RAPITO Direção: Marco Bellocchio Ano: 2023 Assistido em: 24/02/2023
Sou de família de origem italiana, logo não ser católico era impensável até alguns anos atrás. Eu mesmo fui frequentador ativo da Igreja até por volta dos meus 15 anos, quando finalmente consegui minha emancipação, e desde então não voltei lá mais, e o motivo? É que eu nunca suportei a mania chata dos cristãos de se julgarem como os corretos e condenarem aqueles que pensam diferente deles, ou como eles fazem de tudo para converter os “errados” a sua doutrina “correta”, sempre achei isso algo extremamente hipócrita, e cheguei ao ponto de me sentir mal naquele ambiente, o que foi muito agravado nos dois anos que fui coroinha, portanto o dia que dei um basta na religião na minha vida foi libertador.
No século XIX os judeus eram extremamente perseguidos na Europa (e sabemos que isso iria piorar muito nos próximo anos), e devido as leis vigentes na Bolonha, um cristão jamais poderia ser criado por um não-cristão. Nesse cenário, a família Mortara é pega de surpresa, quando descobre que seu pequeno filho de 6 anos, Edgardo, havia sido batizado contra sua vontade. A criança é levada de seus pais e entregue aos cuidados da igreja em Roma, onde será convertida ao cristianismo enquanto seus pais lutam desesperadamente para tentar reaver sua guarda.
Quando fiquei sabendo dessa história, fiquei indignado, não consegui entender como a criança havia sido batizada contra a vontade de seus pais, e foi vendo o filme que me veio a resposta, uma empregada jogou três gotinhas de água na cabeça do bebê fez um sinal da cruz e pronto a criança estava “salva”, seu lugar no céu estava garantido, sério que as pessoas acreditam nisso?! Às vezes creio que alguns religiosos entendem tudo que Jesus falava ao contrário, por que não é possível uma coisa dessas, mas esse é só mais um dos muitos absurdos que rolavam há alguns anos quando a igreja católica tinha muito mais poder do que algumas legislações vigentes.
Marco Bellocchio entrega um filme bem equilibrado, com história muito boa, só tem um probleminha de ritmo ali pela metade, uma edição um pouquinho melhor trabalhada renderia um resultado mais dinâmico, mas a história é muito forte, muito bem contada, e isso compensa a fadiga, principalmente quando chegamos na segunda fase de todo esse imbróglio e descobrimos que os danos causados na vida do Edgardo foram permanentes. A direção é bem afiada e os atores bem escalados, o design de produção é absurdo, o valor de produção do filme é nítido, os cenários e os figurinos são excelentes recriando com muita qualidade aquela Bolonha do século XIX.
É impossível não sentir muita raiva de toda essa situação, ainda mais sabendo que é baseado em uma história real, e que os responsáveis saíram impunes, sei que até bastante injusto, mas também é difícil não sentir raiva do próprio Edgardo na sua fase adulta, mesmo ele sendo uma vítima de uma lavagem cerebral que é feita até os dias de hoje, só que hoje dia isso não é mais exclusividade da igreja católica.
Hoje em dia eu digo de boca cheia que só agnóstico e que me libertar da opressão religiosa que existe dentro da minha família foi a melhor coisa que fiz na minha vida, não estou dizendo que não sou mais vítima dos preconceitos, como um homem gay, ainda escuto muitos absurdos principalmente por parte da minha mãe, mas histórias como essa só reforçam meu pensamento que religião é o pior mal que existe na humanidade, não me refiro apenas a cristianismo mas também é ao islamismo, ao judaísmo e todos os outros “ismos”. Jesus nos uma mensagem belíssima mensagem, “amarmos uns aos outros e fazer o bem”, infelizmente suas palavras foram distorcidas por um bando de fanáticos, e dois mil anos depois cá estamos nós, penando com a presença de alguns que só estragam a mensagem tão bonita que Nazareno passou.
DARK CITY Direção: William Dieterle Ano: 1950 Assistido em: 18/02/2024
Como disse em um comentário recente, tem títulos que só lendo duas ou três linhas de uma breve sinopse eu já sei que eu não vou gostar, com outros no entanto, essas mesmas duas ou três linhas já despertam meu interesse de imediato, e foi isso que aconteceu com Dark City, foi só saber do que a trama se tratava, que imediatamente já queria assistir. Mas essas sinopses podem enganar e me meter em belas furadas, já que nem sempre uma boa ideia inicial garante um bom filme.
Após a polícia fechar uma casa de apostas, o dono do local, Danny, junto de seus cúmplices acabam por depenar Arthur , um turista que passava pela cidade, em um jogo totalmente manipulado. A grande questão é que Arthur comete suicídio logo no dia seguinte, e quando seu irmão, um homem completamente insano e bastante perigoso toma conhecimento do ocorrido, ele decide se vingar de todos que levaram seu irmão ao ato desesperado, colocando a vida de Danny e todos ao seu redor em risco.
O longa parte de uma premissa espetacular, temos um protagonista criminoso que não é nem de longe o mocinho honesto, sendo perseguido por um psicótico que quer vingança por algo muito ruim que esse protagonista causou. Quando lembramos que estamos em 1950, quando os protagonistas eram praticamente símbolos morais, Dark City se torna um ponto fora da curva ao apresentar um personagem central todo errado, entretanto, esse diferencial aqui é usado de maneira sofrível, e o que poderia ser grandioso acabou se tornando trivial.
Esse é o primeiro filme do futuro grande filho da puta e também ator, Charlton Heston, e ele está bem, não podemos dizer que está no mesmo nível do que seria no futuro, mas está bem, fora ele, nenhum outro interprete merece destaque. A direção também é muito protocolar, muito básica, e o roteiro não desenvolve os personagens, é tudo muito rápido, muito superficial, o filme é curto e não tem tempo a perder, e com isso acaba sacrificando algo muito relevante, que é nos dar um background maior desses personagens. A única ressalva interessante é não mostrar o vilão em momento algum até a cena final, isso é muito bom porque nos dá aquele ar de monstro, de mal imparável, é como diz o ditado: você tem muito mais medo do desconhecido do que do conhecido.
Dark City foi uma decepção, não é um ruim, mas é fraco, decepcionante, poderia ser muito grande, poderia ser um clássico da década de 50, mas não é. Com uma execução bem qualquer coisa, atuações fracas, e desenvolvimento sem inspiração, Dark City é esquecível, não lembra nada os títulos gigantes que são seus contemporâneos, e está mais para as meia-bombas que são lançadas hoje em dia.
UPGRADED Direção: Carlson Young Ano: 2024 Assistido em: 18/02/2024
Esse filme está no top 10 da Amazon Prime há alguns dias, e sse fosse só pela história eu ia passar longe, bem longe dele, mas devido a problemas técnicos, o título que eu estava programando para assistir no domingo à noite não deu certo, e sem muitas opção, decidi colocar esse aqui em campo e ver se essa popularidade toda é justificada. E honestamente, é a mesma porcaria de sempre, e a única conclusão que cheguei, é que toda essa repercussão só é explicada pelo fato do público amar esses clichês horrendos das comédias românticas.
Ana é uma aspirante a curadora de arte que após muito trabalho conseguiu um emprego em uma grande galeria de Nova York. Ela tem a chance de mostrar seu trabalho a sua chefe quando é convidada para um trabalho em Londres. Devido a um erro, ela acaba sendo colocada na primeira classe e viaja ao lado de William, um rapaz “bonito” e rico por quem ela se interessa, porém Ana acaba mentindo, dizendo que era a diretora de uma grande galeria de Nova York. O que parecia ser uma mentira qualquer para um estranho, vai tomando proporções gigantesca a medida que a jovem precisa mantê-la quando começa a se envolver seriamente com William.
Parando para pensar sobre esse filme, ele não é diferente de nada do gênero, só é bastante problemático, sei que é uma comédia romântica, que de comédia não tem nada já que não existe absolutamente nenhuma cena engraçada, mas fico pensando na mensagem que essa história passa, Ana mente o tempo todo para William e sua família, ela descaradamente assume uma vida que não é sua e não é repreendida em momento algum por isso, muito pelo contrário, ganha um namorado rico, ganha um bom emprego, ganha tudo o que sempre queria por ser uma mentirosa. Entendo perfeitamente que isso aqui é uma ficção, mas fico imaginando quantas pessoas não sonham com esse upgrade mágico em suas vidas, e o roteiro reforça que as coisas podem simplesmente vir da maneira mais fácil possível, cair dos céus, desde que você não tenha um pingo de caráter.
O ponto mais absurdo do filme foi a mãe de Will, Catherine, aceitar as mentiras de Ana tranquilamente! Em que mundo uma mãe rica vai ignorar que uma pobretona se aproximou do seu filho contando inúmeras mentiras, e magicamente se apaixonou por ele?! O golpe da barriga claro e simples, que na vida real não seria aceito por nada nesse mundo
Conheci a Camila Mendes em Riverdale (2017-2023) e gosto dela como atriz, mas infelizmente aqui, sua personagem é uma lástima, verdadeiramente horrível em todos os sentidos, sobre o Archie Renaux, pelo amor de Deus, ele até é gostosinho, mas galã?! Aí já é demais né! Se o sujeito virar para os lados rápido demais causa um furacão. Quem estava melhorzinha na produção é a Marisa Tomei que parecia estar se divertindo bastante, mas a personagem também não é lá essas coisas. Sobre os aspectos técnicos como roteiro, direção, fotografia e etc. é tudo terrivelmente pobre.
Upgraded é apenas mais um na multidão, é a “comédia” romântica genérica da semana, de roteiro fraco e nada memorável, nada marcante, é só mais uma daquelas que há alguns anos lotavam as salas de cinema, mas que de um tempo para cá estão espremidos nos streamings. A história da gata borralheira com um complementos modernos talvez possa agradar quem curte esse tipo de história, mas para quem não é fisgado por isso, nada salva.
STILL: A MICHAEL J. FOX MOVIE Direção: Davis Guggenheim Ano: 2023 Assistido em: 17/02/2024
Me lembro perfeitamente do dia no qual conheci o Michael J. Fox, o ano era 2001, um domingo à tarde e eu estava na casa de uma amiga da minha mãe, e eles estavam com uma fita VHS de um tal de um “De Volta Para o Futuro”, pronto, foi amor à primeira vista, Marty McFly se tornou o meu herói, um dos meus personagens favoritos da vida, e o Michael imediatamente se tornou o meu ídolo número um. Logo eu fui atrás de outros trabalhos dele, só que infelizmente, fui atropelado por uma notícia devastadora: meu ídolo já não atuava como antes devido a uma doença, o mal de Parkinson.
Do alto da minha ignorância, durante um bom tempo pensava que a única coisa que o Parkinson causava era um tremor nas mãos, eu não tinha noção do quão séria era essa doença neurológica, do quão limitadora ela é, e menos ainda, não conseguia entender como uma pessoa tão jovem com uma carreira tão bem sucedida poderia sofrer de um mau “de gente velha”.
Nesse documentário vemos bem de perto o impacto que essa maldita doença teve na vida do Michael, obviamente ele já havia escrito alguns livros tratando do assunto, mais uma coisa é você lê, outra bem diferente é assistir. Conseguimos finalmente entender como se deu a progressão da própria vida do Michael, de como foi difícil para ele atingir o sucesso, de como foi complicado se adaptar ao estrondoso sucesso, e como foi terrível ver tudo indo abaixo justamente quando ele estava no auge, de sua juventude, de sua fama, de seu sucesso e de seu talento.
Em determinado momento Michael diz a seguinte frase: “foi como se todo aquele sucesso tivesse um preço”, mas apesar disso em momento algum ele se faz de vítima, de coitado. Ele guardou para si esse peso durante muito tempo, não permitiu que seu público soubesse do seu estado, soubesse o quanto estava sendo custoso para ele manter a sua carreira, ele lutou o quanto pode sozinho, até que infelizmente não conseguiu mais, quando finalmente dividiu o seu fardo com o mundo, ele começou uma nova batalha, desta vez para tornar o Parkinson visível, buscando usar sua influência para conseguir investimento em programas de pesquisa, para quem sabe um dia conseguir uma cura para essa maldita doença.
Infelizmente desde a segunda metade dos anos 1990 a carreira do Michael não foi mais a mesma, ele foi obrigado a uma "aposentadoria" forçada, reduzindo drasticamente sua participação no cinema e na TV, mas isso não diminui o impacto, não diminuiu o brilho, não diminui o sucesso que ele representa. Michael J. Fox é um símbolo, ele “é” os anos 80, ele é o rosto de um fenômeno que foi/é a franquia De Volta Para o Futuro, ele marcou gerações de uma forma eterna, e isso essa maldita doença não consegue apagar, não consegue diminuir. Como disse, Marty McFly é se tornou meu herói de imediato, e quando eu soube de toda a história do Michael, ele se tornou um símbolo muito maior do que o próprio McFly, o meu amor pelo cinema se mistura com o amor que tenho por esse baixinho que marcou minha vida, e fico muito feliz que ele enfrente todas essa situação com o mesmo humor com a mesma leveza de sempre, que ele não se deixou abater, e nem perdeu o lindo sorriso que sempre teve, Michael J. Fox merece o mundo, e todo o amor que seus fãs têm por ele há décadas.
BOB MARLEY: ONE LOVE Direção: Reinaldo Marcus Green Ano: 2024 Assistido em: 17/02/2024
Eu não sou o que se pode chamar de fã do Bob Marley, não é que eu tenha algum problema com as músicas dele, muitíssimo pelo contrário, as poucas que conheço acho excelentes, só não tenho um conhecimento aprofundado da vida e da obra dele. Sempre fui um cara voltado para o lado do rock and roll, desde muito novo minhas referências musicais são os clássicos da música britânica e americana, então reggae nunca esteve presente na minha base de formação, mas Marley é diferenciado, é impossível conhecer alguém que nunca tenha escutado nem que seja no mínimo umas três músicas da carreira dele. E agora que Hollywood começou com essa onda de fazer filmes sobre os grandes ícones musicais, é óbvio que o rei do reggae seria contemplado, e fiquei imediatamente animado para finalmente conhecer mais da história dele.
Em 1976, a Jamaica está completamente dividida em meio a uma guerra política que está assolando o país e causando inúmeras baixas. Nesse cenário Bob Marley tenta utilizar a sua influência como uma forma de promover a paz, entretanto nem mesmo o famoso cantor está livre de se tornar uma das vítimas do massacre perpetrado por ambos os lados políticos conflitantes. Quando a vida de Bob é ameaçada, ele decide abandonar o seu país, só que não imaginava que isso seria o fato comitante para torná-lo um super astro Mundial.
O crítico de cinema Dalenogare tem um termo muito bacana que ele chama de “cinebiografia wikipédia”, aquele tipo de filme onde você tem na tela a data de um evento importante da vida de uma pessoa, tem a cena correspondente, pula para próxima data e próximo evento, e vai assim até o final. Bob Marley: One Love não usa essa estratégia, ele é a chamada cinebiografia de recorte, Reinaldo Marcus Green escolheu um ponto específico da carreira de Bob Marley e focou-se nele, nesse caso o ponto é um intervalo entre 1976 e 1978, só que isso acaba nos privando de conhecer outros momentos de extrema relevância da vida do astro. Como disse no primeiro parágrafo, não sou conhecedor da vida do Marley, então eu queria saber detalhes sobre a infância, detalhes sobre como ele se tornou um astro famoso na Jamaica e posteriormente no restante do mundo, é claro que o filme utiliza de artifícios como alguns flashbacks curtos nos contando pequenos detalhes do passado de Marley, mas eu queria algo mais profundo mais bem trabalhado e não tão breve.
Obviamente sendo uma biografia com a participação da família, nós sabemos que muita coisa fica de fora, basta dar uma breve pesquisada na internet sobre alguns pontos mais delicados da vida do cantor e veremos que o longa é beeeem “chapa branca”, e não poderia esperar diferente do Reinaldo Marcus Green já que ele seu último trabalho é justamente King Richard (2021), que passa a maior pano para o pai das irmãs Williams.
Tecnicamente falando o filme tem pontos bem positivos, Kingsley Ben-Adir e Lashana Lynch são bons, apesar de que senti ele muito artificial, principalmente na parte dos shows. As músicas estão muito bem encaixadas nas cenas e a fotografia é bonita, mas o roteiro é muito superficial, não se aprofundando basicamente em nada, nem na importância do Marley para a política jamaicana, nem no real conceito da religião Rastafari nem nada. Tudo é mostrado muito por cima, e quem quiser conhecer mais da relevância, da importância do Bob Marley vai ter que ir atrás da Wikipédia, porque aqui não vai achar muito não.
No geral Bob Marley: One Love é um bom filme, mas uma cinebiografia fraca, justamente por ser extremamente superficial ao falar da vida do biografado. Claramente Marley teve um impacto e uma importância na cultura musical muito maior do que a aqui retratada, o mais próximo que o filme tem de mostrar essa relevância é na confecção do álbum Exodus, mas apenas isso infelizmente não é suficiente para demonstrar todo a força do astro mais famoso da Jamaica.
MADAME WEB Direção: S. J. Clarkson Ano: 2024 Assistido em: 16/02/2024
Olha eu sou uma pessoa que não pode reclamar muito devido a minha grande teimosia, como disse em outro comentário a pouco tempo, quando o ano começa já sei quais os filmes que verei no cinema e não importa se o crítico A ou B não gosta, se eu decidi que vou assistir na tela grande, vou assistir e acabou, e como já tinha tomado essa decisão sobre essa joça aqui, não posso dizer que fui enganado, aliás desde o princípio eu já sabia que era uma porcaria, mas mesmo assim quis pagar para ver.
Após sofrer uma experiência de quase morte, a paramédica Cassandra Web começa a ter estranhas visões. Essas visões a colocam em rota de colisão com Ezekiel Sims, um perigoso assassino que quer matar três adolescentes. Cassandra vai descobrir como utilizar seus poderes, ao mesmo tempo que descobrirá detalhes até então desconhecidos sobre o seu passado, enquanto protege as garotas e foge de Sims.
Bom, não é segredo para ninguém que a Sony no começo da década de 2010 não fazia a menor ideia do que fazer com o seu Homem-Aranha, e por isso ela emprestou ele para a Disney usar no MCU, e de lá para cá o estúdio vem cometendo crimes contra a humanidade com produções cinematográficas desastrosas focadas nos personagens coadjuvantes do Teioso, e dessa vez eles resolveram fazer uma história sobre a Madame Teia. Madame Teia essa que para mim era um idosa que ajudava/testava o Peter lá na espetacular animação de 1994, mas aqui ela tem a sua história de "origem", precisava? Não! Alguém queria? Também não! Mas já que a Sony decidiu fazer, eles poderiam ao menos ter se esforçado, mesmo que minimamente.
O roteiro saiu das mesmas mãos que fizeram Morbius (2022), dupla que provavelmente deve ter algum vídeo dos executivos da Sony cometendo algum crime hediondo, então não esperava nada além do pior. A direção é de S.J. Clarkson que dirigiu muitas séries, mas que aqui demonstra tanto talento para função quanto uma criança de 5 anos de idade com um celular na mão. O elenco é talentoso, mas os personagens são sofríveis, os efeitos especiais estão no nível da CW, uma edição que parece que picotaram os rolos do filme em inúmeros pedacinhos, jogaram para cima e do jeito que caiu no chão colocaram de novo e colocaram em tela, um desastre. E o vilão?! Que além das motivações anêmicas, é interpretado pelo gato do Tahar Rahim, que está na casa dos 40, quando o personagem tem seus 60/70 anos, e nenhuma explicação decente é dada para a aparência mais jovem dele.
Não sou muito chegado na Dakota Johnson, acho ela uma atriz fraca, e das três atrizes vendidas como "Mulher Aranha" a única que eu conheço e gosto do trabalho é a Sydney Sweeney, mas até ela está ruim, como já disse acima o vilão tem motivações péssimas. A única coisa que me agradou foi o meu querido Adam Scott no papel do tio Ben, e ver todo o arco dele e da personagem da Emma Roberts, que para mim é o que dá para salvar do filme, mesmo sendo descaradamente sem propósito e a Sony não tendo a decência de no mínimo dizer o nome do personagem mais importante desse universo em tela.
Com toda certeza a Sony não vai parar de cometer essas atrocidades que elas andam fazendo ultimamente com os vilões do Homem-Aranha, cabe a nós aceitar ou não. Esse ano ainda tem mais duas, e confesso que até estou interessado no Kraven, já para Venom 3 não tenho nenhuma expectativa. Agora falando sobre Madame Web, é inacreditável como aprovaram esse roteiro justamente para o centenário da Columbia, começar as celebrações com uma catástrofe dessa, só vai manchar uma festa tão bonita que deveria ser a celebração desse um século de existência de um dos maiores mais importantes estúdios de Hollywood.
PS: Creio que esse patrocínio vai ser mais maléfico que benéfico ao nome da Pepsi PS²: As frases feitas desse roteiro são constrangedoras, mas "Quando você assumir a responsabilidade, um grande poder virá" foi de matar.
THE ROCKY HORROR PICTURE SHOW Direção: Jim Sharman Ano: 1975 Assistido em: 13/02/2024
Qualquer cinéfilo que se preze conhece The Rocky Horror Picture Show mesmo que nunca tenha assistido, afinal de contas ele é o maior entre os cults. O amor que sentem por esse filme é incrível, e a forma como as pessoas não tem vergonha de expressar isso é inspirador, é lindo ver o quanto o cinema pode unir as pessoas em meio a uma devoção em comum.
Após o pneu do carro de um jovem casal furar no meio de uma estrada praticamente abandonada, o único local que eles conseguem pedir ajuda é num estranho e misterioso Castelo. Lá dentro eles dão de cara com pessoas extremamente estranhas e com um comportamento totalmente esquisito. Logo eles percebem que estão diante de travestis do planeta transexual, e esses aliens tem perspectiva de vida muito diferente das suas.
Então, não sou o maior adepto a musicais, não é um gênero que me chama atenção porque sou muito chato para música, não é qualquer uma que eu gosto, meus gêneros favoritos são muito específicos, então gente cantando a torto à direita não faz meu tipo, mas fui assistir esse filme de peito aberto, porque tinha a curiosidade de saber como ele era, e tentar entender um pouquinho do fanatismo que ele gerou, e apesar de achar o resultado geral legal, com momentos muito interessantes e músicas legais (principalmente a de abertura, que pra mim é a melhor), sou obrigado a admitir que não encontrei tantas razões para essa idolatria toda não.
A trama é legalzinha, tem um muito de Frankenstein, as letras das músicas fazem a história ir para frente, o elenco é bom, principalmente o Tim Curry, que está absurdo como o cientista Frank-N-Furter, e ainda temos a maravilhosa da Susan Sarandon bem novinha, mas no roteiro que é bom mesmo, o filme deixa a desejar. É tudo extremamente simples, sem praticamente nenhuma curva dramática, é linear demais, sem surpresas, tem uma reviravolta pequenininha ali no final, mas que também não é nada demais, talvez uma grande história não fosse o foco dos roteiristas, mas para mim é um ponto que deixou a desejar.
The Rocky Horror Picture Show é uma boa distração, é interessante para estudar um nicho específico do cinema, que marcou tão forte uma parcela do público que se tornou praticamente o filme cult mais famoso de todos os tempos. Mas para quem não foi fisgado pelo charme dos aliens travestis cantores do planeta transexual, creio que é tudo bem lugar comum, bem simples. Pode ter um efeito 8 ou 80 entre o público, com alguns adorando e outros odiando, eu fico bem no meio termo, gostei mais da primeira metade do que da segunda, mas em linhas Gerais não é algo que considerei marcante, ou que vai ficar na minha lista de favoritos da sétima arte.
GOOSEBUMPS Direção: Rob Letterman Ano: 2015 Assistido em: 12/02/2024
Como cria dos anos 1990, cresci em uma época praticamente sem regras, os filmes exibidos na Sessão da Tarde e principalmente no extinto Cinema em Casa, eram bem inapropriados para o público infantil, mas mesmo assim as emissoras de TV tocavam o foda-se e nos colocavam para assistir comédias inadequadas para o horário cheias de teor sexual, e até produções de terror slasher, portanto a minha geração e o pessoal que nasceu nos anos 1980, foram moldados de uma forma diferente. Cheguei para assistir esse filme com expectativa de ver como são os terrir da geração atual e meu Deus, que desgraça foi essa que assisti?!
Zach Cooper é um adolescente revoltado por ter se mudado de uma cidade grande para um cu de mundo do interior. Ele se encanta pela bela jovem da casa vizinha, e certo dia quando visita seu novo interesse romântico, descobre que ela é filha de um famoso escritor de histórias de terror. O problema é que os monstros dessas histórias são criaturas reais criadas pela imaginação do famoso autor. E quando Zach liberta esses monstros acidentalmente no mundo real, caberá a eles fazer com que essas criaturas voltem para a literatura, antes que façam um grande estrago no nosso mundo.
O grande problema dessa história não é que ela é infantil, existem dramas voltados para o público pequeno que são ótimos, bem escritos e bem desenvolvidos, a questão aqui é que o roteiro é bobo, superficial, não assusta, não entretém, não anima. Como disse, sou cria dos anos 90, assisti produções que eram uma verdadeira lambança de temas, mas que nos deixavam animados, nós faziam vibrar, só lembrar do clássico Gremlins (1984) para citar um exemplo, uma mistura perfeita de comédia com horror, na mesma hora que a gente estava gargalhando com aquelas criaturazinha loucas, arrepiamos com suas insanidades, era puro equilíbrio. Aqui por sua vez, isso não existe, nada convence, a comédia não faz rir, o terror não assusta minimamente, o fato de tudo ser CGI só aumenta o desastre.
Jack Black é um mestre do humor, ele é naturalmente engraçado, quando tem um bom texto na ponta da língua, ele faz ouro, Amy Ryan é outra grande atriz, e quem assistiu The Office (2005-2013) sabe que ela sabe fazer comédia muito bem, já Dylan Minnette não é ator de comédia, mas é ótimo no papel de adolescente, então não sei como conseguiram desperdiçar esse trio e entregar essa uma coisa tão horrenda como essa.
Goosebumps é um filme que já tinha assistido algumas cenas avulsas enquanto zapeava pela televisão, porém, agora que peguei para assistir do começo ao fim foi torturante, foi 1h40min da minha vida desperdiçados com um filmeco que não consegue despertar o mínimo do que se propõe. É um desperdício de dinheiro, tempo e talento tão grande que chega ser revoltante.
BEFORE WE GO Direção: Chris Evans Ano: 2014 Assistido em: 12/02/2024
Nessa brincadeira de muitos atores pularem de trás para a frente das câmeras, e se tornarem diretores, fomos apresentados a alguns dos mais renomados e importantes cineastas de todos os tempos, até poderia citar um bocado deles, mas não vem ao caso. Chris Evans que não é bobo nem nada, e sabe que com o tempo a beleza vai acabando e os dias de galã vão ficar para trás, resolveu estrear como diretor com esse romance genérico lançado há alguns anos atrás.
O músico Nick decide ajudar Brooke, uma mulher desconhecida que ele encontra na estação de trem após ela perder o último transporte para a cidade de Boston. Ao longo da noite eles vão caminhando pela cidade, e à medida que vão se conhecendo melhor, eles vão descobrindo detalhes da vida um do outro que os levarão a repensar suas escolhas, o que os marcará profundamente e possivelmente mudará suas vidas para sempre.
Infelizmente Chris Evans escolheu começar da forma mais sem graça e insossa possível, já nem sei mais quantos filmes românticos foram feitos em que um casal desconhecido, acaba sendo forçado a ficar juntos e nasce um sentimento e blá blá blá, já vimos isso incontáveis vezes, não há novidade, não há surpresa alguma nesse tipo história, basicamente quem viu uma, viu todas, e aqui não é diferente. Os protagonistas Nick e Brooke são superficialmente trabalhados, de uma forma que apenas o básico é mostrado, o suficiente para fazer com o público se afeiçoe a eles, e torçam para que formem um casal, mas comigo isso não funcionou, não liguei a mínima se eles se relacionariam ou não.
A dupla Evans e Alice Eve são lindos e encantam os olhos, mas seus personagens são apagadinhos demais, sem brilho, sem charme. Não existe um bom desenvolvimento, e muito menos um roteiro que diferencie Nick e Brooke dos incontáveis personagens similares que povoam as centenas de títulos do mundo dos cinemas.
Gostaria muito que o Chris desse continuidade a carreira de diretor, mas para isso ele precisava de uma produção com um roteiro mais elaborado, uma história mais interessante, e melhor desenvolvida, com personagem que fossem além do estereótipo padrão de qualquer gênero. Enfim, Before We Go não é aquele desastre que muitos atores quando vão para o lado da direção entregam, mas também não é nada demais, é mais ou menos, irregular, fraquinho mesmo, espero que no futuro Evans retorne com algo mais interessante.
AMERICAN FICTION Direção: Cord Jefferson Ano: 2023 Assistido em: 11/01/2024
Como as sinopses nos enganam, não é mesmo?! Quando li sobre American Fiction, achei a ideia genial, e logo pensei que tinha potencial para ser grande, e quando ele começou a aparecer nas listas de prêmios da temporada, pronto, passei a ter certeza de que se tratava de um filmaço, ledo engano, o que temos aqui é a prova viva de que nem sempre o que é bom no papel fica bom nas telas.
Monk, é um professor e escritor que está cansado do público americano preferir histórias negras cheias de estereótipos raciais, em vez de materiais mais finos. Para provar sua teoria, ele adota um pseudônimo e escreve um romance com todos os clichês que detesta, porém tudo fica completamente fora de controle quando o livro se torna um grande best-seller.
Em todos os lugar que abordam cinema, só se fala que esse filme é daqueles feito para o seu protagonista brilhar, e de fato Jeffrey Wright, ator que gosto muito, está muito bem, o problema é que seu personagem é chato, sem graça, sem sal, um verdadeiro saco de acompanhar por duas horas, Monk não é aquele personagem gostoso de se ter como companhia.
Não estou falando que o filme é horrível, não é isso, mas ele fala mais sobre as complicadas relações de um homem meia idade, do que critica o meio literário americano, o que pressuponho que era a ideia base da trama. O roteiro foi mudando de direção ao longo do seu desenvolvimento, ao ponto de eu não conseguir entender qual era o seu foco real. A parte dramática não apresenta nada de novo, e toma muito espaço da parte da comédia, que poderia entregar algo muito mais satisfatório do que os problemas comuns que o protagonista enfrenta.
American Fiction fez barulho, mas chega sem força na temporada de prêmios, e isso é muito justificável quando você assiste, Cord Jefferson entrega um trabalho daqueles que se destacam em um ponto ou outro, mas que no todo não consegue se sobressair, é o mais do mesmo, não sendo diferente de absolutamente nenhum outro drama que foi produzido nos últimos anos, talvez se o diretor/roteirista tivesse focado mais na comédia, na crítica, e na sátira que se propôs, ao invés de perder tanto tempo de tela com drama batido, que já estamos cansados de ver em outras produções, o resultado seria mais satisfatório, mais memorável. Em linhas gerais o que é apresentado é terrivelmente esquecível, e é melhor um filme ser lembrado por ser ruim, do que não ser lembrado por absolutamente nada, o que tudo indica que acontecerá com esse título.
PS: O roteirista/diretor negro, faz um filme reclamando de estereótipos raciais, mas cagou na hora de retratar os gays, usando dos piores artifícios possíveis.
BURNT Direção: John Wells Ano: 2015 Assistido em: 04/02/2024
Nos últimos anos estamos vivendo uma verdadeira “febre culinária”, a TV está cheia de programas sobre cozinheiros, reality shows estão fazendo com que o mundo das receitas que antes ficava restrito apenas às fãs da Ana Maria Braga, estejam alcançando uma grande gama de pessoas, mas não me encaixo nesse grupo, ainda não assisti The Bear, não tenho saco para o Masterchef, ou qualquer outra mídia que tenha comida e/ou restaurantes como tema, e cheguei a esse filme meio que por acaso, e que filminho mequetrefe hein?!
Adam foi um renomado cozinheiro no passado, mas perdeu tudo devido ao vício em álcool e drogas. Após um período de reabilitação ele tem uma nova oportunidade quando é contratado para um novo restaurante em Londres, entretanto, além do vício, o difícil temperamento do chef pode ser um grande empecilho para ele alcançar novamente a glória do passado.
Lida a sinopse, fiquei com esperanças de que estivesse diante de um grande drama, um filme de superação sobre um viciado que ganha uma nova oportunidade na vida e vai fazer de tudo para agarrá-la, só que não é isso que encontramos aqui, mas sim uma história morna, sem sal, sem tempero, que não explora o real potencial, seja da sua temática, seja do seu intérprete. Nas mãos de um roteirista/diretor ousado e que não tem medo de nos mostrar os seus personagem no fundo do poço, essa história poderia ter rendido bastante, mas John Wells prefere a superficialidade, não se aprofundar de verdade em nada, e consequentemente não entrega absolutamente nenhum impacto para o espectador.
Bradley Cooper é um excelente ator, ele tem performances absurdas, e creio que um dia ele vai ganhar o Oscar, (e graças aos deuses do cinema não vai ser com essa essa porqueira desse Maestro (2023)), mas aqui ele tem todo seu potencial desperdiçado, com um personagem medíocre que poderia ser vivido por qualquer ator comum, e que não desafia Cooper para que ele ofereça tudo o que poderia, o mesmo pode ser dito do Daniel Bruhl, da Siena Miller, do Matthew Rhys, da Uma Thurman, da Emma Thompson, da Alicia Vikander, e de todo o restante do elenco.
Fazendo uma alusão bem ruinzinha com comida, Burnt tinha excelentes ingredientes, entretanto um cozinheiro meia boca pilotando o fogão, tanto que entregou um prato sem sal, sem tempero, sem graça, o filme é chato, sonolento e não prende a atenção, resumindo é um desperdício de todos os seus envolvidos, talvez seja recomendado para o dia que você esteja com sono e queira dormir mais depressa, mas fora isso, é algo que é melhor manter distância.
THE LAST KINGDOM: SEVEN KINGS MUST DIE Direção: Edward Bazalgette Ano: 2023 Assistido em: 04/02/2024
Como sou um apaixonado por história, desde que The Last Kingdom estreou em 2015 eu tinha pretensão de assisti-la, entretanto o tempo foi passando e eu fui adiando, dando preferência para outras produções e quando assustei a série foi concluída. Um ano depois a Netflix lançou esse filme que servia como epílogo para a história do Uhtred de Bebbanburg, e só então com toda a história completa, resolvi que era a hora de tirar essa saga da minha lista de pendências.
Uhtred vive um tempo de paz em Bebbanburg, após finalmente conseguir recuperar aquilo que lhe era de direito. Entretanto sua paz é interrompida devido à morte do Rei Edward, que desencadeia uma briga por poder no qual seu primogênito Athelstan sairá vitorioso. Entretanto para a decepção de Uhtred, Athelstan não vai ser um rei tão compassivo assim, já que ele irá colocar em prática o plano de seu avô, o Rei Alfred, a unificação de todos os reinos da ilha da Grã-Bretanha sobre a bandeira da Inglaterra, não importando o que tem que ser feito para isso.
Bom quem conhece um pouquinho dos bastidores dessa série sabe que ela foi concluída antes do Bernard Cornwell encerrar a saga das Crônicas Saxônicas, portanto, esse longa meio que foi um “tapa buraco”, para não deixar a produção televisiva incompleta, entretanto não sou o maior adepto de filmes serem usados para concluir séries, ambos os produtos são linguagens muito diferentes, ímpares, um filme precisa ter uma história mais concisa, enquanto uma série se permite abordar mais temas, ter um desenvolvimento mais demorado. Encaixar todos os finais em apenas duas horas, obrigou os roteiristas a sacrificarem muitos ponto, então não vemos a morte do Edward, vemos Athelstan assumir uma postura que não é condizente com a postura dele no episódio anterior da série, não vemos os destinos dos filhos do Uhtred, enfim, o que temos aqui é meio que um prêmio de consolação para agradar o público, já que a decisão de encerrar o show em sua quinta temporada, foi tomada no princípio da formatação do programa, antes da conclusão do Cornwell para seus livros .
Tecnicamente falando, esse filme não tem diferença nenhuma da série, é a mesma equipe, tem o mesmo valor de produção, percebe-se que não teve nenhum grande orçamento, resumindo é um trabalho modesto, regular, aliás chamá-lo de filme é um adjetivo muito forte, vamos dizer que são dois episódios especiais que condensam muito da história, e deram um título diferente. O elenco é o mesmo, o nível do roteiro é o mesmo, o que salva que a história é boa e apesar de ser contada de uma forma atropelada, ela ainda possui muito valor para quem acompanhou todos todas as temporadas anteriores.
The Last Kingdom: Seven Kings Must Die finaliza a saga do Ulthred de uma forma peculiar, ele até agrega valor a franquia, mas também não é indispensável, quem quiser ficar com o último episódio da quinta temporada da série como seu desfecho, pode ficar numa boa, porque esse longa não vai fazer falta. Seria muito melhor uma sexta temporada contando essa história de uma forma mais palatina, cadenciada, ao invés da pressa e da correria com que foi, mas apesar dos pesares, em uma era onde séries são canceladas abruptamente deixando seu público na mão, creio que um filme encerrando em definitivo e até é melhor do que nada, apesar de que mesmo sendo bom, ele poderia ser muito melhor.
THE ACCUSED Direção: Jonathan Kaplan Ano: 1988 Assistido em: 03/02/2024
Sou um apaixonado por dramas de tribunal, e curiosamente apesar de já conhecer a história desse filme há muitos anos, principalmente devido ao fato da Jodie Foster ter ganho seu primeiro Oscar por ele, nunca tive a oportunidade de assisti-lo, isso até hoje, quando pude conferir essa obra impressionante, impactante e importante, e que deveria e merecia ser mais reconhecida no meio cinematográfico.
Certa noite a jovem Sara é violentada por três homens em um bar, ela procura a polícia, e o caso vai parar nas mãos da promotora Kathryn que logo faz um acordo com os acusados e finaliza o caso para a total insatisfação de Sara. Se sentindo culpada por não ter feito justiça, Kathryn descobre que ainda poderia conseguir prender mais culpados por essa história, recorrendo a uma manobra pouco antes vista na história dos tribunais americanos: processar os “espectadores” do estupro, que incentivaram o mesmo e nada fizeram para impedir que ocorresse.
Eu não fazia a menor ideia de que esse longa era vagamente inspirado e um caso real, sempre acreditei que era um drama legal de uma garota abusada sexualmente, mas não imaginava que o grande foco do roteiro não fosse a luta dela contra os estupradores, mas sim contra aqueles que testemunharam e nada fizeram, ou melhor, fizeram sim, instigaram a violência. Quando tomei conhecimento da história real ocorrida em 1983 nos Estados Unidos fiquei morto de curiosidade pelo filme que só pode ser descrito como brutal. Vemos uma mulher ser violentada, desacreditada, desrespeitada, humilhada e sendo julgada ao invés daqueles que são os verdadeiros criminosos.
Além de uma discussão absurda sobre as nossas responsabilidades civis, temos uma Jodie Foster espetacular, seja nos seus momentos de fragilidade, seja nas erupções de raiva de sua personagem, a atriz está fenomenal, foi merecidíssimo o seu primeiro Oscar de melhor atriz por esse trabalho, outro destaque é Kelly McGillis, que nesse final de anos 80 fazia grandes papéis em filmes importantes, pena que infelizmente ela não conseguiu manter o sucesso da carreira com o passar dos anos. Outro que merece destaque é o Leo Rossi, que me fez sentir mais ódio do personagem dele do que dos próprios estupradores, o homem estava absurdo, de despertar a ira no espectadores, e isso é devido a excelente performance e a direção afiada.
The Accused nunca seria feito nos dias de hoje, ele pode soar errado em muitos momentos porque obviamente estamos lidando com uma produção do final dos anos 1980, então o que hoje é considerado absurdo, naquela época era o normal, por isso não espere por um tratamento adequado para a vítima de abuso sexual, isso não existe aqui. Outra coisa que não imaginaria e que o filme mostraria a cena do estupro, foi surpreendente observar que o diretor Jonathan Kaplan a manteve no corte final, e a mesma foi tão bem realizada que conseguiu ser bem desconfortável e aterrorizante para quem assisti. Estamos diante de um filme que infelizmente não recebe o devido reconhecimento, já que ele traz uma discussão séria, relevante e que deveria ser ainda mais difundida no cinema, fala sobre os limites que devem ser impostos e respeitados, sobre como não tratar uma vítima de abuso, e principalmente que esse tipo de crime não pode ficar impune. Só espero que nesses 36 anos que separam 1988 de 2024, as leis norte-americanas e de todo o restante do mundo tenham sido endurecidas em relação a isso, porque um estuprador receber uma pena de cinco anos é surreal, é algo inaceitável.
Já prometi para mim mesmo inúmeras vezes, que tenho que parar com essa mania estúpida de querer assistir alguns filmes apenas pelo seu elenco, ou apenas por um ator específico. Tenho Christian Bale como o meu ator favorito, e isso já tem muitos anos, então quando ele está em um projeto automaticamente vou atrás, mas demorei 9 anos para poder assistir Knight of Cups, instintivamente já sabia que esse não era para mim e quando chegou a hora de finalmente conferir, a obra se mostrou ainda pior do que eu imaginava que seria.
Durante duas horas acompanhamos o personagem de Christian Bale caminhando de um lado para o outro, encontrando diversas pessoas, fazendo coisas aleatórias, muitas sem sentido, e todas desinteressantes, não existem diálogos complexos, ou sequer uma linha narrativa clara, e isso dá um sono desgraçado. Sempre soube que o Terrence Malick tem alguns filmes contemplativo, mas nunca fui atrás de nenhum deles porque isso não é para mim, sou um cara que gosta de diálogo, assisto cenas gigantescas de personagens discutindo e argumentando com um sorriso de orelha a orelha, mas não me ponha para assistir uma coisa dessas, de imagem aleatórias e sem sentido que isso não faz meu gênero.
Acredito que se você for fazer uma alegoria, ela precisa ter uma lógica para que as pessoas que vão contemplar a obra percebam do que se trata, entendam que é uma crítica, que é uma sátira, enfim, li algumas possíveis interpretações sobre esse filme na internet, e a mais aceitável é a de que o “roteiro” aborda a construção de um filme em Hollywood, e honestamente, se essa era a ideia original do Malick, para mim ele falhou miseravelmente, porque em momento algum consegui sentir que era isso que ele tava contando.
A única explicação que encontro para um elenco tão estelar ter aceitado participar desse projeto é devido ao forte nome do Terrence Malick, ele é um diretor muito conceituado em Hollywood e é devido a essa fama que acredito que ele tenha conseguido reunir Christian Bale, Cate Blanchett, Natalie Portman, Antonio Banderas, Jason Clark, Ben Kingsley, Wes Bentley, Ryan O’Neal entre outros, porque honestamente eu não consigo visualizar a cena de nenhum deles lendo esse “roteiro” e achando a história boa.
Esse é o primeiro trabalho do Malick que assisto, e só não vai ser o último porque eu ainda pretendo assistir aos quatro primeiros filmes dele, que são muito famosos e de uma época anterior a essa fase dele de querer usar o cinema para questionar a vida, ou seja lá qual é o objetivo desses filmes contemplativos que pra mim não passam de imagens aleatórias que não despertam interesse. Acredito que cada diretor faça o que bem entender com seu filme, mas antes de qualquer coisa é necessário que o público entenda, porquê do que que adianta você fazer um trabalho que só faça sentido para seu idealizador?! Talvez fosse melhor ter feito um vídeo caseiro, ao invés de uma produção que desperdiça tantos talentos, resumindo tudo: eu só queria minhas duas horas de vida de volta.
ARGYLLE Direção: Matthew Vaughn Ano: 2024 Assistido em: 02/02/2024
Se tem um diretor que soube conquistar meu coração na década passada, esse foi o Matthew Vaughn, desde que assisti Kingsman: The Secret Service (2014) pela primeira vez lá em 2015, me apaixonei perdidamente pelo universo, pela ironia, pelo deboche, pela piada que ele fazia com os clichês do mundo da espionagem, e de lá para cá Vaughn continuou focado nesse universo, e no seu primeiro passeio fora desse mundo, ele nos entrega Argylle que também trata sobre espionagem. E mesmo não conseguindo desgostar dos trabalhos atuais do diretor, tenho que admitir que esse é o pior filme dele desde Layer Cake (2004), seu primeiro trabalho de direção.
Elly Conway é uma escritora renomada do gênero suspense de espionagem, ela se tornou famosa com a série Argylle, que é um verdadeiro fenômeno literário. Quando Elly está concluindo o quinto livro da sua saga, ela é abordada por Aidan, um homem que alega ser um espião que quer salvá-la de uma perigosa organização secreta que esta atrás dela. Agora Elly deverá correr para salvar sua vida enquanto a ficção escrita para seus livros se mistura à sua realidade.
Vaughn resolveu brincar com público, Argylle é um seu trabalho mais diferente, e devo dizer que é mais um dos títulos recentes com o qual Hollywood está enganando o espectador. Como ocorreu recentemente com Wonka (2023) e com a nova versão de Mean Girls (2024), quem assistir ao trailer, ou só vê o pôster pode ser levado a crer que o protagonista dessa história é o personagem título interpretado por Henry Cavill, mas é aí que está o pulo do gato, Argylle é apenas um personagem criado por Elly, todas as cenas que Cavill está envolvido são uma enorme brincadeira, um contraste entre o que é a espionagem de ficção e a “espionagem real”, ou seja mais uma vez Vaughn brincando com a diferença que existe entre o trabalho ficcional de espiões e o trabalho da “realidade”, entretanto apesar da ideia ser boa a execução não foi das melhores, temos um filme inchado, cansativo e que é repleto de twists, dos quais alguns funcionam e outros não.
Eu teria adorado se os vilões fossem de fato pais da Elly, que ela fosse essa outsider, essa pessoa que cai de paraquedas nesse mundo. Mas quando revelam que ela era uma espiã, e que todas as histórias escritas para o Argylle na realidade são suas lembranças que ela havia perdido devido a um condicionamento de memória realizado pela Catherine O’Hara, o filme me perdeu. É como se o que havia de melhor nele fosse jogado na lata do lixo, já temos inúmeros filmes de super espiões, não precisava de mais um, seria muito mais interessante vermos a dinâmica de um civil no meio da loucura, entretanto isso ficou com deus.
O elenco desse filme é uma coisa de louco, Bryce Dallas Howard, Sam Rockwell, Catherine O’Hara, Bryan Cranston, Samuel L. Jackson e o gatinho Chip (gato da esposa do Vaughn) esbanjam carisma, e seguram seus personagens mesmo quando o roteiro não colabora, o ponto fraco fica para Henry Cavill e John Cena, aqui ainda mais canastrões do que a história exigia. Ainda temos muita loucura ala Matthew Vaughn, mas achei ele muito controlado, ainda temos as sequências de luta ao som de boas músicas, mas por mim teria mais violência, como em Kingsman e Kick Ass (2010) por exemplo.
Argylle é uma proposta extremamente audaciosa, Vaughn e a Apple tem planos gigantescos para essa nova marca, mas infelizmente creio que esses planos não serão concretizados tendo em vista a repercussão negativa que o filme está tendo, e principalmente ao desempenho da bilheteria que provavelmente será catastrófico. Honestamente não me importo muito com isso não, eu ainda estou esperando pelo meu Kingsman 3 concluindo a saga do Galahad, e quero que depois disso o Vaughn vá urgentemente atrás de outros projetos, que saia fora desse negócio de história em quadrinhos e de espionagem, ele é um excelente diretor, muito talentoso para ficar preso a um gênero, seria um desperdício, não que esse novo projeto seja de todo ruim, mas é decepcionante, haja vista o nível dos responsáveis pela execução do mesmo, é um filme divertido, que você vai assistir e esquecer, uma simples diversão passageira, coisa que não espero do Vaughn.
A cena pós-créditos revelando que Argylle faz parte da Kingsman deveria me animar, mas confesso que não fiquei muito empolgado não, mesmo sendo apaixonado pelo universo do Eggsy.
SUNRISE Direção: Andrew Baird Ano: 2024 Assistido em: 28/01/2024
Hollywood está cada dia que passa mais suja, os estúdios e as distribuidoras estão escondendo gêneros, estão fazendo de tudo para tentar convencer o público a se levantar da cadeira de casa e ir para poltrona do cinema. Quando saíram as primeiras notícias sobre esse projeto “informaram” que ele era um terror de vampiro, protagonizado por Guy Pearce e Alex Pettyfer, e como sou muito fã de histórias vampirescas e gosto bastante dos dois atores em questão, imediatamente fiquei animado para assistir, pena que assim como o Pica-Pau: fui tapeado.
No noroeste dos Estados Unidos somos apresentados a uma pequena cidadezinha onde o perverso Reynolds controla tudo com mãos de ferro e extrema violência. Entretanto, tudo vai mudar quando o misterioso Fallon chega ao local e coisas estranhas relacionadas a lenda do Capa Vermelha começam a ocorrer.
Quem pensa que isso aqui é um filme sobrenatural está muito enganado, toda a mística envolvendo o tal do Capa Vermelha é praticamente inexistente, tem pouquíssimas cenas de terror e todas elas muito desinteressante, Sunrise está mais para um suspense de vingança (mal feito) do que um filme de horror, e tudo isso com uma história pífia e personagens que são uma verdadeira água de salsicha de tão sem sal e sem gosto.
Como disse, gosto muito do Alex Pettyfer só que oh personagenzinho horroroso que ele tá fazendo aqui, é o típico forasteiro que chegam à cidade e decide ajudar seus moradores só que porra o sujeito era para ser uma entidade, uma criatura da noite, e ele não faz quase que merda nenhuma, tem uma história triste, mas caguei para isso, quem tem um destaque um pouquinho melhor é o Guy Pearce no papel de vilão genérico que controla a vida de todos, mas ainda assim não é nada demais, e só menos pior que todo o resto.
Com um roteiro fraquíssimo, personagens sem vida, sem brilho e com atuações apagadas Sunrise é uma enorme decepção. Se você chegou aqui esperando por um filme vampiro desista, não é nada disso que você vai encontrar, aliás nem terror você vai achar, é um filme B de suspense/vingança, que há uns 20 anos atrás era lançamento direto para DVD e hoje chega nos streamings, aliás, nem sei que milagre isso não foi lançado pela Netflix e sim por vídeo on demand.
TREASURE PLANET Direção: John Musker e Ron Clements Ano: 2002 Assistido em: 28/01/2024
Ron Clements e John Musker para mim são dois dos nomes mais importantes da história do cinema, e não estou exagerando, eles estão entre os mais cultuados diretores da história da Disney, e direciono a eles a responsabilidade pela formação de uma geração inteira de apaixonados pelo cinema. Eles são aqueles que deram o pontapé inicial na chamada Era Renascentista, período entre 1989 e 1999 no qual a Disney saiu do fundo do buraco e voltou a ter relevância com suas animações, nesse período eles dirigiram nada mais nada menos que The Little Mermaid (1989), Aladdin (1992) e Hercules (1997), três dos mais amados e queridos filmes do estúdio. E como eu era criança nesse período, Clements e Musker tem um verdadeiro altar aqui em casa, já que basicamente muito do que eu amo, vem do trabalho deles.
Jim Hawkins é um jovem que desde criança sonha em conquistar as estrelas. Certo dia Jim encontra um mapa para o tesouro do Capitão Flint, tesouro esse que é cobiçado por todos os piratas do universo. Quando o pirata John Silver chega a estalagem de Jim, eles vão embarcar em uma viagem pelo espaço em busca do tão desejado tesouro.
Chega a ser triste falar sobre esse filme, quem conhece um pouquinho da história da Disney ou da história dos diretores sabe que esse projeto demorou muito para sair do papel, Clements e Musker apresentaram a ideia de um filme baseado em A Ilha do Tesouro junto com o projeto da pequena sereia, isso em meados de 1985/86, mas enquanto a história da Ariel foi aprovada, essa daqui foi escanteada, e depois disso eles tentaram tirá-lo do papel por diversas vezes, mas o mesmo sempre era recusado pela Disney. Por um lado eu agradeço a recusa do rato, já que foi graças a isso que conseguimos três obras primas da animação, mas por outro fico triste de saber que quando finalmente os diretores conseguiram o aval para fazer o seu projeto dos sonhos, ele foi um puta fracasso.
Meu grande problema com esse filme é que não consegui reconhecer nele as características comuns às obras dos seus realizadores, ele é baseado no livro do Robert Louis Stevenson, entretanto é levado para as telas de uma forma apática, seus personagens são fracos e nada interessantes. A adaptação não chega a ser um problema, afinal de contas Clements e Musker são especialistas no assunto, já que levaram para as telas uma história do Hans Christian Andersen, outra das de As Mil e uma Noites, e até mesmo fizeram uma salada com os milenares mitos da Grécia Antiga, ou seja trabalhar personagens originados em outras fontes nunca foi o problema, entretanto em Treasure Planet faltou brilho, faltou vida, é tudo estranho, e não falo isso nem pela estética, mas por toda a composição da história, é algo pouco inspirado, que chega soa estranho levando em consideração que era o projeto dos sonhos.
Apesar do visual diferente, mas bonito, e da trilha sonora interessante, Treasure Planet falha em se conectar com seu público, ele não é divertido para uma criança ao mesmo tempo que também não consegue falar com os adultos, bem diferente das três obras-primas anteriores dos seus realizadores. Com admirador muito apaixonado do trabalho da dupla de ouro da Disney, me dói não ter gostado desse filme, fiquei com um gosto amargo na boca.
É triste saber que o fracasso dessa e de outras produções foram decisivos para a Disney abandonar as animações 2D, e mais triste ainda saber que o primeiro grande fracasso de Ron Clements e John Musker foi justamente aqueles pelo qual eles mais lutaram para tirar do papel. Fui assistir Treasure Planet de mente aberta, querendo gostar de tudo que estava assistindo, mas infelizmente não deu certo. É óbvio que ele não chegou nem perto de arranhar a admiração que tenho pelo trabalho do Clemente e do Musker, mas é desconfortável saber que eles têm essa bomba no currículo.
Eu amo suspense policial com plot twist, sou daqueles que vai atrás de listas, que vai no IMDb, que assiste o WatchMojo procurando qualquer nova recomendação do gênero, e mesmo venerando esse tipo específico de produção, nunca tive a oportunidade de assistir The Usual Suspects, que é de longe um dos mais famosos desse estilo. Sempre que eu via alguma menção ao seu roteiro, eu parava a leitura, pulava o vídeo, enfim, fazia de tudo para não estragar ainda mais minha futura experiência, já que conheço o fim da história há muitos anos, e agora chegada a hora de assistir… caramba que decepção!!
Após um barco ser incendiado no cais resultando em dezenas de mortos, a polícia interroga Verbal Kint, um dos únicos sobreviventes do crime. Kint vai aos poucos revelando toda a trama que levou ele e mais quatro criminosos a chegarem naquela embarcação e como se deu o massacre, entretanto a polícia tem muitas dúvidas, já que a história é mais complexa do que parece.
Olha eu sempre soube que esse filme tinha ganhado o Oscar de melhor roteiro original, só que logo nos primeiros minutos, eu já me perguntava como isso aconteceu. Sou muito fã do McQuarrie, ele é muito bom roteirista basta ver o excelente trabalho que ele fez nos últimos anos com a franquia Missão Impossível, mas gente isso aqui é uma bagunça, o roteiro é extremamente confuso, tem uma narrativa não linear, mas o público fica perdido logo no começo. Tudo bem que a edição do John Ottman também não ajuda, mas esse roteiro é muito caótico, existem diretores que conseguem contar uma história em ordem não linear de uma forma impecável vide Christopher Nolan e Quentin Tarantino só para citar dois exemplos, mas aqui não é o caso, você fica perdido e demora para conseguir se orientar, entender o que que tá acontecendo, e até mesmo no final, quando as peças começam a se encaixar, ainda assim existe a sensação de desorientação pois o filme simplesmente não consegue transmitir sua história com clareza.
O grande trunfo de The Usual Suspects está no plot twist, sendo inclusive bem mais lembrado por ele do que por sua história no geral, e é claro temos também a atuação do Kevin Spacey, mas sem sombra de dúvidas é a reviravolta do final que faz a fama, reviravolta essa que para mim foi estragada lá atrás, no primeiro Todo Mundo em Pânico (2000) há mais de 20 anos, mas ainda assim eu tinha esperança já que com outros filmes que também assisti após saber o final, eu consegui me surpreender com a construção do desfecho dos mesmos, vide Psicose (1960), Planeta dos Macacos (1968) e Clube da Luta (1999), mas aqui isso não ocorreu. Para dizer a verdade achei toda essa trama sobre a identidade do Keyser Söze bem sem graça e previsível, achei simplesmente impossível assistir sem desconfiar do Kint nem que seja por um segundo, só se a pessoa nunca assistiu a um thriller na vida.
Polêmicas à parte, eu gosto do trabalho do Bryan Singer e acho Kevin Spacey um ator espetacular, e eles ainda contam com Gabriel Byrne, Benicio del Toro, Giancarlo Esposito entre outros no cast, mas de The Usual Suspects não me cativou, tem a questão da expectativa, e quanto maior, maior é a decepção, e nesse caso eu tinha MUITAS expectativas. Sobre essa história, mesmo estando entre os famosões do plot twist, esse aqui é muito morno e sem graça. Talvez uma polida nesse roteiro, se fossem aparadas algumas tramas paralelas, e fosse mais objetivo ele funcionaria melhor, mas a impressão que tive é que Singer e McQuarrie simplesmente embaralharam a história para tentar fazer com que o público não perceba o que viria ao final. Mesmo com pontos positivos, é impossível ignorar a sensação de desorientação que esse roteiro deixa com em muitos momentos, do começo ao fim do filme.
PS: John Doe de Seven (1995), lançado no mesmo ano, é melhor que o Keyser Söze em tudo, seja na escrita, na atuação do Spacey, no impacto na cultura pop, enfim impossível não compará-los e ver como um é muito superior ao outro.
BIG Direção: Penny Marshall Ano: 1988 Assistido em: 27/01/2024
Se tem uma coisa que é admirável nesse mundo é a inocência das crianças, quando você é pequeno é muito comum querer crescer o mais rápido possível para fazer coisas que te proíbem, é frequente escutar frases como “quando eu crescer”, “quando eu for grande vou fazer isso e aquilo”, e é claro que os grandões de Hollywood também já foram crianças, e como eles gostam de ganhar dinheiro em cima de literalmente tudo, não poderiam deixar passar batido esse sentimento das crianças, e logo produzem a rodo diversos filmes que retratam os pequenos se tornando adultos em um passe de mágica, e aqui temos aquele que provavelmente é o mais famoso com essa proposta.
Josh é um garoto de 12 anos de idade que mora com sua família na cidade de Nova York, ele tem uma vida normal para sua faixa etária, e seu único grande problema é não ser um pouco maior, ser mais velho. Certo dia, enquanto passeava por um parque com sua família, ele acaba encontrando uma máquina esquisita que concede desejos, e como alguém que não tem nada a perder, Josh acaba pedindo para ser maior, o problema é que no dia seguinte ele acorda com 30 anos de idade, sendo forçado a mudar sua vida radicalmente.
Sejamos honestos, quantos de nós não queríamos ser mais velhos quando crianças, e agora que somos adultos daríamos de tudo para voltar a ser pequenos?! Essa é uma daquelas grandes ironias da vida, de você sempre querer aquilo que não se pode ter. Big é uma fantasia deliciosa que trata justamente sobre isso, vemos como Josh faria de tudo para ser grande, e quando ele consegue, e começa a sentir o peso das responsabilidades, da rotina, da pressão de ser um adulto, logo quer voltar a ser criança. Por outro lado também vemos uma crítica muito interessante, o dono da empresa de brinquedos, o sr. MacMillan, vê naquele adulto (que ele não sabe que é uma criança de 13 anos) um comportamento infantil, mas não enxerga isso como algo ruim, ele reconhece uma mentalidade que não é boba, e sim mais inocente, não seria essa uma crítica do filme para nos alertar que nós enquanto adultos, deveríamos ter essa visão mais inocente da vida!? Sem malícia, sem maldade, simplesmente buscarmos por simplificar nossas relações, vejam as crianças, elas brigam hoje é amanhã estão de boa brincando juntas novamente, não guardam mágoa de ninguém, o roteiro nos desperta essa linha de raciocínio, nos chamando a ser mais como as crianças que fomos um dia.
Apesar de começar como uma comédia, nos prometendo gargalhada soltas com aquele menino tendo que se enquadrar no padrão de um homem de 30 anos, a história é muito mais que isso, da metade em diante a diretora Penny Marshall e os roteiristas Gary Ross e Anne Spielberg (irmã do Steven), viram uma chavinha e transformam a trama em um drama romântico, isso não é ruim de forma de forma alguma, mas particularmente me senti um pouco traído, porque esperava rir e de repente eu estava me emocionando por conta dos questionamentos que o filme estava levantando, pela linha de pensamento que ele estava me obrigando a aderir. A parte romântica se estende demais, e particularmente preferia ele voltado para comédia, mostrando mais dos perrengues do Josh do que tendo um relacionamento com uma mulher muito mais velha, mas isso não é algo que prejudique o saldo geral, só é algo que me pegou desprevenido e que acabou influenciando um pouquinho o minha reação a obra.
Tom Hanks está soberbo, ele conseguiu aqui a sua primeira indicação ao Oscar, e ganhou um Globo de Ouro de melhor ator de comédia, e você vê que o porquê, ele está impecável, Hanks se diverte, ele tem essa carinha de inocente, de jovem, e seus trejeitos estão maravilhosos, ele tem uma atitude de criança e nos convence que é uma. A linda da Elizabeth Perkins tem uma veia cômica incrível, e o filme deveria ter investido nisso, mas provavelmente nessa época ela ainda não tinha se enveredado para parte da comédia, quem já assistiu Weeds (2005-2012) sabe do que que estou falando, também temos Robert Loggia muito bem, e fazendo uma pontinha bem rapidinha, no estilo quem piscou perdeu, temos a maravilhosa da Debra Jo Rupp que é uma atriz que eu amo de paixão.
Estou assistindo Big pela primeira vez agora com 31 anos de idade, praticamente a idade que o Tom Hanks tinha quando fez o filme, e que pena que ele não fez parte da minha infância, porque é maravilhoso. É claro que eu já conhecia a clássica cena da loja de brinquedos, onde Hanks e Loggia tocam a “música da Danoninho” com os pé no piano de chão, mas Big é muito mais do que isso, é um filme bonito que nos leva a compreender que tudo a seu tempo, que devemos curtir a nossa infância e adolescência porque elas são curtas e passam rápido, que a vida adulta vai chegar cheia de problemas, mas que se encararmos tudo de peito aberto e com a serenidade, a simplicidade, a honestidade e a fé das crianças, às vezes essa fase seria mais gostosa de ser vivida, enfim é uma produção que nem parece ter seus 36 anos de lançada, envelheceu bem demais e vale muito a pena ser assistido por todas as gerações.
STAND BY ME Direção: Rob Reiner Ano: 1986 Assistido em: 21/01/2024
Como já devo ter dito em dezenas de outros comentários, não fui aquele aquela criança, aquele adolescente que vivia assistindo a Sessão da Tarde, estudei no período vespertino durante todo o meu ensino fundamental, e só assistia a sessão nas férias, ou quando não ia a aula, portanto muitos clássicos só fui conhecer depois de velho. E pode até ser um crime dizer isso, afinal de contas Stephen King é de longe um dos meus autores favoritos, mas somente agora, aos 31 anos de idade, tive a oportunidade de assistir Stand by Me, e honestamente creio que o assisti na hora certa, já que a minha cabeça do passado não teria maturidade suficiente para entender todas as camadas apresentadas.
No final dos anos 1950 um grupo de quatro amigos da pequena Castle Rock no Oregon, decide entrar numa jornada durante um final de semana, observar o corpo de um garoto que estava desaparecido há alguns dias, e que estava jogado a beira de um ruim. Ao longo dessa jornada vemos os laços de amizade sendo reforçados, sendo transformados por um processo que mudará a vida desses meninos para sempre.
Os chamados coming of age movies estão aí desde que o cinema nasceu, alguns passam batidos, outros entram para cultura pop, o fato é que a nossa infância e adolescência são os períodos mais curtos de nossas vidas, e ainda assim são aqueles responsáveis por basicamente todas as decisões que tomamos no nosso futuro, é com base nas experiências, nos traumas, nos medos e nas realizações desses períodos que vamos pautar muitas das nossas atitudes futuras, então é muito comum você encontrar no cinema filmes que retratam a transição, o momento da chamada perda da inocência, quando finalmente percebemos que no futuro nada será como antes.
Sou muito fã dos trabalhos dos anos 80 e 90 do Rob Reiner, ele é responsável por alguns dos melhores títulos desse período. Ele já tinha garantido todo o meu respeito com a brilhante adaptação que fez de Misery (1990) uma das melhores obras do Stephen King, mas aqui ele me cativa mais uma vez, com um filme simples (não simplório), com personagens bem desenvolvidos, com cenas muito bonitas, ótima direção de elenco, enfim um trabalho singelo, sem grandes pretensões, mas tão marcante, com diversas passagens e momentos que me fizeram pensar não só sobre a minha infância, mas também como sobre a minha vida adulta, e é incrível ver o processo de crescimento daqueles quatro garotos em tela e Reiner conseguiu captar isso com maestria.
Na cena final do filme vemos os meninos retornarem a Castle Rock e narrador diz que a cidade “parecia estar menor”, obviamente sabemos que na realidade eram eles que estavam maiores, foram eles que amadureceram, foram eles que passaram a enxergar a vida de uma forma diferente, a cena retrata com perfeição a mudança de chave que na vida real não é em um momento tão específico, mas que você entende que dali para frente tudo vai ser diferente. Outro momento muito interessante é quando a narração revela que nunca mais os quatro se reuniram daquela maneira, tal qual faria em It (1986) Stephen King se recusa a manter essa “mística” de que amigos de infância e adolescência vão estar com você para sempre, ele escancara o que é verdade em 99% das situações: que essas pessoas passaram na sua vida e se foram, e que só vão ficar na sua memória, pois no futuro o contato será praticamente inexistente, amo como King sempre nos lembra disso, e que no final a única coisa que resta são as lembranças das experiências conjuntas, essas sim, ficam conosco para sempre.
Reiner escolheu um elenco que dá um show, e como era talentoso o River Phoenix, e é tão triste saber que a vida dele seria tão curta, e tudo o que iria acontecer pouco tempo depois do lançamento desse filme, temos também Wil Wheaton que estava excelente, e o debutante Jerry O’Connel que também estava muito bem, porém eu tenho um sério problema com o Corey Feldman, nunca gostei dele, acho péssimo em tudo que faz e aqui ele já dava sinais da desgraceira que viraria lá na frente, o único ponto negativo dos quatro protagonista para mim é ele, finalizando temos Keith Sutherland e John Cusack bem novinhos, mas já esbanjando competência.
Stand by Me é ótimo, ele tem todo aquele espírito dos anos 80 que fazia daqueles filmes algo mágico, algo tão especial e inesquecível. Sem sombra de dúvidas é um dos melhores trabalhos do Rob Reiner e merece todos os status que adquiriu ao longo dos anos, toda a força, toda a potência que fazem dele um dos mais queridos desse período. Essa é de longe uma das raras boas adaptações que o King teve para os cinemas, e é inegavelmente um clássico que nos deixa reflexivos, e que funciona para todas as idades porque conversa conosco em todos os momentos, sem sombra de dúvidas um filmaço.
PS: Nunca entendi o motivo da mudança do título de The Body para Stand by Me, mas só de ouvir a música clássica Ben E. King tocando no começo e no final, valeu demais, essa música é de arrepiar.
THE WALK Direção: Robert Zemeckis Ano: 2015 Assistido em: 21/01/2024
Algumas pessoas têm feitos únicos na vida, e não importa o que aconteça, não dá mais para se igualar. Philippe Petit é uma dessas pessoas, ele não só fez algo de uma dificuldade e periculosidade extremas, como que também é impossível de se repetir nos dias de hoje, portanto nada mais justo do que imortalizar seu feito em um filme, só que não precisava ser um tão chato.
Na década de 1970 a cidade de Nova York contemplava o lançamento do World Trade Center o maior centro financeiro do país, sua joia da coroa, entretanto eram as Torres Gêmeas, dois edifícios gigantescos, lado a lado, que se tornaram a maior construção feita pelo homem até então. As Torres chamam a atenção de Philippe, um equilibrista francês que teve a brilhante ideia de esticar um cabo de aço entre as duas e atravessar de uma pra outra.
Robert Zemeckis foi um dos principais nomes do cinema nas décadas de 1980/1990, entretanto de uns tempos para cá ele perdeu aquele toque mágico que garantia que tudo que fizesse renderia uma grande produção cinematográfica. Antes de mais nada deixo bem claro que não achei The Walk um filme ruim, eu disse que ele é chato, o feito de Petit é inegavelmente de tirar o fôlego, digno de aplausos, e ele merece ser reconhecido por isso até o fim de seus dias, mas a história apresentado em tela é muito chata, você sabe que será recompensado ao final com algo grandioso, mas o caminho até lá é doído.
O personagem Petit é um saco, ele mesmo diz em determinado momento que é uma pessoa difícil, mas eu não diria que era difícil, diria que ele é insuportável. Ok o homem precisa ser metódico, precisa ser focado para atingir o seu objetivo, que não é algo fácil, mas nada justifica ser um babaca com os amigos e com a namorada, aí já é demais. Outro detalhe que me incomoda horrores foi a narração, e ainda pior que a narração foram as interrupções mostrando Joseph Gordon Levitt em cima da tocha da Estátua da Liberdade com um CGI HORRENDO, sério Zemeckis?! Pra que isso?! Quebrava minha imersão a cada uma das inserções, e não foram poucas.
The Walk é um filme competente, tem seus acertos, e te entrega o que prometeu, afinal de contas a cena da travessia é muito bem feita, só que é um filme sem vida, sem alma, não é algo que você vai se lembrar, que vai ficar na memória, é só mais um daqueles que assim que subirem os créditos você vai deletar da cabeça, e é uma pena, principalmente se tratando de um profissional tão talentoso quanto Zemeckis, que precisa urgentemente dar uma revitalizada na sua carreira, e voltar a nos entregar os trabalhos grandiosos que outrora já entregou.
ARISTOTLE AND DANTE DISCOVER THE SECRETS OF THE UNIVERSE Direção: Aitch Alberto Ano: 2022 Assistido em: 20/01/2024
Pode até parecer piada, mas no primeiro momento que eu li o título desse filme eu pensava que se tratava de alguma ficção científica sobre dois amigos que tinha alguma ligação com o universo, espaço ou ciência, e decidi assistir sem nem ler a sinopse, e que baita surpresa ao perceber que se tratava de um temático sobre dois adolescentes descobrindo a sua sexualidade em plena década de 1980, é aquele belo ditado: mirei no que vi acertei no que não vi.
Em 1987 somos apresentados a Aristotle, conhecido como Ari, um jovem totalmente introvertido, que não se socializa, e que vive bem solitário. Entretanto tudo muda quando um dia no clube de natação ele acaba conhecendo Dante, que o ensina a nadar, dali nasce uma bela amizade que aos poucos vai se revelando algo muito maior na vida dos jovens.
Não sou maior adepto de filmes adolescentes, mas admito que quando se trata de um filme sobre adolescentes gays se descobrindo, ele ganha minha atenção de imediato. Como homossexual, creio que é muito importante retratar esse período que é o verdadeiro caos nas nossas vidas, se para os héteros, que são socialmente aceitos, não é fácil ser adolescente, imagine para nós gays, que nos sentimos ainda mais desconexos em um mundo que nos renega! Enfim, retratar isso é importante porque pode ajudar uma série de pessoas que está sofrendo neste exato momento, e nesse sentido o filme arrasa, porque trabalha muito bem o processo de descoberta, ao mesmo tempo que também não é aquele sonho adolescente utópico, como por exemplo aconteceu em Love, Simon(2018), aqui (ainda que de uma maneira mais moderada) conhecemos a força do ódio do ser humano, que simplesmente prefere matar aquele que é diferente dele, ao invés de simplesmente aceitar que existem pessoas de todos os tipos, de todos os gêneros, e que o que elas fazem de suas vidas sentimentais, não afeta os outros em nada.
Os protagonistas são muito bonitinhos, atores fofos e coisa e tal, mas devo admitir que não senti química de casal nos dois, preferia muito mais que a trama os trabalhasse apenas como amigos, porque sim minha gente, é possível existir amizade no mundo gay! Mas já que a história caminhava para um romance, o jeito foi aceitar, mesmo tudo relacionado ao relacionamento seja sem graça e sem paixão.
Em linhas gerais a história de Ari e Dante é simples, gostosinha de acompanhar, que como disse acima, não é perfeita, enfeitada e fantasiosa, tendo partes que nos puxam para a realidade, mas senti que ainda assim certas discussões ficaram superficiais. Se tratando do ano de 1987, acredito que o roteirista e diretor Aitch Alberto tinha uma base absurda para trabalhar muito mais a questão da intolerância, a questão do preconceito, a questão da AIDS que assolava a comunidade LGBT da época, enfim, poderia ser mais audacioso, ir além do simples romance adolescente, mas ainda assim ele entrega um filme bem satisfatório, ainda mais nesse deserto tão seco, que é o de produções de qualidade voltadas para o público LGBT.
Denis Villeneuve é de longe um dos diretores que mais me cativaram ao longo dos últimos anos, ele me deixou de boca aberta com alguns de seus títulos, principalmente suas ficções científicas Arrival (2016) e Dune (2021), essas que entraram para o meu clube de filmes favoritos. Entretanto ainda não posso colocá-lo no grupo dos meus diretores favoritos devido a inconstâncias, para cada obra que me apaixono, tem uma que me decepciona. Sicario é um que evitei assistir durante muito tempo, pois o gênero não chama minha atenção, mas resolvi dar uma oportunidade mesmo que tardiamente, e foi só para reforçar uma certeza que já tinha.
Na fronteira entre Estados Unidos e México, acompanhamos Kate, uma dedicada agente do FBI que é designada para ajudar no combate ao narcotráfico. Seu objetivo é derrubar um grande líder do crime organizado, entretanto isso não será nada fácil, já que ela será forçada a enfrentar tanto ameaças externas quanto internas.
Não sou fã de filmes policiais dessa linha “herói americano que combate o mal”, que quer acabar com o tráfico, que quer salvar as criancinhas que estão sendo ameaçadas e blá blá blá, para mim isso é pura hipocrisia ideológica. Lendo comentários avulsos na internet e assistindo vídeos de críticas, sempre soube do que esse aqui se tratava, e por isso nunca chamou minha atenção, e apesar da história ser bem construída, ele comete um crime muito pior do que ser ruim: é chata!! Chega a ser desinteressante em muito momentos, os personagens não cativam, e não entendam mal, não senti falta dos tiros, das explosões, dos esfaqueamento e do sangue comum ao gênero filme de “ação”, não é nada disso, aliás eu passo longe desse tipo, o problema é que a história não começa em momento algum, é como eu li um comentário aqui no Filmow, “o filme começa do nada e termina no lugar nenhum”, começa com uma trama e termina com outra, primeiro seguimos uma personagem e da metade pro final muda, é como se ninguém soubesse o que queria contar.
Villeneuve é um excelente diretor,e aqui ele reúne um cast brilhante, com os ótimos Emily Blunt, Benicio Del Toro e Josh Brolin como os protagonistas, mas infelizmente nenhum deles brilha. O personagens Del Toro ainda se destaca com um twist no final, mas nem assim foi algo que me animou, tanto que nem me importei com o desfecho de ninguém.
Sicario para mim fica como uma válida lição, de que quando você não gosta de uma coisa às vezes não vale a pena forçar, não importa se o diretor é um nível “A”, não importa se o elenco é de primeira, se o roteirista tem muitos trabalhos famosos, se o produto que está sendo oferecido já vem em uma embalagem que não te agrada, o melhor é passar longe. Apesar de não ter achado o filme ruim, e reconhecer suas qualidades técnicas como a excelente direção, e o show do elenco, confesso que já apaguei tudo da minha cabeça passado menos de 24h que assisti. Sei que existe uma sequência, e nos últimos meses vem se falando da possibilidade do Villeneuve retornar para um vindouro terceiro título, mas eu vou ficando por aqui, prefiro me concentrar nos próximos sci-fi do diretor, que nesse quesito ele (quase) nunca erra.
NIGHT SWIM Direção: Bryce McGuire Ano: 2024 Assistido em: 19/01/2024
Quando o ano começa eu já sei absolutamente todos os filmes que vou querer ver no cinema, muito raramente vou sem saber o que me espera, só que às vezes quando estou entre filmes, esperando a próxima estreia, fico com saudades de ir ao cinema e escolho um título aleatório e vou assistir sem quase nada saber. Com Night Swim o único detalhe que tinha conhecimento, eram as presença do Wyatt Russell e da Kerry Condon, e que havia uma piscina mal assombrada na história.
A família Waller se muda para uma nova residência com o objetivo de iniciar uma nova vida, já que Ray, um famoso jogador de beisebol, está em processo de tratamento devido à esclerose. Na nova residência, o ponto alto é a piscina que além de ajudar Ray em seu tratamento, torna-se o local favorito de sua esposa e filhos. Porém a casa dos sonhos logo se torna local de pesadelos, menos para Ray que é o único que se beneficia com o local, já os outros membros da família, estão assustados com visões e episódios cada vez mais perturbadores toda vez que estão dentro da água.
Uma piscina assassina pode até parecer uma ideia esdrúxula, mas o cinema do terror vive do absurdo, alguns dos melhores títulos do gênero nasceram de ideias estapafúrdias então é claro que isso aqui poderia dar muito certo, desde é claro, que se bem feito, e apesar das muitas falhas, é bem nítido que o diretor e roteirista Bryce McGuire se esforçou para conduzir essa trama da melhor maneira possível, mesmo que algumas derrapadas bem feias tenham ocorrido no processo.
O roteiro é basicão de sempre, bebeu muito de Amityville por exemplo, mas o grande problema aqui, é que Night Swim não assusta, na realidade ele não empolga em momento algum, é um filme que me deixou entediado mesmo sendo extremamente curto do alto de suas 1h38m, eu estava tão fatigado, que olhei no relógio umas cinco vezes, porque o que estava sendo apresentado nunca decolava, e claramente poderia ter rendido algo melhor caso seus personagens fossem melhor trabalhados e tivessem mais “profundidade”, até vemos uma boa apresentação do Ray, mas todos os outro são muito superficiais, feito de qualquer jeito, merecia mais esmero.
Foi-se o tempo que Blumhouse e James Wan eram sinônimos de bons filmes de terror, eles estão dando muitas vaciladas ultimamente, e mesmo que alguns títulos obtenham sucesso financeiro e repercussão como M3GAN (2022) para citar um exemplo, é inegável que não há mais aquele encantamento do passado, seria extremamente importante que os produtores descem uma revisada nos seus planos futuros, e começassem a reavaliar algumas produções, ponderando se vale a pena manchar o nome da marca em prol de alguns dólares, Night Swim mesmo vai passar batido, e creio eu que no final do ano ninguém nem mais vai lembrar de que se tratava essa estréia de janeiro.
Rapito
3.5 5RAPITO
Direção: Marco Bellocchio
Ano: 2023
Assistido em: 24/02/2023
Sou de família de origem italiana, logo não ser católico era impensável até alguns anos atrás. Eu mesmo fui frequentador ativo da Igreja até por volta dos meus 15 anos, quando finalmente consegui minha emancipação, e desde então não voltei lá mais, e o motivo? É que eu nunca suportei a mania chata dos cristãos de se julgarem como os corretos e condenarem aqueles que pensam diferente deles, ou como eles fazem de tudo para converter os “errados” a sua doutrina “correta”, sempre achei isso algo extremamente hipócrita, e cheguei ao ponto de me sentir mal naquele ambiente, o que foi muito agravado nos dois anos que fui coroinha, portanto o dia que dei um basta na religião na minha vida foi libertador.
No século XIX os judeus eram extremamente perseguidos na Europa (e sabemos que isso iria piorar muito nos próximo anos), e devido as leis vigentes na Bolonha, um cristão jamais poderia ser criado por um não-cristão. Nesse cenário, a família Mortara é pega de surpresa, quando descobre que seu pequeno filho de 6 anos, Edgardo, havia sido batizado contra sua vontade. A criança é levada de seus pais e entregue aos cuidados da igreja em Roma, onde será convertida ao cristianismo enquanto seus pais lutam desesperadamente para tentar reaver sua guarda.
Quando fiquei sabendo dessa história, fiquei indignado, não consegui entender como a criança havia sido batizada contra a vontade de seus pais, e foi vendo o filme que me veio a resposta, uma empregada jogou três gotinhas de água na cabeça do bebê fez um sinal da cruz e pronto a criança estava “salva”, seu lugar no céu estava garantido, sério que as pessoas acreditam nisso?! Às vezes creio que alguns religiosos entendem tudo que Jesus falava ao contrário, por que não é possível uma coisa dessas, mas esse é só mais um dos muitos absurdos que rolavam há alguns anos quando a igreja católica tinha muito mais poder do que algumas legislações vigentes.
Marco Bellocchio entrega um filme bem equilibrado, com história muito boa, só tem um probleminha de ritmo ali pela metade, uma edição um pouquinho melhor trabalhada renderia um resultado mais dinâmico, mas a história é muito forte, muito bem contada, e isso compensa a fadiga, principalmente quando chegamos na segunda fase de todo esse imbróglio e descobrimos que os danos causados na vida do Edgardo foram permanentes. A direção é bem afiada e os atores bem escalados, o design de produção é absurdo, o valor de produção do filme é nítido, os cenários e os figurinos são excelentes recriando com muita qualidade aquela Bolonha do século XIX.
É impossível não sentir muita raiva de toda essa situação, ainda mais sabendo que é baseado em uma história real, e que os responsáveis saíram impunes, sei que até bastante injusto, mas também é difícil não sentir raiva do próprio Edgardo na sua fase adulta, mesmo ele sendo uma vítima de uma lavagem cerebral que é feita até os dias de hoje, só que hoje dia isso não é mais exclusividade da igreja católica.
Hoje em dia eu digo de boca cheia que só agnóstico e que me libertar da opressão religiosa que existe dentro da minha família foi a melhor coisa que fiz na minha vida, não estou dizendo que não sou mais vítima dos preconceitos, como um homem gay, ainda escuto muitos absurdos principalmente por parte da minha mãe, mas histórias como essa só reforçam meu pensamento que religião é o pior mal que existe na humanidade, não me refiro apenas a cristianismo mas também é ao islamismo, ao judaísmo e todos os outros “ismos”. Jesus nos uma mensagem belíssima mensagem, “amarmos uns aos outros e fazer o bem”, infelizmente suas palavras foram distorcidas por um bando de fanáticos, e dois mil anos depois cá estamos nós, penando com a presença de alguns que só estragam a mensagem tão bonita que Nazareno passou.
Cidade Negra
3.3 5DARK CITY
Direção: William Dieterle
Ano: 1950
Assistido em: 18/02/2024
Como disse em um comentário recente, tem títulos que só lendo duas ou três linhas de uma breve sinopse eu já sei que eu não vou gostar, com outros no entanto, essas mesmas duas ou três linhas já despertam meu interesse de imediato, e foi isso que aconteceu com Dark City, foi só saber do que a trama se tratava, que imediatamente já queria assistir. Mas essas sinopses podem enganar e me meter em belas furadas, já que nem sempre uma boa ideia inicial garante um bom filme.
Após a polícia fechar uma casa de apostas, o dono do local, Danny, junto de seus cúmplices acabam por depenar Arthur , um turista que passava pela cidade, em um jogo totalmente manipulado. A grande questão é que Arthur comete suicídio logo no dia seguinte, e quando seu irmão, um homem completamente insano e bastante perigoso toma conhecimento do ocorrido, ele decide se vingar de todos que levaram seu irmão ao ato desesperado, colocando a vida de Danny e todos ao seu redor em risco.
O longa parte de uma premissa espetacular, temos um protagonista criminoso que não é nem de longe o mocinho honesto, sendo perseguido por um psicótico que quer vingança por algo muito ruim que esse protagonista causou. Quando lembramos que estamos em 1950, quando os protagonistas eram praticamente símbolos morais, Dark City se torna um ponto fora da curva ao apresentar um personagem central todo errado, entretanto, esse diferencial aqui é usado de maneira sofrível, e o que poderia ser grandioso acabou se tornando trivial.
Esse é o primeiro filme do futuro grande filho da puta e também ator, Charlton Heston, e ele está bem, não podemos dizer que está no mesmo nível do que seria no futuro, mas está bem, fora ele, nenhum outro interprete merece destaque. A direção também é muito protocolar, muito básica, e o roteiro não desenvolve os personagens, é tudo muito rápido, muito superficial, o filme é curto e não tem tempo a perder, e com isso acaba sacrificando algo muito relevante, que é nos dar um background maior desses personagens. A única ressalva interessante é não mostrar o vilão em momento algum até a cena final, isso é muito bom porque nos dá aquele ar de monstro, de mal imparável, é como diz o ditado: você tem muito mais medo do desconhecido do que do conhecido.
Dark City foi uma decepção, não é um ruim, mas é fraco, decepcionante, poderia ser muito grande, poderia ser um clássico da década de 50, mas não é. Com uma execução bem qualquer coisa, atuações fracas, e desenvolvimento sem inspiração, Dark City é esquecível, não lembra nada os títulos gigantes que são seus contemporâneos, e está mais para as meia-bombas que são lançadas hoje em dia.
Upgrade: As Cores do Amor
2.8 73 Assista AgoraUPGRADED
Direção: Carlson Young
Ano: 2024
Assistido em: 18/02/2024
Esse filme está no top 10 da Amazon Prime há alguns dias, e sse fosse só pela história eu ia passar longe, bem longe dele, mas devido a problemas técnicos, o título que eu estava programando para assistir no domingo à noite não deu certo, e sem muitas opção, decidi colocar esse aqui em campo e ver se essa popularidade toda é justificada. E honestamente, é a mesma porcaria de sempre, e a única conclusão que cheguei, é que toda essa repercussão só é explicada pelo fato do público amar esses clichês horrendos das comédias românticas.
Ana é uma aspirante a curadora de arte que após muito trabalho conseguiu um emprego em uma grande galeria de Nova York. Ela tem a chance de mostrar seu trabalho a sua chefe quando é convidada para um trabalho em Londres. Devido a um erro, ela acaba sendo colocada na primeira classe e viaja ao lado de William, um rapaz “bonito” e rico por quem ela se interessa, porém Ana acaba mentindo, dizendo que era a diretora de uma grande galeria de Nova York. O que parecia ser uma mentira qualquer para um estranho, vai tomando proporções gigantesca a medida que a jovem precisa mantê-la quando começa a se envolver seriamente com William.
Parando para pensar sobre esse filme, ele não é diferente de nada do gênero, só é bastante problemático, sei que é uma comédia romântica, que de comédia não tem nada já que não existe absolutamente nenhuma cena engraçada, mas fico pensando na mensagem que essa história passa, Ana mente o tempo todo para William e sua família, ela descaradamente assume uma vida que não é sua e não é repreendida em momento algum por isso, muito pelo contrário, ganha um namorado rico, ganha um bom emprego, ganha tudo o que sempre queria por ser uma mentirosa. Entendo perfeitamente que isso aqui é uma ficção, mas fico imaginando quantas pessoas não sonham com esse upgrade mágico em suas vidas, e o roteiro reforça que as coisas podem simplesmente vir da maneira mais fácil possível, cair dos céus, desde que você não tenha um pingo de caráter.
O ponto mais absurdo do filme foi a mãe de Will, Catherine, aceitar as mentiras de Ana tranquilamente! Em que mundo uma mãe rica vai ignorar que uma pobretona se aproximou do seu filho contando inúmeras mentiras, e magicamente se apaixonou por ele?! O golpe da barriga claro e simples, que na vida real não seria aceito por nada nesse mundo
Conheci a Camila Mendes em Riverdale (2017-2023) e gosto dela como atriz, mas infelizmente aqui, sua personagem é uma lástima, verdadeiramente horrível em todos os sentidos, sobre o Archie Renaux, pelo amor de Deus, ele até é gostosinho, mas galã?! Aí já é demais né! Se o sujeito virar para os lados rápido demais causa um furacão. Quem estava melhorzinha na produção é a Marisa Tomei que parecia estar se divertindo bastante, mas a personagem também não é lá essas coisas. Sobre os aspectos técnicos como roteiro, direção, fotografia e etc. é tudo terrivelmente pobre.
Upgraded é apenas mais um na multidão, é a “comédia” romântica genérica da semana, de roteiro fraco e nada memorável, nada marcante, é só mais uma daquelas que há alguns anos lotavam as salas de cinema, mas que de um tempo para cá estão espremidos nos streamings. A história da gata borralheira com um complementos modernos talvez possa agradar quem curte esse tipo de história, mas para quem não é fisgado por isso, nada salva.
Still: A História de Michael J. Fox
4.1 28 Assista AgoraSTILL: A MICHAEL J. FOX MOVIE
Direção: Davis Guggenheim
Ano: 2023
Assistido em: 17/02/2024
Me lembro perfeitamente do dia no qual conheci o Michael J. Fox, o ano era 2001, um domingo à tarde e eu estava na casa de uma amiga da minha mãe, e eles estavam com uma fita VHS de um tal de um “De Volta Para o Futuro”, pronto, foi amor à primeira vista, Marty McFly se tornou o meu herói, um dos meus personagens favoritos da vida, e o Michael imediatamente se tornou o meu ídolo número um. Logo eu fui atrás de outros trabalhos dele, só que infelizmente, fui atropelado por uma notícia devastadora: meu ídolo já não atuava como antes devido a uma doença, o mal de Parkinson.
Do alto da minha ignorância, durante um bom tempo pensava que a única coisa que o Parkinson causava era um tremor nas mãos, eu não tinha noção do quão séria era essa doença neurológica, do quão limitadora ela é, e menos ainda, não conseguia entender como uma pessoa tão jovem com uma carreira tão bem sucedida poderia sofrer de um mau “de gente velha”.
Nesse documentário vemos bem de perto o impacto que essa maldita doença teve na vida do Michael, obviamente ele já havia escrito alguns livros tratando do assunto, mais uma coisa é você lê, outra bem diferente é assistir. Conseguimos finalmente entender como se deu a progressão da própria vida do Michael, de como foi difícil para ele atingir o sucesso, de como foi complicado se adaptar ao estrondoso sucesso, e como foi terrível ver tudo indo abaixo justamente quando ele estava no auge, de sua juventude, de sua fama, de seu sucesso e de seu talento.
Em determinado momento Michael diz a seguinte frase: “foi como se todo aquele sucesso tivesse um preço”, mas apesar disso em momento algum ele se faz de vítima, de coitado. Ele guardou para si esse peso durante muito tempo, não permitiu que seu público soubesse do seu estado, soubesse o quanto estava sendo custoso para ele manter a sua carreira, ele lutou o quanto pode sozinho, até que infelizmente não conseguiu mais, quando finalmente dividiu o seu fardo com o mundo, ele começou uma nova batalha, desta vez para tornar o Parkinson visível, buscando usar sua influência para conseguir investimento em programas de pesquisa, para quem sabe um dia conseguir uma cura para essa maldita doença.
Infelizmente desde a segunda metade dos anos 1990 a carreira do Michael não foi mais a mesma, ele foi obrigado a uma "aposentadoria" forçada, reduzindo drasticamente sua participação no cinema e na TV, mas isso não diminui o impacto, não diminuiu o brilho, não diminui o sucesso que ele representa. Michael J. Fox é um símbolo, ele “é” os anos 80, ele é o rosto de um fenômeno que foi/é a franquia De Volta Para o Futuro, ele marcou gerações de uma forma eterna, e isso essa maldita doença não consegue apagar, não consegue diminuir. Como disse, Marty McFly é se tornou meu herói de imediato, e quando eu soube de toda a história do Michael, ele se tornou um símbolo muito maior do que o próprio McFly, o meu amor pelo cinema se mistura com o amor que tenho por esse baixinho que marcou minha vida, e fico muito feliz que ele enfrente todas essa situação com o mesmo humor com a mesma leveza de sempre, que ele não se deixou abater, e nem perdeu o lindo sorriso que sempre teve, Michael J. Fox merece o mundo, e todo o amor que seus fãs têm por ele há décadas.
Bob Marley: One Love
3.2 133BOB MARLEY: ONE LOVE
Direção: Reinaldo Marcus Green
Ano: 2024
Assistido em: 17/02/2024
Eu não sou o que se pode chamar de fã do Bob Marley, não é que eu tenha algum problema com as músicas dele, muitíssimo pelo contrário, as poucas que conheço acho excelentes, só não tenho um conhecimento aprofundado da vida e da obra dele. Sempre fui um cara voltado para o lado do rock and roll, desde muito novo minhas referências musicais são os clássicos da música britânica e americana, então reggae nunca esteve presente na minha base de formação, mas Marley é diferenciado, é impossível conhecer alguém que nunca tenha escutado nem que seja no mínimo umas três músicas da carreira dele. E agora que Hollywood começou com essa onda de fazer filmes sobre os grandes ícones musicais, é óbvio que o rei do reggae seria contemplado, e fiquei imediatamente animado para finalmente conhecer mais da história dele.
Em 1976, a Jamaica está completamente dividida em meio a uma guerra política que está assolando o país e causando inúmeras baixas. Nesse cenário Bob Marley tenta utilizar a sua influência como uma forma de promover a paz, entretanto nem mesmo o famoso cantor está livre de se tornar uma das vítimas do massacre perpetrado por ambos os lados políticos conflitantes. Quando a vida de Bob é ameaçada, ele decide abandonar o seu país, só que não imaginava que isso seria o fato comitante para torná-lo um super astro Mundial.
O crítico de cinema Dalenogare tem um termo muito bacana que ele chama de “cinebiografia wikipédia”, aquele tipo de filme onde você tem na tela a data de um evento importante da vida de uma pessoa, tem a cena correspondente, pula para próxima data e próximo evento, e vai assim até o final. Bob Marley: One Love não usa essa estratégia, ele é a chamada cinebiografia de recorte, Reinaldo Marcus Green escolheu um ponto específico da carreira de Bob Marley e focou-se nele, nesse caso o ponto é um intervalo entre 1976 e 1978, só que isso acaba nos privando de conhecer outros momentos de extrema relevância da vida do astro. Como disse no primeiro parágrafo, não sou conhecedor da vida do Marley, então eu queria saber detalhes sobre a infância, detalhes sobre como ele se tornou um astro famoso na Jamaica e posteriormente no restante do mundo, é claro que o filme utiliza de artifícios como alguns flashbacks curtos nos contando pequenos detalhes do passado de Marley, mas eu queria algo mais profundo mais bem trabalhado e não tão breve.
Obviamente sendo uma biografia com a participação da família, nós sabemos que muita coisa fica de fora, basta dar uma breve pesquisada na internet sobre alguns pontos mais delicados da vida do cantor e veremos que o longa é beeeem “chapa branca”, e não poderia esperar diferente do Reinaldo Marcus Green já que ele seu último trabalho é justamente King Richard (2021), que passa a maior pano para o pai das irmãs Williams.
Tecnicamente falando o filme tem pontos bem positivos, Kingsley Ben-Adir e Lashana Lynch são bons, apesar de que senti ele muito artificial, principalmente na parte dos shows. As músicas estão muito bem encaixadas nas cenas e a fotografia é bonita, mas o roteiro é muito superficial, não se aprofundando basicamente em nada, nem na importância do Marley para a política jamaicana, nem no real conceito da religião Rastafari nem nada. Tudo é mostrado muito por cima, e quem quiser conhecer mais da relevância, da importância do Bob Marley vai ter que ir atrás da Wikipédia, porque aqui não vai achar muito não.
No geral Bob Marley: One Love é um bom filme, mas uma cinebiografia fraca, justamente por ser extremamente superficial ao falar da vida do biografado. Claramente Marley teve um impacto e uma importância na cultura musical muito maior do que a aqui retratada, o mais próximo que o filme tem de mostrar essa relevância é na confecção do álbum Exodus, mas apenas isso infelizmente não é suficiente para demonstrar todo a força do astro mais famoso da Jamaica.
Madame Teia
2.1 239 Assista AgoraMADAME WEB
Direção: S. J. Clarkson
Ano: 2024
Assistido em: 16/02/2024
Olha eu sou uma pessoa que não pode reclamar muito devido a minha grande teimosia, como disse em outro comentário a pouco tempo, quando o ano começa já sei quais os filmes que verei no cinema e não importa se o crítico A ou B não gosta, se eu decidi que vou assistir na tela grande, vou assistir e acabou, e como já tinha tomado essa decisão sobre essa joça aqui, não posso dizer que fui enganado, aliás desde o princípio eu já sabia que era uma porcaria, mas mesmo assim quis pagar para ver.
Após sofrer uma experiência de quase morte, a paramédica Cassandra Web começa a ter estranhas visões. Essas visões a colocam em rota de colisão com Ezekiel Sims, um perigoso assassino que quer matar três adolescentes. Cassandra vai descobrir como utilizar seus poderes, ao mesmo tempo que descobrirá detalhes até então desconhecidos sobre o seu passado, enquanto protege as garotas e foge de Sims.
Bom, não é segredo para ninguém que a Sony no começo da década de 2010 não fazia a menor ideia do que fazer com o seu Homem-Aranha, e por isso ela emprestou ele para a Disney usar no MCU, e de lá para cá o estúdio vem cometendo crimes contra a humanidade com produções cinematográficas desastrosas focadas nos personagens coadjuvantes do Teioso, e dessa vez eles resolveram fazer uma história sobre a Madame Teia. Madame Teia essa que para mim era um idosa que ajudava/testava o Peter lá na espetacular animação de 1994, mas aqui ela tem a sua história de "origem", precisava? Não! Alguém queria? Também não! Mas já que a Sony decidiu fazer, eles poderiam ao menos ter se esforçado, mesmo que minimamente.
O roteiro saiu das mesmas mãos que fizeram Morbius (2022), dupla que provavelmente deve ter algum vídeo dos executivos da Sony cometendo algum crime hediondo, então não esperava nada além do pior. A direção é de S.J. Clarkson que dirigiu muitas séries, mas que aqui demonstra tanto talento para função quanto uma criança de 5 anos de idade com um celular na mão. O elenco é talentoso, mas os personagens são sofríveis, os efeitos especiais estão no nível da CW, uma edição que parece que picotaram os rolos do filme em inúmeros pedacinhos, jogaram para cima e do jeito que caiu no chão colocaram de novo e colocaram em tela, um desastre. E o vilão?! Que além das motivações anêmicas, é interpretado pelo gato do Tahar Rahim, que está na casa dos 40, quando o personagem tem seus 60/70 anos, e nenhuma explicação decente é dada para a aparência mais jovem dele.
Não sou muito chegado na Dakota Johnson, acho ela uma atriz fraca, e das três atrizes vendidas como "Mulher Aranha" a única que eu conheço e gosto do trabalho é a Sydney Sweeney, mas até ela está ruim, como já disse acima o vilão tem motivações péssimas. A única coisa que me agradou foi o meu querido Adam Scott no papel do tio Ben, e ver todo o arco dele e da personagem da Emma Roberts, que para mim é o que dá para salvar do filme, mesmo sendo descaradamente sem propósito e a Sony não tendo a decência de no mínimo dizer o nome do personagem mais importante desse universo em tela.
Com toda certeza a Sony não vai parar de cometer essas atrocidades que elas andam fazendo ultimamente com os vilões do Homem-Aranha, cabe a nós aceitar ou não. Esse ano ainda tem mais duas, e confesso que até estou interessado no Kraven, já para Venom 3 não tenho nenhuma expectativa. Agora falando sobre Madame Web, é inacreditável como aprovaram esse roteiro justamente para o centenário da Columbia, começar as celebrações com uma catástrofe dessa, só vai manchar uma festa tão bonita que deveria ser a celebração desse um século de existência de um dos maiores mais importantes estúdios de Hollywood.
PS: Creio que esse patrocínio vai ser mais maléfico que benéfico ao nome da Pepsi
PS²: As frases feitas desse roteiro são constrangedoras, mas "Quando você assumir a responsabilidade, um grande poder virá" foi de matar.
The Rocky Horror Picture Show
4.1 1,3K Assista AgoraTHE ROCKY HORROR PICTURE SHOW
Direção: Jim Sharman
Ano: 1975
Assistido em: 13/02/2024
Qualquer cinéfilo que se preze conhece The Rocky Horror Picture Show mesmo que nunca tenha assistido, afinal de contas ele é o maior entre os cults. O amor que sentem por esse filme é incrível, e a forma como as pessoas não tem vergonha de expressar isso é inspirador, é lindo ver o quanto o cinema pode unir as pessoas em meio a uma devoção em comum.
Após o pneu do carro de um jovem casal furar no meio de uma estrada praticamente abandonada, o único local que eles conseguem pedir ajuda é num estranho e misterioso Castelo. Lá dentro eles dão de cara com pessoas extremamente estranhas e com um comportamento totalmente esquisito. Logo eles percebem que estão diante de travestis do planeta transexual, e esses aliens tem perspectiva de vida muito diferente das suas.
Então, não sou o maior adepto a musicais, não é um gênero que me chama atenção porque sou muito chato para música, não é qualquer uma que eu gosto, meus gêneros favoritos são muito específicos, então gente cantando a torto à direita não faz meu tipo, mas fui assistir esse filme de peito aberto, porque tinha a curiosidade de saber como ele era, e tentar entender um pouquinho do fanatismo que ele gerou, e apesar de achar o resultado geral legal, com momentos muito interessantes e músicas legais (principalmente a de abertura, que pra mim é a melhor), sou obrigado a admitir que não encontrei tantas razões para essa idolatria toda não.
A trama é legalzinha, tem um muito de Frankenstein, as letras das músicas fazem a história ir para frente, o elenco é bom, principalmente o Tim Curry, que está absurdo como o cientista Frank-N-Furter, e ainda temos a maravilhosa da Susan Sarandon bem novinha, mas no roteiro que é bom mesmo, o filme deixa a desejar. É tudo extremamente simples, sem praticamente nenhuma curva dramática, é linear demais, sem surpresas, tem uma reviravolta pequenininha ali no final, mas que também não é nada demais, talvez uma grande história não fosse o foco dos roteiristas, mas para mim é um ponto que deixou a desejar.
The Rocky Horror Picture Show é uma boa distração, é interessante para estudar um nicho específico do cinema, que marcou tão forte uma parcela do público que se tornou praticamente o filme cult mais famoso de todos os tempos. Mas para quem não foi fisgado pelo charme dos aliens travestis cantores do planeta transexual, creio que é tudo bem lugar comum, bem simples. Pode ter um efeito 8 ou 80 entre o público, com alguns adorando e outros odiando, eu fico bem no meio termo, gostei mais da primeira metade do que da segunda, mas em linhas Gerais não é algo que considerei marcante, ou que vai ficar na minha lista de favoritos da sétima arte.
Goosebumps: Monstros e Arrepios
3.1 436 Assista AgoraGOOSEBUMPS
Direção: Rob Letterman
Ano: 2015
Assistido em: 12/02/2024
Como cria dos anos 1990, cresci em uma época praticamente sem regras, os filmes exibidos na Sessão da Tarde e principalmente no extinto Cinema em Casa, eram bem inapropriados para o público infantil, mas mesmo assim as emissoras de TV tocavam o foda-se e nos colocavam para assistir comédias inadequadas para o horário cheias de teor sexual, e até produções de terror slasher, portanto a minha geração e o pessoal que nasceu nos anos 1980, foram moldados de uma forma diferente. Cheguei para assistir esse filme com expectativa de ver como são os terrir da geração atual e meu Deus, que desgraça foi essa que assisti?!
Zach Cooper é um adolescente revoltado por ter se mudado de uma cidade grande para um cu de mundo do interior. Ele se encanta pela bela jovem da casa vizinha, e certo dia quando visita seu novo interesse romântico, descobre que ela é filha de um famoso escritor de histórias de terror. O problema é que os monstros dessas histórias são criaturas reais criadas pela imaginação do famoso autor. E quando Zach liberta esses monstros acidentalmente no mundo real, caberá a eles fazer com que essas criaturas voltem para a literatura, antes que façam um grande estrago no nosso mundo.
O grande problema dessa história não é que ela é infantil, existem dramas voltados para o público pequeno que são ótimos, bem escritos e bem desenvolvidos, a questão aqui é que o roteiro é bobo, superficial, não assusta, não entretém, não anima. Como disse, sou cria dos anos 90, assisti produções que eram uma verdadeira lambança de temas, mas que nos deixavam animados, nós faziam vibrar, só lembrar do clássico Gremlins (1984) para citar um exemplo, uma mistura perfeita de comédia com horror, na mesma hora que a gente estava gargalhando com aquelas criaturazinha loucas, arrepiamos com suas insanidades, era puro equilíbrio. Aqui por sua vez, isso não existe, nada convence, a comédia não faz rir, o terror não assusta minimamente, o fato de tudo ser CGI só aumenta o desastre.
Jack Black é um mestre do humor, ele é naturalmente engraçado, quando tem um bom texto na ponta da língua, ele faz ouro, Amy Ryan é outra grande atriz, e quem assistiu The Office (2005-2013) sabe que ela sabe fazer comédia muito bem, já Dylan Minnette não é ator de comédia, mas é ótimo no papel de adolescente, então não sei como conseguiram desperdiçar esse trio e entregar essa uma coisa tão horrenda como essa.
Goosebumps é um filme que já tinha assistido algumas cenas avulsas enquanto zapeava pela televisão, porém, agora que peguei para assistir do começo ao fim foi torturante, foi 1h40min da minha vida desperdiçados com um filmeco que não consegue despertar o mínimo do que se propõe. É um desperdício de dinheiro, tempo e talento tão grande que chega ser revoltante.
Antes do Adeus
3.5 307 Assista AgoraBEFORE WE GO
Direção: Chris Evans
Ano: 2014
Assistido em: 12/02/2024
Nessa brincadeira de muitos atores pularem de trás para a frente das câmeras, e se tornarem diretores, fomos apresentados a alguns dos mais renomados e importantes cineastas de todos os tempos, até poderia citar um bocado deles, mas não vem ao caso. Chris Evans que não é bobo nem nada, e sabe que com o tempo a beleza vai acabando e os dias de galã vão ficar para trás, resolveu estrear como diretor com esse romance genérico lançado há alguns anos atrás.
O músico Nick decide ajudar Brooke, uma mulher desconhecida que ele encontra na estação de trem após ela perder o último transporte para a cidade de Boston. Ao longo da noite eles vão caminhando pela cidade, e à medida que vão se conhecendo melhor, eles vão descobrindo detalhes da vida um do outro que os levarão a repensar suas escolhas, o que os marcará profundamente e possivelmente mudará suas vidas para sempre.
Infelizmente Chris Evans escolheu começar da forma mais sem graça e insossa possível, já nem sei mais quantos filmes românticos foram feitos em que um casal desconhecido, acaba sendo forçado a ficar juntos e nasce um sentimento e blá blá blá, já vimos isso incontáveis vezes, não há novidade, não há surpresa alguma nesse tipo história, basicamente quem viu uma, viu todas, e aqui não é diferente. Os protagonistas Nick e Brooke são superficialmente trabalhados, de uma forma que apenas o básico é mostrado, o suficiente para fazer com o público se afeiçoe a eles, e torçam para que formem um casal, mas comigo isso não funcionou, não liguei a mínima se eles se relacionariam ou não.
A dupla Evans e Alice Eve são lindos e encantam os olhos, mas seus personagens são apagadinhos demais, sem brilho, sem charme. Não existe um bom desenvolvimento, e muito menos um roteiro que diferencie Nick e Brooke dos incontáveis personagens similares que povoam as centenas de títulos do mundo dos cinemas.
Gostaria muito que o Chris desse continuidade a carreira de diretor, mas para isso ele precisava de uma produção com um roteiro mais elaborado, uma história mais interessante, e melhor desenvolvida, com personagem que fossem além do estereótipo padrão de qualquer gênero. Enfim, Before We Go não é aquele desastre que muitos atores quando vão para o lado da direção entregam, mas também não é nada demais, é mais ou menos, irregular, fraquinho mesmo, espero que no futuro Evans retorne com algo mais interessante.
Ficção Americana
3.8 375 Assista AgoraAMERICAN FICTION
Direção: Cord Jefferson
Ano: 2023
Assistido em: 11/01/2024
Como as sinopses nos enganam, não é mesmo?! Quando li sobre American Fiction, achei a ideia genial, e logo pensei que tinha potencial para ser grande, e quando ele começou a aparecer nas listas de prêmios da temporada, pronto, passei a ter certeza de que se tratava de um filmaço, ledo engano, o que temos aqui é a prova viva de que nem sempre o que é bom no papel fica bom nas telas.
Monk, é um professor e escritor que está cansado do público americano preferir histórias negras cheias de estereótipos raciais, em vez de materiais mais finos. Para provar sua teoria, ele adota um pseudônimo e escreve um romance com todos os clichês que detesta, porém tudo fica completamente fora de controle quando o livro se torna um grande best-seller.
Em todos os lugar que abordam cinema, só se fala que esse filme é daqueles feito para o seu protagonista brilhar, e de fato Jeffrey Wright, ator que gosto muito, está muito bem, o problema é que seu personagem é chato, sem graça, sem sal, um verdadeiro saco de acompanhar por duas horas, Monk não é aquele personagem gostoso de se ter como companhia.
Não estou falando que o filme é horrível, não é isso, mas ele fala mais sobre as complicadas relações de um homem meia idade, do que critica o meio literário americano, o que pressuponho que era a ideia base da trama. O roteiro foi mudando de direção ao longo do seu desenvolvimento, ao ponto de eu não conseguir entender qual era o seu foco real. A parte dramática não apresenta nada de novo, e toma muito espaço da parte da comédia, que poderia entregar algo muito mais satisfatório do que os problemas comuns que o protagonista enfrenta.
American Fiction fez barulho, mas chega sem força na temporada de prêmios, e isso é muito justificável quando você assiste, Cord Jefferson entrega um trabalho daqueles que se destacam em um ponto ou outro, mas que no todo não consegue se sobressair, é o mais do mesmo, não sendo diferente de absolutamente nenhum outro drama que foi produzido nos últimos anos, talvez se o diretor/roteirista tivesse focado mais na comédia, na crítica, e na sátira que se propôs, ao invés de perder tanto tempo de tela com drama batido, que já estamos cansados de ver em outras produções, o resultado seria mais satisfatório, mais memorável. Em linhas gerais o que é apresentado é terrivelmente esquecível, e é melhor um filme ser lembrado por ser ruim, do que não ser lembrado por absolutamente nada, o que tudo indica que acontecerá com esse título.
PS: O roteirista/diretor negro, faz um filme reclamando de estereótipos raciais, mas cagou na hora de retratar os gays, usando dos piores artifícios possíveis.
Pegando Fogo
3.3 546 Assista AgoraBURNT
Direção: John Wells
Ano: 2015
Assistido em: 04/02/2024
Nos últimos anos estamos vivendo uma verdadeira “febre culinária”, a TV está cheia de programas sobre cozinheiros, reality shows estão fazendo com que o mundo das receitas que antes ficava restrito apenas às fãs da Ana Maria Braga, estejam alcançando uma grande gama de pessoas, mas não me encaixo nesse grupo, ainda não assisti The Bear, não tenho saco para o Masterchef, ou qualquer outra mídia que tenha comida e/ou restaurantes como tema, e cheguei a esse filme meio que por acaso, e que filminho mequetrefe hein?!
Adam foi um renomado cozinheiro no passado, mas perdeu tudo devido ao vício em álcool e drogas. Após um período de reabilitação ele tem uma nova oportunidade quando é contratado para um novo restaurante em Londres, entretanto, além do vício, o difícil temperamento do chef pode ser um grande empecilho para ele alcançar novamente a glória do passado.
Lida a sinopse, fiquei com esperanças de que estivesse diante de um grande drama, um filme de superação sobre um viciado que ganha uma nova oportunidade na vida e vai fazer de tudo para agarrá-la, só que não é isso que encontramos aqui, mas sim uma história morna, sem sal, sem tempero, que não explora o real potencial, seja da sua temática, seja do seu intérprete. Nas mãos de um roteirista/diretor ousado e que não tem medo de nos mostrar os seus personagem no fundo do poço, essa história poderia ter rendido bastante, mas John Wells prefere a superficialidade, não se aprofundar de verdade em nada, e consequentemente não entrega absolutamente nenhum impacto para o espectador.
Bradley Cooper é um excelente ator, ele tem performances absurdas, e creio que um dia ele vai ganhar o Oscar, (e graças aos deuses do cinema não vai ser com essa essa porqueira desse Maestro (2023)), mas aqui ele tem todo seu potencial desperdiçado, com um personagem medíocre que poderia ser vivido por qualquer ator comum, e que não desafia Cooper para que ele ofereça tudo o que poderia, o mesmo pode ser dito do Daniel Bruhl, da Siena Miller, do Matthew Rhys, da Uma Thurman, da Emma Thompson, da Alicia Vikander, e de todo o restante do elenco.
Fazendo uma alusão bem ruinzinha com comida, Burnt tinha excelentes ingredientes, entretanto um cozinheiro meia boca pilotando o fogão, tanto que entregou um prato sem sal, sem tempero, sem graça, o filme é chato, sonolento e não prende a atenção, resumindo é um desperdício de todos os seus envolvidos, talvez seja recomendado para o dia que você esteja com sono e queira dormir mais depressa, mas fora isso, é algo que é melhor manter distância.
O Último Reino: Sete Reis Devem Morrer
3.7 61 Assista AgoraTHE LAST KINGDOM: SEVEN KINGS MUST DIE
Direção: Edward Bazalgette
Ano: 2023
Assistido em: 04/02/2024
Como sou um apaixonado por história, desde que The Last Kingdom estreou em 2015 eu tinha pretensão de assisti-la, entretanto o tempo foi passando e eu fui adiando, dando preferência para outras produções e quando assustei a série foi concluída. Um ano depois a Netflix lançou esse filme que servia como epílogo para a história do Uhtred de Bebbanburg, e só então com toda a história completa, resolvi que era a hora de tirar essa saga da minha lista de pendências.
Uhtred vive um tempo de paz em Bebbanburg, após finalmente conseguir recuperar aquilo que lhe era de direito. Entretanto sua paz é interrompida devido à morte do Rei Edward, que desencadeia uma briga por poder no qual seu primogênito Athelstan sairá vitorioso. Entretanto para a decepção de Uhtred, Athelstan não vai ser um rei tão compassivo assim, já que ele irá colocar em prática o plano de seu avô, o Rei Alfred, a unificação de todos os reinos da ilha da Grã-Bretanha sobre a bandeira da Inglaterra, não importando o que tem que ser feito para isso.
Bom quem conhece um pouquinho dos bastidores dessa série sabe que ela foi concluída antes do Bernard Cornwell encerrar a saga das Crônicas Saxônicas, portanto, esse longa meio que foi um “tapa buraco”, para não deixar a produção televisiva incompleta, entretanto não sou o maior adepto de filmes serem usados para concluir séries, ambos os produtos são linguagens muito diferentes, ímpares, um filme precisa ter uma história mais concisa, enquanto uma série se permite abordar mais temas, ter um desenvolvimento mais demorado. Encaixar todos os finais em apenas duas horas, obrigou os roteiristas a sacrificarem muitos ponto, então não vemos a morte do Edward, vemos Athelstan assumir uma postura que não é condizente com a postura dele no episódio anterior da série, não vemos os destinos dos filhos do Uhtred, enfim, o que temos aqui é meio que um prêmio de consolação para agradar o público, já que a decisão de encerrar o show em sua quinta temporada, foi tomada no princípio da formatação do programa, antes da conclusão do Cornwell para seus livros .
Tecnicamente falando, esse filme não tem diferença nenhuma da série, é a mesma equipe, tem o mesmo valor de produção, percebe-se que não teve nenhum grande orçamento, resumindo é um trabalho modesto, regular, aliás chamá-lo de filme é um adjetivo muito forte, vamos dizer que são dois episódios especiais que condensam muito da história, e deram um título diferente. O elenco é o mesmo, o nível do roteiro é o mesmo, o que salva que a história é boa e apesar de ser contada de uma forma atropelada, ela ainda possui muito valor para quem acompanhou todos todas as temporadas anteriores.
The Last Kingdom: Seven Kings Must Die finaliza a saga do Ulthred de uma forma peculiar, ele até agrega valor a franquia, mas também não é indispensável, quem quiser ficar com o último episódio da quinta temporada da série como seu desfecho, pode ficar numa boa, porque esse longa não vai fazer falta. Seria muito melhor uma sexta temporada contando essa história de uma forma mais palatina, cadenciada, ao invés da pressa e da correria com que foi, mas apesar dos pesares, em uma era onde séries são canceladas abruptamente deixando seu público na mão, creio que um filme encerrando em definitivo e até é melhor do que nada, apesar de que mesmo sendo bom, ele poderia ser muito melhor.
Acusados
3.9 202 Assista AgoraTHE ACCUSED
Direção: Jonathan Kaplan
Ano: 1988
Assistido em: 03/02/2024
Sou um apaixonado por dramas de tribunal, e curiosamente apesar de já conhecer a história desse filme há muitos anos, principalmente devido ao fato da Jodie Foster ter ganho seu primeiro Oscar por ele, nunca tive a oportunidade de assisti-lo, isso até hoje, quando pude conferir essa obra impressionante, impactante e importante, e que deveria e merecia ser mais reconhecida no meio cinematográfico.
Certa noite a jovem Sara é violentada por três homens em um bar, ela procura a polícia, e o caso vai parar nas mãos da promotora Kathryn que logo faz um acordo com os acusados e finaliza o caso para a total insatisfação de Sara. Se sentindo culpada por não ter feito justiça, Kathryn descobre que ainda poderia conseguir prender mais culpados por essa história, recorrendo a uma manobra pouco antes vista na história dos tribunais americanos: processar os “espectadores” do estupro, que incentivaram o mesmo e nada fizeram para impedir que ocorresse.
Eu não fazia a menor ideia de que esse longa era vagamente inspirado e um caso real, sempre acreditei que era um drama legal de uma garota abusada sexualmente, mas não imaginava que o grande foco do roteiro não fosse a luta dela contra os estupradores, mas sim contra aqueles que testemunharam e nada fizeram, ou melhor, fizeram sim, instigaram a violência. Quando tomei conhecimento da história real ocorrida em 1983 nos Estados Unidos fiquei morto de curiosidade pelo filme que só pode ser descrito como brutal. Vemos uma mulher ser violentada, desacreditada, desrespeitada, humilhada e sendo julgada ao invés daqueles que são os verdadeiros criminosos.
Além de uma discussão absurda sobre as nossas responsabilidades civis, temos uma Jodie Foster espetacular, seja nos seus momentos de fragilidade, seja nas erupções de raiva de sua personagem, a atriz está fenomenal, foi merecidíssimo o seu primeiro Oscar de melhor atriz por esse trabalho, outro destaque é Kelly McGillis, que nesse final de anos 80 fazia grandes papéis em filmes importantes, pena que infelizmente ela não conseguiu manter o sucesso da carreira com o passar dos anos. Outro que merece destaque é o Leo Rossi, que me fez sentir mais ódio do personagem dele do que dos próprios estupradores, o homem estava absurdo, de despertar a ira no espectadores, e isso é devido a excelente performance e a direção afiada.
The Accused nunca seria feito nos dias de hoje, ele pode soar errado em muitos momentos porque obviamente estamos lidando com uma produção do final dos anos 1980, então o que hoje é considerado absurdo, naquela época era o normal, por isso não espere por um tratamento adequado para a vítima de abuso sexual, isso não existe aqui. Outra coisa que não imaginaria e que o filme mostraria a cena do estupro, foi surpreendente observar que o diretor Jonathan Kaplan a manteve no corte final, e a mesma foi tão bem realizada que conseguiu ser bem desconfortável e aterrorizante para quem assisti. Estamos diante de um filme que infelizmente não recebe o devido reconhecimento, já que ele traz uma discussão séria, relevante e que deveria ser ainda mais difundida no cinema, fala sobre os limites que devem ser impostos e respeitados, sobre como não tratar uma vítima de abuso, e principalmente que esse tipo de crime não pode ficar impune. Só espero que nesses 36 anos que separam 1988 de 2024, as leis norte-americanas e de todo o restante do mundo tenham sido endurecidas em relação a isso, porque um estuprador receber uma pena de cinco anos é surreal, é algo inaceitável.
Cavaleiro de Copas
3.2 412 Assista AgoraKNIGHT OF CUPS
Direção: Terrence Malick
Ano: 2015
Assistido em: 03/02/2024
Já prometi para mim mesmo inúmeras vezes, que tenho que parar com essa mania estúpida de querer assistir alguns filmes apenas pelo seu elenco, ou apenas por um ator específico. Tenho Christian Bale como o meu ator favorito, e isso já tem muitos anos, então quando ele está em um projeto automaticamente vou atrás, mas demorei 9 anos para poder assistir Knight of Cups, instintivamente já sabia que esse não era para mim e quando chegou a hora de finalmente conferir, a obra se mostrou ainda pior do que eu imaginava que seria.
Durante duas horas acompanhamos o personagem de Christian Bale caminhando de um lado para o outro, encontrando diversas pessoas, fazendo coisas aleatórias, muitas sem sentido, e todas desinteressantes, não existem diálogos complexos, ou sequer uma linha narrativa clara, e isso dá um sono desgraçado. Sempre soube que o Terrence Malick tem alguns filmes contemplativo, mas nunca fui atrás de nenhum deles porque isso não é para mim, sou um cara que gosta de diálogo, assisto cenas gigantescas de personagens discutindo e argumentando com um sorriso de orelha a orelha, mas não me ponha para assistir uma coisa dessas, de imagem aleatórias e sem sentido que isso não faz meu gênero.
Acredito que se você for fazer uma alegoria, ela precisa ter uma lógica para que as pessoas que vão contemplar a obra percebam do que se trata, entendam que é uma crítica, que é uma sátira, enfim, li algumas possíveis interpretações sobre esse filme na internet, e a mais aceitável é a de que o “roteiro” aborda a construção de um filme em Hollywood, e honestamente, se essa era a ideia original do Malick, para mim ele falhou miseravelmente, porque em momento algum consegui sentir que era isso que ele tava contando.
A única explicação que encontro para um elenco tão estelar ter aceitado participar desse projeto é devido ao forte nome do Terrence Malick, ele é um diretor muito conceituado em Hollywood e é devido a essa fama que acredito que ele tenha conseguido reunir Christian Bale, Cate Blanchett, Natalie Portman, Antonio Banderas, Jason Clark, Ben Kingsley, Wes Bentley, Ryan O’Neal entre outros, porque honestamente eu não consigo visualizar a cena de nenhum deles lendo esse “roteiro” e achando a história boa.
Esse é o primeiro trabalho do Malick que assisto, e só não vai ser o último porque eu ainda pretendo assistir aos quatro primeiros filmes dele, que são muito famosos e de uma época anterior a essa fase dele de querer usar o cinema para questionar a vida, ou seja lá qual é o objetivo desses filmes contemplativos que pra mim não passam de imagens aleatórias que não despertam interesse. Acredito que cada diretor faça o que bem entender com seu filme, mas antes de qualquer coisa é necessário que o público entenda, porquê do que que adianta você fazer um trabalho que só faça sentido para seu idealizador?! Talvez fosse melhor ter feito um vídeo caseiro, ao invés de uma produção que desperdiça tantos talentos, resumindo tudo: eu só queria minhas duas horas de vida de volta.
Argylle: O Superespião
2.8 91ARGYLLE
Direção: Matthew Vaughn
Ano: 2024
Assistido em: 02/02/2024
Se tem um diretor que soube conquistar meu coração na década passada, esse foi o Matthew Vaughn, desde que assisti Kingsman: The Secret Service (2014) pela primeira vez lá em 2015, me apaixonei perdidamente pelo universo, pela ironia, pelo deboche, pela piada que ele fazia com os clichês do mundo da espionagem, e de lá para cá Vaughn continuou focado nesse universo, e no seu primeiro passeio fora desse mundo, ele nos entrega Argylle que também trata sobre espionagem. E mesmo não conseguindo desgostar dos trabalhos atuais do diretor, tenho que admitir que esse é o pior filme dele desde Layer Cake (2004), seu primeiro trabalho de direção.
Elly Conway é uma escritora renomada do gênero suspense de espionagem, ela se tornou famosa com a série Argylle, que é um verdadeiro fenômeno literário. Quando Elly está concluindo o quinto livro da sua saga, ela é abordada por Aidan, um homem que alega ser um espião que quer salvá-la de uma perigosa organização secreta que esta atrás dela. Agora Elly deverá correr para salvar sua vida enquanto a ficção escrita para seus livros se mistura à sua realidade.
Vaughn resolveu brincar com público, Argylle é um seu trabalho mais diferente, e devo dizer que é mais um dos títulos recentes com o qual Hollywood está enganando o espectador. Como ocorreu recentemente com Wonka (2023) e com a nova versão de Mean Girls (2024), quem assistir ao trailer, ou só vê o pôster pode ser levado a crer que o protagonista dessa história é o personagem título interpretado por Henry Cavill, mas é aí que está o pulo do gato, Argylle é apenas um personagem criado por Elly, todas as cenas que Cavill está envolvido são uma enorme brincadeira, um contraste entre o que é a espionagem de ficção e a “espionagem real”, ou seja mais uma vez Vaughn brincando com a diferença que existe entre o trabalho ficcional de espiões e o trabalho da “realidade”, entretanto apesar da ideia ser boa a execução não foi das melhores, temos um filme inchado, cansativo e que é repleto de twists, dos quais alguns funcionam e outros não.
Eu teria adorado se os vilões fossem de fato pais da Elly, que ela fosse essa outsider, essa pessoa que cai de paraquedas nesse mundo. Mas quando revelam que ela era uma espiã, e que todas as histórias escritas para o Argylle na realidade são suas lembranças que ela havia perdido devido a um condicionamento de memória realizado pela Catherine O’Hara, o filme me perdeu. É como se o que havia de melhor nele fosse jogado na lata do lixo, já temos inúmeros filmes de super espiões, não precisava de mais um, seria muito mais interessante vermos a dinâmica de um civil no meio da loucura, entretanto isso ficou com deus.
O elenco desse filme é uma coisa de louco, Bryce Dallas Howard, Sam Rockwell, Catherine O’Hara, Bryan Cranston, Samuel L. Jackson e o gatinho Chip (gato da esposa do Vaughn) esbanjam carisma, e seguram seus personagens mesmo quando o roteiro não colabora, o ponto fraco fica para Henry Cavill e John Cena, aqui ainda mais canastrões do que a história exigia. Ainda temos muita loucura ala Matthew Vaughn, mas achei ele muito controlado, ainda temos as sequências de luta ao som de boas músicas, mas por mim teria mais violência, como em Kingsman e Kick Ass (2010) por exemplo.
Argylle é uma proposta extremamente audaciosa, Vaughn e a Apple tem planos gigantescos para essa nova marca, mas infelizmente creio que esses planos não serão concretizados tendo em vista a repercussão negativa que o filme está tendo, e principalmente ao desempenho da bilheteria que provavelmente será catastrófico. Honestamente não me importo muito com isso não, eu ainda estou esperando pelo meu Kingsman 3 concluindo a saga do Galahad, e quero que depois disso o Vaughn vá urgentemente atrás de outros projetos, que saia fora desse negócio de história em quadrinhos e de espionagem, ele é um excelente diretor, muito talentoso para ficar preso a um gênero, seria um desperdício, não que esse novo projeto seja de todo ruim, mas é decepcionante, haja vista o nível dos responsáveis pela execução do mesmo, é um filme divertido, que você vai assistir e esquecer, uma simples diversão passageira, coisa que não espero do Vaughn.
A cena pós-créditos revelando que Argylle faz parte da Kingsman deveria me animar, mas confesso que não fiquei muito empolgado não, mesmo sendo apaixonado pelo universo do Eggsy.
Sunrise
2.3 2SUNRISE
Direção: Andrew Baird
Ano: 2024
Assistido em: 28/01/2024
Hollywood está cada dia que passa mais suja, os estúdios e as distribuidoras estão escondendo gêneros, estão fazendo de tudo para tentar convencer o público a se levantar da cadeira de casa e ir para poltrona do cinema. Quando saíram as primeiras notícias sobre esse projeto “informaram” que ele era um terror de vampiro, protagonizado por Guy Pearce e Alex Pettyfer, e como sou muito fã de histórias vampirescas e gosto bastante dos dois atores em questão, imediatamente fiquei animado para assistir, pena que assim como o Pica-Pau: fui tapeado.
No noroeste dos Estados Unidos somos apresentados a uma pequena cidadezinha onde o perverso Reynolds controla tudo com mãos de ferro e extrema violência. Entretanto, tudo vai mudar quando o misterioso Fallon chega ao local e coisas estranhas relacionadas a lenda do Capa Vermelha começam a ocorrer.
Quem pensa que isso aqui é um filme sobrenatural está muito enganado, toda a mística envolvendo o tal do Capa Vermelha é praticamente inexistente, tem pouquíssimas cenas de terror e todas elas muito desinteressante, Sunrise está mais para um suspense de vingança (mal feito) do que um filme de horror, e tudo isso com uma história pífia e personagens que são uma verdadeira água de salsicha de tão sem sal e sem gosto.
Como disse, gosto muito do Alex Pettyfer só que oh personagenzinho horroroso que ele tá fazendo aqui, é o típico forasteiro que chegam à cidade e decide ajudar seus moradores só que porra o sujeito era para ser uma entidade, uma criatura da noite, e ele não faz quase que merda nenhuma, tem uma história triste, mas caguei para isso, quem tem um destaque um pouquinho melhor é o Guy Pearce no papel de vilão genérico que controla a vida de todos, mas ainda assim não é nada demais, e só menos pior que todo o resto.
Com um roteiro fraquíssimo, personagens sem vida, sem brilho e com atuações apagadas Sunrise é uma enorme decepção. Se você chegou aqui esperando por um filme vampiro desista, não é nada disso que você vai encontrar, aliás nem terror você vai achar, é um filme B de suspense/vingança, que há uns 20 anos atrás era lançamento direto para DVD e hoje chega nos streamings, aliás, nem sei que milagre isso não foi lançado pela Netflix e sim por vídeo on demand.
Planeta do Tesouro
3.7 209 Assista AgoraTREASURE PLANET
Direção: John Musker e Ron Clements
Ano: 2002
Assistido em: 28/01/2024
Ron Clements e John Musker para mim são dois dos nomes mais importantes da história do cinema, e não estou exagerando, eles estão entre os mais cultuados diretores da história da Disney, e direciono a eles a responsabilidade pela formação de uma geração inteira de apaixonados pelo cinema. Eles são aqueles que deram o pontapé inicial na chamada Era Renascentista, período entre 1989 e 1999 no qual a Disney saiu do fundo do buraco e voltou a ter relevância com suas animações, nesse período eles dirigiram nada mais nada menos que The Little Mermaid (1989), Aladdin (1992) e Hercules (1997), três dos mais amados e queridos filmes do estúdio. E como eu era criança nesse período, Clements e Musker tem um verdadeiro altar aqui em casa, já que basicamente muito do que eu amo, vem do trabalho deles.
Jim Hawkins é um jovem que desde criança sonha em conquistar as estrelas. Certo dia Jim encontra um mapa para o tesouro do Capitão Flint, tesouro esse que é cobiçado por todos os piratas do universo. Quando o pirata John Silver chega a estalagem de Jim, eles vão embarcar em uma viagem pelo espaço em busca do tão desejado tesouro.
Chega a ser triste falar sobre esse filme, quem conhece um pouquinho da história da Disney ou da história dos diretores sabe que esse projeto demorou muito para sair do papel, Clements e Musker apresentaram a ideia de um filme baseado em A Ilha do Tesouro junto com o projeto da pequena sereia, isso em meados de 1985/86, mas enquanto a história da Ariel foi aprovada, essa daqui foi escanteada, e depois disso eles tentaram tirá-lo do papel por diversas vezes, mas o mesmo sempre era recusado pela Disney. Por um lado eu agradeço a recusa do rato, já que foi graças a isso que conseguimos três obras primas da animação, mas por outro fico triste de saber que quando finalmente os diretores conseguiram o aval para fazer o seu projeto dos sonhos, ele foi um puta fracasso.
Meu grande problema com esse filme é que não consegui reconhecer nele as características comuns às obras dos seus realizadores, ele é baseado no livro do Robert Louis Stevenson, entretanto é levado para as telas de uma forma apática, seus personagens são fracos e nada interessantes. A adaptação não chega a ser um problema, afinal de contas Clements e Musker são especialistas no assunto, já que levaram para as telas uma história do Hans Christian Andersen, outra das de As Mil e uma Noites, e até mesmo fizeram uma salada com os milenares mitos da Grécia Antiga, ou seja trabalhar personagens originados em outras fontes nunca foi o problema, entretanto em Treasure Planet faltou brilho, faltou vida, é tudo estranho, e não falo isso nem pela estética, mas por toda a composição da história, é algo pouco inspirado, que chega soa estranho levando em consideração que era o projeto dos sonhos.
Apesar do visual diferente, mas bonito, e da trilha sonora interessante, Treasure Planet falha em se conectar com seu público, ele não é divertido para uma criança ao mesmo tempo que também não consegue falar com os adultos, bem diferente das três obras-primas anteriores dos seus realizadores. Com admirador muito apaixonado do trabalho da dupla de ouro da Disney, me dói não ter gostado desse filme, fiquei com um gosto amargo na boca.
É triste saber que o fracasso dessa e de outras produções foram decisivos para a Disney abandonar as animações 2D, e mais triste ainda saber que o primeiro grande fracasso de Ron Clements e John Musker foi justamente aqueles pelo qual eles mais lutaram para tirar do papel. Fui assistir Treasure Planet de mente aberta, querendo gostar de tudo que estava assistindo, mas infelizmente não deu certo. É óbvio que ele não chegou nem perto de arranhar a admiração que tenho pelo trabalho do Clemente e do Musker, mas é desconfortável saber que eles têm essa bomba no currículo.
Os Suspeitos
4.1 782 Assista AgoraTHE USUAL SUSPECTS
Direção: Bryan Synger
Ano: 1995
Assistido em: 27/01/2024
Eu amo suspense policial com plot twist, sou daqueles que vai atrás de listas, que vai no IMDb, que assiste o WatchMojo procurando qualquer nova recomendação do gênero, e mesmo venerando esse tipo específico de produção, nunca tive a oportunidade de assistir The Usual Suspects, que é de longe um dos mais famosos desse estilo. Sempre que eu via alguma menção ao seu roteiro, eu parava a leitura, pulava o vídeo, enfim, fazia de tudo para não estragar ainda mais minha futura experiência, já que conheço o fim da história há muitos anos, e agora chegada a hora de assistir… caramba que decepção!!
Após um barco ser incendiado no cais resultando em dezenas de mortos, a polícia interroga Verbal Kint, um dos únicos sobreviventes do crime. Kint vai aos poucos revelando toda a trama que levou ele e mais quatro criminosos a chegarem naquela embarcação e como se deu o massacre, entretanto a polícia tem muitas dúvidas, já que a história é mais complexa do que parece.
Olha eu sempre soube que esse filme tinha ganhado o Oscar de melhor roteiro original, só que logo nos primeiros minutos, eu já me perguntava como isso aconteceu. Sou muito fã do McQuarrie, ele é muito bom roteirista basta ver o excelente trabalho que ele fez nos últimos anos com a franquia Missão Impossível, mas gente isso aqui é uma bagunça, o roteiro é extremamente confuso, tem uma narrativa não linear, mas o público fica perdido logo no começo. Tudo bem que a edição do John Ottman também não ajuda, mas esse roteiro é muito caótico, existem diretores que conseguem contar uma história em ordem não linear de uma forma impecável vide Christopher Nolan e Quentin Tarantino só para citar dois exemplos, mas aqui não é o caso, você fica perdido e demora para conseguir se orientar, entender o que que tá acontecendo, e até mesmo no final, quando as peças começam a se encaixar, ainda assim existe a sensação de desorientação pois o filme simplesmente não consegue transmitir sua história com clareza.
O grande trunfo de The Usual Suspects está no plot twist, sendo inclusive bem mais lembrado por ele do que por sua história no geral, e é claro temos também a atuação do Kevin Spacey, mas sem sombra de dúvidas é a reviravolta do final que faz a fama, reviravolta essa que para mim foi estragada lá atrás, no primeiro Todo Mundo em Pânico (2000) há mais de 20 anos, mas ainda assim eu tinha esperança já que com outros filmes que também assisti após saber o final, eu consegui me surpreender com a construção do desfecho dos mesmos, vide Psicose (1960), Planeta dos Macacos (1968) e Clube da Luta (1999), mas aqui isso não ocorreu. Para dizer a verdade achei toda essa trama sobre a identidade do Keyser Söze bem sem graça e previsível, achei simplesmente impossível assistir sem desconfiar do Kint nem que seja por um segundo, só se a pessoa nunca assistiu a um thriller na vida.
Polêmicas à parte, eu gosto do trabalho do Bryan Singer e acho Kevin Spacey um ator espetacular, e eles ainda contam com Gabriel Byrne, Benicio del Toro, Giancarlo Esposito entre outros no cast, mas de The Usual Suspects não me cativou, tem a questão da expectativa, e quanto maior, maior é a decepção, e nesse caso eu tinha MUITAS expectativas. Sobre essa história, mesmo estando entre os famosões do plot twist, esse aqui é muito morno e sem graça. Talvez uma polida nesse roteiro, se fossem aparadas algumas tramas paralelas, e fosse mais objetivo ele funcionaria melhor, mas a impressão que tive é que Singer e McQuarrie simplesmente embaralharam a história para tentar fazer com que o público não perceba o que viria ao final. Mesmo com pontos positivos, é impossível ignorar a sensação de desorientação que esse roteiro deixa com em muitos momentos, do começo ao fim do filme.
PS: John Doe de Seven (1995), lançado no mesmo ano, é melhor que o Keyser Söze em tudo, seja na escrita, na atuação do Spacey, no impacto na cultura pop, enfim impossível não compará-los e ver como um é muito superior ao outro.
Quero ser Grande
3.7 803BIG
Direção: Penny Marshall
Ano: 1988
Assistido em: 27/01/2024
Se tem uma coisa que é admirável nesse mundo é a inocência das crianças, quando você é pequeno é muito comum querer crescer o mais rápido possível para fazer coisas que te proíbem, é frequente escutar frases como “quando eu crescer”, “quando eu for grande vou fazer isso e aquilo”, e é claro que os grandões de Hollywood também já foram crianças, e como eles gostam de ganhar dinheiro em cima de literalmente tudo, não poderiam deixar passar batido esse sentimento das crianças, e logo produzem a rodo diversos filmes que retratam os pequenos se tornando adultos em um passe de mágica, e aqui temos aquele que provavelmente é o mais famoso com essa proposta.
Josh é um garoto de 12 anos de idade que mora com sua família na cidade de Nova York, ele tem uma vida normal para sua faixa etária, e seu único grande problema é não ser um pouco maior, ser mais velho. Certo dia, enquanto passeava por um parque com sua família, ele acaba encontrando uma máquina esquisita que concede desejos, e como alguém que não tem nada a perder, Josh acaba pedindo para ser maior, o problema é que no dia seguinte ele acorda com 30 anos de idade, sendo forçado a mudar sua vida radicalmente.
Sejamos honestos, quantos de nós não queríamos ser mais velhos quando crianças, e agora que somos adultos daríamos de tudo para voltar a ser pequenos?! Essa é uma daquelas grandes ironias da vida, de você sempre querer aquilo que não se pode ter. Big é uma fantasia deliciosa que trata justamente sobre isso, vemos como Josh faria de tudo para ser grande, e quando ele consegue, e começa a sentir o peso das responsabilidades, da rotina, da pressão de ser um adulto, logo quer voltar a ser criança. Por outro lado também vemos uma crítica muito interessante, o dono da empresa de brinquedos, o sr. MacMillan, vê naquele adulto (que ele não sabe que é uma criança de 13 anos) um comportamento infantil, mas não enxerga isso como algo ruim, ele reconhece uma mentalidade que não é boba, e sim mais inocente, não seria essa uma crítica do filme para nos alertar que nós enquanto adultos, deveríamos ter essa visão mais inocente da vida!? Sem malícia, sem maldade, simplesmente buscarmos por simplificar nossas relações, vejam as crianças, elas brigam hoje é amanhã estão de boa brincando juntas novamente, não guardam mágoa de ninguém, o roteiro nos desperta essa linha de raciocínio, nos chamando a ser mais como as crianças que fomos um dia.
Apesar de começar como uma comédia, nos prometendo gargalhada soltas com aquele menino tendo que se enquadrar no padrão de um homem de 30 anos, a história é muito mais que isso, da metade em diante a diretora Penny Marshall e os roteiristas Gary Ross e Anne Spielberg (irmã do Steven), viram uma chavinha e transformam a trama em um drama romântico, isso não é ruim de forma de forma alguma, mas particularmente me senti um pouco traído, porque esperava rir e de repente eu estava me emocionando por conta dos questionamentos que o filme estava levantando, pela linha de pensamento que ele estava me obrigando a aderir. A parte romântica se estende demais, e particularmente preferia ele voltado para comédia, mostrando mais dos perrengues do Josh do que tendo um relacionamento com uma mulher muito mais velha, mas isso não é algo que prejudique o saldo geral, só é algo que me pegou desprevenido e que acabou influenciando um pouquinho o minha reação a obra.
Tom Hanks está soberbo, ele conseguiu aqui a sua primeira indicação ao Oscar, e ganhou um Globo de Ouro de melhor ator de comédia, e você vê que o porquê, ele está impecável, Hanks se diverte, ele tem essa carinha de inocente, de jovem, e seus trejeitos estão maravilhosos, ele tem uma atitude de criança e nos convence que é uma. A linda da Elizabeth Perkins tem uma veia cômica incrível, e o filme deveria ter investido nisso, mas provavelmente nessa época ela ainda não tinha se enveredado para parte da comédia, quem já assistiu Weeds (2005-2012) sabe do que que estou falando, também temos Robert Loggia muito bem, e fazendo uma pontinha bem rapidinha, no estilo quem piscou perdeu, temos a maravilhosa da Debra Jo Rupp que é uma atriz que eu amo de paixão.
Estou assistindo Big pela primeira vez agora com 31 anos de idade, praticamente a idade que o Tom Hanks tinha quando fez o filme, e que pena que ele não fez parte da minha infância, porque é maravilhoso. É claro que eu já conhecia a clássica cena da loja de brinquedos, onde Hanks e Loggia tocam a “música da Danoninho” com os pé no piano de chão, mas Big é muito mais do que isso, é um filme bonito que nos leva a compreender que tudo a seu tempo, que devemos curtir a nossa infância e adolescência porque elas são curtas e passam rápido, que a vida adulta vai chegar cheia de problemas, mas que se encararmos tudo de peito aberto e com a serenidade, a simplicidade, a honestidade e a fé das crianças, às vezes essa fase seria mais gostosa de ser vivida, enfim é uma produção que nem parece ter seus 36 anos de lançada, envelheceu bem demais e vale muito a pena ser assistido por todas as gerações.
Conta Comigo
4.3 1,9K Assista AgoraSTAND BY ME
Direção: Rob Reiner
Ano: 1986
Assistido em: 21/01/2024
Como já devo ter dito em dezenas de outros comentários, não fui aquele aquela criança, aquele adolescente que vivia assistindo a Sessão da Tarde, estudei no período vespertino durante todo o meu ensino fundamental, e só assistia a sessão nas férias, ou quando não ia a aula, portanto muitos clássicos só fui conhecer depois de velho. E pode até ser um crime dizer isso, afinal de contas Stephen King é de longe um dos meus autores favoritos, mas somente agora, aos 31 anos de idade, tive a oportunidade de assistir Stand by Me, e honestamente creio que o assisti na hora certa, já que a minha cabeça do passado não teria maturidade suficiente para entender todas as camadas apresentadas.
No final dos anos 1950 um grupo de quatro amigos da pequena Castle Rock no Oregon, decide entrar numa jornada durante um final de semana, observar o corpo de um garoto que estava desaparecido há alguns dias, e que estava jogado a beira de um ruim. Ao longo dessa jornada vemos os laços de amizade sendo reforçados, sendo transformados por um processo que mudará a vida desses meninos para sempre.
Os chamados coming of age movies estão aí desde que o cinema nasceu, alguns passam batidos, outros entram para cultura pop, o fato é que a nossa infância e adolescência são os períodos mais curtos de nossas vidas, e ainda assim são aqueles responsáveis por basicamente todas as decisões que tomamos no nosso futuro, é com base nas experiências, nos traumas, nos medos e nas realizações desses períodos que vamos pautar muitas das nossas atitudes futuras, então é muito comum você encontrar no cinema filmes que retratam a transição, o momento da chamada perda da inocência, quando finalmente percebemos que no futuro nada será como antes.
Sou muito fã dos trabalhos dos anos 80 e 90 do Rob Reiner, ele é responsável por alguns dos melhores títulos desse período. Ele já tinha garantido todo o meu respeito com a brilhante adaptação que fez de Misery (1990) uma das melhores obras do Stephen King, mas aqui ele me cativa mais uma vez, com um filme simples (não simplório), com personagens bem desenvolvidos, com cenas muito bonitas, ótima direção de elenco, enfim um trabalho singelo, sem grandes pretensões, mas tão marcante, com diversas passagens e momentos que me fizeram pensar não só sobre a minha infância, mas também como sobre a minha vida adulta, e é incrível ver o processo de crescimento daqueles quatro garotos em tela e Reiner conseguiu captar isso com maestria.
Na cena final do filme vemos os meninos retornarem a Castle Rock e narrador diz que a cidade “parecia estar menor”, obviamente sabemos que na realidade eram eles que estavam maiores, foram eles que amadureceram, foram eles que passaram a enxergar a vida de uma forma diferente, a cena retrata com perfeição a mudança de chave que na vida real não é em um momento tão específico, mas que você entende que dali para frente tudo vai ser diferente. Outro momento muito interessante é quando a narração revela que nunca mais os quatro se reuniram daquela maneira, tal qual faria em It (1986) Stephen King se recusa a manter essa “mística” de que amigos de infância e adolescência vão estar com você para sempre, ele escancara o que é verdade em 99% das situações: que essas pessoas passaram na sua vida e se foram, e que só vão ficar na sua memória, pois no futuro o contato será praticamente inexistente, amo como King sempre nos lembra disso, e que no final a única coisa que resta são as lembranças das experiências conjuntas, essas sim, ficam conosco para sempre.
Reiner escolheu um elenco que dá um show, e como era talentoso o River Phoenix, e é tão triste saber que a vida dele seria tão curta, e tudo o que iria acontecer pouco tempo depois do lançamento desse filme, temos também Wil Wheaton que estava excelente, e o debutante Jerry O’Connel que também estava muito bem, porém eu tenho um sério problema com o Corey Feldman, nunca gostei dele, acho péssimo em tudo que faz e aqui ele já dava sinais da desgraceira que viraria lá na frente, o único ponto negativo dos quatro protagonista para mim é ele, finalizando temos Keith Sutherland e John Cusack bem novinhos, mas já esbanjando competência.
Stand by Me é ótimo, ele tem todo aquele espírito dos anos 80 que fazia daqueles filmes algo mágico, algo tão especial e inesquecível. Sem sombra de dúvidas é um dos melhores trabalhos do Rob Reiner e merece todos os status que adquiriu ao longo dos anos, toda a força, toda a potência que fazem dele um dos mais queridos desse período. Essa é de longe uma das raras boas adaptações que o King teve para os cinemas, e é inegavelmente um clássico que nos deixa reflexivos, e que funciona para todas as idades porque conversa conosco em todos os momentos, sem sombra de dúvidas um filmaço.
PS: Nunca entendi o motivo da mudança do título de The Body para Stand by Me, mas só de ouvir a música clássica Ben E. King tocando no começo e no final, valeu demais, essa música é de arrepiar.
A Travessia
3.6 613 Assista AgoraTHE WALK
Direção: Robert Zemeckis
Ano: 2015
Assistido em: 21/01/2024
Algumas pessoas têm feitos únicos na vida, e não importa o que aconteça, não dá mais para se igualar. Philippe Petit é uma dessas pessoas, ele não só fez algo de uma dificuldade e periculosidade extremas, como que também é impossível de se repetir nos dias de hoje, portanto nada mais justo do que imortalizar seu feito em um filme, só que não precisava ser um tão chato.
Na década de 1970 a cidade de Nova York contemplava o lançamento do World Trade Center o maior centro financeiro do país, sua joia da coroa, entretanto eram as Torres Gêmeas, dois edifícios gigantescos, lado a lado, que se tornaram a maior construção feita pelo homem até então. As Torres chamam a atenção de Philippe, um equilibrista francês que teve a brilhante ideia de esticar um cabo de aço entre as duas e atravessar de uma pra outra.
Robert Zemeckis foi um dos principais nomes do cinema nas décadas de 1980/1990, entretanto de uns tempos para cá ele perdeu aquele toque mágico que garantia que tudo que fizesse renderia uma grande produção cinematográfica. Antes de mais nada deixo bem claro que não achei The Walk um filme ruim, eu disse que ele é chato, o feito de Petit é inegavelmente de tirar o fôlego, digno de aplausos, e ele merece ser reconhecido por isso até o fim de seus dias, mas a história apresentado em tela é muito chata, você sabe que será recompensado ao final com algo grandioso, mas o caminho até lá é doído.
O personagem Petit é um saco, ele mesmo diz em determinado momento que é uma pessoa difícil, mas eu não diria que era difícil, diria que ele é insuportável. Ok o homem precisa ser metódico, precisa ser focado para atingir o seu objetivo, que não é algo fácil, mas nada justifica ser um babaca com os amigos e com a namorada, aí já é demais. Outro detalhe que me incomoda horrores foi a narração, e ainda pior que a narração foram as interrupções mostrando Joseph Gordon Levitt em cima da tocha da Estátua da Liberdade com um CGI HORRENDO, sério Zemeckis?! Pra que isso?! Quebrava minha imersão a cada uma das inserções, e não foram poucas.
The Walk é um filme competente, tem seus acertos, e te entrega o que prometeu, afinal de contas a cena da travessia é muito bem feita, só que é um filme sem vida, sem alma, não é algo que você vai se lembrar, que vai ficar na memória, é só mais um daqueles que assim que subirem os créditos você vai deletar da cabeça, e é uma pena, principalmente se tratando de um profissional tão talentoso quanto Zemeckis, que precisa urgentemente dar uma revitalizada na sua carreira, e voltar a nos entregar os trabalhos grandiosos que outrora já entregou.
Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante
3.3 41 Assista AgoraARISTOTLE AND DANTE DISCOVER THE SECRETS OF THE UNIVERSE
Direção: Aitch Alberto
Ano: 2022
Assistido em: 20/01/2024
Pode até parecer piada, mas no primeiro momento que eu li o título desse filme eu pensava que se tratava de alguma ficção científica sobre dois amigos que tinha alguma ligação com o universo, espaço ou ciência, e decidi assistir sem nem ler a sinopse, e que baita surpresa ao perceber que se tratava de um temático sobre dois adolescentes descobrindo a sua sexualidade em plena década de 1980, é aquele belo ditado: mirei no que vi acertei no que não vi.
Em 1987 somos apresentados a Aristotle, conhecido como Ari, um jovem totalmente introvertido, que não se socializa, e que vive bem solitário. Entretanto tudo muda quando um dia no clube de natação ele acaba conhecendo Dante, que o ensina a nadar, dali nasce uma bela amizade que aos poucos vai se revelando algo muito maior na vida dos jovens.
Não sou maior adepto de filmes adolescentes, mas admito que quando se trata de um filme sobre adolescentes gays se descobrindo, ele ganha minha atenção de imediato. Como homossexual, creio que é muito importante retratar esse período que é o verdadeiro caos nas nossas vidas, se para os héteros, que são socialmente aceitos, não é fácil ser adolescente, imagine para nós gays, que nos sentimos ainda mais desconexos em um mundo que nos renega! Enfim, retratar isso é importante porque pode ajudar uma série de pessoas que está sofrendo neste exato momento, e nesse sentido o filme arrasa, porque trabalha muito bem o processo de descoberta, ao mesmo tempo que também não é aquele sonho adolescente utópico, como por exemplo aconteceu em Love, Simon(2018), aqui (ainda que de uma maneira mais moderada) conhecemos a força do ódio do ser humano, que simplesmente prefere matar aquele que é diferente dele, ao invés de simplesmente aceitar que existem pessoas de todos os tipos, de todos os gêneros, e que o que elas fazem de suas vidas sentimentais, não afeta os outros em nada.
Os protagonistas são muito bonitinhos, atores fofos e coisa e tal, mas devo admitir que não senti química de casal nos dois, preferia muito mais que a trama os trabalhasse apenas como amigos, porque sim minha gente, é possível existir amizade no mundo gay! Mas já que a história caminhava para um romance, o jeito foi aceitar, mesmo tudo relacionado ao relacionamento seja sem graça e sem paixão.
Em linhas gerais a história de Ari e Dante é simples, gostosinha de acompanhar, que como disse acima, não é perfeita, enfeitada e fantasiosa, tendo partes que nos puxam para a realidade, mas senti que ainda assim certas discussões ficaram superficiais. Se tratando do ano de 1987, acredito que o roteirista e diretor Aitch Alberto tinha uma base absurda para trabalhar muito mais a questão da intolerância, a questão do preconceito, a questão da AIDS que assolava a comunidade LGBT da época, enfim, poderia ser mais audacioso, ir além do simples romance adolescente, mas ainda assim ele entrega um filme bem satisfatório, ainda mais nesse deserto tão seco, que é o de produções de qualidade voltadas para o público LGBT.
Sicario: Terra de Ninguém
3.7 942 Assista AgoraSICARIO
Direção: Denis Villeneuve
Ano: 2015
Assistido em: 20/01/2024
Denis Villeneuve é de longe um dos diretores que mais me cativaram ao longo dos últimos anos, ele me deixou de boca aberta com alguns de seus títulos, principalmente suas ficções científicas Arrival (2016) e Dune (2021), essas que entraram para o meu clube de filmes favoritos. Entretanto ainda não posso colocá-lo no grupo dos meus diretores favoritos devido a inconstâncias, para cada obra que me apaixono, tem uma que me decepciona. Sicario é um que evitei assistir durante muito tempo, pois o gênero não chama minha atenção, mas resolvi dar uma oportunidade mesmo que tardiamente, e foi só para reforçar uma certeza que já tinha.
Na fronteira entre Estados Unidos e México, acompanhamos Kate, uma dedicada agente do FBI que é designada para ajudar no combate ao narcotráfico. Seu objetivo é derrubar um grande líder do crime organizado, entretanto isso não será nada fácil, já que ela será forçada a enfrentar tanto ameaças externas quanto internas.
Não sou fã de filmes policiais dessa linha “herói americano que combate o mal”, que quer acabar com o tráfico, que quer salvar as criancinhas que estão sendo ameaçadas e blá blá blá, para mim isso é pura hipocrisia ideológica. Lendo comentários avulsos na internet e assistindo vídeos de críticas, sempre soube do que esse aqui se tratava, e por isso nunca chamou minha atenção, e apesar da história ser bem construída, ele comete um crime muito pior do que ser ruim: é chata!! Chega a ser desinteressante em muito momentos, os personagens não cativam, e não entendam mal, não senti falta dos tiros, das explosões, dos esfaqueamento e do sangue comum ao gênero filme de “ação”, não é nada disso, aliás eu passo longe desse tipo, o problema é que a história não começa em momento algum, é como eu li um comentário aqui no Filmow, “o filme começa do nada e termina no lugar nenhum”, começa com uma trama e termina com outra, primeiro seguimos uma personagem e da metade pro final muda, é como se ninguém soubesse o que queria contar.
Villeneuve é um excelente diretor,e aqui ele reúne um cast brilhante, com os ótimos Emily Blunt, Benicio Del Toro e Josh Brolin como os protagonistas, mas infelizmente nenhum deles brilha. O personagens Del Toro ainda se destaca com um twist no final, mas nem assim foi algo que me animou, tanto que nem me importei com o desfecho de ninguém.
Sicario para mim fica como uma válida lição, de que quando você não gosta de uma coisa às vezes não vale a pena forçar, não importa se o diretor é um nível “A”, não importa se o elenco é de primeira, se o roteirista tem muitos trabalhos famosos, se o produto que está sendo oferecido já vem em uma embalagem que não te agrada, o melhor é passar longe. Apesar de não ter achado o filme ruim, e reconhecer suas qualidades técnicas como a excelente direção, e o show do elenco, confesso que já apaguei tudo da minha cabeça passado menos de 24h que assisti. Sei que existe uma sequência, e nos últimos meses vem se falando da possibilidade do Villeneuve retornar para um vindouro terceiro título, mas eu vou ficando por aqui, prefiro me concentrar nos próximos sci-fi do diretor, que nesse quesito ele (quase) nunca erra.
Mergulho Noturno
2.2 105 Assista AgoraNIGHT SWIM
Direção: Bryce McGuire
Ano: 2024
Assistido em: 19/01/2024
Quando o ano começa eu já sei absolutamente todos os filmes que vou querer ver no cinema, muito raramente vou sem saber o que me espera, só que às vezes quando estou entre filmes, esperando a próxima estreia, fico com saudades de ir ao cinema e escolho um título aleatório e vou assistir sem quase nada saber. Com Night Swim o único detalhe que tinha conhecimento, eram as presença do Wyatt Russell e da Kerry Condon, e que havia uma piscina mal assombrada na história.
A família Waller se muda para uma nova residência com o objetivo de iniciar uma nova vida, já que Ray, um famoso jogador de beisebol, está em processo de tratamento devido à esclerose. Na nova residência, o ponto alto é a piscina que além de ajudar Ray em seu tratamento, torna-se o local favorito de sua esposa e filhos. Porém a casa dos sonhos logo se torna local de pesadelos, menos para Ray que é o único que se beneficia com o local, já os outros membros da família, estão assustados com visões e episódios cada vez mais perturbadores toda vez que estão dentro da água.
Uma piscina assassina pode até parecer uma ideia esdrúxula, mas o cinema do terror vive do absurdo, alguns dos melhores títulos do gênero nasceram de ideias estapafúrdias então é claro que isso aqui poderia dar muito certo, desde é claro, que se bem feito, e apesar das muitas falhas, é bem nítido que o diretor e roteirista Bryce McGuire se esforçou para conduzir essa trama da melhor maneira possível, mesmo que algumas derrapadas bem feias tenham ocorrido no processo.
O roteiro é basicão de sempre, bebeu muito de Amityville por exemplo, mas o grande problema aqui, é que Night Swim não assusta, na realidade ele não empolga em momento algum, é um filme que me deixou entediado mesmo sendo extremamente curto do alto de suas 1h38m, eu estava tão fatigado, que olhei no relógio umas cinco vezes, porque o que estava sendo apresentado nunca decolava, e claramente poderia ter rendido algo melhor caso seus personagens fossem melhor trabalhados e tivessem mais “profundidade”, até vemos uma boa apresentação do Ray, mas todos os outro são muito superficiais, feito de qualquer jeito, merecia mais esmero.
Foi-se o tempo que Blumhouse e James Wan eram sinônimos de bons filmes de terror, eles estão dando muitas vaciladas ultimamente, e mesmo que alguns títulos obtenham sucesso financeiro e repercussão como M3GAN (2022) para citar um exemplo, é inegável que não há mais aquele encantamento do passado, seria extremamente importante que os produtores descem uma revisada nos seus planos futuros, e começassem a reavaliar algumas produções, ponderando se vale a pena manchar o nome da marca em prol de alguns dólares, Night Swim mesmo vai passar batido, e creio eu que no final do ano ninguém nem mais vai lembrar de que se tratava essa estréia de janeiro.