencedores do Palme d'or em Cannes, enfim, se cheguei até aqui, foi simplesmente para ver putaria, mas ao menos uma putaria com uma boa história, porque sexo por sexo, filme pornô está aí para isso. O grande problema, e que trama apresentada é horrorosa, é de um amadorismo aterrador, existem contos eróticos na internet que colocam esse roteiro profissional no chinelo, isso aqui tá mais fanfic de adolescente, e para piorar ainda mais, a direção é capenga demais, direcionando os atores a performances vexatórias, não vou colocar a culpa nos atores, porque muitos aqui já vi na TV e sei que são capazes de entregar algo melhor, mas a imperícia da direção não permitiu.
Para quem é mulher ou para quem é gay como eu, o filme é um prato cheio no sentido de homem gostoso, Micael Borges e principalmente Leandro Lima aparecem sem roupa e convenhamos que ambos são gostosos demais, o única falha nesse quesito, foi não ter tirado a roupa do Bruno Montaleone também. Mas todos eles têm fotos sem camisa na internet, não sendo justificativa suficiente para dedicar 1h30min de nossas vidas. Com uma protagonista tapada, que não presta atenção ao óbvio que está na sua frente, é tudo tão previsível que nas primeiras cenas, já é possível acertar o fim da história, que não traz absolutamente nada de bom quanto a questões narrativas.
Em linhas gerais, “O Lado Bom de Ser Traída” não tem lado bom nenhum quando a gente fala de qualidades cinematográficas, é um filme feito para uma senhora presa a um casamento no ponto morto, e que ainda não descobriu nenhum site de pornografia na internet. É uma tristeza quando você percebe que o único atrativo de um filme são os atores sem roupa, particularmente não estou reclamando disso, porque já estou acostumado com esse tipo de problema, já que assisto muitos títulos desse tipo, mas queria ao menos uma historiazinha mais trabalhada e melhor alinhada.
Terremoto: A Falha de San Andreas
3.0 1,0K Assista AgoraSAN ANDREAS
Direção: Brad Peyton
Ano: 2015
Assistido em: 31/10/2023
É de conhecimento quase unânime que o gênero desastre não são muito refinados quando o assunto é roteiro. A maioria dessas produções apenas querem exibir cenas grandiosas de desgraça, reforçando o poder do CGI moderno, enquanto seres humanos são abatidos para nossa diversão. Portanto não vou fingir que aguardava um futuro clássico quando decidir assistir a “San Andreas”, mas também não esperava por tamanha mediocridade, ou que ele seguisse tão à risca a cartilha dos filmes desastre, que desde a década de 1990 não sofrem nenhuma alteração significativa.
Quando uma série de terremotos começa a atingir a costa oeste norte-americana, um piloto de helicópteros que trabalha em uma unidade de resgate começa uma desesperada corrida para salvar sua filha e ex-esposa que estão na cidade de São Francisco, onde estão ocorrendo os mais intensos tremores, e que brevemente será completamente destruída.
Quem conhece um pouquinho de geografia sabe muito bem do que que se trata a bendita San Andreas do título, uma gigantesca falha geológica entre duas placas tectônicas que fica situada no oeste dos Estados Unidos. O local é cenário de horror para os americanos, já que por ser tratar do encontro de duas placas tectônicas, é cenários de muitos terremotos, inclusive existe a “lenda” do chamado "Big One" um terremoto nível 9 ou superior na antiga escala Richter que provavelmente vai destruir inúmeras cidades como São Francisco, San Diego, Los Angeles e por aí vai. Diferente de outros filmes catástrofe que se aproveitam de fenômenos praticamente impossíveis de acontecer, esse aqui se aproveita de um medo real, inclusive os americanos têm um trauma terrível com isso, já que São Francisco foi arruinada no grande terremoto de 1906, portanto eles estão sempre alertas com a possibilidade de um novo cataclisma, resumindo: existia muito a que se explorar com esse tema, o problema foi a forma como tudo foi feito.
Não sou fã do The Rock para mim ele não é ator, é só um daqueles muitos brucutus que Hollywood decidiu transformar em artista, e aqui temos mais uma vez ele bancando o Superman, o homem é piloto de helicóptero, piloto de barco, piloto de carro de F1, piloto de trem bala, piloto de ônibus espacial, etc., as leis da física não se aplicam a ele, tremores não o assustam, deslizamentos não o atingem, e ele consegue engolir grandes inundações. Ray é aquele personagem vazio, unilateral e completamente estereotipado, que só existe com o objetivo de exibir os músculos do "ator", aliás, nenhum personagem tem aprofundamento, nenhum é bem trabalhado, em resumo é um roteiro pobre, vazio, sem estrutura, e que só se vale da carnificina para animar o espectador, essa pelo menos, é bem feita.
“San Andreas” não traz absolutamente nada de novo, muito pelo contrário é uma grande amálgama de tudo que você já viu, aliás quem já assistiu qualquer trabalho do Roland Emmerich consegue facilmente prever tudo o que acontece aqui, já que é inegável a influência de títulos como “The Day After Tomorrow” (2004) e "2012" (2009), só que enquanto no primeiro existia uma relação consistente entre o pai e um filho, dois seres humanos normais tentando sobreviver a uma imensa onda de frio na cidade de Nova York, aqui temos um super humano sem expressões faciais, que que quer salvar uma filha. Em linhas gerais, quem for assistir, é melhor ir se preparando apenas para receber algumas sequências interessantes feitas em CGI de gente se fudendo, porque se você quiser ver bons personagens, sobrevivendo de ao meio do caos, pode esquecer, aqui não é lugar para isso.
A Vida Secreta de Zoe
2.4 148 Assista AgoraADDICTED
Direção: Bille Woodruff
Ano: 2014
Assistido em: 30/10/2023
Não sei quem foi que inventou o termo guilty pleasure, mas essa pessoa deveria receber um prêmio, porque vergonha é exatamente a palavra que define o fato de que sou fã de um gênero que para cada filme bom, tem mil ruins. Adoro um bom thriller erótico, mas por Deus que filmeco foi esse?! E olha que existiam condições perfeitas para fazer um bom trabalho, mas a incompetência dos envolvidos foi maior, e o resultado final foi uma verdadeira lástima.
Zoe é uma mulher bem sucedida, dona de uma empresa de arte, bem casada com um marido que ama, e dois filhos. A vida dela seria perfeita se Zoe não tivesse um pequeno problema: ela é viciada em sexo. Certo dia ela acaba conhecendo Quinton, um artista com quem deveria fazer negócios, entretanto ela é seduzida pela beleza do misterioso homem e acaba começando um caso com ele. Entretanto o comportamento doentio de Zoe vai colocar a sua vida até então toda ajeitadinha em um caminho completamente desgovernado.
Olha, vício é uma coisa muito delicada de ser tratada, é preciso muito cuidado por parte do roteiro e da direção de um filme para não acabar causando um grande desserviço. Zoe é vendida na história como uma mulher doente, uma pessoa viciada em sexo, o problema é que o roteiro em momento algum transparece isso, a história nos mostra uma pessoa normal, que devido a uma fase morna no casamento, quando se viu diante da oportunidade de transar com um gostosão acabou decidindo por chifre no marido. O roteiro tenta nos dizer uma coisa, mas mostra outra, em momento algum você sente que a protagonista é doente, muito pelo contrário, a única impressão que fica é que ela é uma bela de uma vagabunda, que entediada com o casamento perfeito, decidiu botar um chifre no marido. Se ali existe um problema de saúde não pareceu.
O roteiro é tão mal escrito e tão deficiente em transmitir qualquer desenvolvimento de personagem, que as coisas não fluem com naturalidade, tudo acontece na história brotando do nada, Quinton era um homem compassivo, amante das artes, e do absoluto nada, vira um psicopata, assim como a própria Zoe, que também do nada se recorda de um estupro, que é usado como desculpa para as suas atitudes. Não que isso não seja possível na realidade, mas em um filme, isso não pode acontecer do nada, faltando 10 minutos pro fim da história. E outra, como esse marido é banana hein?! Perdoar a adúltera depois de ter levado chifre de não sei quantos, é muita falta de amor próprio.
Em linhas gerais "Addicted "é ruim em todos os sentidos, o roteiro parece ter sido escrito por um adolescente de 15 anos, a direção é capenga, uma protagonista que Deus que me livre, que atriz horrenda. Para não dizer que não tem nada que presta aqui, há bastante, homem gostoso pelado, aliás cheguei aqui por causa do William Levy, e ainda ganhei o Boris Kodjoe e o Tyson Beckford igualmente sem roupa, e pelo menos nesse sentido o filme se garante, mas de resto é daquele tipo de produção C, que na época das locadoras ficavam no fundo da prateleira, criando pó e teia de aranha, porque definitivamente não merecia sair de lá.
Hellboy II: O Exército Dourado
3.4 421 Assista AgoraHELLBOY II: THE GOLDEN ARMY
Direção: Guillermo del Toro
Ano: 2008
Assistido em: 29/10/2023
Como disse no comentário do primeiro filme, o universo do Hellboy não me conquistou, nem mesmo Guillermo del toro conseguiu me fazer embarcar nessa mitologia, e olha que eu tinha gostado de absolutamente todos os projetos dele que tinha visto até então, mas como li pela internet afora que o segundo título era melhor do que o primeiro, vim com algumas expectativas para que agora pudesse curtir esse universo, mas infelizmente “The Golden Army” só reforçou tudo aquilo que senti com o primeiro: um filme aquém da capacidade de seu talentoso diretor.
Quando Nuada, um príncipe do submundo, retorna após séculos com o objetivo de dominar a Terra, Hellboy, Liz e Abe terão que se esforçar para combater a ameaça. Entretanto, isso não será nada fácil, já que o príncipe tem o objetivo de trazer à tona um exército de máquinas super poderoso conhecido como exército dourado, que para Hellboy, era apenas uma fábula da sua infância, mas que agora se tornou uma perigosa ameaça na sua frente.
Esse segundo título funciona perfeitamente para quem curte o primeiro, afinal de contas ele tem exatamente os mesmos pontos fortes, os efeitos especiais são bons, a maquiagem é boa, os cenários, os atores são competentes, enfim, mas quem não gostou, como eu por exemplo, provavelmente também não vai gostar. Exatamente como no “Hellboy” (2004) original, meu problema com esse segundo é com a história que é muito fraca, sem vitalidade e sem nenhum atrativo. O vilão, meu Deus do céu, que coisa horrorosa, volto a repetir que não conheço o material base, mas se as histórias no papel forem como as apresentadas nos cinemas, jamais entenderei como isso conseguiu fazer sucesso.
Quando penso em Guillermo del Toro, sempre espero o melhor, ele é um diretor talentosíssimo, muito acima da média, e demonstra muita paixão em tudo que faz, mas honestamente, seus dois Hellboys ficam no fundo de sua filmografia, não tem nenhum outro filme que perca para esses dois. Com exceção de “Nightmare Alley” (2021) todos os outros trabalhos dele que assisti eram autorais, talvez seja por isso que eu tenha gostado mais. O estilo de direção dele funciona melhor nas suas próprias criações do que quando ele decide adaptar algo de outra pessoa, e olha que nunca assisti “Blade II” (2002).
Vejo que muita gente na internet pede por um Hellboy III, mas honestamente, não faço parte desse time, prefiro o diretor mais próximo da fantasia e bem longe desse negócio de adaptação de histórias em quadrinhos, porque honestamente para mim não funcionou nem um pouco. Se tratando desse personagem, não quero nem saber de qualquer outro filme, fico por aqui mesmo.