"Daryl Dixon" é uma série de televisão americana criada por David Zabel (roteirista da lendária série noventista "ER") para a AMC, baseada no personagem de mesmo nome da série "The Walking Dead". É o quinto spin-off e a sexta série de televisão da franquia "The Walking Dead", compartilhando continuidade com as outras séries e ambientada após a conclusão da série de televisão original.
Daryl Dixon (Norman Reedus) é um dos principais personagens da série "The Walking Dead", sendo um dos poucos que participou de todas as 11 temporadas. Daryl é o irmão mais novo de Merle Dixon (Michael Rooker) e logo de cara ele já se torna um dos melhores amigos de Rick Grimes (Andrew Lincoln), logo nas primeiras temporadas da série principal. É interessante notar que no início da série o Daryl tem um comportamento mais incerto, mais dúbio, o que vai despertando incertezas no Rick e seu grupo, até pelo fato do seu irmão, que é uma figura maquiavélica. Porém, logo ele começa a conquistar as pessoas, assim como a própria Carol (Melissa McBride), e começa a ganhar a confiança do grupo, se tornando assim um dos principais personagens da série. Logo após a morte (ou desaparecimento) do Rick da série o seu protagonismo cresce notoriamente, o colocando praticamente como o principal líder e personagem da série até o final da última temporada.
A série "Daryl Dixon" é mais um spin-off derivado da série principal que traz uma continuação direta de um personagem importante da franquia, após a trama se ramificar em diferentes produções. Que nos mostra como continua a vida do personagem abordando os seus acontecimentos após o final da série principal, assim como aconteceu com o Rick, a Michone (Danai Gurira), o Negan (Jeffrey Dean Morgan) e a Meggie (Lauren Cohan).
O interessante aqui é o fato da série levar a trama para outro continente fora dos EUA, que sempre foi o local que se passou toda a série principal durante longos anos. A história é ambientada 12 anos após o início do contágio e para nos elucidar nos mostra os primeiros dias do apocalipse por meio de flashbacks (o que é interessante). Daryl acorda em uma França sem saber de fato como chegou até ali e por quê ele saiu de Commonwealth e chegou até Paris. Logo vamos nos ambientando com um cenário devastado e morto (assim como o próprio EUA), onde ele conhece novas pessoas, novos problemas, fazendo novas conexões que acaba interferindo e dificultando cada vez mais o seu plano de voltar para os EUA.
Um ponto que eu achei curioso é o fato da série focar na expansão da contaminação zumbi em um cenário fora dos EUA, assim como também temos novas variantes dos zumbis, o que os deixa ainda mais violentos e letais, os transformando praticamente em uma espécie de zumbis mutantes. Logo temos de volta aquele velho e conhecido Daryl que está novamente destroçando os zumbis e enfrentando todos os seus demônios, na medida que ele é incumbido de proteger um jovem muito inteligente que é visto por um grupo religioso como o futuro Messias destinado a guiar a humanidade para uma renovação. Este jovem é Laurent (Louis Puech Scigliuzzi), que se tornou praticamente uma lenda na região e o foco de diversas facções em toda a França.
E este é justamente o ponto de partida da série, o Daryl concordando em ajudar a conduzir o jovem para um local seguro em troca de uma ajuda para ele retornar ao EUA. Dessa forma a chegada do Daryl desencadeia uma violenta cadeia de eventos que toma conta daquele local. E aqui entra um ponto extremamente curioso na série, o fato de não ser somente o Daryl que sustenta grande parte da trama, pois temos a presença de Isabelle Carriere (Clémence Poésy, a Fleur Delacour da franquia "Harry Potter"). Isabelle é uma freira obstinada e membro de um grupo religioso progressista que encontra Daryl, sendo ela uma espécie de novidade, ou uma carta na manga dos roteiristas da série para nos contar uma nova história tão impactante como dos principais personagens da série original. Que sinceramente eu não sei bem se funcionou como eles premeditavam.
De início estamos perdidos tanto quanto o Daryl naquele local, mas logo descobrimos que ele foi capturado e levado pelo Oceano Atlântico antes de chegar à costa da França. E aqui eu vejo que a série subestima um pouco o que já conhecemos sobre o personagem Daryl Dixon, seja pelo fato dele ter sido um hábil caçador e líder de grupos em vários momentos da sua vida. Por ele já ter enfrentado todo tipo de dificuldades e ser inteligente o bastante para conseguir ter se livrado de todas elas. Porém, a série inicia mostrando um Daryl completamente perdido e inexperiente, por mais que ele tenha acabado de chegar em um local que ele sequer consegue se comunicar com o idioma nativo do lugar. E digo isso justamente pela série não se desprender do seu conteúdo principal, que é os cenários apocalípticos infestados de zumbis, e acho que nem poderia né, pois estamos falando justamente do universo "The Walking Dead". Mas novamente temos um Daryl que é capturado e preso, como já aconteceu com ele algumas vezes lá atrás, o que me dá a impressão da série querer continuar bebendo da mesma fonte que deu certo lá atrás porém em uma cenário diferente. Acho que faltou um pouco de ambição e ousadia dos roteiristas nesse ponto.
A verdade nua e crua é a seguinte: eu sou fã de "The Walking Dead" do início ao fim da série, considero a série como a minha segunda melhor série da vida, sou órfão da série e adoro o fato de termos novos spin-offs derivados da série original para podermos acompanhar mais dos nossos personagens. Mas uma coisa eu não posso negar, na sua grande maioria os spin-offs praticamente são continuações da mesma história de "The Walking Dead" e não derivados da história. Isso aconteceu na série "Dead City", aconteceu na série "Daryl Dixon" e tenho certeza que também acontecerá na série "The Ones Who Live" (que eu ainda não assisti). Os spin-offs de "The Walking Dead" funciona como um episódio da série principal apenas mudando cenários e alguns personagens. Isso é ruim? Não! Dependendo da visão de cada um, pois tem pessoas que já estarão saturados dessa temática de gangues e zumbis. Eu como um fã da série original não me incomoda os spin-offs continuarem dentro dessa temática, pelo contrário, acredito que muitas coisas ainda funcionam justamente por este fator, mas eu acho que não precisaria seguir os mesmos passos dos personagens da série original, como acontece com o Daryl, poderiam se reinventar de alguma forma. Pelo menos é assim que eu vejo toda a história da série "Daryl Dixon".
A principal diferença que eu vejo entre os dois spin-offs da série "The Walking Dead" é o fato de "Dead City" nitidamente querer dar continuidade em um contexto que ainda não foi resolvido na série original, que é o embate entre a Maggie e o Negan, que por sinal funciona muito bem na trama. Já "Daryl Dixon" parece querer apenas implementar o personagem em um novo local, com uma nova comunidade, com uma nova língua, com os mesmos problemas que ele já enfrentou diversas vezes, mas sem muitas razões óbvias e coerentes, a não ser fugir dali e retornar para a América. O que me dá a impressão de quererem focar apenas em um Daryl Dixon aventureiro.
Por outro lado a série traz um frescor até interessante nas partes que nitidamente eles querem humanizar o personagem Daryl Dixon de alguma maneira. E isso se dá pelo fato de termos uma abordagem sobre o sentindo da vida dentro da série, ou seja, se ainda vale a pena lutar pelo inevitável, pelo inalcançável, pela própria sobrevivência, isso falando justamente do personagem principal diante de todo aquele cenário, que nos passa a sensação de ainda estar sobrevivendo unicamente pela pessoas ao seu redor. E aqui já entra uma parte que me remete a chegada na série da Carol, que teve um pequeno contato com o Daryl no final dessa temporada e será peça importante dentro da série em sua próxima temporada.
Sobre o elenco: Norman Reedus é a personificação do Daryl Dixon que aprendemos a amar durante todos os longos anos da série original. Pra quem é fã da série poder rever o Norman atuando mais vezes como o Daryl é extremamente gratificante. E aqui temos um Daryl sendo Daryl exatamente como ele sempre foi. Agora eu estou muito curioso em como será o Daryl na segunda temporada, uma vez que ele estará ao lado da sua eterna amiga Carol. Clémence Poésy é mais um frescor da série, sua personagem é boa, é interessante, é promissora, é funcional. Nessa primeira temporada ela consegue dividir bem o protagonismo com o Norman, conseguindo chamar a responsabilidade para si e sustentar boa parte da trama principal. Já o Louis Puech Scigliuzzi traz um personagem que é bem contestável e questionável, pois no fundo ele fica devendo em suas principais motivações dentro da série, o que o coloca muita das vezes como um personagem superficial, falho e bem chato.
O resto do elenco é formado por Laïka Blanc-Francard - Sylvie - uma freira amiga de Isabelle e uma estudante no convento. Anne Charrier - Marion Genet - uma líder de um grupo paramilitar de sobreviventes na França. Romain Levi - Stéphane Codron - uma figura que desenvolve uma rixa pessoal com Daryl. Adam Nagaitis - Quinn - o pai biológico de Laurent, e uma figura poderosa que ganhou poder como comerciante do mercado ilegal e dono de uma boate underground após o apocalipse. E claro que não poderia faltar a nossa inigualável Melissa McBride, que faz uma comunicação pelo rádio durante uma cena de flashback com o Daryl no final da temporada.
E por falar em Melissa McBride: a primeira temporada foi planejada para apresentar a personagem Carol sob o nome da série "The Walking Dead: Daryl & Carol" (que particularmente eu acho que seria sensacional), mas Carol foi eliminada da série devido a problemas logísticos envolvendo a Melissa McBride. Dessa forma, em julho de 2023, antes do lançamento da primeira temporada, a série foi renovada para uma segunda temporada, que será intitulada "The Walking Dead: Daryl Dixon – The Book of Carol" , e contará com Melissa McBride como personagem regular da série, em um retorno ao conceito original da série. Uma terceira temporada também está em desenvolvimento.
Tecnicamente a série é muito boa, muito bem produzida, até por contar com nomes importantes dentro do universo "The Walking Dead" como Angela Kang, Scott M. Gimple e Greg Nicotero. O desenvolvimento da série é muito bem feita, muito bem acertada pela equipe de direção de arte, uma vez que temos belos cenários de uma França degradada pelo apocalipse zumbi. Além dos ótimos cenários, temos uma bela ambientação, uma ótima fotografia, uma boa trilha sonora, uma boa edição, um ótima direção, tudo muito bem planejado e trabalhado. Tecnicamente a série não fica devendo em nada dentro do universo de "The Walking Dead".
No mais: a primeira temporada de "Daryl Dixon" é promissora, é interessante, é funcional, que por mais que não construa um derivado da série principal e soe como uma continuação nos mesmos moldes, ainda assim a série consegue expandir o universo do personagem, consegue galgar novos rumos para as próximas temporadas, e muito por apostar em uma trama mais certeira, com poucos episódios certeiros, que necessariamente não precise ficar se alongando em vários episódios.
Daryl Dixon é um personagem extremamente importante e relevante dentro do universo de "The Walking Dead", tanto que ele não existe nos quadrinhos e está ai até hoje, do início ao fim da série principal e agora com a sua série própria.
"Dead City" é uma série criada por Eli Jorné (roteirista das séries "Wilfred", 2011, e "Son Of Zorn", 2016) para a AMC, baseada nos personagens originais de "The Walking Dead", Maggie (Lauren Cohan) e Negan (Jeffrey Dean Morgan). É a primeira sequência da série de televisão "The Walking Dead", e a quinta série da franquia "The Walking Dead", compartilhando continuidade com as outras séries de televisão. A série segue Maggie e Negan viajando para uma Manhattan pós-apocalíptica isolada do continente em busca do filho sequestrado de Maggie, Hershel (Logan Kim).
"The Walking Dead" foi uma série que eu aprendi a amar desde o seu primeiro episódio lá no ano de 2010. Foi uma série que eu acompanhei religiosamente temporada por temporada, episódio por episódio, ano após ano, durante todo o seu ciclo. "The Walking Dead" foi uma série que revolucionou e influenciou a forma de se fazer séries, principalmente envolvendo o pós-apocalíptico e os zumbis. Foi uma série que trouxe os melhores e mais bem feitos zumbis da história da televisão. Foi uma série que teve um gigantesco impacto e fez um sucesso estrondoso. Foi uma série que teve uma influência direto na cultura Pop, se tornando um verdadeiro marco na história dos seriados de TV. Eu sou um verdadeiro fã da série e a coloco no hall das melhores séries de todos os tempos.
No dia 20 de novembro de 2022 eu fiquei órfão da série, e foi um dia muito triste para mim, pois ali terminava uma vida de longos 12 anos de uma série que é simplesmente a segunda melhor série da minha vida. No entanto, nem tudo estava perdido naquele dia, pois no final a série nos apresentou cenas que abria espaço para os próximos passos da franquia, agora apostando nos Spin-off. E hoje estamos diante dos Spin-off da série "The Walking Dead"; "Dead City", "The Ones Who Live" e "Daryl Dixon".
Realmente eu achei uma excelente ideia em apostar nos Spin-off da série, o que também mostraria como estava às vidas dos principais personagens da série após o término da mesma, e daria continuidade ao eterno universo de "The Walking Dead". Em "Dead City" a premissa por si só já é extremamente interessante, pois a série junta simplesmente uma das maiores (se não for a maior) rivalidades de toda a história de "The Walking Dead". Estamos falando de Maggie e Negan, que pra quem acompanhou conhece muito bem a causa dessa rivalidade, e com razão, diga-se de passagem.
A Maggie é uma personagem que está desde a segunda temporada na série, que assim como vários personagens de "The Walking Dead", ela também foi amada e em certos pontos odiada. Eu sempre gostei muito da Maggie (apesar que no início eu amava mais a sua irmã, a Beth, interpretada magistralmente pela linda e talentosa Emily Kinney), porém em várias temporadas eu questionei bastante as suas decisões. Já o Negan entrou na série simplesmente como o maior vilão de todo o universo de "The Walking Dead", e não era pra menos, visto tudo que ele causou no grupo do Rick (Andrew Lincoln), e principalmente para a Maggie. E aqui entra um ponto muito interessante dentro da série "The Walking Dead", o fato do Negan passar de o vilão mais odiado da história da série para um personagem amado nas últimas temporadas. Eu mesmo questionei bastante essa minha motivação de começar a adorar o Negan, principalmente na temporada da Alpha (Samantha Morton).
Toda essa rivalidade sempre esteve presente entre Maggie e Negan, principalmente a sede de vingança por parte dela, fato que era exibido por ela sempre que ela tinha uma oportunidade de se vingar dele (temos até um diálogo em forma de embate entre eles na última temporada da série "The Walking Dead" que contextualiza bem isso). Dentro desse contexto, a série "Dead City" coloca novamente o Negan no caminho da Maggie quando ela decide pedir a sua ajuda para resgatar o seu filho que foi levado pelo Croata (Željko Ivanek), um antigo comparsa do quartel do Negan.
O primeiro episódio já inicia com a nossa Maggie em um ato de extrema fúria espancando a cabeça de um zumbi. A partir daí vamos nos inteirando na série, como o fato da comunidade de sobreviventes liderada pela Maggie que se mudou da Virgínia para Nova York. Já o Negan, que obviamente é o ex-líder dos Salvadores, ao final da série principal havia ido embora com sua esposa grávida na intenção de construir uma vida juntos. Porém isso não deu certo, já que sua esposa foi morta. Atualmente o Negan é um fugitivo da Federação da Nova Babilônia, que está sendo caçado pelo policial Perlie Armstrong (Gaius Charles) por ter matado várias pessoas. Inclusive, é nesse ponto que entra a Ginny (Mahina Napoleon), que inicialmente ela decide ficar muda por um grande trauma que ela sofreu pela morte de seu pai. Pai este que no fim o próprio Negan revela para ela que foi ele que matou, já que a Ginny ficou com o Negan após a morte de seu pai. Ou talvez não né, talvez o Negan revelou isso para ela só pra ela ir embora e deixá-lo em sua missão, já que de fato ele não poderia levá-la.
Devo mencionar que o roteiro da série é bom, pois toda essa ideia de usar O Croata como o vilão da temporada que raptou o filho da Maggie, quando na verdade descobrimos que tudo não passou de um acordo entre a própria Maggie e O Croata, para que ela levasse o Negan para ele e assim ele devolvia seu filho. E aqui entra dois pontos: O Croata sempre manteve uma certa rivalidade com o Negan desde a época em que ele era o membro sádico dos Salvadores, e eles tinham suas contas para acertarem. Atualmente O Croata é o líder dos Burazi, um grupo de sobreviventes hostis que assumiram o controle de Manhattan. O outro ponto é justamente o ataque que O Croata fez a Hilltop levando o filho da Maggie, já que dessa forma ele usaria o próprio filho dela para fazer que ela levasse o Negan até ele, já que ele sabia da rivalidade entre os dois e que a Maggie convenceria o Negan a ajudá-la no resgate de seu filho.
Como já mencionei, a ideia da série é boa, já que ela coloca frente a frente dois eternos rivais para nos convencer que ele formaram uma improvável dupla e estão atuando juntos em prol de uma causa maior. Dessa forma vamos novamente remexer no passado de ambos, vamos reviver lembranças, dores, traumas, decepções, ódio, vingança e traição. Vamos mergulhar novamente entre as diferenças de ambos os personagens, nos submundos de suas mentes, de suas ambições, de suas projeções, de seus desejos. Nesse ponto a série funciona muito bem, já que o tempo todo ela é pautada na rivalidade entre Maggie e Negan, e mesmo que inicialmente estamos vendo a formação daquela improvável dupla, porém jamais vamos nos convencer da veracidade disso, sempre vamos manter um pé-atrás. O próprio Negan já desconfiava o tempo todo desse plano de resgate da Maggie, quando ela veio pedir a sua ajuda. Tanto que quando tudo é revelado ele não não se impressiona, pois é fato que na sua mente ele já sabia de tudo - o Negan sempre foi uma pessoa extremamente inteligente e safa.
Por outro lado a série peca em alguns pontos, como o fato do desenvolvimento de episódios. Sim, temos um grande material sobre o embate entre Maggie e Negan, porém eu vejo que a série se alonga em alguns pontos dentro dos episódios que soa desnecessário, algo como esticar os episódios, e olha que a temporada tem somente 6 episódios, o que por si só já é uma série com um número de episódios fora do convencional. Acredito que o foco na trama central envolvendo a Maggie, o Negan e O Croata funciona, como já mencionei anteriormente. Porém, acredito que os personagens secundários foram mal desenvolvidos dentro do contexto principal da série. Como no caso da Ginny e o marechal Perlie. Acho que eles tinham potencial porém não foi bem explorado, talvez em uma próxima temporada, quem sabe.
Já na questão de cenários, ambientação, cenografia, fotografia e trilha sonora, acredito que foi bem desenvolvido. De qualquer forma temos ali uma espécie de Nova York pós-apocalíptica, que atualmente exibe os seus perigos, as suas leis, o seu terror, onde temos um mundo em que a anarquia impera. Isso funciona bem na série. Porém, acho que poderiam ter explorado mais a cidade em si, como os próprios cenários infestados por zumbis, onde temos aquela parte onde a Maggie enfrenta uma espécie de mutação de zumbis, que são vários corpos de zumbis interligados, algo que me lembrou o jogo "The Last Of Us".
Sobre o elenco: A Maggie e o Negan carregam a série nas costas, obviamente. E tudo se dá exatamente pela Lauren Cohan e o Jeffrey Dean Morgan, que são dois dos principais rostos do universo de "The Walking Dead". A Lauren mantém a mesma postura da sua personagem que terminou a série principal, sendo a representatividade de uma mulher forte, aguerrida, decidida, destemida, que enfrenta tudo e todos em busca dos seus objetivos, ainda mais quando esse objetivo é seu filho. Por outro lado vemos uma certa pressão e vulnerabilidade nela quando se trata do seu difícil relacionamento com seu filho. Já o Jeffrey é um poço de simpatia e carisma. É impressionante como ele é um ator versátil, inteligente, carismático, com um timing e uma veia cômica absurda. O Jeffrey deu todo o seu talento ao performar em um personagem que é visto inicialmente como um vilão odiado por todos, e logo após passa a conquistar o amor de todos esses que o odiaram. É realmente impressionante, eu não me lembro de outro personagem que fez essa passagem e transformação dentro de um personagem como o Jeffrey Dean Morgan fez com o Negan. Do resto do elenco vale destacar o Željko Ivanek, pois ele conseguiu dar o timing perfeito na pele do Croata, sendo um personagem frio, letal, calculista, sádico, sendo aquele típico personagem em que a gente olha e realmente vê ali um certo nível de vilão. Como já mencionei anteriormente, os personagens Ginny e Perlie não foram bem aproveitados, mas a atriz Mahina Napoleon e o ator Gaius Charles foram bem de acordo com o que o roteiro pedia de seus personagens.
Recepção crítica: O Rotten Tomatoes relatou um índice de aprovação de 80%, com uma classificação média de 7,2/10, com base em 54 resenhas críticas. O Metacritic atribuiu uma pontuação de 57 em 100, com base em 9 críticas.
A primeira temporada de "Dead City" estreou em 18 de junho de 2023. Em julho de 2023, foi renovada para uma segunda temporada.
Falando sobre o último episódio da série: Temos toda a revelação entre a Maggie e o Negan, o que culmina em uma bela cena de embate entre os dois. Logo a Maggie entrega o Negan para O Croata, selando assim o acordo que eles tinham e seu filho é devolvido. Um fato curioso, é que logo após o Negan está frente a frente com a "The Dama" (Lisa Emery), uma senhora idosa, estranha, sombria, intrigante, que podemos considerar como uma aliada próxima do Croata. Eu ainda não entendi perfeitamente todas as motivações dessa personagem na história, mas podemos considerar como uma personagem que será muito importante na próxima temporada, ainda mais considerando aquela revelação sobre ter cortado o dedinho do pé do Hershel e ter guardado em uma caixinha. Se eu pudesse apostar, apostaria que o Negan fará a vingança sobre o Hershel com esta senhora, algo como ele fez com a Alpha. O velho Negan não morreu, só está adormecido. Também acredito que na próxima temporada teremos a volta daquele Negan brutal e letal, como já vimos algumas vezes.
No mais, "The Walking Dead: Dead City" é um bom Spin-off de um dos maiores universos de séries de todos os tempos, que acerta ao trazer o embate de dois dos principais personagens da série, prolongando ainda mais toda a rivalidade entre eles. Acredito que a série peque em alguns pontos aqui e acolá, mas que é entendível, até porque para construir a história principal e dar o seu devido foco é preciso compor histórias paralelas de personagens paralelos dentro de todo o contexto, por mais que no meu ponto de vista faltou um melhor desenvolvimento. Mas no fim o saldo é mais positivo do que negativo, onde eu como um eterno fã do universo de "The Walking Dead" fiquei satisfeito com este Spin-off, que mantém viva e prolonga a história de uma série que eu amo de paixão.
Esta foi uma série que realmente eu tinha uma certa expectativa positiva, justamente por ser fã de uma das maiores obras literárias de terror da história - o livro de 1971 de William Peter Blatty. E o clássico de William Friedkin de 1973 - simplesmente o maior filme de terror da história do cinema.
O inicio da primeira temporada de "O Exorcista" é muito promissora, pois a série começa justamente com uma semi-continuação do filme clássico, nos posicionando na história central que gira em torno de uma família com uma filha possuída. Porém, quando descobrimos que a mãe dessa família é na verdade a Regan MacNeil e a avó é a Chris MacNeil, a série perde qualidade e tem uma queda de rendimento absurda.
Com a chegada da segunda temporada, inocentemente eu acreditava que a história fosse seguir dentro da proposta anterior, que era justamente no mesmo molde de semi-continuação do filme clássico, e que assim a série pudesse voltar a ter um certo nível de qualidade e relevância. Mas não foi isso que aconteceu, pois nesta segunda temporada a série muda completamente a chave de toda a sua história inicial e parte para uma espécie de antologia. Ou seja, a série iniciou com os dois Padres enfrentando casos de possessão demoníaca em uma família, e agora segue com o mesmo rumo em um lar adotivo.
A segunda temporada de "O Exorcista" segue o Padre Tomas Ortega (Alfonso Herrera) e Marcus Keane (Ben Daniels) 6 meses após os eventos da primeira temporada, onde ambos saíram de Chicago e estão em uma espécie de viagem em busca do mal, com mais casos de possessões demoníacas. O Padre Tomas continua seu treinamento para se tornar um exorcista sob a orientação do Padre Marcus (conforme o seu pedido ao final da primeira temporada). Nessa altura começam a aparecer as desavenças entre os Padres, até pelo fato de Tomas achar que o Marcus ainda o considera como seu aluno, por mais que o Tomas já tenha evoluído e aprendido muito, e já tenha até demonstrado parte desse aprendizado.
A viagem dos Padres os levam até um caso de uma jovem que apresenta sintomas de possessão - o caso da garota possuída Cindy (Zibby Allen). A partir desse ponto que o Padre Marcus começa a se preocupar com os riscos que o Padre Tomas corre à medida que suas habilidades de exorcismo aumentam. Enquanto isso, do outro lado do Atlântico o Padre Bennett (Kurt Egyiawan) tenta eliminar aqueles dentro do Vaticano que se voltaram contra Deus. E aqui temos o novo contexto que dará forma para toda a história dessa segunda temporada, o lar adotivo que é administrado por Andrew Kim (John Cho), um ex-psicólogo infantil.
O lar adotivo inicialmente é composto por cinco crianças e fica em uma ilha privada isolada na costa de Seattle. Logo após a chegada de Rose Cooper (Li Jun Li), que se junta ao Andrew com uma parceira do orfanato, uma das crianças é atacada por uma força sobrenatural maligna, onde justamente entra em cena os dois sacerdotes travando uma luta entre o bem e o mal mergulhando diretamente no inferno. Um ponto que eu preciso destacar: o primeiro episódio termina igual o primeiro episódio da primeira temporada, ao som da trilha sonora clássica de "O Exorcista", "Tubular Bells", de autoria de Mike Oldfield. No final dos créditos temos uma citação ao William Peter Blatty, que havia falecido em 12 de janeiro de 2017.
A série segue com uma cena em que o Padre Bennett explica o processo de possessão para integração, que foi o ocorrido com a Angela/Regan no final da temporada anterior. Bennett explica que todos eles conhecem a possessão mas não sabem identificar a segunda fase da possessão. Uma fase irreversível chamada integração, a fusão permanente do demônio com a alma humana. O Padre Bennett diz que acredita que os integrados sempre se infiltraram em todos os níveis da Igreja, inclusive em Roma. Esta é a história paralela que vem desde a primeira temporada, onde nos mostra mais sobre essa difícil e arriscada tarefa que o Padre Bennett enfrenta no Vaticano, arriscando a sua própria vida contra os corruptos da Igreja. Logo o Padre Bennet rastreia uma solitária agente da Igreja chamada Mouse (Zuleikha Robinson), que a princípio não parece que iria colaborar com as investigações do Padre, mas logo eles formam uma improvável dupla.
A partir desse ponto a série foca inteiramente nos casos sobrenaturais que acontecem com mais frequência no orfanato, e a situação só piora na medida que os acontecimentos avançam. Andrew é uma espécie de paizão naquele orfanato, já que é um cenário muito difícil para ele, que vive de luto pelo falecimento de sua esposa Nicole. A casa é composta por Caleb (Hunter Dillon), um adolescente cego. Shelby (Alex Barima), um rapaz religioso. Verity (Brianna Hildebrand), um jovem rebelde homossexual. Truck (Cyrus Arnold), o garoto com problemas psicológicos. E Grace (Amélie Eve), uma garotinha com 6 anos que sofre de agorafobia. Depois temos a chegada da nova moradora do abrigo de adoção, que é a Harper (Beatrice Kitsos). A garota Harper conhece as crianças que moram naquele local, inclusive a Verity, na qual ela dividirá o quarto. A pequena Grace não gosta da presença da Harper, pois a Grace armazena (ou senti a presença) de alguma força sobrenatural.
O segredo por trás daquele orfanato é aquela mística lenda da bruxa da ilha, que atacava as crianças envenenando elas e jogando elas naquele misterioso poço. Tanto que aquele poço possui uma espécie de poder sombrio oculto que atrai as crianças do orfanato para lá, acredito que o caso esteja ligado com uma espécie de sacrifício das criança. Por si só aquele ambiente do orfanato já é muito sombrio e carregado com forças sobrenaturais, tanto que assim que os Padres começam a vasculhar mais profundamente os segredos do local, o Padre Tomas logo entra em um transe psicológico. Às partes que envolve o Padre Bennett e a Mouse é interessante, até por mostrar que os integrados estão cada vez mais infiltrados no Vaticano com mais e mais poderes sobre a Igreja. Aquela cena dos sacerdotes vomitando sangue na mesa e morrendo um por um, é uma cena bem elaborada e casa bem com o contexto daquela história paralela na trama central da série.
O elenco dessa segunda temporada é apenas ok, todos cumprem os seus papeis e nada além disso. O destaque maior fica à cargo de Alfonso Herrera e Ben Daniels. Acredito que os dois Padres são os maiores destaques da série, até por estarem diretamente ligados com todos os acontecimentos que sempre os envolvem em cada história (isso contando a primeira e a segunda temporada). O elenco que compõem o orfanato é bem mediano, típico elenco que não agrega em praticamente nada. Talvez o John Cho e a Li Jun Li que se destaquem um pouco mais, principalmente o John com sua possessão que está diretamente ligada com o final da temporada (que é bem questionável, por sinal). Porém, aidna assim devo mencionar a Alicia Witt, que fez a Nicole, esposa falecida de Andrew, que teve uma ótima performance passando aquele ar de maligna.
Eu vejo a série de "O Exorcista" como uma tentativa até válida de construir novas histórias e novos rumos a partir desse rico material (o livro e o filme clássico) que estava armazenado no passado. Esta segunda temporada até funciona melhor em sua proposta, sem querer se apegar o tempo todo em pontas do filme clássico, como a primeira temporada fez, ao reviver a Regan e a Chris MacNeil. Acredito que se pegarmos unicamente esta temporada livre de amarras, ela pode até em partes funcionar melhor que a primeira. Mas como um todo realmente é complicado preferir uma ou outra temporada, ou até mesmo apontar qual foi melhor, qual funcionou melhor dentro do que se esperava. Eu acredito que inicialmente a ideia dos produtores da série seria criar algum tipo de história que pegasse um gancho do filme clássico, algo como uma releitura modernizada a partir de uma nova história que se interligasse com personagens clássicos, e foi exatamente isso que aconteceu na primeira temporada.
Já esta segunda temporada continua na linha da primeira, confrontando os dois Padres com casos de possessões e integrações, porém aqui já vamos por um outro caminho que se afasta de vez da família MacNeil e cria sua identidade própria na série. No entanto, este caminho que a série tomou levou a história junto com seus personagens para algo mais mitológico do que precisamente demoníaco, que eu acredito que era o intuito do roteiro. Aqui a série deixa de lado o exorcismo e embarca praticamente na série "Supernatural" (2005), o que eu já acho bem discutível. A forma como os Padres agem quando chegam para explorar novos locais; como por exemplo naquela cena onde ambos chegam pela primeira vez no lar de adoção, logo que eles saem do carro eles começam a analisar o local sempre desconfiados. Pode parecer besteira mas esta cena imediatamente me remeteu aos irmãos Winchester de "Supernatural".
Outro ponto, aqui eu já acho muito "Supernatural": Especificamente falando do final da temporada, onde a série simplesmente abandona o ato do exorcismo para expulsar o demônio do corpo do Andrew e decide resolver na bala. Até podemos considerar que esta temporada faz algumas referências ao "O Exorcista 3"(1990), como a cena do Padre Tomas em transe dentro do confessionário, mas daí decidir que o Padre Marcus acerte uma bala na cabeça do Andrew para finalizar toda a história foi uma escolha simplesmente ridícula. E vou além, o fato dessa decisão de matar o hospedeiro do demônio para que ele não se apossasse do corpo do Padre Tomas é uma escolha muito ruim. Aquela história paralela envolvendo o Padre Bennett na sua caçada contra os dissidentes do Vaticano eu esperava um desenvolvimento muito maior do que foi entregue. No fim ficamos nos perguntando o que de fato aconteceu, qual foi a resolução daquele caso, onde fica uma clara oportunidade subaproveitada. Outro ponto polêmico e muito discutível, é a cena do beijo do Padre Marcus, onde eu achei um contexto desnecessário, totalmente gratuito, onde claramente ficou apenas como opção para causar, força a barra, gerar polêmicas, e no fim eu acho que conseguiu.
A primeira temporada de "O Exorcista" estreou na Fox em 23 de setembro de 2016, em 12 de maio de 2017 a Fox renovou a série para uma segunda temporada, que estreou em 29 de Setembro de 2017. Em 11 de maio de 2018, a Fox cancelou a série após duas temporadas. Segunda as matérias da época, a série teve um boa recepção crítica em sua primeira temporada e a segunda seguiu com o mesmo bom desempenho. Porém, a série foi alvo de algumas polêmicas, gerou algumas discursões, tanto que o próprio criador da série Jeremy Slater já havia manifestado insegurança quanto ao futuro do seriado pela compra da Fox pela Disney na época. Dizem que apesar da série ter recebido uma boa recepção crítica em suas duas temporadas, a série foi cancelada devido às baixas classificações. Por outro lado também dizem que a série de "O Exorcista" foi mais uma vítima da reorganização da Fox pela Disney, onde levou outros cancelamentos de séries como "Lucifer", "Brooklyn Nine-Nine", "The Last Man on Earth" e "The Mick".
Por fim: "O Exorcista" foi uma série com um grande potencial, com grande ideias, com um material muito rico, que iniciou muito bem mas foi se perdendo pelo caminho, e muito por escolhas erradas e desnecessárias durante todo o seu percurso. O que fica é um sentimento vazio de decepção, de acreditar que a série deveria ter ido além, ter sido muito melhor do que de fato foi, pois tinha muito potencial para isso, porém foi totalmente subaproveitado. Por mais que esta série carregue o nome do maior filme de terror de todos os tempos, mas infelizmente eu também optaria pelo seu cancelamento. Uma pena!
"O Exorcista" é uma série de televisão americana criada por Jeremy Slater (roteirista das séries "The Umbrella Academy" e "Cavaleiro da Lua") para a Fox, onde teve a sua estreia em 23 de setembro de 2016. A série é inspirada (baseada) de forma vaga na obra-prima literária de William Peter Blatty, e funciona como uma possível continuação do clássico "O Exorcista" (1973), do saudoso e eterno William Friedkin, além de ignorar as várias sequências do filme. A série é estrelada por Alfonso Herrera e Ben Daniels como uma dupla de exorcistas que investigam casos de possessão demoníaca.
Sobre o livro: Em outubro do ano passado eu li pela primeira vez o icônico livro de 1971, "O Exorcista". Foi uma experiência sombria, incomoda, obscura, tenebrosa, diferente de tudo que eu já vivi literariamente. O livro "O Exorcista" é uma obra que mexe com a nossa mente, que mescla o sagrado, o profano, o ceticismo, a fé, a crença, juntamente com o investigativo e um estudo das camadas do ser humano ao ser exposto ao seu limite mental e espiritual. Uma obra completamente imersa no terror psicológico, no terror sobrenatural, onde temos um embate entre a ciência e a fé, além de sermos confrontados com o ocultismo, o mistério, o suspense e obviamente o terror. Definitivamente o livro é uma obra sombria, macabra, soturna, um terror sobre o bem e o mau, Deus e o demônio, e principalmente sobre a renovação e o poder da fé. Posso afirmar com 100% de certeza que a obra de William Peter Blatty está simplesmente entre os maiores livros de terror de todos os tempos.
Sobre o clássico: "O Exorcista" é um filme completamente fiel com a obra literária, muito bem adaptado, que consegue nos inserir com bastante propriedade no terror sobrenatural, psicológico, sombrio, nos causando um certo nível de tensão, desconforto, medo e repulsa. "O Exorcista" é mundialmente conhecido como o maior filme de terror do século XX, cuja influência foi extremamente significativa na cultura pop e diversas publicações o consideram um dos maiores filmes de terror já feitos. Uma obra categórica, apoteótica, pioneira, influente, revolucionária, um verdadeiro marco na história do cinema, que virou referência sobre o gênero terror e possessão. Dentro do meu conceito cinematográfico, "O Exorcista" é simplesmente o MAIOR filme de terror da história do cinema.
Sobre a série: Confesso que na época em que a série foi divulgada eu fiquei muito curioso em como iriam retratar uma história tirada do clássico "O Exorcista". Logo eu fiquei com um pé atrás, pois sinceramente eu nunca confiei em seriados de obras clássicas, em que na sua grande maioria por si só elas já são irretocáveis e autossuficientes. Porém, antes de conferir a série eu queria ler o livro e revisitar o clássico, coisa que eu fui postergando até este momento, e que de fato aconteceu.
Realmente a série tem uma premissa muito interessante, já que no início conhecemos toda ambientação soturna e sombria, juntamente com uma fotografia que traz um foco ambientado em um cenário acinzentado, macabro, com um tom morto, denso, obscuro, que logo casa com uma trilha sonora potente, estridente, incomoda, que logo dita o ritmo exato que foi projetado pelo roteiro. É um início bastante motivador!
Destacando cada episódio: O primeiro episódio se encarrega em apresentar cada personagem da história, onde logo conhecemos o Padre Tomas Ortega (Alfonso Herrera) e o Padre Marcus Keane (Ben Daniels). Logo após conhecemos a família da Angela Rance (Geena Davis), que é composta por suas duas filhas, Casey Rance (Hannah Kasulka) e Katherine "Kat" Rance (Brianne Howey), e seu marido Henry Rance (Alan Ruck). Nesse episódio temos uma cena marcante da série, que é a cena do exorcismo do garoto Gabriel que está sendo executada pelo Padre Marcus - de fato é uma cena tecnicamente muito bem feita. Logo em seguida vamos conhecendo mais a respeito dos dois Padres em questão, já que temos um grande embate de ideias e opiniões entre eles, onde o Padre Marcus se mostra extremamente perturbado e traumatizado com o trágico exorcismo do garoto Gabriel. Por outro lado já observamos que o Padre Tomas se mostra inexperiente e assustado com tudo que começa a acontecer com a garota Casey. O primeiro episódio termina ao som da icônica e lendária trilha sonora clássica de "O Exorcista", "Tubular Bells", de autoria de Mike Oldfield.
No segundo episódio já temos o início de todas as suspeitas envolvendo a garota Casey, em ela estar realmente possuída ou não. Tanto que o Padre Tomas vai em busca da Igreja com auxílio de vídeos para estudar a possibilidade de um exorcismo. Novamente estamos diante de uma caso de possessão, mas que a indicação inicial não é um exorcismo e sim uma sessão se terapia, ou algo do tipo. É nesse episódio que conhecemos aquela espécie de seita que fazem chacina e roubam os órgãos das vítimas. A partir daí a série segue nos mostrando mais a respeito da história do Padre Marcus, onde ele mostra ter uma personalidade muito forte, já que ele é muito enfático em seus objetivos de conseguir algo e provar algo. Como na cena em que ele consegue arrancar de dentro da Casey a presença do demônio. Por outro lado ele é visto como impostor pela diocese, o que culmina com a sua excomunhão vindo direto de Roma, por ele ter apontado uma arma para um colega Padre e conduzir um exorcismo que resultou na morte de uma criança. Já o Padre Tomas só observa tudo acontecer de fora, como se não entendesse a gravidade dos fatos, ou não soubesse como agir por inexperiência. No terceiro episódio que temos aquelas revelações sobre o passado de Kat envolvendo a Julia e o acidente de carro. Nesse mesmo episódio temos aquela cena no metrô, onde a Casey tem uma performance que me remete a Carrie (da lendária franquia de filmes baseado no icônico livro do mestre King).
No quarto episódio é onde estamos diante da Angela pedindo por um exorcismo em sua filha para o Padre Tomas, o que já me soava bastante estranho essa sua atitude. Já o Padre Tomas inicialmente recusa o pedido da Angela, mesmo com a já autorização do Bispo. Enquanto isso a Casey é submetida à inúmeros exames médicos desnecessários, já que ela está piorando cada vez mais e o seu problema não é médico. O Padre Marcus busca mais informações com a Freira chefe do convento, e ele passa por uma espécie de treinamento de exorcismo, para que ele entenda mais sobre como lidar corretamente com o caso, sem forçar a vítima até a morte, como aconteceu com o garoto Gabriel. No fim, ele consegue realizar o exorcismo do rapaz corretamente. A partir daí, o Padre Tomas solicita a ajuda do Padre Marcus no exorcismo da garota Casey, e logo eles começam a preparar o local do exorcismo na casa da família Rance.
No quinto episódio é onde temos a primeira tentativa de exorcismo na Casey. É uma cena muito boa, até por destacar aquela maquiagem pesada na Hannah Kasulka durante a possessão, e a sua performance também se destaca nessa cena. Como sempre acontece em sessões de exorcismo, o demônio se utiliza da vítima para relembrar os traumas e o ponto fraco do Padre Tomas, como no caso da Jessica (Mouzam Makkar). Já com o Padre Marcus o demônio ataca revivendo a figura de sua mãe, que diz que deveria ter abordado ele enquanto teve chances. Nesse episódio temos aquela cena da Casey na ambulância, que é bizarra. E possivelmente a maior revelação da série; quando a Angela revela para o Padre Tomas, durante uma conversa, que ela é a lendária Regan MacNeil do clássico. Ao mesmo tempo que temos uma espécie de homenagem da icônica cena de "O Exorcista", quando o Padre desce do Táxi e se porta bem na frente da casa, dessa vez é a Chris MacNeil (Sharon Gless), a mãe da Regan, que faz exatamente esta cena ao chegar na casa da filha.
A partir do sexto episódio é onde temos a dimensão de uma provável continuação da história do clássico "O Exorcista", já que o episódio se inicia nos mostrando os flashbacks de quando a mãe da Regan usava o caso de possessão da filha para lucrar um dinheiro, sendo com livros, entrevistas de Tvs, onde claramente a Regan não se sentia a vontade, pelo contrário, ela ficava visivelmente incomodada com esta situação imposta pela mãe. Esta é uma parte da série extremamente curiosa, já que nós da velha guarda não tivemos o conhecimento desses acontecimentos após o término da possessão da Regan, até porque são fatos novos criados exclusivamente para a série. E todos esses novos acontecimentos com relação ao passado da Regan e da Chris é criado para dar o contexto do atual relacionamento entre mãe e filha, já que a Regan tem uma relação muito difícil com sua mãe, ao ponto de ter falado para sua família que ela estava morta há muito tempo, pois a Regan senti um profundo ressentimento da mãe por tê-la usada com seu caso de possessão para alavancar sua carreira de atriz e ganhar dinheiro. Diante desses novos fatos fica muito claro o porque que a Angela (Regan) acreditava que sua filha estava realmente possuída desde o início, e que não era uma problema médico, já que ela sempre foi a Regan MacNeil e já havia passado por tudo que sua filha estava passando.
No sétimo episódio temos o destaque da grande repercussão midiática que deu esse caso de possessão da Casey, onde seus familiares foram encarados quase como celebridades, ainda mais com a volta do caso Chris e Regan. Nesse episódio o Padre Bennett (Kurt Egyiawan) tem uma bom destaque. Já o Padre Tomas resolve se entregar para a Jessica, enquanto a Casey está extremamente debilitada e é finalmente exorcizada pelo Padre Marcus dentro do lago.
No oitavo episódio temos mais revelações envolvendo aquela seita demoníaca, que acaba tomando uma vaga proporção dentro da série (muito questionável, por sinal). O episódio segue com a Casey já exorcizada e se recuperando no hospital. O padre Tomas é punido e afastado pela igreja por cometer adultério, enquanto o padre Bennett cai em uma emboscada. No final desse episódio é quando, no meu ponto de vista, as coisas começam a desandar dentro da série; quando temos a cena com a Angela/Regan torcendo o pescoço de sua mãe e ela caindo da escada.
O nono episódio da série é onde temos mais dúvidas e questionamentos em relação a Angela/Regan. Ela apresenta comportamentos cada vez mais estranhos e suspeitos, na medida que ela ataca sua família fazendo todos de reféns em sua casa, e logo após ela mata a Abadessa no convento. Estaria Regan MacNeil novamente possuída pelo demônio Pazuzu? O ponto mais questionável e curioso, é quando ela afirma que dessa vez não se trata de uma possessão e sim de uma integração entre ela e o demônio. A partir daí a Regan age inteiramente como se ela e o demônio tivessem se integrado e se tornado um só - Bizarro!
O último episódio é bem fraco, a começar por aquela espécie de reunião familiar destrutiva imposta pela Regan. Acredito que a parte positiva desse episódio é unicamente com a parte final do Padre Tomas e o Padre Marcus, pois eles foram os únicos que seguraram bem o último episódio. Estou curioso para saber como será este treinamento que o Padre Marcus fará com o Padre Tomas, para que ele vire um exorcista, já que foi um pedido do próprio Padre Tomas e o Padre Marcus aceitou ficar.
Pontos positivos dessa primeira temporada: A ideia de composição da série é boa, pois podemos perceber que inicialmente a série consegue demonstrar aquela essência que vem diretamente da franquia de "O Exorcista". Querendo ou não, ao assistir a série a gente se pega revivendo acontecimentos ligados ao filme clássico ou até a obra literária - isso é um ponto muito positivo! incluindo as partes técnicas dessa primeira temporada, que eu já destaquei anteriormente, como ambientação, fotografia, enredo e trilha sonora.
Pontos negativos dessa primeira temporada: Começando pelo roteiro, que obviamente se divide em dois pontos, um bom e outro péssimo. O acerto inicial do roteiro está justamente em criar uma temática para a série que está diretamente inserida dentro do universo de "O Exorcista", incluindo a sua atmosfera sombria e macabra. Acredito que se a primeira temporada tivesse seguido unicamente por este caminho, que engloba uma família que teve a sua filha possuída pelo demônio nos mesmos moldes do que aconteceu com a história original, ficaria uma história muito boa e muito mais relevante e aceitável. O maior erro do roteiro, que eu considero uma péssima escolha, é o fato de optarem por construir uma ligação verdadeira com a história original e não ficar somente no terreno do inspirado/baseado, que na minha opinião seria o certo.
A partir do momento que temos a revelação de que a Angela é a verdadeira Regan MacNeil, é onde a série despenca, cai completamente de produção e relevância. Pois a partir daí, nós que conhecemos a história original vamos buscar coerência em praticamente tudo. Sem falar que apresentação da atriz Geena Davis enquanto Angela é aceitável, dentro da questão de mãe desesperada por não saber o que de fato está acontecendo com sua filha. Porém, a partir do momento que ela revela ser a Regan, ela fica péssima, com uma atuação caricata demais, canastrona demais, grotesca demais, querendo se impor, com um ar de poderosa, de soberana, que ficou absurdamente péssimo. Sem falar que essa história de integração com o demônio (ao invés de possessão) é muito ruim, mal interpretada, onde a atriz está nitidamente sofrível para conseguir se impor como um ser soberano sobre os humanos.
Continuando com os pontos negativos: Aquela cena com a Regan integrada com o demônio se exibindo para sua família, é bizarramente ruim, desnecessária, mal planejada, mal trabalhada, com atuações sofridas e um desfecho final inteiramente questionável. Sem falar que a forçação de barra nessa cena é ainda maior quando decidem que a Regan integrada obteve poderes no maior estilo X-Men. O CGI é um ponto técnico completamente negativo. Outro ponto: tentaram elaborar algumas histórias paralelas para dar mais contexto para a temporada, que no fim ficou com desfechos rasos e perdidos; como no caso daquele grupo, que mais parece uma seita demoníaca, que ainda não mostrou a que veio, talvez na próxima temporada.
Sobre o elenco: Alfonso Herrera (protagonista da telenovela mexicana "Rebelde") está muito bem como o Padre Tomas, pois ele conseguiu expor aquela veia de personagem inexperiente, indeciso, confuso, muita das vezes até perdido em sua própria história. Todavia, seu personagem vai em uma crescente dentro da temporada, e no fim ele se torna bastante convincente. Ben Daniels ("House of Cards") é outro que conseguiu compor muito bem o seu personagem Padre Marcus. O Padre Marcus foi o contraponto do Padre Tomas, e ambos funcionaram perfeitamente dentro das suas proporções de roteiro. Ben Daniels conseguiu demonstrar a figura daquele Padre incisivo, categórico, enfático, que nunca se dava por vencido, que não se vendia e sempre acreditava em seus princípios. Alfonso Herrera e Ben Daniels para mim foram os dois melhores de todo o elenco da série nessa primeira temporada.
Hannah Kasulka ("The Rookie") faz um trabalho modesto que até se destaca em algumas cenas. Acredito que ela compôs bem a figura da Casey, a garota possuída, e conseguiu uma atuação convincente, principalmente nas cenas de possessão. Brianne Howey ("Ginny e Georgia") traz uma personagem que mostrou ter bastante potencial, mas foi completamente subaproveitada. A personagem Kat se destaca apenas por ser a irmã da filha possuída da Regan MacNeil, pois ela apenas compõe o elenco, quando na verdade eu achei que ela fosse ter mais destaque baseado naquele acidente de carro. Alan Ruck ("Succession") traz seu personagem na mesma linha da Brianne Howey, ou seja, compor o elenco familiar como o pai de família. Seu personagem Henry Rance até mostra um certo destaque, principalmente nos embates com sua esposa Angela, mas como um todo é bem vago e sem grande influência. Sharon Gless ("Burn Notice") faz a Chris MacNeil, que na minha opinião é a personagem mais sem sentido de toda temporada. Ela chega na série com um pé na porta, ao reviver uma cena icônica do filme clássico, mas também é só. De resto ela serve como bode expiatório da Regan, troca algumas farpas com a filha, revive o passado e tem uma morte absurdamente ridícula. Geena Davis ("Grey's Anatomy") eu já destaquei perfeitamente o que ela representa para essa temporada. Como Angela Rance ela convence e vai muito bem, como Regan MacNeil é simplesmente péssima.
Considerações finais: Esta primeira temporada de "O Exorcista" tem seus altos e baixos, pois a série inicia dentro de uma proposta, que é reviver um universo extremamente cultuado e glorificado do maior filme de terror de todos os tempos. E até a metade da temporada a série vai muito bem dentro dessa proposta. Porém, a partir do sexto episódio a série toma um outro rumo, deixa de lado a essência e a atmosfera do filme original para embarcar em uma espécie de mitologia, indo para o campo das seitas demoníacas, saindo da possessão para a integração, e com representações de forças sobrenaturais exageradas.
Não classifico a série como desnecessária (como muitas pessoas classificaram), acho que a série tinha muito potencial, porém foi mal utilizado nessa temporada. Acredito que a série inicia dentro da proposta mas encerra como algo que nunca foi e sequer precisava seguir por este caminho. É uma boa série em que a primeira temporada consegue honrar o nome do maior filme de terror da história até os cincos primeiros episódios, pois a partir daí a série perde completamente a mão, beirando o grotesco nos dois últimos episódios. Uma pena que a série foi cancelada pela Fox em sua segunda temporada, pois eu realmente acreditava que a série poderia melhorar ainda mais. O que me resta é conferir os 10 episódios da segunda e última temporada.
A quinta (e última) temporada de "Bates Motel" teve a sua estreia em 20 de fevereiro e terminou em 24 de abril de 2017. A temporada manteve os seus já tradicionais 10 episódios (como toda a série) e foi ao ar às segundas-feiras às 22h no canal de TV americana A&E.
Enfim chegamos na última temporada da famosa série que foi pensada e idealizada como como um "prequel contemporâneo" do clássico do mestre Alfred Hitchcock - "Psicose" - de 1960. Especificamente nessa quinta temporada, a série adapta (de modo bem leve) o enredo do filme clássico em uma versão modernizada, fazendo uma releitura de alguns de seus principais acontecimentos. Por outro lado também podemos considerar que esta ação ousada dos produtores serviu como uma espécie de despedida e homenagem ao icônico filme da década de 60.
A história da quinta temporada se passa justamente dois anos após a fatídica morte de Norma Bates (Vera Farmiga), que aconteceu na temporada passada. Tudo parece caminhar bem na vida de Norman Bates (Freddie Highmore), ele tenta manter as aparências após tudo que aconteceu, sempre se mostrando feliz e já muito bem adaptado ao gerenciar sozinho o Bates Motel. Por outro lado ele tenta incansavelmente preencher o vazio deixado por sua mãe criando em sua mente doentia e degrada a figura da Norma. A partir daí Norman interage com naturalidade vendo a figura fantasmagórica da mãe em várias partes da casa. A essa altura Norman já parou de tomar seus remédios contra os seus apagões, o que agora acontece constantemente, que logo o domina completamente pela personalidade de sua mãe.
O primeiro episódio já inicia nos mostrando como a vida de outros importantes personagens da história também passaram por grandes mudanças, que é justamente o caso de Dylan (Max Thieriot) e Emma (Olivia Cooke), onde eles se casaram e vivem juntos com uma filha. O curioso aqui é o fato do Dylan ter se afastado completamente de seu irmão Norman, onde ele sequer ficou sabendo da morte de sua mãe. Outro personagem que ao longo da série foi ganhando um grande destaque e se tornou uma peça fundamental na trama, é justamente o Xerife Alex Romero (Nestor Carbonell), que no início da temporada ele se encontra cumprindo pena em um presídio da cidade.
A quinta temporada de "Bates Motel" tem um início fulminante, principalmente pelos acontecimentos da temporada passada que permeia todo ódio e fúria de Alex no presente. Alex quer vingança a qualquer custo contra Norman pelo falecimento de Norma. A partir daí vemos um Alex completamente frustrado pelo seu plano não ter saído como ele desejava em relação ao Norman. Por outro lado ele se sente fortemente confrontado pelo próprio Norman, quando ele surge no presídio como uma visita inesperada. Aqui já temos uma outra versão do Alex Romero, muito diferente daquele Xerife do início da primeira temporada. Logo outro personagem importante da história reaparece, trata-se de Caleb Calhoun (Kenny Johnson), que invade a casa de Norman e vai até o porão, onde ele encontra o corpo empalhado de Norma Bates.
A partir desse ponto da temporada temos a já esperada transformação de Norman Bates, que consiste justamente em ele tomar pra si a personalidade de sua mãe ao vestir seu vestido e usar uma peruca loira. Logo temos aquele ataque do Norman contra o Caleb, ao perceber que ele viu a figura empalhada da Norma em seu porão. E aqui temos outra surpresa na temporada, que é a chegada na casa de Chick Hogan (Ryan Hurst) bem no momento em que Norman estava vestido e atacando o Caleb. Nesse ponto do episódio temos o Norman proferindo a emblemática frase para o Chick: "agora você sabe que eu ainda estou viva". Por sinal uma cena sensacional!
Fora os protagonistas e os coadjuvantes da série, nessa última temporada temos a chegada de novos personagens secundários: como a presença de uma nova Xerife na cidade de White Pine Bay, Jane Greene (Brooke Smith). Temos a Madeleine Loomis (Isabelle McNally), que é casada com Sam Loomis (Austin Nichols), por sinal um personagem conhecido do clássico "Psicose". Sam tem um relacionamento extraconjugal com Marion Crane, que também se destaca como outra personagem clássica de "Psicose", e aqui sendo vivida pela cantora Rihanna.
Esta última temporada também se destaca pelo clima de suspense e tensão que se instala na casa de Norman enquanto ele mantém preso no porão o Caleb e divide sua atenção com Chick. Novamente preciso citar que aqui o Norman já está completamente tomado pela personalidade da mãe, e muito por acompanharmos ele sempre tomando decisões em nome da Norma, como no caso daquele projeto que que trabalha junto com Chick. E aqui eu preciso destacar o péssimo final que deram para o Caleb na série, onde o limitaram apenas como uma marionete do Norman, e o levaram a ser morto atropelado pelo Chick enquanto fugia do Norman. Isso que eu chamo de descarte de personagem que não faz mais sentido na história.
Mais uma vez temos o Norman usando uma pessoa e depois o descartando com inutilizável. Que é justamente o que acontece com o Chick, quando Norman o manda embora de sua casa, e mesmo sabendo que agora ele sabe de seus segredos envolvendo a sua dupla personalidade. Nesse ponto da história temos outro envolvimento de Norman com uma garota, que é o caso de Madeleine. E novamente somos confrontados pela aparição da figura da Norma simulando a morte de Madeleine para Norman, o que logo o deixa desesperado enquanto foge do local.
A temporada transcorre bem ao dar espaço para os personagens coadjuvantes, que também tem a sua parcela de relevância dentro de toda a história. Como no caso do Dylan revelando para Emma tudo que ele pensa sobre o Norman ser culpado pelas várias mortes que aconteceram ao longo dos anos na cidade, isso incluindo até a morte da sua própria Mãe. A partir desse ponto na temporada temos o Norman sofrendo um forte descontrole mental e confessando ser o assassino de várias mortes. Isso inclui todas as investigações que estava no momento sobre a designação da Xerife Jane. Isso também passa pelas suas recentes descobertas sobre os vários corpos que foram jogados dentro do lago. Baseado em todas essas descobertas e todas as revelações, Norman vai preso. Por outro lado Romero está incansavelmente na busca por vingança, quando ele invade a casa de Norman em sua busca, mas ele não o encontra. Romero se depara com Chick no porão da casa e o mata a sangue frio com um tiro na testa.
Dylan e Emma sofrem com os acontecimentos que desabam sobre eles. Emma cuida dos negócios da família enquanto Dylan se vê preso entre seu passado e seu futuro. Dylan fica confuso, dividido, entre aceitar/acreditar no que o Norman cometeu todo esse tempo. Já a Emma está sofrendo muito por ter descoberto o monstro que o seu cunhado é, e por ele ter matado sua mãe. E aqui temos outra cena emblemática da temporada, que é a cena em que a Emma vai até o local onde Norman está preso para confrontá-lo. Já o Romero obriga Norman a levá-lo até o local onde Norma está morta. Porém, a forma como se dá toda a sequência na cena em que o Norman mata o Romero é patética para um fechamento de história. Colocaram uma grande expectativa em cima desse núcleo para finalizarem de forma pífia. No mínimo esta cena deveria ser emblemática, afinal de contas estamos falando de uma grande rivalidade que foi se criando dentro da série. Já a parte final dos flashback com o Norman e a Norma quando estavam se mudando para começar uma vida nova é muito bom. O final foi bem interessante e trouxe um fechamento coerente com o próprio Norman, já que ao ser morto pelo Dylan ele meio que retorna para os braços de sua mãe que já estava morta. É como se finalmente eles pudessem viver, ou morrer, felizes para sempre e juntos.
Quero destacar aqui a escolha de roteiro para esta última temporada de "Bates Motel", que eu já citei acima. Achei interessante esta ousadia dos produtores em aproximar a história com uma adaptação modernizada do clássico "Psicose". A inclusão na trama dos personagens Sam Loomis e Marion Crane serviu para nos trazer uma releitura de algumas cenas do clássico. Porém, devo deixar bem claro que temos as referências do clássico sessentista mas feitas de forma diferente, com uma nova roupagem e uma liberdade criativa, que até soou interessante. Por exemplo: temos aquela referência do clássico, que é a Marion chegando no Bates Motel embaixo da chuva e tocando a companhia do Motel fechado, logo ela vai ao lado e olha para a casa dos Bates. O personagem Sam Loomis também é outra referência do clássico, até com o envolvimento com a Marion. A cena do Motel entre Marion Crane e Norman Bates é muito boa e foi baseada nessa mesma cena do clássico, até com alguns diálogos iguais. Achávamos que a cena clássica do chuveiro se repetiria com a Marion Crane, igual no clássico, mas dessa vez foi o Sam a vítima de Norman Bates na cena clássica do chuveiro de "Psicose". Eu confesso ter gostado dessa cena, por mais que entendo a frustração de outras pessoas que desejariam a releitura original do clássico, mas entendo a mudança e a liberdade criativa no quesito imprevisibilidade.
Os pontos fracos da temporada: Um ponto que ao longo de cada temporada eu sempre reclamei, que são justamente as tramas secundárias da série, aqui elas voltam a incomodar. Não chegam a interferir tanto como nas duas primeiras temporadas, mas elas estão presentes e de certa forma bem irrelevantes. Eu diria que a trama secundária envolvendo a Madeleine, o Sam e a Marion é bem desinteressante e claramente não mantêm o mesmo nível da história principal. A temporada final acaba correndo demais em vários pontos para dar a conclusão para a história, porém se esqueceram de serem coerentes com várias pontas que ficaram soltas na história como um todo. Posso citar o caso do psiquiatra do Norman que acabou sendo esquecido na história final. O próprio Caleb foi totalmente subaproveitado e teve um final deprimente. O Chick foi um personagem no começo da série e terminou sendo outro totalmente diferente com seus desejos e opiniões, o que me deixou um tanto quanto confuso. No começo o Chick era um personagem decidido a dar fim no irmão da Norma e na última temporada ela meio que se oferece para ser aceito na casa pelo Norman e passa a "cuidar" dele. Confesso que essa mudança de chave no personagem não me agradou. Sem falar que o Chick tinha aquelas suas fitas e o livro, que também foi completamente esquecido no final.
Como o tema do empoderamento feminino está em bastante evidência, eu compreendo algumas tomadas de decisões na série e na temporada, principalmente envolvendo personagens como a Marion Crane e a Madeleine Loomis. Os personagens Dylan e Emma já estiveram em melhores posições de destaques dentro da série, porém especificamente nessa última temporada as participações de ambos chega a ser deprimente. O Dylan toma atitudes controversas e impensáveis, agindo por impulso próprio quanto ao confrontar o Norman. A Emma é a mais triste da temporada, sua participação é completamente abaixo de tudo que ela já entregou na série. A Emma não faz a menor diferença na temporada, se limitando a algumas cenas envolvendo a descoberta da morte de sua mãe, mas no geral ela é uma coadjuvante totalmente escanteada na trama - uma pena!
Alex Romero é tão mal utilizado nessa última temporada que chega a dar pena de seu personagem e do seu desfecho final. Volto a falar que a forma como ele morreu foi tão pífia que soa como um desrespeito com o personagem de Nestor Carbonell.
Já a Vera Farmiga, com a sua impecável Norman Bates, tem sempre uma participação irretocável dentro da série, e aqui chama a atenção por ela ter passado a temporada inteira sempre atuando como uma presença ilusória na história. Freddie Highmore é sem dúvida o maior destaque da temporada e de toda a série (juntamente com a própria Vera Farmiga). É incrível e assustador a interpretação de Freddie na figura do Norman Bates, a sua entrega para o personagem, a sua dramaticidade, a sua desconstrução e degradação psicológica. Realmente é um trabalho impecável e com um grande final do personagem.
Tecnicamente e artisticamente a série beira a perfeição: Temos uma trilha sonora muito bem performada em cada episódio, e que dizia muito sobre o que aquele episódio estava tratando. A fotografia é muito fiel com a proposta modernizada de uma série que tem como princípio um clássico dos anos 60. A direção de arte da série é muito bem conduzida, deixando cada ponto, cada cenário, cada item de cena com um padrão próprio. O trabalho cenográfico e de direção é outro grande acerto da série, mostrando o talento e a competência de cada diretor que conduzia a história.
A quinta temporada de "Bates Motel" recebeu 81 de 100 do Metacritic, com base em 8 avaliações. O Rotten Tomatoes informou que 8 em 8 respostas críticas foram positivas, com média de 100% da classificação. No geral, a quinta temporada de "Bates Motel" teve uma média de 1,29 milhão de espectadores, com uma classificação de 0,5 na faixa demográfica 18-49.
Por fim, a já lendária e aclamada série de TV "Bates Motel" chega ao seu final, ao seu fechamento de ciclo. Como um todo eu gostei demais da série, ela soube se reinventar e entregar algo novo tirado de um clássico antigo e renomado. Acredito que toda produção da série soube inovar bem no quesito modernização de uma história, até ousando em certos pontos que soa como uma referência e uma homenagem para a obra-prima divina do mestre Alfred Hitchcock. Especificamente nessa última temporada a série tem seus altos e baixos, tem seus erros e seus acertos (o que é normal), mas consegue entregar uma temporada muito boa, que atinge o objetivo da missão de recontar a incrível história de Norman Bates por uma outra visão, com uma nova perspectiva, o que deixa ainda mais interessante. Sem falar no final, que na minha opinião foi fantástico, entregando a sua forma poética de representar aquele vínculo afetivo entre mãe e filho, por mais diferente que seja. Um verdadeiro final catártico e apoteótico! [17/12/2023]
A quarta temporada de "Bates Motel" estreou em 7 de março de 2016 e terminou em 16 de maio de 2016. A temporada continua com o padrão de 10 episódios e foi ao ar às segundas-feiras às 21h pela A&E.
Posso afirmar aqui que as duas primeiras temporadas da série funcionou basicamente como uma apresentação de personagens, mais propriamente um desenvolvimento do Norman Bates (Freddie Highmore) e da sua mãe, Norma Louise Bates (Vera Farmiga). De certa forma a série estava tentando se achar como uma série moderna inserida em todo o universo do clássico "Psicose". Na terceira temporada a série começa a tomar um novo rumo, na verdade a série começa a trilhar o caminho principal de toda a história, e passa a focar ainda mais nos indícios psicóticos de Norman Bates. Esta quarta temporada se destaca como a melhor temporada da série até aqui, e muito por mergulharmos de vez no estágio mais crítico da relação tóxica e doentia entre Norman e Norma. É uma temporada que abrange diretamente o embate entre mãe e filho, e nos mostra todas as facetas de um Norman muito inteligente porém extremamente cético e manipulador para conseguir alcançar os seus principais objetivos.
A temporada já inicia nos mostrando os resquícios do final da temporada passada, onde temos o Xerife Alex Romero (Nestor Carbonell) desovando o corpo de Bob Paris (Kevin Rahm), que ele mesmo matou, em um barco no mar. Norman está desaparecido de casa desde o final da temporada passada, quando ele matou a Bradley Martin (Nicola Peltz) e disse que voltaria a pé para sua casa. Exatamente nesse ponto do primeiro episódio que Norman se mostra totalmente descontrolado e desequilibrado, onde sua liberdade passa a ser considerada como uma ameaça para a sociedade, caso Norma não o interne em uma clínica psiquiátrica. Já pelo outro lado da história temos a Emma Decody (Olivia Cooke), que está internada em um hospital em Portland pronta para realizar seu transplante de pulmão.
Este primeiro episódio já se destaca como muito importante e bastante revelador para o contexto de toda a história. Pois é justamente nele que temos o aparecimento repentino de Audrey Ellis (Karina Logue), a mãe que abandonou a Emma enquanto ela era uma criança doente. Interessante que Audrey tem uma pequena participação na história, pois no final do episódio o Norman já mata ela enforcada. Porém, o que chama a atenção é justamente o envolvimento que Audrey criou e como ela se torna um dos pilares centrais para o desentendimento entre Norma e Norman.
Podemos considerar que finalmente Norma percebe que o caso do seu filho é sério e que ele precisa de ajuda médica. Já que Norman passa a ter um comportamento que afeta diretamente a relação com a mãe e sempre a deixa extremamente irritada. Aqui entra um ponto bastante curioso na temporada, que é justamente esse abrupto casamento entre Romero e Norma, já que ela precisava de ajuda com o plano de saúde para conseguir a internação do Norman na clínica psiquiátrica Pineview. A princípio podemos notar que este casamento é totalmente de fachada, já que era por puro interesse por parte da Norma, mas com o tempo eles vão se entendendo e acabam realmente se apaixonando. Norman atinge o ápice do seu surto psicótico contra Norma, ao apontar uma arma para ela, e o Romero o encaminha para o instituto.
Esta temporada funciona muito bem em mesclar a trama principal envolvendo o Norman, a Norma e o Xerife Romero, com a subtrama do Dylan (Max Thieriot) com a Emma. Emma já fez a sua cirurgia e tudo foi um sucesso. E aqui temos uma cena muito boa, que é justamente a cena em que a Emma retira os aparelhos de respiração após a cirurgia e vemos o quanto o Dylan se preocupa com ela, quando ele fica desesperado com ela não respirando. Dylan pensa em seu futuro com a Emma, já que seu relacionamento começa a fluir. Realmente ele está pensando em abandonar o ramo dos negócios com maconha e viver este romance.
Na clínica o Norman começa apresentando bastante resistência em seu tratamento com o Dr. Edwards (Damon Gupton). Porém com o tempo ele passa a aceitar as novas circunstâncias que lhe é designado. Sinceramente eu não acho que Norman aceitou, ele simplesmente está usando todo o seu poder de manipulação, principalmente com o Dr. Edwards. Podemos observar justamente essa questão quando Norman começa a agir com naturalidade as exigências da clínica, e principalmente quando ele conhece aquele seu novo "amigo" e juntos embarcam em uma aventura ao fugir da clínica. De qualquer forma logo Norman entra em outro surto psicótico e revela alguns dos seus segredos ao Dr. Edwards, e vai ainda mais além, quando ele decide denunciar sua mãe em relação as mortes que ocorreram. Norman revela que acredita que todos os assassinatos dos quais ele é o autor foram, na verdade, cometidos por sua mãe, quem realmente precisava de ajuda era ela, e não ele. Esta é uma cena emblemática em toda a série.
Outro ponto que a temporada aborda, e parece bem interessante, é esse relacionamento íntimo e de negócios que o Xerife Romero mantinha com a gerente do Banco Rebecca Hamilton (Jaime Ray Newman). Rebecca era a responsável em lavar o dinheiro para o Bob Paris. Ela revela ao Romero que Bob deixou uma grande quantia no banco, e que ela tem uma das chaves do cofre enquanto ele tem a outra (e realmente ele tinha). A partir desse envolvimento, a DEA passa a usar a Rebecca e passa a levantar uma investigação criminal que ameaça a vida de Romero.
O personagem Chick Hogan (Ryan Hurst) entre em cena ao perseguir a Norma em uma loja. Por fim, Chick revela tudo sobre Caleb (Kenny Johnson) para Norma, explicando para ela tudo que Caleb fez com ele. Norma fica preocupada com o que poderá acontecer com Caleb e ameaça Chick. Pegando este gancho, Norma revela a verdade para Romero sobre seu irmão Caleb ser o pai de Dylan. Ela também revela que teve um relacionamento com ele durante anos e ela o amava, porém quando ela quis terminar tudo ele não aceitou e estuprou ela. Uma cena bem chocante, por sinal.
A estadia de Norman na clínica parecia correr bem até ele descobrir, através de recortes de jornais, que sua mãe havia se casado com o Xerife Romero. Imediatamente a chave em sua cabeça muda e Norman quer deixar a clínica de qualquer forma. Norman é extremamente manipulador e persuasivo, e ele usa de todos os seus meios para convencer o Dr. Edwards que precisava voltar para casa para ficar ao lado de sua mãe, que isso seria muito benéfico para ele e o ajudaria ainda mais no tratamento. Após o Norman fazer todo um teatro ele convence o Dr. Edwards a assinar a sua liberação da clínica. Romero não ficou nada feliz pela a Norma aceitar que o Norman voltasse para casa, ainda mais agora com ele morando com ela. A presença de Norman em casa incomoda muito o Romero, e a Norma fica dividida entre os dois, tentando agradar os dois. E realmente Norman está decidido por um fim no casamento de sua mãe com o Xerife, pois ele foi confrontar pessoalmente o Romero para pedir que ele se divorciasse de sua mãe. O maior erro da Norma como mãe é proteger demais o seu filho, como se ele fosse um cristal que vai se quebrar a qualquer momento. Essa proteção excessiva atrapalha em seu crescimento e desenvolvimento como uma pessoa adulta.
No oitavo episódio temos uma reedição de uma cena clássica de "Psicose": que é a cena com o Norman olhando pelo buraco da parede no Motel a sua mãe transar com o Romero. Na hora eu peguei toda a referência da obra-prima do mestre Hitchcock.
O nono episódio revela como o Romero e o Dylan pretendiam se unir para forçar uma nova internação do Norman, mesmo contra a vontade da Norma. Norman está conseguindo manipular a mãe com relação ao seu casamento com o Romero, ou ela está deixando ser manipulada, mesmo sabendo as reais intenções do filho. A obsessão do Norman pela Norma é tanto, que ele fechou todas as entradas e saídas de ar da casa, ligou o forno no porão e soltou uma espécie de gás venenoso saindo unicamente embaixo da cama onde ele e a mãe dormiam. A ideia dele era se matar e matar a própria mãe enquanto dormiam. O Romero chega na casa e quebra a janela para entrar um pouco de ar mas já era tarde. Norman acorda porém sua mãe não.
O último episódio da temporada é magnífico, facilmente o melhor episódio da temporada e um dos melhores de toda a série. Temos o Norman planejando um evento especial para o velório da Norma. Também somos informados que a intoxicação por monóxido de carbono foi o que matou a Norma, causado pelo Norman, e esta substância pode afetar a memória. A guerra entre Romero e Norman está declarada, ele quer tentar de qualquer jeito provar que o Norman é o responsável pela morte da mãe. Norman parece conseguir manipular todos em sua volta, menos o Romero, que é astuto, inteligente e muito sagaz. Os últimos eventos na temporada do Xerife Romero consiste em como ele é pressionado pelos seus atos no passado, o que acaba fechando o cerco e ele acaba terminando a temporada sendo preso.
O final do episódio é catártico, pois ele nos mostra como ocorreu toda a libertação de tudo que estava reprimido entre sentimentos e emoções do Norman em referência com sua mãe. A partir daí temos uma excelente sequência de cenas; que é justamente quando o Norman vai até o cemitério e desenterra o corpo da Norma e a leva para casa. Logo temos uma cena completamente bizarra e bem mórbida, onde o Norman cola os olhos da defunta da mãe. Agora ele passa a conviver com a presença dela morta como se estivesse viva, e conversando com ela normalmente e constantemente, algo bastante natural para ele. Esta parte segue bem um roteiro se baseando na história original, tanto do clássico dos anos 60 quanto da obra-prima da literatura de Robert Bloch.
Sobre o elenco: Não tem como mais elogiar e enaltecer a Vera Farmiga em "Bates Motel". Ela já atingiu um ápice de excelência inimaginável dentro da série. Já o Freddie Highmore sempre esteve em uma ótima performance em cada temporada, porém nessa quarta ele atinge um grau superior, o ápice do seu personagem, se destacando em todas as cenas. Incrível como o Freddie cresce de produção em cada temporada, e aqui ele entrega um nível de dramaticidade muito fiel com o contexto do seu personagem. Max Thieriot tem uma temporada bem apagada, em comparação com os seus maiores destaques nas temporadas passadas. O roteiro dessa temporada não contribuiu com o Dylan, o limitando em poucas participações na trama central. O mesmo vale para a Olivia Cooke, que também tem uma temporada bem discreta, se limitando apenas em torno do seu transplante e recuperação morando em outra cidade com o Dylan. Nestor Carbonell está em sua melhor temporada na série. É completamente incrível o crescimento absurdo em questão de relevância que o Xerife Romero tomou. Em contrapartida a sua atuação só melhora e cada vez mais nos surpreende. Acredito que o ápice de sua performance será exatamente na quinta temporada, com a guerra declarada contra Norman Bates. Nestor Carbonell é um ator excelente. Ryan Hurst tem uma participação menor na temporada porém extremamente importante para o seguimento na quinta temporada. Eu estou muito curioso em como será a participação do Chick na última temporada. Já o Kenny Johnson foi completamente esquecido nessa temporada, e eu que pensei que o Caleb teria participações cruciais nessa quarta temporada.
Parece que finalmente os roteiristas aprenderam a dar o maior foco e o maior destaque para a trama principal e deixar de lado as inúmeras subtramas paralelas. Este foi o maior erro das duas primeiras temporadas, o fato de querer contar várias histórias todas ao mesmo tempo e no fim não desenvolver bem nenhuma. Na minha opinião as histórias paralelas foram trazidas para a série apenas como uma válvula de escape, para chamar a atenção do espectador para outros rumos na história e não focar unicamente em torno do Norman e da Norma (apesar de esse ser o nosso principal interesse na série). As tramas secundárias nunca conseguiram atingir o mesmo grau de excelência dos eventos envolvendo os dois protagonistas. Na terceira temporada essas subtramas já haviam sido bem reduzidas e nessa quarta elas perderam ainda mais as suas forças. Por mais que ainda temos alguns desdobramentos paralelos na história, mas eles são bem pequenos e não interferem tanto como antes.
Outro ponto que não foi diretamente revelado nessa temporada, mas eu cheguei na conclusão: lá no começo da série foi levantado toda a questão que envolvia a construção da nova estrada que desviaria o fluxo do Bates Motel, e que obviamente a Norma Bates era contra. Ela chegou a lutar na prefeitura e comprou uma grande briga por esta causa. Porém, esse assunto não foi mais discutido na série, o que me leva a crê que a Norma perdeu a disputa e a estrada foi realmente construída.
A quarta temporada de "Bates Motel" recebeu elogios da crítica da televisão e foi indicada para dois Primetime Creative Arts Emmy Awards. Também ganhou três prêmios People's Choice Award por drama de TV a cabo, atriz de TV a cabo (Vera Farmiga) e ator de TV a cabo (Freddie Highmore). A quarta temporada do Bates Motel manteve classificações consistentes ao longo de sua exibição, com a estreia da temporada atraindo 1,55 milhão de espectadores e o final totalizando 1,50 milhão.
A temporada foi recebida com elogios da crítica. A temporada teve uma classificação 100% positiva no site agregador de críticas Rotten Tomatoes, com base em 17 respostas de críticos de televisão.
A série "Bates Motel" finaliza mais uma temporada em alto nível. A quarta temporada é de longe a melhor de toda a série até aqui. E muito por trazer uma temporada mais centrada, mais enxuta, mais focada na trama central, sem ficar vagando perdida em tramas paralelas e desinteressantes.
O que vimos até aqui foi a construção de um relacionamento entre mãe e filho baseado na obsessão, no extremismo, na devoção, na adoração, onde logo foi desenvolvido um relação tóxica e doentia. Uma demonstração de amor excessivo e corrosivo que se transformou em ódio, loucura e manipulação extrema.
A quinta (e última) temporada promete demais, pois será a primeira temporada sem a presença real da Norma Bates, o que trará um grande impacto para a trama central. Também será a primeira temporada em que teremos um Norman agindo "teoricamente sozinho", com suas escolhas e suas decisões tiradas de uma mente totalmente deturpada e psicótica. Sem falar que nessa última temporada teremos o ápice do Norman, onde ele demonstrará toda a sua psicopatia e sua dupla personalidade. Ou seja, será na quinta temporada que Norman agirá da forma que conhecemos no clássico dos anos 60; quando o saudoso Anthony Perkins se consagrou como um dos maiores maníacos e psicopatas da história do cinema. Dessa vez o bastão foi passado para o talentosíssimo Freddie Highmore, e eu quero conferir como será a sua apresentação final na pele do lendário e icônico Norman Bates. [27/10/2023]
A terceira temporada de "Bates Motel" é novamente constituída em 10 episódios e foi transmitida pela A&E de 9 de março a 11 de maio de 2015, com exibição às segundas-feiras às 21h.
Na primeira e na segunda temporada de "Bates Motel" tivemos o início e o desenvolvimento da psicose de Norman Bates (Freddie Highmore). Ou seja, podíamos notar os primeiros indícios do seu lado psicótico, que de fato ainda acontecia em casos mais raros. Nessa terceira temporada esse quadro se agrava ainda mais, ficando cada vez mais específico e tomando uma proporção ainda maior. Norman passa a sofrer apagões mais constantes e passa a ter vagas memórias de suas ações nos momentos desses apagões. É como se ele sofresse para distinguir as criações de sua mente daquilo que realmente aconteceu.
O primeiro episódio já inicia de forma bastante peculiar com uma cena intrigante do Norman dormindo na cama com a Norma (Vera Farmiga), o que deixa o Dylan (Max Thieriot) incomodado ao presenciar esta situação. E mais bizarro ainda é o fato do Dylan confrontar a Norma sobre o caso e ela simplesmente dizer que acha isso tudo normal. É justamente nessa temporada que passamos a observar um comportamento cada vez mais estranho do Norman com sua mãe. Era como se o Norman sentisse algum tipo de desejo pela mãe, e ela em contrapartida acaba contribuindo para esse seu comportamento. Outro fato intrigante é justamente a cena em que a Norma recebe um telefonema informando que sua mãe havia falecido, e ela fica incomodada mas reage naturalmente como se não se importasse. E é muito curiosos a Norma dizer que não liga para o fato da morte de sua mãe por já ter 20 anos que não fala com ela, porém ela sofre com essa notícia por algum trauma do passado.
Norman ainda não superou a morte da professora Blaire Watson (Keegan Connor Tracy) e não consegue voltar para a escola, porém sua mãe o obriga. Várias plantações de maconhas da cidade foram queimadas pela narcóticos. Muito estranha essa atitude do Norman em querer namorar com a Emma (Olivia Cooke) agora, depois de tanto tempo. Eu acho que isso foi uma atitude tomada por pena dela, por ela ter informado que sua doença progrediu bastante. Norman decide largar a escola e passar a estudar em casa, sendo uma atitude apoiada pela sua mãe. Emma toda encantada pelo início do namoro também decide seguir os mesmos passos do Norman e também abandona a escola. Uma hóspede misteriosa chega no Motel e deixa o Norman bem impressionado. A garota se chama Annika Johnson (Tracy Spiridakos) e acaba revelando para o Norman que ela é uma garota de programa e está na cidade por causa de uma festa.
Temos o primeiro mistério da temporada: o desaparecimento de Annika. Como sempre acontece, o desaparecimento da moça levanta uma grande tensão na cidade. O fato do Norman ter retornado para o Motel no carro da moça deixa a Norma com vários pensamentos em relação ao seu filho. Norma vai investigar o local da festa que Annika disse que iria e acaba descobrindo a verdade sobre o Arcanum Club. A relação de Dylan e Caleb (Kenny Johnson), que retornou para a cidade após a morte de sua mãe, não está nos melhores dias. E pra piorar a situação, eles encontram um vizinho bem misterioso. O Xerife Romero (Nestor Carbonell) vai embora do Motel pelo fato da sua casa ter ficado pronta após 3 meses de hospedagem. Norma fica visivelmente chateada com a partida de Romero.
Como o Norman foi a última pessoa que esteve com a Annika antes de seu desaparecimento, o Xerife Romero decide investigá-lo. Norma hesita quando Romero faz perguntas complicadas a Norman. Norman está sofrendo uma pressão psicológica muito grande da mãe, ao ponto de deixá-lo completamente transtornado. A partir daí temos algumas revelações curiosas na temporada; como o fato do Xerife Romero conhecer o seu adversário para reeleição. Um corpo de uma garota misteriosa foi encontrado boiando em um lago da cidade, o que fatalmente pensaríamos que pudesse ser o corpo de Annika. Mas não era o corpo de Annika, era de outra garota, já que Annika reaparece no Bates Motel gravemente ferida e entrega um pen drive para a Norma e morre ali mesmo em seus braços.
A cidade de White Pine Bay continua com suas mortes misteriosas. O Xerife Romero investiga as mortes misteriosas de Lidsay e Annika, as duas garotas assassinadas que trabalhavam no Arcanum Club. Segredos enterrados vêm à tona para Caleb e Dylan. Norma decide voltar para a faculdade e acaba conhecendo o professor James Finnegan (Joshua Leonard). James por sua vez acaba se envolvendo com Norma e passa a conhecer um pouco dos seus problemas familiares, o quê ele se arrependeu mortalmente. A relação do Xerife Romero com a Norma tinha tudo para dar certo, mas a constante desconfiança dele sobre ela e o Norman impossibilita essa aproximação. E o fato da própria Norma querer acobertar o filho a todo custo acaba dificultando cada vez mais essa aproximação.
Em cada temporada temos a figura de um vilão, aquele maioral que dá as cartas na cidade de White Pine Bay. Nessa temporada esta figura é o misterioso Bob Paris (Kevin Rahm). Bob é o dono do Arcanum Club, que dá grandes festas na cidade regado a orgias sexuais e várias personalidades importantes. Mais tarde descobrimos que Bob é o homem responsável pela morte das duas garotas, além de ter colocado um concorrente ao posto de Xerife no caminho de Romero, e ter planejado uma tentativa de assassinato do próprio Romero. A principal subtrama da temporada consiste no Bob Paris em resgatar aquele pen drive que a Annika deu para a Norma em seu leito de morte. Este pen drive possui um conteúdo sigiloso que envolve todo o reinado de Bob Paris na cidade.
Por outro lado, Dylan faz uma tentativa de pedir para a Norma considerar falar com seu irmão Caleb. Esta tentativa não deu certo, já que a Norma ficou revoltada e acabou saindo de casa. Norma realmente considera uma vida fora de White Pine Bay, deixando Norman em uma posição vulnerável. Com a saída da Norma de casa, Norman ficou completamente transtornado, o que aproximou Dylan e Emma quando ambos se uniram para ajudar o Norman. O Xerife Romero descobre sobre a sua tentativa de assassinato e assim ele consegue ir atrás do seu concorrente no cargo de Xerife e matá-lo (uma cena espetacular, diga-se de passagem). Norma se encontra totalmente desequilibrada e perdida emocionalmente. Aquela cena com ela indo até o Caleb e o perdoando diz muito a respeito. Preciso destacar uma cena do sexto episódio: que é a cena com a Norma chegando na agência de carros e pedindo para trocar seu carro. Logo me lembrou a mesma cena que aconteceu no filme clássico de 1960.
Com a aproximação de Dylan e Emma, ele acaba descobrindo notícias chocantes sobre a saúde de Emma. Emma precisa de um transplante de pulmão urgente ou poderá morrer e Dylan está tentando ajudá-la. Caleb e Dylan aceitam um trabalho que envolve certo risco. Dylan pretende vender toda a entrega de maconha para o transplante de pulmão da Emma. Incrível como Norman sente ciúmes das pessoas que a Norma dorme, como ele implica com ela, sente desejos sexuais por ela, e ainda olha seu corpo de relance.
Surpreendendo um total de zero pessoas, Bradley Martin (Nicola Peltz) está de volta. Esta volta de Bradley na série é bem questionável, e ela volta a atormentar o Norman com as suas loucuras. Dylan dá 50 mil dólares para o pai da Emma para a sua cirurgia. Emma tem uma reação surpreendente a notícias aparentemente positivas sobre sua chance de fazer o transplante de pulmão, mas ela não sabe que foi o Dylan que pagou. Parece rolar uma química entre o Dylan e a Emma, e finalmente rola um beijo entre eles. Eu acho que o Dylan se mostrou muito mais preocupado com o estado de saúde da Emma do que o Norman. Disto isto: eu prefiro muito mais o casal Emma e Dylan do que Emma e Norman.
Norma chega ao limite com os problemas de Norman e decide que quer interná-lo em uma clínica psiquiátrica. No final da temporada temos a morte de Bob Paris pelo Xerife Romero. Também temos Norman em um estado psicótico quando incorpora sua mãe e mata a Bradley. No final Norman faz exatamente como no filme clássico: ele coloca o corpo da Bradley no porta-malas do carro e o empurra até um lago. E assim termina a terceira temporada de "Bates Motel".
Um dos principais problemas das temporadas anteriores era exatamente na questão do roteiro, por querer contar várias histórias todas ao mesmo tempo e no fim não desenvolver bem nenhuma. Especificamente nessa temporada não temos este problema relacionado ao número de histórias paralelas desnecessárias. Temos algumas subtramas, é claro, como no caso do Bob Paris e sua incansável busca pelo pen drive. Que sim, foi uma história paralela bem desnecessária e totalmente cansativa, por se repetir demais. Mas eu confesso que no geral esta terceira temporada é mais direta ao ponto, é mais centrada na trama principal, que é justamente o desenvolvimento tóxico do Norman e da Norma. A história principal de "Bates Motel" tem uma alavancada nessa temporada justamente pelos problemas mentais de Norman se aflorarem e ele ficar cada vez mais descontrolado.
Porém, o excesso de personagens desnecessários é um ponto que me incomoda bastante na série. Nessa terceira temporada não é diferente, temos vários personagens desnecessários, que são trazidos para a série apenas para servirem de muletas para o desenvolvimento de uma história de um personagem principal da série. Como no caso das personagens Lidsay e Annika, e aquele postulante ao cargo de Xerife da cidade, que serviram de muletas para o encaixe do personagem Bob Paris na temporada. Bob Paris por sua vez é mais um personagem desnecessário que mantém aquele legado de vilão de temporada que é sempre morto no final. Na primeira temporada foi o Jake Abernathy (Jere Burns), na segunda temporada foi o Nick Ford (Michael O'Neill) e nessa temporada é o Bob Paris. Uma personagem que foi extremamente importante na série, que teve a sua época, e que foi trazida de volta nessa temporada se tornando uma personagem completamente desnecessária, é exatamente a Bradley Martin. Quando a Bradley foi embora da cidade o seu retorno era só questão de tempo, e eu tinha certeza que isso mais cedo ou mais tarde iria acontecer. Bradley teve o seu auge e a sua relevância nas temporadas passadas, principalmente na segunda temporada, mas a sua volta nessa terceira temporada foi completamente infundada e desnecessária, servindo apenas para compor mais uma morte do Norman. Eu não duvido nem um pouco se nas próximas temporadas não irão trazer de volta a Cody Brannan (Paloma Kwiatkowski) para servir de vítima para o Norman.
Sobre o elenco: Vera Farmiga como sempre é o principal destaque da temporada e da série. Em cada temporada é cada vez mais notável o seu crescimento e o desenvolvimento impecável de sua personagem Norma Louise Bates. Freddie Highmore só cresce na série cada vez mais. Incrível como o Freddie vem em uma constante crescente, em uma constante evolução, que só melhora e nos surpreende em cada temporada. Especificamente nessa temporada a dupla Vera Farmiga e Freddie Highmore estão com mais sintonia e com mais química, cujo as cenas onde ambos estão contracenando juntos é tomada por um forte clima de tensão e desconforto para nós espectadores. Max Thieriot ganha mais espaço na trama e logo seu personagem ganha mais destaque pelo o local que ele ocupa na série. O mesmo vale para o Nestor Carbonell, que também se destaca em razão da importância que seu personagem tem com os vários problemas que surgem ao longo da temporada. Olivia Cooke continua na mesma linha da temporada passada, com uma participação mais contida, mas eu confesso que fiquei bastante animado com as possibilidades da personagem para a quarta temporada. Já que agora temos uma aproximação da Emma com o Dylan e logo ela fará o transplante de pulmão. Kenny Johnson finalmente consegue conquistar o seu espaço na série, e algo me diz que ele será importante nas próximas temporadas. E pra finalizar o elenco, Nicola Peltz, que voltou para a série apenas para compor o final da temporada com o Norman liberando toda a sua fúria e descontrole do seu lado psicótico.
A terceira temporada de "Bates Motel" recebeu 72 de 100 da Metacritic, com base em 5 críticas de críticos de televisão, indicando "críticas geralmente favoráveis". O Rotten Tomatoes relatou que 11 das 12 respostas críticas foram positivas, com média de 92% da classificação." O episódio de estreia da temporada atraiu um total de 2,14 milhões de telespectadores. Por suas atuações nesta temporada, Vera Farmiga e Freddie Highmore foram indicados ao Critics' Choice Television Awards de Melhor Atriz e Melhor Ator em Série Dramática, respectivamente. A terceira temporada ficou em quarto lugar na lista de final de ano dos principais programas ao vivo + 7 dias da Nielsen, ganhando uma média de 201,8% de espectadores em DVR.
Tecnicamente a temporada também se destaca: A trilha sonora é boa e agrega bastante na história. A fotografia se sobressai em cada cena apresentada. A direção de arte é muito bem representada. A edição é muito boa, assim como a mixagem de som. Cada detalhe técnico conta muito para a qualidade da temporada e consequentemente da série.
A terceira temporada de "Bates Motel" melhora em relação as temporadas anteriores. E muito dessa melhoria se dá exatamente por focar mais na trama central e deixar um pouco de lado as inúmeras histórias paralelas e desnecessárias. A temporada também se sobressai na questão da construção e no desenvolvimento do Norman Bates, que se mostra cada vez mais psicótico e insano, que vai perdendo o seu autocontrole gradativamente com o passar do tempo. No começo o Norman se mostrava assustado e coagido pelos seus apagões e a sua dupla personalidade, agora ele já parece dominar o seu caráter imprevisível, dúbio, e parece cada vez mais a vontade ao explorar a sua mente psicótica. Esta temporada é também a responsável em nos elucidar sobre o comportamento e as atitudes da Norma Bates em relação ao seu filho. Que logo nos mostra quem é a verdadeira personalidade psicopata da história.
Acredito que agora a série irá crescer cada vez mais nas próximas temporadas. Potencial sempre teve, só não estava sendo totalmente explorado. [12/10/2023]
A segunda temporada de "Bates Motel" teve novamente 10 episódios e estreou na TV a cabo A&E em 3 de março de 2014. A temporada foi ao ar às segundas-feiras às 21h e foi concluída em 5 de maio de 2014.
Em sua segunda temporada, "Bates Motel" continua na mesma linha da temporada passada, porém constrói uma história mais complexa e com várias subtramas. Temos novos conflitos que envolve, dessa vez, duas famílias que controlam as plantações de maconha da cidade de White Pine Bay. Dentro desse contexto, Norma (Vera Farmiga), Norman (Freddie Highmore) e Dylan (Max Thieriot) se encontram em situações delicadas.
A segunda temporada gira em torno de situações distintas: Norman fica obcecado em uma espécie de trauma pessoal referente à morte da professora Blaire Watson (Keegan Connor Tracy), que aconteceu no final da temporada passada. O passado sombrio de Norma se volta contra ela com o aparecimento de seu misterioso irmão. Bradley Martin (Nicola Peltz) está obcecada na busca pelo verdadeiro assassino de seu pai. Emma Decody (Olivia Cooke) vive seu drama pessoal ao se sentir excluída da família Bates, e logo se envolve em um novo interesse amoroso. Já o Xerife Alex Romero (Nestor Carbonell) se vê ameaçado ao ser perseguido e descoberto em suas investigações.
O primeiro episódio é muito bom e já se destaca relevando alguns segredos que até então estavam guardados: Norman não se conforma com a morte da Sra. Watson e não consegue se desprender desse acontecimento, passando a visitar seu túmulo no cemitério constantemente. Isso, claro, incomoda muito a Norma. No enterro da Sra. Watson o Norman chora copiosamente, talvez por culpa ou por remorso. Assim como o cinto do Keith Summers, Norman também guarda o colar da Sra. Watson. Bradley está totalmente descontrolada e transtornada pela morte do pai, o que a leva a tentar um suicídio ao se jogar de uma ponte, principalmente pelo fato dela ter descoberto que o seu pai estava tendo um caso com a Sra. Watson. Nesse ponto é interessante nos atentarmos que Bradley havia encontrado algumas cartas de amor que seu pai estava trocando com uma mulher que se identificava apenas como "B" (Blaire Watson). Norman está cada vez mais se dedicando ao empalhamento de animais no porão de sua casa. Bradley recebe alta do hospital psiquiátrico em que estava internada e quer buscar vingança contra o assassino de seu pai. E aqui temos um final de episódio surpreendente, que é justamente a Bradley indo até a casa de Gil Turner (Vincent Gale) e o matando com um tiro na testa. Ela havia descoberto que ele era o assassino de seu pai.
O segundo episódio mostra a Norma preocupada com aquela obsessão doentia de Norman pela morte da Sra. Watson, o que a leva a convencê-lo a participar de uma peça musical na cidade. Após ter matado o assassino de seu pai, Bradley se vê desesperada e busca a ajuda de Norman, que a esconde no porão de sua casa. Ela quer a ajuda de Norman para fugir da cidade, e com isso o Dylan, atendendo um pedido de Norman, ajuda ela a fugir. Com a morte de Gil a cidade fica bastante impactada, já que Zane Morgan (Michael Eklund), o chefe de Dylan, acredita que tem uma outra família no ramo das drogas, liderada por Nick Ford (Michael O'Neill), que está envolvida com o ocorrido, o que gera uma guerra de drogas na cidade.
A temporada segue nos mostrando o empenho da Norma na luta contra a construção da nova estrada. E podemos notar que finalmente o Bates Motel está prosperando, ao começar a receber hóspedes (mesmo aqueles hóspedes estranhos). Norma toma uma atitude de certa forma até precipitada, ao tomar conhecimento que o conselho da cidade fará uma reunião sobre o tema, e ela decidir confrontar os superiores expondo o seu descontentamento com a construção da estrada. De certa forma podemos até entender esta postura da Norma, já que realmente aquela nova estrada interferiria diretamente no movimento do seu Motel. Porém, a forma como ela contesta em seu discurso acaba sendo confrontada pelo pelo vereador Lee Berman (Robert Moloney), onde logo ela perde o controle da situação e acaba expondo as atividades ilegais que existem na cidade (o império da maconha).
Nos episódios seguintes temos uma revelação enigmática, que é justamente o aparecimento do irmão da Norma, Caleb Calhoun (Kenny Johnson). E este aparecimento revive lembranças traumáticas para Norma, o que a leva a revelar um segredo do seu passado. Em contrapartida Caleb tenta se aproximar de Dylan, que o leva até a casa da Norma, causando uma trágica situação com a própria Norma quando chega e dá de cara com seu irmão dentro de sua casa. Norma fica transtornada ao ver o irmão e o expulsa da sua casa. Em uma discursão Norma revela que ela era estuprada pelo seu irmão quando tinha 13 anos. Logo após ela revela que ele é o pai de Dylan. Na sequência temos outra cena impactante, que é justamente o momento em que Norma revela para Dylan que Caleb é o seu pai.
Temos outra revelação traumática para Norman, que acontece justamente quando Emma leva para ele a notícia de que Bradley havia se suicidado e deixado um bilhete junto com suas roupas na margem da praia (este foi um acordo que Bradley havia feito com Dylan antes dela fugir da cidade). Norman fica visivelmente transtornado com esta notícia referente a Bradley. A partir daí Norman começa uma amizade com Cody Brennan (Paloma Kwiatkowski). Cody conhece Norman em um mercado, quando ele estava fazendo compras para preparar um disfarce para a fuga de Bradley. Logo esta amizade toma um outro rumo, quando Norman transa com Cody, o que faz com que os dois se aproximem e Norman começa a tomar conhecimento da complicada vida de Cody, mas como ela é uma jovem rebelde, Norma não quer que o filho conviva com ela.
Cody tem uma importante participação na temporada ao colaborar (de forma negativa) no despertar dos "apagões" de Norman (um espécie de estado traumático, um transe psicótico). E justamente a Cody convence Norman a ir até o motel que Caleb estava hospedado e confrontá-lo (após Norman ter revelado este segredo para ela). A intenção de Cody era que Norman desse um susto em Caleb na intenção que ele se afastasse de Norma, porém Norman acaba desistindo da ideia no meio do caminho, onde logo após ele tem o seu primeiro apagão. Depois Norman volta até lá e confronta Caleb. Incrível que logo vemos como Norman entra em transe e passa a se identificar com as memórias da mãe diante de Caleb, que sofreu os abusos, como se ele fosse a Norma em um estado psicótico. Nesse mesmo episódio temos um final que revela que em meio a todas as questões investigativas que o Xerife Romero passou, ele acaba tendo a sua casa incendiada e ele precisa passar um tempo morando em um dos quartos do Motel Bates.
Norma se torna amiga de Christine Heldens (Rebecca Creskoff), a ex-diretora daquela peça musical que ela levou o Norman, e até comparece a uma festa na casa dela. A partir dessa amizade Christine leva Norma para a vida social de White Pine Bay. É interessante que a partir dessa amizade com Cristine, Norma conhece o misterioso Nick Ford, que também se mostra contra a construção da nova estrada. Norma acaba se envolvendo com Nick Ford sem saber que ele é o chefe da outra família de drogas, rival daquela para quem Dylan trabalha. Norma acaba entrando em uma teia de aranha com este envolvimento, ao aceitar a ajuda de Nick Ford onde rapidamente a construção da estrada é paralisada. O maior problema para Norma é que Nick Ford acaba cobrando a ajuda que ele deu para ela, e isso traz um problema seríssimo para Norma.
O quinto episódio nos mostra como Dylan precisa lutar por sua vida na guerra iniciada por Zane. Como o Xerife Romero foi se hospedar no Motel Bates, com o contato diário a sua relação com Norma vai aos poucos melhorando. Logo temos mais uma nova personagem chegando na série, trata-se da misteriosa Jodi Morgan (Kathleen Robertson), a irmã de Zane, que já se auto intitula como a verdadeira chefe de Dylan. Norma está cada vez mais se envolvendo com a política da cidade, o que lhe traz sérios problemas. Os constantes apagões de Norman acaba preocupando à todos, principalmente a Norma, que sabe os reais motivos desses apagões mas se recusa a contar a verdade para ele. O sexto episódio termina justamente em uma discursão entre Norman e Cody, quando o pai da Cody aparece e entra na discursão, e na sequência Norman acaba o empurrando da escada, matando o pai da Cody.
O sétimo episódio nos revela que Norman foi considerado inocente pela a morte do pai da Cody, que foi considerado como um acidente (e na real não foi). Cody rompe a amizade com Norman e vai morar com a tia em outra cidade. Por fim é confirmado, através de um exame, que o sêmen no útero da Sra. Watson é de Norman Bates, o que prova que foi ele mesmo quem a matou. E logo após temos a cena que revela que Norman fez sexo com a Sra. Watson naquela noite e depois cortou sua garganta com um canivete. Já no último episódio da temporada temos aquela já famosa matança descontrolada, que é justamente o Nick Ford sendo morto pelo Dylan. E logo após temos o resgate do Norman do cativeiro em que ele estava preso. No fim vemos que Norman está sempre com sua mãe dentro da sua mente, como se ela o controlasse o tempo todo, o fazendo negar até o seu assassinato da Sra. Watson. Gostei muito desse final de temporada.
Porém: a segunda temporada de "Bates Motel" continua insistindo nos mesmos erros da temporada anterior, que é justamente no desenvolvimento do roteiro, por novamente querer contar várias histórias todas ao mesmo tempo e no fim não desenvolver bem nenhuma. Por exemplo: em cada temporada aparece uma figura para ser o grande vilão do final de temporada (o que pode ser normal). Na primeira temporada foi o Jake Abernathy (Jere Burns) e nessa temporada é o Nick Ford. Me parece mais uma tentativa forçada de querer sempre por obrigação implantar um grande vilão, o manda-chuva, o big boss, sempre com aquele ar de poderoso, de superior, e no fim terminar como um morto qualquer sem nenhum sentido. No fim o grande vilão de temporada não passa de um personagem raso, falho e sem nenhuma relevância para o contexto da temporada e principalmente da série.
Outro ponto: criam histórias na primeira temporada e não tem uma relevância na próxima; como no caso do assassinato de Keith Summers, que foi completamente esquecido. A história da morte do pai da Bradley até deram uma certa continuidade nessa segunda temporada, mas depois esqueceram, e muito pelo fato da própria Bradley ter fugido da cidade (mas acredito que ela voltará na próxima temporada). Parecem que querem contar tantas histórias ao mesmo tempo que se perdem em diversas vezes e não dão continuidades e nem finalizam nenhuma, todas ficam como pontas soltas. Várias histórias paralelas que tiram o foco da série, como essa briga das gangues de maconha. Todo esse envolvimento da Norma com o Nick Ford na tentativa de ajudá-la com a estrada nova, o que resultou em todo esses arcos de histórias paralelas, rasas, falhas e sem sentido. Tudo isso só para integrar cada vez mais personagens na série, o que fatalmente mascara a história principal e faz com que toda essa inserção de novos personagens faz com que os protagonistas apareçam menos.
Sobre o elenco: Vera Farmiga (atualmente em cartaz nos cinemas em "A Freira 2") é novamente o grande destaque da temporada. Dessa vez ainda mais atuante nos comportamentos e atitudes de Norman, o que começa a trazer cada vez mais problemas para ele. Mais uma excelente atuação de Vera Farmiga. Freddie Highmore ("The Good Doctor"), assim como a Vera, é também mais um belíssimo destaque da temporada. Nessa temporada o Norman começa a lidar com os seus constantes apagões, o que logo resulta em seus transes psicóticos. Ele passa a reviver e conviver cada vez mais com as memórias de sua mãe, ou seja, praticamente se transformando nela. Aquela cena no final da temporada, com ele esboçando aquele olhar e aquele sorriso, é sensacional. Nos mostra o grandioso talento que Freddie Highmore tem. Max Thieriot ("SEAL Team") está melhor nessa temporada e muito mais participativo. Ele tem participações cruciais em vários pontos importantes dentro da história. Nicola Peltz ("Transformers: A Era da Extinção") tem uma transformação gigantesca nessa temporada. Ela deixa de ser aquela patricinha mimada da primeira temporada e passa a ser uma personagem muito importante dentro do contexto da série. Aquelas cenas em que ela aparece descontrolada no carro e logo após se jogando da ponte, é genial. Sem falar na cena em que ela vai toda sedutora e vestida para matar - maravilhosa! Olivia Cooke ("Jogador Nº1") novamente tem sua importância dentro da temporada (assim como na anterior), mas eu confesso que esperava mais da sua personagem. Sinceramente, eu queria ver a Emma mais participativa nos pontos cruciais da história, que ela fosse mais fundamental (como no início da temporada passada, nas investigações sobre a garota asiática). Mas aqui me parece que ela tem seus momentos de destaques, tem novamente a sua paixão, mas no fim ela se sente excluída e passa a ser escanteada. Nestor Carbonell ("The Morning Show") tem uma participação muito mais relevante nessa temporada. O Xerife Romero tem participações mais fundamentais na história e sua aproximação com a Norma pode resultar em novas subtramas nas próximas temporadas. Não posso deixar de destacar a excelente participação de Paloma Kwiatkowski, que trouxe uma personagem muito importante para o desenrolar da temporada.
A segunda temporada de "Bates Motel" recebeu críticas positivas de críticos de televisão, e o episódio de estreia atraiu um total de 3,07 milhões de espectadores. A série foi renovada para uma terceira temporada depois que cinco episódios da segunda temporada foram ao ar. Por sua atuação, Vera Farmiga recebeu indicações para o Critics' Choice Television Award de Melhor Atriz em Série Dramática e o Saturn Award de 2014 para Melhor Atriz na Televisão.
A segunda temporada de "Bates Motel" recebeu uma pontuação de 67 em 100 no Metacritic, a partir de 11 comentários. O Rotten Tomatoes relatou uma classificação de 86% a partir de 12 comentários para a segunda temporada.
Apesar das falhas de roteiro e do desenvolvimento das histórias paralelas serem vagas e rasas, esta temporada continua em um bom nível de suspense, de mistério, conseguindo um bom aprofundamento no drama e na construção do terror psicológico. É interessante notar esse relacionamento que soa tóxico e doentio entre mãe e filho, o que logo nos leva a perceber que esse estado de possessão controladora da Norma é o principal fio condutor para o desenvolvimento dos comportamentos psicóticos do Norman. É também a partir dessa temporada que começamos a notar as principais diferenças comportamentais do Norman, o que logo resultará na sua transformação em um dos maiores maníacos e psicopatas da história do cinema.
Por fim, "Bates Motel" consegue novamente nos entregar uma boa temporada (por mais que persista no mesmos erros da anterior), com uma boa história central que começa a tomar o principal rumo da série, e uma boa construção em elementos que poderá ser melhor utilizados nas próximas temporadas. [24/09/2023]
"Bates Motel" foi criado por Anthony Cipriano e desenvolvido por Jeff Wadlow (diretor de "Quebrando Regras", de 2008), Carlton Cuse (produtor da série "Jack Ryan"), Kerry Ehrin (roteirista da série "The Morning Show"), e é produzido pela Universal Television e American Genre para a rede de TV a cabo A&E. A primeira temporada foi ao ar em 18 de março de 2013 com 10 episódios.
A série é vista como uma "prequela contemporânea" do clássico "Psicose", de Alfred Hitchcock, de 1960 (baseado no romance homônimo de Robert Bloch, de 1959), que retrata a vida de Norman Bates (Freddie Highmore) e sua mãe Norma (Vera Farmiga) antes dos eventos retratados no filme, embora em uma cidade fictícia diferente (White Pine Bay, Oregon, em oposição a Fairvale, Califórnia) e em um cenário moderno.
Após a misteriosa morte de seu marido, Norma Bates decidiu começar uma nova vida longe do Arizona, na pequena cidade de White Pine Bay, e leva o filho Norman, de 17 anos, com ela. Ela comprou um velho motel abandonado e a mansão ao lado.
Este ano eu finalmente consegui realizar um antigo desejo, que era ler a obra-prima de Robert Bloch, rever o clássico do mestre Hitchcock e assistir todos os filmes subsequentes da franquia "Psicose". Posso dizer que foi uma experiência incrível, uma das maiores experiências que eu já vivi em toda a minha vida literária e bibliófila. O livro é magnífico, excelente, uma verdadeira obra-prima da literatura sombria e um dos melhores livros que eu já li na vida. Já o clássico de 1960 fala por si só, simplesmente por ser um dos maiores suspense de toda a história do cinema, que foi conduzido justamente pelo mestre do suspense. Os filmes subsequentes não estão no mesmo nível, não estão na mesma prateleira do livro e do clássico. Eles seguem histórias próprias, paralelas e até continuações dentro do universo de "Psicose". O que pode até ser interessante, ou simplesmente horroroso, como é o caso do remake de 1998. E logo após ter lido o livro e assistido todos os filmes da franquia "Psicose", chegou a vez de conferir a série "Bates Motel", que também faz parte do universo e nos conta uma história sobre o início de tudo. Algo parecido com o que foi feito no filme "Psicose 4: O Começo", de 1990.
A série é bem intrigante e ao mesmo tempo interessante, pois obviamente ela constrói toda uma abordagem sobre o universo de "Psicose" servindo justamente como um prelúdio do clássico ao nos mergulhar naquela trama que futuramente irá nos nos contar sobre todo desenvolvimento de Norman Bates. Ou seja, a trama nos levará ao lado sombrio e psicótico entre a infância e a adolescência de Norman, explicando como o amor incontrolável de sua mãe ajudou a moldar um dos maiores maníacos e psicopatas da história do cinema.
O primeiro episódio já inicia de modo surpreendente com uma pessoa morta. Esta pessoa é simplesmente o pai de Norman, que está ali morto na garagem de forma bastante misteriosa (ou não, como vemos mais à frente na temporada). Logo após este início já temos um salto no tempo de 6 meses e chegamos até a cena da Norma chegando em seu mais novo Motel. O seu novo empreendimento antes tinha o nome de Seafarer's Motel, e em uma cena bem interessante vemos a troca do letreiro para Bates Motel. Por sinal a réplica que foi construída do Motel e da casa ficou excelente, com uma fidelidade ao clássico incrível. Este primeiro episódio já é um dos melhores da temporada por já nos confrontar com aquela sequência que vai desde a chegada do ex-proprietário do Motel (Keith Summers, interpretado por W. Earl Brown), passando pela invasão na casa, o estupro na Norma e a sua morte. Onde aconteceu em um momento de fúria incontrolável de Norma quando o esfaqueou brutalmente até a morte (por sinal, uma excelente cena). O episódio termina de forma intrigante ao revelar uma certa garota aprisionada.
O segundo episódio é muito revelador e diferente, eu diria. Simplesmente por acrescentar na trama a presença de Dylan Massett (Max Thieriot), o filho mais velho de Norma e meio-irmão de Norman. Pelo o que me consta, tanto pelo livro quanto pelo clássico sessentista, o Norman não tinha um meio-irmão assim dessa forma como foi abordado na série. Bem, achei interessante esse contexto trazido para a série. O episódio segue com os dramas e as aflições de Norman ao tentar se introduzir na nova cidade e conhecer novas pessoas. Como é justamente o caso do seu primeiro interesse - a jovem Bradley Martin (a belíssima Nicola Peltz). Aqui também fica claro que Norman tem muitos ciúmes da mãe e da forma como as pessoas se referem à ela. Até por isso vemos os constantes conflitos de Norman com Dylan.
O terceiro episódio segue mergulhado no mistério e no suspense pelo fato da polícia está no encalço da Norma pelo suspeita referente ao desaparecimento de Keith Summers. Aqui já temos vários envolvimentos na história; como é o caso do antigo dono do Motel parecer ter ligações com as garotas chinesas desaparecidas que está sendo investigada pela Emma Decody (Olivia Cooke). Logo essa ligação com o desaparecimento das garota cai sobre o policial Zach (Mike Vogel), pelo fato do Norman ter invadido sua casa procurando pelo cinto de Keith Summers, e ter sido confrontado com a garota oriental presa em seu porão.
A partir do quarto episódio temos cada vez mais revelações e acontecimentos surpreendentes. Norma está envolvida em uma verdadeira bola de neve, ao estar envolvida com o policial Zach como uma forma de se safar das investigações sobre a morte de Keith Summers. Por outro lado ela se recusa a acreditar em Norman sobre a possível garota presa no porão da casa de Zach. O que a leva a entrar em transe e levantar suspeitas sobre o estado mental e a sanidade de Norman com esta descoberta bizarra. Temos aqui a primeira transa de Norman, que aconteceu com a Bradley, e a prisão de Norma pelo assassinato de Keith Summers.
A história segue em uma verdadeira teia de aranha com cada vez mais confrontos: a garota oriental que era mantida como escrava sexual de Zach é encontrada e levada para o Motel. Zach por sua vez encontra a garota em um dos quartos do Motel e corre atrás dela pela floresta (não foi revelado, mas ao que tudo indica ele matou a garota). Logo após temos mais uma ótima sequência de cenas, que é todo confronto de Zach com a Norma e o Dylan na casa. O que termina brutalmente com um tiro no olho de Zach disparado por Dylan.
O desfecho do assassinato de Zach proposto pelo Xerife Alex Romero (Nestor Carbonell) é tudo muito suspeito. Por fim temos a aparição de um hóspede misterioso no Bates Motel, que parece saber demais. Já o Norman passa a enfrentar as complicadas garotas populares e o descaso da Bradley com ele. Essa é um situação bem complicada: a Emma é apaixonada pelo Norman e vive correndo atrás dele, já ele se rasteja pela Bradley e ela passa a desprezá-lo. Sem falar que é tudo muito estranho essa repentina aproximação da Bradley com o Dylan.
No oitavo episódio é onde o Norman desperta o interesse pela taxidermia (animais empalhados), com o pai da Emma. No filme clássico temos toda a dimensão desse amor que ele tem por essa arte. Norma está mais preocupada com a possível construção da nova estrada principal, o que vai mudar o trajeto das pessoas que passariam pelo seu Motel. A relação de Norma e Dylan parece melhorar. O episódio termina com aquele cadáver do Zach na cama da Norma.
O nono e o décimo episódio é a construção (e ligação) do fechamento dessa temporada. Norma sofre com as constantes ameaças de Jake Abernathy (Jere Burns), o hóspede misterioso. Norma decide que quer vender o Motel e recomeçar a vida novamente no Havaí, mas o Norman não quer ir. Norman por sua vez está cada vez mais apegado na cadela empalhada. E temos aquela cena onde a Norma vai ao encontro de Jake e é surpreendida pelo Xerife Alex confrontando justamente o Jake. Que termina com o Xerife dando um tiro em Jake.
Sobre o elenco: Vera Farmiga (atualmente em cartaz nos cinemas em "A Freira 2") é sensacional, é sem dúvida a principal e mais destacável da série. É realmente impressionante como a Vera escolhe bem as suas personagens e sempre eleva o nível em cada trabalho apresentado. Em "Bates Motel" ela se encaixa como um luva na pele da Norma Louise Bates mais jovem. Ela traz esse lado mais jovial da mãe do Norman, que pretende recomeçar sua vida após os recentes acontecimentos, que mantém os seus dramas e os seus conflitos íntimos, justamente ao confrontar os seus traumas em relação à criação do jovem Norman.
Já o Freddie Highmore ("The Good Doctor") é outro que também se encaixa como uma luva na pele da versão adolescente do lendário Norman Bates. Caracteristicamente falando, o Freddie traz uma versão impecável do Norman jovem, que está se descobrindo, que está se conhecendo, que está conhecendo o mundo ao seu redor e as pessoas (e principalmente as garotas) ao seu redor. O Norman de Freddie pode soar como ingênuo, inocente, inexperiente, indefeso, tímido, ao mesmo tempo também soa como misterioso, enigmático, introspectivo e principalmente letal - como vimos na cena final do décimo episódio com aquele assassinato brutal da Srta. Watson (Keegan Connor Tracy).
Max Thieriot ("SEAL Team") começa em um ritmo mais morno em seu personagem Dylan, até pela forma como ele entra na série. Porém, com o passar dos episódios vamos nos afeiçoando à ele, vamos conhecendo ele melhor, vamos entendendo melhor os seus dramas e seus traumas. No fim da temporada ele já passa a ser um personagem que nos importamos. Nicola Peltz ("Transformers: A Era da Extinção") traz uma personagem que faz o caminho inverso do Dylan. A Bradley Martin é uma personagem que eu até simpatizei no início, que eu acreditava no seu drama em relação a terrível morte de seu pai, porém com o tempo eu fui começando a questionar as suas atitudes com o Norman e principalmente a sua aproximação com o Dylan. No fim ela não passou de uma patricinha mimada que usou o Norman no momento em que ela estava frágil e vulnerável. Olivia Cooke ("Jogador Nº1") com sua personagem Emma Decody me fez vê-la ao inverso da Bradley. Justamente por ela se apegar verdadeiramente ao Norman, por ela realmente criar um amor verdadeiro por ele, que realmente se importava com ele e não queria só usá-lo. Por fim ela vivia correndo atrás do Norman na intenção dele notar a presença dela, e ele não tirava a Bradley da cabeça. O que uma transa não faz!
"Bates Motel" acerta muito bem no suspense, no mistério, no enigmático e na construção do drama. Acredito que em si a história é sobre o amor incondicional de uma mãe por seu filho. Temos um relacionamento que é explorado através da premissa de que o jovem é excessivamente temperamental e ambos estão cercados por um ambiente com problemas, que os conduz ao extremo. No caso, cada um ali presente tinha os seus medos, os seus traumas, os seus conflitos e os seus dramas. Principalmente no caso da Norma e do Norman, que ora pareciam muito próximos e apegados, ora pareciam distantes e completamente diferentes.
Porém, tem alguns pontos dentro dessa temporada que me incomodou bastante: como o fato da história ser modernizada para a atualidade e se passar em um cenário moderno, onde temos os avanços tecnológicos como o uso constantes de notebooks e afins. Eu até entendo esse avanço na modernização da série, até para se encaixar com o público atual, mas particularmente eu não consegui engolir e me adaptar com essa proposta dentro do universo de "Psicose" (algo parecido com o que me aconteceu com a versão modernizada do filme "Carrie - A Estranha", de 2013). Outro ponto que me incomodou (aqui eu já acho uma falha mesmo da série), é o fato de cada história ser mal desenvolvida, mal planejada, vaga, rasa, pobre, sem um aprofundamento que pudéssemos sentir o peso de cada acontecimento de cada personagem envolvido. Por exemplo: temos três personagens com histórias distintas que começou e terminou nessa temporada, e de forma totalmente rasa e aleatória. Que é o caso da personagem Jiao (Diana Bang), a garota presa no porão, o Zack Shelby e o Jake Abernathy. Sinceramente eu não sei o que os roteirista pretendiam, mas acredito que eles queria impactar, queriam nos surpreender com mortes repentinas quando não estivéssemos esperando, com de fato aconteceu. Eu entendo o fato de não quererem construir uma temporada ou mais elaborando subtramas e desenvolvendo histórias paralelas com a trama central, mas você não pode simplesmente jogar vários personagens em uma série, tentar construir uma história diferente pra cada um, onde você desperta o interesse do espectador, e simplesmente decidir matar os personagens assim do nada, só pra gerar impacto sem a mínima coerência. Eu achei um erro grotesco do roteiro da série.
Tecnicamente a série é muito boa! Acredito que a direção de arte é o principal destaque aqui, e muito por construir cenários fiéis com o clássico e encaixá-los com harmonia na forma moderna adotada pela série. A fotografia é bem destacada, bem organizada, muito bem projetada em cada cena. Assim como a trilha sonora, que acompanha bem a série em sua versão modernizada.
"Bates Motel" é a série dramática com roteiro original de maior duração na história do canal A&E. Os atores principais da série, Vera Farmiga e Freddie Highmore, receberam elogios especiais por suas atuações na série, com a Vera recebendo uma indicação ao Primetime Emmy Award e ganhando o Saturn Award de Melhor Atriz de Televisão. A série também ganhou três People's Choice Awards de Drama Favorito de TV a Cabo e de Atriz Favorita de TV a Cabo (Vera Farmiga) e Ator (Freddie Highmore).
A primeira temporada recebeu críticas positivas dos críticos: no Metacritic, a temporada detém uma pontuação de 66 em 100, com base em 34 críticos, indicando "críticas geralmente favoráveis". No agregador de resenhas Rotten Tomatoes, a temporada tem uma classificação de 84% "fresco certificado" com uma pontuação média de 7,11/10, com base em 43 resenhas. O consenso crítico do site diz: "Bates Motel utiliza manipulação mental e táticas de medo de suspense, além de um trabalho de personagem consistentemente nítido e relacionamentos familiares maravilhosamente desconfortáveis".
A primeira temporada de "Bates Motel" é muito boa, muito bem apresentada, com um início bastante cativante, onde conta com um ótimo elenco e ótimas apresentações. Acredito que a temporada deixa muito a desejar no quesito roteiro, por querer contar várias histórias todas ao mesmo tempo e no fim não desenvolver e não finalizar nenhuma com coerência e relevância. Porém, ainda assim eu acredito que a série tem potencial para desenvolver melhor os roteiros das próximas temporadas e entregar uma série que no fim honre o nome de uma das maiores franquias de suspense de todos os tempos - "Psicose". [03/09/2023]
A quinta e última temporada de "Breaking Bad" estreou em 15 de julho de 2012 e foi concluída em 29 de setembro de 2013 na AMC nos Estados Unidos e Canadá. A temporada de 16 episódios é dividida em duas partes, cada uma contendo oito episódios. A primeira parte da temporada foi transmitida de 15 de julho a 2 de setembro de 2012 e foi ao ar aos domingos às 22:00 horário do leste dos EUA. A segunda parte foi transmitida de 11 de agosto a 29 de setembro de 2013 e foi ao ar aos domingos às 21:00.
Na vida é muito difícil encontrarmos algo perfeito, uma obra perfeita, ainda mais quando estamos se referindo ao audiovisual, que é justamente o caso aqui. "Breaking Bad" é uma série que eu aprendi a amar desde o seu lançamento lá em 2008 e hoje, ao finalizar o 16ª episódio da última temporada, eu só pude comprovar a magnífica obra de arte da história dos seriados de TV que a série sempre foi. Sem nenhuma dúvida "Breaking Bad" é a melhor série do século, a verdadeira obra-prima das séries e está simplesmente entre as melhores séries já criadas em toda a história, sendo completamente perfeita em todos os sentidos.
A quinta temporada é icônica, é emblemática, é completamente apoteótica! O primeiro episódio já inicia de forma catártica ao nos revelar aquela versão quase irreconhecível do Walter White (Bryan Cranston) com barba e cabelo sendo chamado pelo codinome de "Lambert", que estava naquele local negociando armas. Logo tomamos conhecimento da atualidade com Walter tendo que conviver com o assassinato do Gus (Giancarlo Esposito). Skyler (Anna Gunn) está muito assustada com os últimos acontecimentos. Mike (Jonathan Banks) está se recuperando do tiro que ele levou na temporada passada. Walter quer encontrar as gravações do laboratório de metanfetamina que o Gus fazia. A partir dessa busca, Walter, Mike e Jesse (Aaron Paul) decidem que precisam destruir o laptop do Gus que foi apreendido pela polícia. Eles utilizam aquele ímã gigante e poderoso para conseguir destruir todas as evidências e provas que estava no laptop (por sinal, uma belíssima cena). Ainda no primeiro episódio somos confrontados com o Ted (Christopher Cousins) em estado terminal em uma cama de hospital pelos seus acontecimentos da temporada passada. Curioso que no final do episódio o Walter diz para a Skyler que ficou sabendo o que aconteceu com o Ted e revela para ela que a perdoa.
O segundo episódio começa bastante curioso e intrigante ao nos revelar uma cena em uma cozinha de teste na "Eletromotriz Madrigal", onde o executivo Peter Schuler realiza sua última "refeição" e caminha para o banheiro para cometer suicídio. No caminho, deparamos com a remoção do logo dos "Los Pollos Hermanos" (a marca do Gus), mas antes, vimos outros logos, respectivos às outras empresas financiadas pela Madrigal. Nesse mesmo episódio Jesse encontra aquele cigarro de "ricina" que ele achou que o Walter havia roubado para envenenar o garoto Brock na temporada passada. Jesse entra em uma crise de consciência, um verdadeiro remorso. Muito interessante que nesse episódio temos a revelação que Mike foi um ex-policial no passado na Filadélfia. Hank (Dean Norris) está agora no encalço do Mike, querendo arrancar informações dele. Como o Mike perdeu todo o seu dinheiro que ele havia reservado para sua neta, e como o Walter quer voltar a cozinhar a metanfetamina, eles se juntam para voltar com a velha produção.
Os episódios seguintes são bastante reveladores e surpreendentes: Temos uma personagem bastante enigmática e misteriosa - Lydia (Laura Fraser). Temos uma versão da Skyler completamente perturbada e descontrolada, por todos os acontecimentos que ela está enfrentando com Walter. Tanto que temos uma cena em que ela surta com a Marie (Betsy Brandt) e a outra que ela decide se afogar na piscina na frente de todos. Walter e Jesse voltam a produzir a metanfetamina utilizando dessa vez os locais que estavam fechados para dedetização (ótima ideia e bela jogada do Walter). Por fim temos aquela cena emblemática do roubo de metilamina (que é utilizada na produção da metanfetamina ) no trem, com a presença de Walter, Jesse, Mike e Todd (Jesse Plemons). Que cena magnífica, icônica, apoteótica, um roubo no maior estilo de "Velozes e Furiosos" e "Red Dead Redemption 2".
No final do episódio do roubo do trem, Todd dá um tiro em um garoto que sem querer acaba vendo todos os integrantes daquela ação. O que logo desperta um estado de fúria e comoção em Jesse, que sempre se revoltou quando o assunto era atacar os garotos. Diante desse acontecimento, Jesse revela para Walter que deseja sair da parceria de produção de metanfetamina, assim como o próprio Mike, que também deseja abandonar o barco. Nesse ponto temos aquela parte onde cada um decide que quer vender a sua parte nos galões de metilamina e sair da parceria com Walter, mas Walter está mais ambicioso do que nunca, ele não quer só o dinheiro para deixar para sua família, como ele queria quando começou no ramo, ele quer ser a referência e construir um império de metanfetamina.
No sétimo episódio temos uma das cenas mais icônica e emblemática de toda a história de "Breaking Bad". Que é justamente a cena do Walter indo pessoalmente negociar com o Declan (Louis Ferreira) para ele ser o seu distribuidor de metanfetamina, onde temos a famigerada cena: "Say My Name". Há muito tempo que Walter já rompeu todos os limites da compaixão, da empatia, da misericórdia, está cada vez mais no lado sombrio, obscuro, com uma ambição incontrolável e destruível. Walter não tem mais nenhum limite em relação ao seu desejo de tomar o lugar que era do Gus, em ser o novo Manda-Chuva, o Big Boss, construindo o seu verdadeiro império de metanfetamina.
O oitavo episódio é outro episódio surpreendente e emblemático, pois é quando temos aquele confronto do Walter com o Mike, o que resulta na morte do Mike pelo Walter (não perdoo o Walter, eu gostava muito do Mike). Interessante que após o Walter assassinar o Mike ele está sentado e se depara novamente com aquela famigerada mosca, e bem em um momento que ele está em uma guerra pessoal com sua consciência. Jesse se afasta de Walter e Todd está como o seu mais novo pupilo, aprendendo o processo da produção de metanfetamina. Está cada vez mais nítido que Walter não precisa de mais dinheiro, ele não tem mais aonde guardar. E é exatamente este o pedido que a Skyler faz para ele, que ele pare de produzir a metanfetamina. Diante desse pedido, Walter finalmente decidi se aposentar da produção. O episódio termina de forma muito intrigante, com o Hank tentando ligar os pontos e chegando na pista WW, que liga diretamente com Walter White.
O nono e o décimo episódio são completamente surpreendentes! Hank está transtornado com a possibilidade que ele levantou sobre o seu algoz ser mesmo o Walter. Jesse por sua vez está completamente perturbado, transtornado e em crise ao descobrir que foi realmente o Walter o responsável pelo envenenamento do garoto Brock. Sendo assim ele entra em um profundo estado de descontrole emocional e mental e sai atirando os maços de dinheiro pelas ruas. O cerco está cada vez mais se fechando ao redor do Walter e Hank finalmente descobre toda a verdade sobre seu cunhado: Walter White matou o Gus e ele é a personalidade que Hank esteve na caça por mais de um ano, se revelando como o verdadeiro "Heisenberg". O episódio termina de forma apoteótica!
A partir do momento que Hank descobre que Walter é o "Heisenberg" ele parte para cima da Skyler, a pressionando e a coagindo para que ela revele tudo que sabe a respeito do marido. Porém, inicialmente Skyler não revela nada para o Hank, o que muito me surpreende esta sua postura. Para tentar reunir provas ao invés de suspeitas, Hank decidi ir ao encontro de Jesse, que estava transtornado ao ponto de colocar fogo na casa do Walter. Realmente o Jesse está em seu limite, está tomado por um sentimento de culpa, de revolta, de remorso, de tristeza, uma forte crise existencial. Dessa forma Hank tenta uma espécie de acordo com Jesse, afinal ambos querem pegar o Walter.
No décimo primeiro episódio temos a revelação que o Câncer de Walter voltou, e logo ele tem um desmaio no banheiro e revela mais tarde para seu filho Jr. É nesse episódio que temos aquele icônico vídeo do Walter incriminando o Hank com a sua participação em seu império de metanfetamina. Vou confessar que eu achei essa ideia incrível, genial, ousada, que só poderia ter saído da mente brilhante do "Heisenberg". Sem falar na ligação que ele fez com o dinheiro que a Marie usou no tratamento e recuperação do Hank como prova do seu envolvimento em todo o esquema. O que obviamente deixa o Hank completamente transtornado e desacreditado.
Os últimos episódios da temporada são magníficos, atinge um alto nível que eu nunca vi em nenhuma outra série. Temos aquela armadilha que o Hank e o Jesse prepara para o Walter com a foto do tambor com seu dinheiro, o que o obriga a ir até o local no deserto em que todo o seu dinheiro está enterrado (por sinal, é o mesmo local que o Walter e o Jesse começaram a cozinhar a metanfetamina lá na primeira temporada). Temos aquela cena absurda dos tiroteios no deserto entre o Hank e o agente Gómez contra a gangue do Tio Jack. Jack Welker (Michael Bowen) é o tio do Toddy, que lidera o grupo de neonazistas sempre fazendo trabalhos encomendados por outros. O grupo aparece de acordo quando Walter pede uma ajuda para eliminar o Jesse em troca de ensinar o Todd a produzir a metanfetamina mais pura possível. O episódio termina com a surpreende morte do Hank com o tiro disparado pelo Tio Jack.
Ozymandias é o décimo sexto episódio, o episódio final da série "Breaking Bad". Este episódio é incrível, icônico, emblemático, apoteótico. É um episódio que fecha com chave de ouro toda a saga de "Breaking Bad", que nos faz revelações surpreendentes, que nos impacta e nos emociona, que nos desperta todos os mistos de sentimentos que estavam guardados por muito tempo. Aquela cena da metralhadora no porta-malas do carro estraçalhando todo mundo na casa é absurdamente incrível, genial e bizarra. Uma cena completamente apoteótica. Ozymandias é sem dúvida um dos melhores episódios de toda a história dos seriados de TV, e ainda com um fechamento que traz um final catártico.
Sobre o icônico elenco de "Breaking Bad". Bryan Cranston é um gênio, um mestre, um lord. Ele soube incorporar um personagem com maestria, com elegância, com grandeza, com uma competência absurda e antológica. Bryan Cranston deu vida para o Walter White, que é incontestavelmente um dos melhores personagens de séries de todos os tempos! Assim como o icônico "Heisenberg", que é simplesmente uma das maiores personalidades do mundo do entretenimento e da cultura pop. Anna Gunn é uma atriz genial e poderosa. É realmente incrível a forma como a Anna conseguiu criar e interpretar uma personagem que transcendia todos os limites de uma simples mãe de família. Que soube se reinventar a cada episódio, a cada temporada, sempre entregando uma personagem que era amada e odiada praticamente ao mesmo tempo. Nessa quinta temporada a Anna Gunn está no ápice da sua personagem, conseguindo nos comover e nos impactar com um trabalho impecável e irretocável.
Aaron Paul é sem dúvida o personagem mais desacreditado do início da série. Acredito que o público (assim como eu) no início teve um pouco de pé-atrás com ele ao interpretar o jovem viciado Jesse Pinkman. Talvez por não conhecer muito do seu trabalho, talvez apenas por desconfianças mesmo, mas devo dizer que ele surpreendeu todo um planeta ao incorporar o Jesse. Aaron Paul é o ator que mais cresceu dentro da série, que mais desenvolveu o seu personagem ao longo das temporadas, que provou ser o ator magnífico que é pela competência de um trabalho fenomenal e impecável. Nessa quinta temporada o que o Aaron Paul entrega na pele do Jesse é absurdo, principalmente no quesito peso dramático e carga dramática - como podemos comprovar naquela cena absurda em que ele presencia o assassinato da Andrea (Emily Rios) - que cena impactante! Dean Norris é um ator que eu gosto muito e aqui como Hank Schrader ele sempre foi colossal. Dean soube construir um personagem que facilmente poderíamos criar uma grande empatia, principalmente pelo seu grande crescimento e relevância dentro do contexto de toda a história. E o mais interessante em seu personagem é exatamente esse jogo de gato e rato com Walter, sempre no encalço da sua maior missão enquanto agente da DEA, que sempre esteve ali na frente do seu nariz, embaixo do próprio teto. Hank Schrader é mais um personagem icônico desse universo de "Breaking Bad", e tudo graças ao trabalho fantástico de Dean Norris.
Bob Odenkirk é sem dúvida a personificação do personagem mais hilário de toda a série - o grande Saul Goodman. Já o Jonathan Banks trouxe aquele personagem que também tem um crescimento absurdo na série, indo na mesma linha de crescimento do Hank. Mike sempre esteve na defesa do Gus, sempre funcionava com o seu cão de guarda, porém nessa temporada observamos mais do outro lado do Mike, sem aquela casca que ele sempre carregava. Betsy Brandt trouxe uma personagem que ora funcionava no contexto da série, ora fica mais escanteada, mas no geral a Marie foi fundamental na construção final das motivações do Hank. RJ Mitte é outro ator muito bom, que também contribuiu diretamente para a grandeza da série, e nessa temporada o Walter Jr. foi primordial ao tomar a atitude em relação ao pai. E pra finalizar temos a excelente participação do Jesse Plemons (novinho na época), que também teve a sua contribuição fundamental na série.
Precisamos voltar a falar de Walter White: É incrível a grandeza desse personagem na série, é incrível como ele toma uma postura inicial e aos poucos vai deixando de lado, se descaracterizando, se desconstruindo. Aquele simples professor de química do ensino médio mal pago, superqualificado e desanimado que está lutando com um diagnóstico recente de câncer de pulmão. Que decide usar das suas extremas habilidades químicas para produzir uma metanfetamina mais pura o possível para deixar sua família estável financeiramente quando ele morrer. Este é um ponto abrangido com maestria na série: a desconstrução do ser humano, a ambição humana, a supervalorização, a briga de ego, a forma como uma pessoa deixa de lado todos os seus princípios e se torna um monstro, um sociopata, muda de personalidade, se entrega ao desejo incontrolável da ambição, ao lado sombrio e com uma mudança obscura em seu caráter.
É incrível como até hoje muitas pessoas se frustram ao ver a forma como o Walter se tornou dentro da série e principalmente a forma como ele termina. Muitos acham que a série não deveria ter transformado o Walter em um monstro, mas o Walter White sempre foi um monstro, ele só não tinha desenvolvido esse seu lado. Ele sempre teve aquele complexo de superioridade, de ser o centro das atenções, sempre com a mesma desculpa que tudo que ele fazia era pela sua família. Talvez no início até poderia ser, mas depois só constatamos que não, que ele fez tudo aquilo porque ele queria e porque ele gostava. Como observamos naquela conversa com a Skyler, que ele revela para ela que fez aquilo por ele, porque ele quis, porque ela achava bom ser o mais inteligente, ser o superior, construir o seu império, inflar o seu ego. Ou seja, Walter White sempre foi o "Heisenberg".
Tecnicamente e artisticamente a temporada e a série é completamente impecável! O roteiro de "Breaking Bad" é estupidamente perfeito, Vince Gilligan aplicou uma genialidade absurda ao escrever um texto tão competente, tão abrangente, tão magnífico. O mesmo vale para a direção da série, que foi feita sempre de forma impecável. A trilha sonora da série sempre foi um destaque, sempre foi um show à parte, sempre foi relevante no quesito inovação e criatividade. O elenco é outro show, é uma obra-prima, daqueles elencos memoráveis, que vai ficar em nossa mente pelo resto de nossas vidas. O mesmo vale para cada personagem que foi criado e construído na série, que atingiu um nível de grandeza e excelência nunca visto anteriormente em questões de seriados de TV. A cinematografia da série é outra perfeição, sempre com um fotografia que nos maravilhava em cada temporada, em cada episódio, em cada cena, um nível de genialidade que não se vê mais hoje em dia.
"Breaking Bad" recebeu críticas positivas, enquanto o restante recebeu aclamação unânime da crítica, com elogios às performances, direção, cinematografia, roteiro, história e desenvolvimento de personagens. Desde sua conclusão, a série foi elogiada pela crítica como uma das maiores séries de televisão de todos os tempos. Teve uma audiência razoável em suas três primeiras temporadas, mas a quarta e a quinta temporadas tiveram um aumento moderado na audiência quando foi disponibilizado na Netflix pouco antes da estreia da quarta temporada. A audiência aumentou drasticamente após a estreia da segunda metade da quinta temporada em 2013. Quando o final da série foi ao ar, estava entre os programas a cabo mais assistidos da história da televisão americana.
"Breaking Bad" recebeu inúmeros prêmios, incluindo 16 Primetime Emmy Awards, oito Satellite Awards, dois Golden Globe Awards, dois Peabody Awards, dois Critics' Choice Awards e quatro Television Critics Association Awards. Bryan Cranston ganhou o Primetime Emmy Award de Melhor Ator Principal em Série Dramática quatro vezes, enquanto Aaron Paul ganhou o Primetime Emmy Award de Melhor Ator Coadjuvante em Série Dramática três vezes; Anna Gunn ganhou o Primetime Emmy Award de Melhor Atriz Coadjuvante em Série Dramática duas vezes. Em 2013, "Breaking Bad" entrou no "Guinness World Records" como o programa de TV mais aclamado pela crítica de todos os tempos.
A série deu origem à maior franquia "Breaking Bad". "Better Call Saul" é uma série prequela com Bob Odenkirk, Jonathan Banks e Giancarlo Esposito reprisando seus papéis em "Breaking Bad", bem como muitos outros em participações especiais e recorrentes, estreou na AMC em 8 de fevereiro de 2015 e foi concluída em 15 de agosto de 2022. Uma sequência O filme "El Camino: A Breaking Bad Movie", estrelado por Aaron Paul, foi lançado na Netflix e nos cinemas em 11 de outubro de 2019.
"Breaking Bad" estreou na AMC em 20 de janeiro de 2008 e foi concluído em 29 de setembro de 2013, após cinco temporadas com 62 episódios.
Por fim, chegamos ao final da melhor série de TV que eu já assisti em toda a minha vida. "Breaking Bad" é simplesmente o suprassumo, a quinta-essência, o masterpiece da história das séries. Uma obra completamente impecável, irretocável, perfeita, triunfal, atemporal, relevante, influente, antológica, colossal, apoteótica, emblemática e icônica.
Simplesmente a melhor série de todos os tempos!
Vince Gilligan eu te amo!
(R.I.P. Mark Margolis - nosso eterno Hector Salamanca) [19/08/2023]
"Breaking Bad" é a única série que mantém uma crescente em cada temporada. Ou seja, cada temporada é um desenvolvimento da anterior, cada história é melhor desenvolvida na temporada seguinte, cada acontecimento que nos surpreende na temporada passada é cada vez mais impactante na próxima temporada. Por esses fatos que eu considero "Breaking Bad" como uma série impecável, por sempre elevar o nível em cada temporada, por sempre manter uma linha de interesse e desenvolvimento totalmente coerente e relevante, por sempre nos prender com um roteiro fabuloso, inteligente, dinâmico, bem estruturado e bem desenvolvido.
Como sempre afirmei: cada temporada é surpreendente e supera a temporada anterior, e esta quarta temporada não seria diferente.
No final do décimo terceiro episódio da temporada passada fomos surpreendidos com todos os acontecimentos em volta do Walter (Bryan Cranston) e do Jesse (Aaron Paul) relacionados ao Gus (Giancarlo Esposito). O episódio termina exatamente com o Jesse disparando contra o Gale (David Costabile) em seu apartamento. A partir desse fechamento de temporada que fica inúmeras perguntas como: será que o Jesse realmente acertou o tiro em Gale? Ou será que ele só quis assustá-lo? Se ele realmente matou o Gale qual será a postura do Gus a partir dessa afronta? Como ficará a vida de Jesse e principalmente do Walter na próxima temporada?
O primeiro episódio da quarta temporada já nos revela grande parte das respostas para todas essas perguntas: Jesse realmente acertou o tiro na cabeça do Gale. Gus se sentiu ameaçado e resolveu mostrar quem manda no pedaço ao construir aquela cena bizarra, onde ele corta a garganta do Victor (Jeremiah Bitsui) com um estilete a sangue frio na frente do Jesse e do Walter. Por sinal mais uma cena emblemática da série, pois é a primeira vez que eu vejo o Gus cometendo um assassinato daquela forma e naquela pompa, com requintes de crueldade e muita classe.
A partir do segundo episódio entramos de cabeça naquele jogo de gato e rato do Walter contra o Gus. A desconfiança e a incerteza de Walter faz com que ele compre uma arma para tentar se defender, tanto do Gus como até do próprio Mike (Jonathan Banks). Jesse por sua vez liga o modo foda-se e passa a viver uma vida de festas e drogas em sua casa que no momento mais se parece com um chiqueiro. Skyler (Anna Gunn) parece ter deixado um pouco de lado o Ted (Christopher Cousins) e se concentrar totalmente na compra do lava-rápido. Por sinal todo o empenho da Skyler em fazer aquela jogada de fiscalização para fechar o lava-rápido e facilitar a sua compra foi uma ideia genial, acredito que uma das melhores jogadas que ela já fez em toda a série.
Outro ponto interessante dessa temporada é o fato da própria Skyler voltar a se entender com o Walter após aquela sua postura traidora da temporada anterior. Lógico que a Skyler está agindo por interesse próprio, mas confesso ter gostado de vê-la junto do Walter novamente. E aqui já temos uma Skyler cada vez mais empenhada na lavagem de dinheiro no lava-rápido, onde a própria chega a revelar toda a armação do Walter ser um jogador para o Hank (Dean Norris). Logo eles voltam a transar depois de algum tempo, para oficializar e comemorar o esquema de lavagem de dinheiro. Temos aqui praticamente uma nova versão de Bonnie e Clyde.
Uma grande jogada do Gus nessa temporada foi voltar sua atenção para o Jesse, que estava frágil, vulnerável, com um psicológico e uma mente perturbada. É nessa hora que o Gus quer usar o Jesse para vê se ele pode ser confiável para o seu projeto de matar o Walter e assumir o laboratório de metanfetamina. E o mais interessante é saber que de fato o Jesse está tentando se provar útil na missão com o Mike para chegar até o Gus, já que o próprio Jesse está com a ideia de matar o Gus com o veneno do cigarro.
Hank foi um personagem extremamente importante na temporada passada, e agora ele está se recuperando e voltando na ativa das suas investigações. Todos nós sabemos que a maior obsessão de Hank sempre foi o enigmático e misterioso Heisenberg, e é a partir das investigações das pista encontradas no apartamento do Gale que ele passa a suspeitar do todo poderoso Gustavo Fring. O cerco está se fechando contra o Gus, a DEA está em seu encalço. Já o Gus por sua vez é um ser extremamente hábil, inteligente, liso, astuto, aquele que escapa por entre os dedos, por onde não tem saídas. Naquela cena do interrogatório o Gus sequer titubeava nas respostas, sempre muito seguro de si. É muito interessante toda aquela revelação do passado do Gus, mostrando o porque não se acha mais vestígios dele no Chile, pois foi tudo apagado. É surpreendente a grande rivalidade (ou ódio) de Gus com Hector Salamanca (Mark Margolis) e Don Eladio (Steven Bauer).
Os últimos cinco episódios da temporada são ainda mais colossais e apoteóticos: temos o Walter fazendo de tudo para conseguir despistar a atenção do Hank em relação à investigação do Gus. Temos a volta do asqueroso Ted onde a Skyler o ajuda com uma parte do dinheiro do Walter (para todo seu desespero). Temo o Gus sendo forçado a manter (pelo menos inicialmente) um acordo com o Cartel Mexicano. E o final do décimo episódio é estratosférico, com aquela presença em território Mexicano do Gus, Mike e Jesse enfrentando o Don Eladio e sua trupe.
A partir do décimo primeiro episódio é onde o Gus afirma diretamente para o Walter que toda a sua família está ameaçada caso ele interfira na missão de acabar com o Hank. Temos grandes reviravoltas nos últimos episódios da temporada, como o fato do Gus entrar na mente do Jesse para que ele concorde com a morte do Walter, e se possível até executá-lo. Temos todos os acontecimentos envolvendo o possível envenenamento do garotinho Brock, o filho de Andrea (Emily Rios), que Jesse acreditava ter sido o Walter o responsável. Também acompanhamos a aproximação de Walter com o Tio Salamanca, como para usá-lo para conseguir matar o Gus, já que o Tio Salamanca também queria uma vingança contra o próprio Gus. Diante disso chegamos em uma das cenas mais emblemáticas e apoteóticas de toda a história da série "Breaking Bad". Que é justamente a cena da explosão da bomba na cadeira de roda do Tio Salamanca, que atinge tanto o Tio quanto o próprio Gus. Esta cena é icônica, principalmente por nos mostrar todo requinte e elegância de um verdadeiro gentleman do Gus antes de morrer. Senhoras e senhores, que cena!
Walter White é o verdadeiro vilão de toda a história. Ele é o vilão do Jesse, ele é o vilão da Skyler, ele é o vilão do Hank, ele é o vilão de sua própria família, ele é o vilão dele próprio. Aquele Walter omisso, indefeso, preocupado, resguardado, tentando ser inofensivo, já não existe mais. Walter está mais do que nunca tomado pela ambição, pela escuridão, pela destruição, assumindo todos os riscos, enfrentando tudo e todos, tomado pelo sede insaciável de vingança e poder. Walter está longe daquele pai, daquele esposo, daquele professor, daquele herói para seu filho, ele já é a personificação do traficante, do assassino, sempre traçado como um ser vingativo, cruel e impiedoso.
Nessa temporada temos várias atitudes do Walter que nos faz olhar para ele de um forma ainda mais diferente das temporadas anteriores. Posso citar a parte do possível envenenamento do Brock, que pode sim de fato ter sido o Walter como uma forma de trazer o Jesse novamente para o seu lado no império da metanfetamina (algo um pouco parecido com o que aconteceu com a Jane na segunda temporada). Walter não se preocupa mais em atacar seu algoz, mesmo que isso interfira diretamente em pessoas inocentes e indefesas. Nesse caso do Brock, ele sobreviveu por causa da percepção do Jesse, porque se dependesse do Walter ele realmente teria morrido. Sem falar que temos algumas cenas em que mostra um Walter totalmente perturbado e fora de si, praticamente incorporando um Coringa: como na cena que a Skyler fala para ele que deu o dinheiro para ajudar o Ted e ele cai na gargalhada, e no último episódio, quando ele faz toda armação para acabar com o Gus e consegue. Ali vemos um Walter tomado pelo desejo de vingança a qualquer custo, principalmente na cena que ele vai até o laboratório e salva o Jesse e logo após ele destrói o laboratório, e ainda liga para Skyler para dizer: "Eu Venci" - com aquele ar de soberano.
Elogiar o Bryan Cranston como Walter White é praticamente chover no molhado. Então vou escrever aqui o mesmo que escrevi nas temporadas passada: "Bryan Cranston é incontestavelmente um dos melhores personagens de séries de todos os tempos!" Anna Gunn e sua eterna personagem "ame ou odeie". Confesso que na temporada passada eu tive mais raiva da Skyler, pois eu não aprovava as suas atitudes, mas nessa temporada ela volta a me agradar em grande parte. Talvez a única parte em que eu não aprovei sua decisão foi na parte em que ela decide dar o dinheiro para ajudar o Ted. Mas de qualquer forma é aceitável que ela tome esta decisão, afinal de contas as fraudes poderia chegar até ela, uma vez que ela fez parte de todo o esquema junto com o Ted.
Aaron Paul sempre impecável e surpreendente: Jesse é um misto de sentimentos em cada temporada, pois ele tem o dom de nos impactar com variações mais dramáticas, mais agressivas, mais perturbadas, e aqui ele está exatamente dentro desse padrão. Nessa temporada temos um Jesse que inicialmente liga o modo foda-se e quer viver na esbórnia da sua casa. Logo após ele quer se provar útil e não descartável. Depois ele é tomado pela fúria do drama do acontecimento com o pequeno Brock. E no final o vemos novamente fortalecendo os laços com o Walter. Ou seja, mais uma temporada irretocável de Aaron Paul como Jesse Pinkman. Dean Norris Não tem a mesma proporção da temporada passada, até pelos acontecimentos que ocorreu com ele, mas ainda assim ele se mostra extremamente importante, principalmente em pegar os atalhos da investigação do assassinato do Gale para chegar no Gus. Giancarlo Esposito é talvez o personagem mais importante de toda a temporada depois do Walter. Gus é aquele vilão perfeito, com uma postura perfeita, com atitudes perfeitas, que nunca desperta suspeitas. Um homem pomposo, requintado, elegante, influente, extremamente educado, que tinha nas mãos todos os seus negócios, todos os seus rivais e, principalmente, a polícia. Gus sempre estava um passo na frente de tudo e de todos, que mantinha um discurso com um alto poder de persuasão, se destacando como um líder, como um chefe, como um pastor de uma igreja, que tinha todos os seus féis e seus seguidores dentro do seu regime. Giancarlo Esposito está magnífico na pele do envolvente e poderoso Gustavo Fring.
Bob Odenkirk é muito hilário na pele do envolvente Saúl Goodman. Incrível como o Saúl é um personagem importante dentro de todo o contexto da história. Por mais que ele não esteja sempre no foco, mas ele ataca sempre na hora certa, sempre com bastante oportunismo, tanto pelo lado do Walter, quanto pelo lado da Skyler e do Jesse. O mesmo vale para o personagem do Jonathan Banks, que sempre mantém aquela postura de cão de guarda e braço direito do Gus. Porém, logo após ele ter sido baleado no México eu me questionei exatamente sobre essa questão, de parecer que o Gus não se importava com ele, que ele era apenas mais um empregado totalmente descartável.
Completando o elenco temos o RJ Mitte, o Walter Jr. Walter Jr. tem algumas participações pontuais e interessantes na temporada, como na parte que ele fica feliz com o pai por ter ganhado seu super carro, e logo após a revolta com a mãe por ter devolvido. Já a Betsy Brandt teve um crescimento notável na temporada passada e aqui ela mantém esse destaque. Marie volta a atacar de cleptomaníaca com suas histórias mentirosas.
Com a morte do Gus nessa temporada, que era o maior confronto com o Walter e seus planos, a quinta temporada abre um leque de possibilidades. Sem o Gus no caminho, Walter está teoricamente livre e com o caminho aberto para ir cada vez mais fundo com a sua ganância e com a sua ambição no mundo do tráfico e do enriquecimento ilegal. A sua ganância irá crescer, a sua ambição irá crescer, a sua motivação irá crescer, pela oportunidade de ser a única referência e dominar todo o negócio do tráfico de metanfetamina. Walter White está no topo e ele precisa se manter lá.
A quarta temporada de "Breaking Bad" se mantém no topo, se mantém cada vez mais importante e cada vez mais relevante dentro do contexto de toda a história. Agora é partir para a última temporada da série, que irá trazer o fechamento mais apoteótico e icônico da história das séries. [02/08/2023]
É realmente impressionante o poder que esta série tem em nos surpreender e nos impactar em todas as temporadas. É absurdo como cada temporada de "Breaking Bad" é melhor do que a outra. É genial como tudo funciona impecavelmente na série, como o excelente roteiro, a magnífica direção, o elenco irretocável e as maravilhosas qualidades técnicas e artísticas. Um ponto que eu sempre gosto de destacar em cada temporada é sobre o crescimento e o desenvolvimento da série, do roteiro e principalmente de cada personagem. Eu considero este como o principal fator para toda relevância e magnitude da série em uma visão geral.
Esta terceira temporada de "Breaking Bad" é absurdamente "FODA" em todos os sentidos. Eu fico cada vez mais impressionado como tudo funciona bem dentro da temporada, como tudo se liga e se conecta com perfeição em cada contexto da história, como cada personagem tem o poder em nos fazer amá-lo ou odiá-lo assim em questão de segundos, como cada episódio complementa o outro, sendo extremamente necessário e não uma encheção de linguiça (nem mesmo o episódio da mosca).
A temporada já inicia com o pé na porta com o primeiro episódio, que por sinal é um dos melhores da temporada. Logo somos surpreendidos com aquele cenário no México muito curioso com aquele ritual das pessoas se arrastando no chão até um altar, que por sinal nesse altar contém uma foto do Sr. Walter (Bryan Cranston). E nesse episódio entra um ponto muito curioso da segunda temporada, que é justamente o fato de observarmos que a colisão dos aviões no céu de Albuquerque se deu pela negligência de Donald Margolis (John de Lancie) por estar visivelmente transtornado pela morte de sua filha Janne (Krysten Ritter). Este é o cenário do início da terceira temporada: Skyler (Anna Gunn) e Walter estão separados e ela quer pedir o divórcio. Jesse Pinkman (Aaron Paul) está passando por uma reabilitação internado em uma clínica. O Walter Jr. (RJ Mitte) muda totalmente o seu semblante, pois ele se sente excluído da família por não saber o porque do pai ter saído de casa, sendo que ele ama esse pai que na temporada passada o chamava de herói. Enquanto Hank Schrader (Dean Norris) continua com sua incontrolável obsessão pela captura de Heisenberg.
Um ponto muito interessante é justamente todos aqueles depoimentos na escola das pessoas sobre o acidente aéreo. É ai que vemos o Walter visivelmente incomodado e abalado, por ele pensar que indiretamente ele é o principal responsável por toda aquela tragédia, por ele ter permitido que a Jane morresse quando ele não fez absolutamente nada para salvá-la. E é ainda mais incrível e bizarro como o Walter sempre acha que as coisas ruins que acontecem sempre pode ter um lado positivo, como aquele seu intrigante discurso na escola, onde visivelmente deixou todos incomodados. Temos o ponto alto da temporada, que é justamente a cena do Walter revelando para a Skyler que ele é fabricante de metanfetamina. A partir daí Walter percebe que perdeu sua família e decide que quer dar um basta na produção de meta, porque ele não se vê como um criminoso.
Essa terceira temporada também serviu para integrar novos personagens na série, além de promover personagens secundários da temporada passada para o elenco principal. Este é o caso de Gus Fring (Giancarlo Esposito), que surpreende todos nós e ao Walter quando ele aparece com aquela proposta de 3 milhões por 3 meses de trabalho para ele, o que logo deixa o Walter completamente perturbado. Sem falar naqueles dois primos do Tuco (Raymond Cruz), Leonel Salamanca (Daniel Moncada) e Victor (Jeremiah Bitsui), que são completamente tomados pelo mistério e pela sede de vingança. Além da reaparição do Tio Salamanca (Mark Margolis), que é resgatado do asilo pelos sobrinhos.
A temporada segue nos surpreendendo ao nos revelar aquela cena no México nos mostrando como se deu aquela icônica cena da temporada passada, que é a cabeça do Tortuga (Danny Trejo) em cima da tartaruga. Outra cena emblemática é justamente quando o Walter conta para a Skyler sobre tudo que ele fez para levantar o dinheiro pensando no bem estar de sua família, que obviamente é ilegal. Por outro lado somos impactado com o Jesse ligando no celular da Jane somente para ouvir a gravação da voz dela. Ele realmente está inconsolado e por isso resolve voltar para a fabricação de metanfetamina.
Um dos pontos alto dessa terceira temporada está no desenvolvimento do Hank. Pois ele passa a tomar uma nova postura sobre as ordens que recebe em seu departamento, como no caso daquela recusa em ir para uma nova missão em El Paso (Texas) só para ficar no rastro do Heisenberg. Nessa parte temos uma sequência de cenas emblemáticas, que é a partir da cena da perseguição do Hank ao Jesse até o trailer, onde ele quase captura não só o Jesse mas também o Walter. Logo após temos aquela falsa notícia sobre de saúde da Marie (Betsy Brandt), o desespero do Hank e a destruição do lendário trailer.
O sétimo episódio é o meu preferido da temporada, que é justamente o episódio de crescimento e desenvolvimento do Hank. Eu vejo um crescimento absurdo do personagem, exatamente por ele sair daquela postura de agente certinho da DEA ao ir confrontar e espancar o Jesse. Hank está perdendo todo o seu controle de policial pela obsessão em chegar no Heisenberg. Aquela cena do tiroteio dos primos contra o Hank no estacionamento é sensacional, colossal, apoteótica. Sem dúvida é uma das melhores cenas de toda a história de "Breaking Bad".
O décimo episódio é um dos episódios mais contestado e mais polêmico de toda a temporada e toda a série. Muitos consideram o episódio como um completo filler - o famoso encheção de linguiça. Eu já vejo o episódio da mosca por outro lado, por uma outra perspectiva. Eu vejo como um episódio extremamente marcante e importante em toda a trajetória da série, principalmente por representar toda a culpa que o Walter carrega nas costas por suas decisões. Decisões como entrar para o mundo do tráfico ao decidir trabalhar criando sua própria metanfetamina, e principalmente a decisão em deixar a Jane morrer para teoricamente salvar seu parceiro Jesse. Eu acredito que a mosca é uma alusão para toda essa culpa que o Walter decidiu carregar, e justamente pela representação da mosca em ser um inseto que incomoda, que aborrece, que desafia, sendo exatamente a atual situação que o Walter se encontra com sua mente, se incomodando e se aborrecendo com seu remorso e seu sentimento de culpa. Toda aquela luta ali naquele laboratório não era do Walter com uma simples mosca que o estava incomodando, mas sim uma luta travada com sua mente, com esse sentimento pesando em suas costas. Não existe nada mais pesado do que um remorso, um sentimento de culpa, essa era a contaminação que o Walter dizia para o Jesse que a mosca estava fazendo naquele ambiente. Eu achei um episódio importante, marcante, poético, comovente, reflexivo e extremamente necessário para todo o contexto da série. Sem falar naquela cena em que o Walter pede desculpas para o Jesse pelo o que ele fez com a Jane, mas indiretamente, sem o Jesse realmente perceber sobre o que ele estava falando. O episódio 10 é fenomenal!
Bryan Cranston e Walter White já virou uma única pessoa, isso é fato. Toda aquela mudança de postura e personalidade que observamos acontecer na temporada anterior aqui está cada vez mais aflorada. Walter já está totalmente imergido no seu lado sombrio, ambicioso, incontrolável e assassino. Só observarmos por exemplo aquela cena em que ele atropela os traficantes e depois atira contra o outro a queima roupa. Bryan Cranston é incontestavelmente um dos melhores personagens de séries de todos os tempos!
Falando dessa cena apoteótica em que o Walter atropela e mata os traficantes, temos mais uma interpretação monstruosa do Aaron Paul. Paul é outro que já está completamente encarnado no Jesse, e desde a temporada passada que vemos todo o seu crescimento e todo o seu desenvolvimento, principalmente no que diz respeito a sua dramaticidade em cena. Já nessa temporada ele vai ainda mais além, ao mostrar todo o seu descontrole, toda a sua raiva, tomado pelo sentimento de culpa e de vingança. Uma apresentação completamente impecável de Aaron Paul.
Que a Anna Gunn interpreta a personagem mais "ame ou odeie" da série, isso sempre foi incontestável. Porém nessa temporada a Skyler ultrapassa todos os limites e chuta o balde sem dó. Eu sempre achei muito curioso todo o hater que se criou em volta da Skyler, e até confesso que nunca concordei mas também nunca discordei. Já nessa temporada é difícil defendê-la, até porque todas as atitudes que ela toma é contestável: primeiro ela se separa do Walter alegando que ele mente muito para ela (ok, eu entendo). Depois ela quer o divórcio e exige que o Walter não more mais em casa o distanciando de seus filhos. Depois que ela fica sabendo que o Walter fabrica metanfetamina ela o condena de todas as formas e ameaça denunciá-lo. Logo após ela decide trair o Walter transando com seu chefe e ainda vai como uma sínica contar a traição para o próprio Walter, como um engrandecimento do seu próprio ego. Já depois ela inventa toda aquela história de que o Walter é viciado em jogos e ganhou uma bolada, como uma forma para ajudar financeiramente a Marie com as despesas do tratamento do Hank. Depois ela já encabeça na organização da lavagem de dinheiro, induzindo o Walter a comprar o lava-rápido que ele trabalhou e ainda colocá-la como contadora da empresa. O maior problema da Skyler é ser dúbia, mau-caráter, julgadora, querer ser a dona da verdade, quando na verdade ela não olha para o próprio "rabo" com suas atitudes. A Skyler condena o Walter pela decisão da fabricação de metanfetamina, que sim é errado, mas ela própria é conivente com a falsificação e a sonegação da empresa do Ted (Christopher Cousins), seu chefe/amante. As decisões e as atitudes do Walter são erradas, mas a Skyler é a última pessoa no planeta que teria moral para julgá-lo.
RJ Mitte volta a ter uma certa relevância na série com seu personagem Walter Jr. É interessante a forma fria que ele passa a tratar a Skyler pela sua decisão em afastá-lo do pai. Com isso ele se revolta sem saber os reais motivos. Ótima apresentação de RJ Mitte.
Dean Norris é estratosférico, magnífico, completamente impecável nessa temporada! Por tudo que eu já destaquei do seu personagem Hank mais acima, ele sobe cada vez mais de patamar dentro da série. Dean Norris é aquele ator perfeito para o personagem perfeito, isso é inegável!
Betsy Brandt finalmente volta a ter um destaque e uma relevância nessa temporada, visto que na anterior ela ficou bem escanteada. Após os acontecimentos envolvendo o Hank, a Marie toma para si todo o protagonismo desse caso e nos mostra uma ótima atuação mesclando sua veia dramática e cômica. O que dizer daquela cena em que ela tem a melhor estratégia para tirar o Hank do hospital; que é apostar que ela conseguiria fazer ele ter uma ereção. A cara do Hank saindo da sala na cadeira de rodas com a caixa de flores no colo é completamente impagável.
Na temporada passada eu comentei sobre a introdução na série de três figuras completamente icônicas em todo o universo de "Breaking Bad". Que são os atores Bob Odenkirk, Giancarlo Esposito e Jonathan Banks, que interpretam Saul, Gus e Mike. Nessa terceira temporada todos os três foram promovidos para o elenco principal da série. Giancarlo Esposito traz o todo poderoso, o big boss, o manda-chuva Gus, que tem uma voz suave, uma postura sisuda e um discurso imponente, mas que esconde todo o seu poder e o seu lado mais letal. Bob Odenkirk traz o charme e a pompa do Saul Goodman, aquele advogado engraçado e que sempre está tentando passar uma certa confiança mas sempre falha. Jonathan Banks traz o Mike, que mescla seu lado de homem de confiança e braço direito, com o seu lado improvável de pai.
O último episódio da temporada é uma verdadeira montanha-russa de sentimentos. Pois é nele que temos todo mistério do Gus em relação ao que irá acontecer com o Walter. Também temos um certo protagonismo do Gale (David Costabile) em relação a sua provável (ou não) promoção no laboratório do Gus. Com isso cria-se um ambiente completamente instável tanto para o Walter quanto para o Jesse, que tem que obedecer uma ordem direta do próprio Walter em relação à vida do Gale. O décimo terceiro episódio da terceira temporada de "Breaking Bad" termina exatamente com um disparo do Jesse contra o Gale.
Por fim, a terceira temporada de "Breaking Bad" é incontestavelmente impecável! Aquela temporada perfeita em todos os sentidos e em todos os requisitos, que eleva o nível da série cada vez mais. Não é à toa que eu considero "Breaking Bad" como a melhor série de todos os tempos. Vince Gilligan eu te amo! [17/07/2023]
A primeira temporada de "Breaking Bad" foi aquela explosão, aquela surpreendente estreia de uma das maiores séries de todos os tempos, fazendo um sucesso estratosférico e conquistando milhares de fãs ao redor do planeta.
Obviamente a primeira temporada foi a responsável em nos introduzir em cada acontecimento na série, em nos apresentar cada personagem com sua devida importância e nos confrontar com os problemas de cada um ali presente. Sendo assim a primeira temporada carrega principalmente o fator surpresa, que é justamente o confronto com todos os acontecimentos envolvendo o Sr. Walter White (Bryan Cranston), que vai desde o professor de química do ensino médio superqualificado e desanimado, passando pelo diagnóstico recente de câncer de pulmão e chegando na parceria com seu ex-aluno, Jesse Pinkman (Aaron Paul), para produzir e distribuir metanfetamina para garantir o futuro financeiro de sua família antes que ele morra.
Este é o principal contraponto com esta segunda temporada, o fato de já estarmos inteirado com tudo, já sabermos de tudo, já conhecermos cada um dos personagens e principalmente o Sr. Walter e o Jesse. Ou seja, já estamos cientes das principais consequências que a doença e o envolvimento com o tráfico trouxe para o Sr. Walter, que obviamente atinge diretamente o Jesse.
A temporada já inicia com aquela cena magnífica do final da temporada anterior, que é justamente o confronto com o Tuco doidão (Raymond Cruz) espancando um de seus capangas. A partir daí o primeiro episódio já nos dá toda a dimensão do que esperar da temporada, que é justamente a relação se deteriorando e ficando cada vez mais insustentável entre Walter e sua esposa Skyler (Anna Gunn). E justamente pelo fato do Walter ser obrigado a esconder de sua família todo o seu envolvimento com o tráfico. E o episódio vai ainda mais além ao nos mostrar todo o drama e apreensão de Walter relacionado ao Tuco. Outro ponto muito curioso desse primeiro episódio é exatamente todo o cálculo que o Walter faz pensando na venda de metanfetamina relacionado a quantia que ele pretende deixar para sua família. E este cálculo dá ali por volta dos $ 700.000 dólares. Sem falar que é nesse episódio que conhecemos a figura do Sr. Hector Salamanca (Mark Margolis), o tio do Tuco, que é simplesmente um dos personagens icônicos da série.
Um dos principais pontos dessa temporada é exatamente o desenvolvimento e o crescimento do drama, da mentira, do desgaste, da apreensão, daquele suspense que vai se instalando na série com o passar de cada episódio. E exatamente esse suspense pelo fato das mentiras e enganações de Walter com sua esposa, seu filho e principalmente com Hank (Dean Norris), o agente da DEA. Por outro lado a temporada faz uma ótima mescla entre o drama de Walter relacionado ao tratamento de sua doença com o drama pessoal da Skyler e sua gravidez. E aqui entra um ponto extremamente importante dentro da temporada e que eu já mencionei acima, que é o desgaste do casal Walter e Skyler. Pois todo esse desgaste no casamento é o principal fator para moldar a personalidade de cada um a partir dali. Skyler passa a confiar cada vez menos em Walter e decidi voltar a trabalhar, e justamente em seu antigo emprego no qual seu chefe parece ter um claro interesse nela (e ela parece retribuir). Já Walter está cada vez mais envolvido com o tráfico, seu principal interesse é vender toda a metanfetamina que ele já tem guardada. E a partir daí ele começa a passar por cima de tudo e de todos para concluir seu objetivo.
E esta segunda temporada não abrange somente o drama do Walter e sua esposa, mas também temos o desenvolvimento sobre outros personagens da série: que são justamente o Walter Jr. (RJ Mitte), o Jesse e o Hank. Após o Hank enfim dar cabo do Tuco ele ganha mais respeito e relevância em seu departamento, o que logo o leva a comandar uma nova operação no México. Essa operação o confronta com o traficante Tortuga (Danny Trejo), e aqui temos mais uma cena emblemática de "Breaking Bad", que é justamente aquela cena da cabeça do Tortuga em cima do casco da tartaruga causando uma inesperada explosão. Que cena apoteótica! Esta segunda temporada é responsável por várias cenas icônicas de toda a série de "Breaking Bad". Sobre o adorável Walter Jr. também temos um desenvolvimento e um crescimento do personagem em relação à temporada passada. Nessa temporada ele mostra estar cada vez mais preocupado com a saúde do pai e engajado em dar a sua contribuição de alguma forma. E aqui temos ele criando aquele icônico site na internet de ajuda para o Walter. Mais uma passagem emblemática e marcante da série e que virou um meme mundial. Já o Jesse é de longe o personagem que mais cresceu (juntamente com o Walter) e se desenvolveu nessa temporada em relação à ele próprio na primeira temporada. Se na temporada anterior ele ficava mais à cargo das ordens do Walter em relação a venda das drogas, nessa temporada ele começa a andar com as próprias pernas, ele começa a trilhar seu próprio caminho e seu próprio destino. E isso se dá exatamente pelo fato dele partir atrás das suas drogas, do seu dinheiro, se envolver com outra galera do mundo do tráfico, chegando até ao famigerado romance com a viciada em heroína - Jane Margolis (Krysten Ritter).
Todo esse envolvimento do Jesse com a Jane é o principal ponto de virada da temporada, a verdadeira força motriz para os acontecimentos que virão a partir desse romance, tanto pelo lado do Walter quanto pelo lado do próprio Jesse. Jesse passa a ser dominado pelo tal envolvimento com a garota, e isso é muito ruim para os planos do Walter em relação a sua parceria com os planos da metanfetamina. Ou seja, o envolvimento do Jesse com a Jane passa a ser uma ameaça para o Walter, principalmente após o Jesse revelar para Jane todos os seus esquemas no mundo do tráfico junto com Walter, e aquela dívida que o Walter tem com ele. A partir daí a Jane começa a chantagear o Walter em relação ao dinheiro que ele deve para o Jesse, o que faz o Walter tomar a decisão mais emblemática, surpreendente e intrigante de toda a série "Breaking Bad".
Esta é uma decisão muito particular do Walter, que até hoje ainda é contestada, simplesmente a sua decisão de observar a Jane ter uma overdose causada pela heroína e morrer sufocada com seu próprio vômito. Por sinal uma cena pesadíssima, que realmente nos incomoda. Porque o Walter tomou essa decisão de praticamente participar da morte da Jane mesmo que indiretamente? Esta cena tem uma grande revelação, uma grande desconstrução, uma grande descaracterização, que é justamente a figura do Walter, em como ele deixa de lado o seu lado humano, de pai, de marido, e entra de vez no seu lado sombrio. Pois a decisão de Walter em deixar a Jane morrer diante de seus olhos age como o início de seu declínio moral, ético, humano, embora tenha claramente um impacto emocional sobre ele.
Podemos entender que esta decisão do Walter foi feita unicamente pensando em seu parceiro Jesse, em resgatá-lo de volta à vida, pois a Jane já tinha o dominado completamente e estava se matando e matando o Jesse com o uso das heroínas. E aqui eu compreendo a cabeça do Walter, que já estava completamente envolvido nesse submundo do tráfico, que já não tinha mais espaços para pensar no amor, na compaixão, para sentir pena, que precisava tomar uma única decisão naquele momento, que era de salvar a Jane (que pra ele era uma total desconhecida) ou salvar o Jesse (o seu parceiro). E esta decisão do Walter claramente teve um grande impacto emocional e humano sobre ele, pois ele não era nenhum sádico, nenhum psicopata, e mesmo assim ele teve que agir com frieza, com a maior dificuldade do impacto e das consequências que esta decisão traria sobre ele. E na cena claramente podemos observar o impacto da tristeza e da consciência pesada expostas nas lágrimas escorrendo no rosto do Walter. Senhoras e senhores, que cena!
Bryan Cranston está cada vez mais fenomenal na pele do indescritível Walter White. É realmente impressionante o notável crescimento de seu personagem com o passar de cada episódio e de cada temporada. Nessa segunda ele está completamente impecável e irretocável. Aaron Paul foi o que mais me surpreendeu, pois como eu já mencionei, seu personagem foi o que mais cresceu e se desenvolveu nessa temporada. Paul mostra estar cada vez mais a vontade no personagem, estar cada vez mais conectado com as causas e os sentimentos de seu personagem. E aqui tem um diferencial, sua veia dramática, que é muito mais explorada nessa temporada, principalmente sobre o efeito da morte da Jane, onde ele dá um show naquela cena que explora toda a sua dramaticidade. Aaron Paul é outro que esteve impecável na temporada. Anna Gunn traz talvez a personagem que é a verdadeira personificação do termo "ame ou odeie" de toda a série. Acho bastante curioso todo o hater que se criou em torno da sua personagem, o que não concordo inteiramente mas também não discordo completamente. Realmente a Skyler toma umas decisões contestáveis, continua vivendo somente dentro da sua bolha, e agora ela vai ainda mais além, ao retribuir os galanteios de seu chefe e sair de casa no final da temporada. Mas por outro lado algumas decisões dela até que são compreensíveis, já que o próprio Walter também não ajuda né. Krysten Ritter (eterna Jessica Jones) foi uma excelente adição da temporada, e ela contribuiu perfeitamente com sua personagem Jane. Krysten incorporou muito bem aquela figura da garota viciada, problemática, que estava se afundando e carregando seu namorado junto. Uma ótima atuação!
Completando o elenco: Dean Norris anda na mesma linha do seu personagem da primeira temporada, porém aqui ele se sobressai em várias ocasiões, como no assassinato do Tuco e a operação no México. RJ Mitte continua com seu ótimo personagem Walter Jr. Dessa vez cada vez mais empenhado pela causa do pai. Já a Betsy Brandt é completamente deixada de lado nessa temporada. Sua personagem Marie, a cleptomaníaca, é esquecida em praticamente todos os episódios.
Muito curioso que nessa temporada temos aquela ligação com "Better Call Saul". Inclusive temos entradas de figuras emblemáticas e icônicas de todo o universo de "Breaking Bad" - que são as figuras do Mike (Jonathan Banks), do Gus Fring (Giancarlo Esposito) e do Saul Goodman (Bob Odenkirk).
O último episódio é muito importante para a continuação dos próximos acontecimentos da série. Pois é nele que temos aquela decisão da Skyler em sair de casa e deixar o Walter, ela já estava farta das suas mentiras. Temos o Walter indo resgatar o Jesse daquele local que ele estava entregue as drogas. E também a cena da explosão dos aviões no céu com aquele icônico urso caindo diretamente na piscina do Walter. Por sinal mais uma cena que mostra a dimensão e a proporção das escolhas feitas por Walter - muito curioso!
No mais, a segunda temporada de "Breaking Bad" continua magnífica, excelente, impecável, que só confirma a proporção e a importância estratosférica que a série tem. Impressionante como a série cresce em cada temporada, e aqui temos uma evolução grandiosa e notável sobre o roteiro, as qualidades técnicas e principalmente em relação ao elenco, que entregaram ótimos trabalhos. Destacando ainda mais a principal mudança de postura e personalidade do Sr. Walter White, que definitivamente se entregou ao seu lado sombrio, com uma clara mudança obscura em seu caráter e se tornando cada vez mais aquele ser tomado pela incontrolável e destrutiva ambição.
Mais uma temporada obra-prima das séries! [29/06/2023]
"Breaking Bad" é uma série americana criada e produzida por Vince Gilligan (roteirista da lendária série "Arquivo X", dos anos 90) para a AMC. Situada e filmada em Albuquerque, Novo México, a série segue Walter White (Bryan Cranston), um professor de química do ensino médio mal pago, superqualificado e desanimado que está lutando com um diagnóstico recente de câncer de pulmão em estágio três. White se volta para uma vida de crime e faz parceria com um ex-aluno, Jesse Pinkman (Aaron Paul), para produzir e distribuir metanfetamina para garantir o futuro financeiro de sua família antes que ele morra, enquanto navega pelos perigos do submundo do crime.
Já inicio afirmando que "Breaking Bad" é a melhor série do século, a verdadeira obra-prima das séries e está simplesmente entre as melhores séries já criadas em toda a história. Sim, eu sou mais um louco completamente fissurado nessa série. Mais um na extensa lista dos que consideram esta série completamente perfeita em todos os sentidos.
O que mais me surpreende em "Breaking Bad" é sem dúvida o roteiro, que é absurdamente impecável e genial em todos os quesitos. Pois aqui temos uma obra que navega no drama, no investigativo, elaborando todo um Thriller policial, que permeia todos os acontecimentos acerca da principal figura da série, que é exatamente o Sr. Walter White. Toda história de "Breaking Bad" é obviamente fictícia, mas facilmente podemos encaixá-la em nossa própria vida, em nosso próprio cotidiano, pois a partir do momento em que somos confrontados com a figura do Sr. White, um professor de química que leva uma vida monótona e frustrada, que tem que desempenhar o seu papel de pai e chefe de família, que obviamente passa pelo fato de ter um filho deficiente, facilmente podemos logo se identificar com toda a sua história.
E é exatamente dessa forma que a história transcorre inicialmente, nos apresentando e nos imergindo na história da vida de Walter White. O roteiro da série nos surpreende e se mostra ainda mais interessante a partir do momento em que somos confrontados com o Sr. White descobrindo a existência de um câncer de pulmão, sendo que essa descoberta também lhe traz a notícia que ele terá pouco tempo de vida pela frente. Ou seja, o que se passará na cabeça do Sr. White a partir dessa descoberta? O que ele estará pensando a partir do momento em que se vê diante dessa gravíssima situação, ainda mais sendo confrontado com a sua questão financeira, que não é um das melhores, e ainda com a condição de uma esposa grávida?
Realmente é muito difícil se colocar na pele do Sr. White e se imaginar naquela situação e naquelas condições. A recente descoberta do seu câncer de pulmão logo o obriga a tomar certas decisões enquanto ainda há tempo de vida, e qual é a sua principal decisão? Sim, o Sr. White sendo um expert em química e tendo o conhecimento dos altos lucros financeiros desse submundo, ele passa a criar e vender a sua própria metanfetamina. E quem aqui vai julgá-lo pela sua decisão? Quem aqui também não pensaria em fazer exatamente o que ele fez? Quem aqui não pensaria em usar todo o seu conhecimento em química para faturar um bom dinheiro para deixar a sua família em condições melhores após a sua morte? Por mais que seja errado, por mais que seja ilícito, por mais que você saiba das consequências que esta decisão pode lhe trazer, mas você já tem pouco tempo de vida, se você for preso você vai morrer de qualquer jeito, então porquê não deixar o seu filho deficiente e a sua filha que vai nascer financeiramente melhor? Muitos podem afirmar que jamais fariam isso, que jamais tomariam esta decisão, mas todos nós não conhecemos os nossos reais limites quando estamos em certas situações. O ser humano é capaz de tudo, ainda mais quando se sente ameaçado e em uma situação de emergência.
Outro ponto muito interessante é o alerta que a série nos faz em relação à nossa organização financeira, em outras palavras, a nossa forma em ter um controle financeiro dentro da nossa família. Uma reserva financeira garante mais tranquilidade para lidar com situações adversas, ou seja, exatamente as questões que o Sr. White iria enfrentar a partir do momento que descobriu o câncer. Obviamente ele foi pego desprevenido financeiramente na questão do tratamento da sua doença.
A primeira temporada de "Breaking Bad" deveria contar com nove episódios, porém foi reduzida devido à greve dos roteiristas americanos que ocorreu naquele ano (e que voltou a acontecer atualmente). E mesmo com a redução de dois episódios, a primeira temporada ficou perfeita, conseguiu elaborar muito bem cada acontecimento, onde a cada episódio íamos se afeiçoando cada vez mais com o Sr. White e com a sua história. O primeiro episódio é exatamente aonde começamos a descobrir a arte do mundo da química. O Sr. White é um artista, da sua maneira mas ele é um artista. Um fato muito curioso e pertinente: temos aqui um professor de química que tem que se submeter à um tratamento de quimioterapia. No segundo episódio temos aquela bizarra cena da banheira demolindo o teto da casa do Pinkman. O terceiro episódio nos traz uma reflexão sobre o Sr. White; de fato ele não é um criminoso, pelo menos ainda, ele está nessa unicamente pelo dinheiro para deixar para a sua família. Tudo isso se resume bem na cena em que ele sofre ao pedir desculpas após ter matado enforcado o Krazy-8 (Maximino Arciniega). Por sinal antes da morte temos uma cena que nos surpreende, quando os dois conversam e revive suas histórias do passado. A partir do episódio quatro em diante, é onde a série é envolvida por um peso dramático ainda maior. Pois temos a surpresa da revelação do câncer para toda a família. Temos a corrida contra o tempo em busca de um tratamento, tratamento este que ainda tem que passar pela a aceitação do Sr. White. O sexto episódio é bem chocante, pois é nesse episódio que o Sr. White raspa a cabeça e sai do modo defesa e parte de cabeça para o modo ataque (quando ele vai enfrentar o líder traficante). Aquela cena final da explosão foi antológica. Que cena maravilhosa! Já o sétimo (e último) episódio, é onde temos algumas revelações surpreendentes. É realmente incrível quando sequer imaginamos que ao nosso redor tem pessoas que fazem parte da nossa família e que fazem coisas ilegais. Este é o poder que esta série tem, pois pode não parecer, mas ela traz várias reflexões, você começa a refletir sobre as motivações de cada um, nos objetivos de cada um, nas pretensões de cada um. É simplesmente fantástico!
Uma série fantástica precisa contar com um elenco fantástico! Bryan Cranston (lendário em várias séries dos anos 90) é um grande ator, que já teve vários personagens importantes ao longo da sua carreira cinematográfica. Porém, ele ficou estigmatizado pelo Sr. Walter White. Um trabalho absurdo, uma atuação irretocável, um personagem que lhe caiu como uma luva, que sequer eu poderia imaginar outra pessoa em seu lugar. Completamente eterno!
Aaron Paul (da série "Westworld") foi o contraponto perfeito do Bryan Cranston. Paul soube incorporar a figura do Jesse Pinkman exatamente da forma como o roteiro precisava e pedia. Pinkman era aquele parceiro problemático, descontrolado, impulsivo, que metia os pés pelas mãos, que tomava decisões erradas, se mostrando completamente ao inverso do Sr. White. Acho que é por isso que essa dupla improvável deu tão certo dentro da série. Na minha opinião, a interpretação do Aaron Paul casou perfeitamente com o Jesse Pinkman.
Anna Gunn (da série "Shades of Blue") é uma personagem um tanto quanto improvável. Skyler White é a personificação da esposa que vive dentro do seu mundo, presa na sua bolha, que não enxerga um palmo na frente do seu nariz. Quando ela descobre a doença do marido ela quer correr contra o tempo, tomando muita das vezes até decisões precipitadas sem o consultar. Achei uma atuação muito boa da Anna Gunn, bastante condizente com uma personagem que se mostra bem resistente no que deseja.
Dean Norris (do clássico "O Vingador do Futuro", de 1990) é o agente da DEA, Hank. É muito interessante o propósito do Hank dentro da série, até por ele ser o inverso do Sr. White (ou não). Era como estar no terreno do inimigo sem perceber. Já a Betsy Brandt (da série "Only Murders in the Building") faz o papel daquela irmã bem peculiar, que a gente confia desconfiando, que morde e assopra. A cleptomaníaca Marie é uma figura bem inusitada dentro da série. RJ Mitte ("Banho de Sangue", de 2018) tem paralisia cerebral na vida real, embora a sua seja uma forma mais branda, que o possibilita de atuar. Walter Jr é aquele filho sempre preocupado com o pai, principalmente após descobrir da existência da sua doença, o que o deixa bem revoltado com a situação.
A primeira temporada de "Breaking Bad" recebeu inúmeros prêmios e indicações, incluindo quatro indicações ao Emmy Award e vencendo em duas categorias. Bryan Cranston venceu como melhor ator de série dramática e Lynne Willingham ganhou como melhor edição de série dramática. Vince Gilligan foi indicado ao melhor diretor de série dramática pelo episódio piloto e John Toll foi indicado ao prêmio de melhor cinematografia para séries de até uma hora pelo episódio piloto. Cranston também ganhou o Satellite Award como melhor ator em série dramática. A série também foi indicada como Melhor Novo Programa do Ano (TCA Awards). A série também ganhou três indicações ao Writers Guild of America Award, vencendo uma categoria. Ela foi indicada como melhor série, Patty Lin foi indicada ao Melhor Episódio Dramático por "Gray Matter" e Vince Gilligan venceu como melhor Episódio Dramático pelo episódio piloto.
Tecnicamente a série também é impecável! Temos uma excelente trilha sonora de Dave Porter, que além das suas composições a série também usa músicas de outros artistas. A cinematografia é muito bem trabalhada. O mesmo vale para a direção de arte, que soube regrar cada detalhe com bastante atenção de acordo com o padrão da série. Sem falar na montagem, edição, mixagem de som e direção de cada episódio, tudo completamente perfeito, sem uma falha. Realmente é um absurdo o que esta série entrega até em questões técnicas e artísticas.
A primeira temporada de "Breaking Bad" foi o pé na porta, foi a entrada triunfal, foi o início desse fenômeno mundial, dessa aclamadíssima série, que por sinal é merecidíssima de todos os elogios e reconhecimentos possíveis. "Breaking Bad" é a nossa verdadeira droga, a nossa verdadeira dependência química, pois temos aqui toda a magnitude dessa obra em nos apresentar uma primeira temporada com um roteiro inteligente, muito bem escrito, muito bem trabalhado, muito bem pensado, que nos confronta com uma história que podemos nos identificar, onde temos situações que misturam realidades com situações bem extremas. Genial!
É muito difícil você encontrar aquela obra perfeita, aquela obra irretocável, aquela obra primorosa, aquela obra peculiar, e "Breaking Bad" é esta obra perfeita, é esta obra triunfal, é esta obra impactante, é esta obra magnífica. Aquela verdadeira obra-prima das séries! Top 1 na minha lista de melhores séries de todos os tempos! Sem mais! [11/06/2023] ⭐⭐⭐⭐⭐ 👏👏👏👏👏
Agora que terminei a terceira temporada posso afirmar com 100% de certeza que a série "Ash vs Evil Dead" é muito boa e foi uma ideia genial desse eterno trio (Bruce Campbell, Rob Tapert e Sam Raimi).
Se na segunda temporada eu constatei um certo sinal de desgaste, pelo fato de toda temporada ser praticamente igual a primeira e ainda terminar os eventos novamente na lendária cabana na floresta. Dessa vez somos completamente surpreendidos, como uma temporada excelente, que soube se reinventar, inovar, começar a tomar um rumo diferente, trazer novos elementos e ainda usar o mesmo universo mas com uma história diferente e um final apoteótico.
A temporada mantém o mesmo ritmo das anteriores, sendo bastante fluida, dinâmica, voraz, novamente apostando pesado na violência explícita, na sanguinolência extrema, ou seja, entregando um gore maravilhoso pra ninguém botar defeito.
Dessa vez a temporada se inicia com um Ash (Campbell) sendo glorificado como o salvador da humanidade em Elk Grove, exatamente pelos eventos da segunda temporada. E nesse quesito a série novamente acerta muito bem na comédia trash de terror, no terrir, no humor negro, nessa mistura de horror e comédia ultrajante que todos adoramos dessa franquia. Novamente temos a figura de um Ash cada vez mais tiozão, sempre trajado no seu politicamente incorreto, com suas frases de efeitos, com seu humor ácido, com suas tiradas cômicas, com seu timing cômico e seus bordões clássicos. Ash Williams é aquele personagem que sempre amamos ao longo de todos esses anos, aquele velho amigo que conhecemos há mais de 30 anos, aquele canastrão que é pervertido, é incorreto mas adorado no horror.
O primeiro episódio é excelente, facilmente o melhor episódio de toda a série ao longo dos 30 episódios. Já na abertura somos surpreendidos pelo comercial daquela exótica casa de ferramentas (Ashy Slashy's), com o Ash falando que sempre usou a motosserra para cortar os demônios mas que agora ele usa para cortar os preços - cena impagável! Quem vende brinquedos sexuais em uma loja de ferramentas? Ainda temos aquela cena na escola com os instrumentos musicais atacando o Ash, que faz uma clara referência ao "Evil Dead 3". Sem falar que ainda somos confrontados com a Kelly (Dana DeLorenzo) com seu novo amigo Dalton (Lindsay Farris), que é um integrante dos Cavaleiros da Suméria, e a surpresa para o Ash e para nós de uma filha.
Um ponto interessante nessa temporada é o fato da série tentar humanizar a figura do Ash ao confrontá-lo com o peso da paternidade. Soa até engraçado imaginar o Ash sendo pai, tendo que conviver com uma filha adolescente (que é bem descontrolada por sinal) nas costas. E é exatamente isso que temos aqui senhoras e senhores, sim, um Ash Williams pai! Essa foi a maior surpresa do primeiro episódio e de toda a temporada, a integração da Brandy (Arielle Carver-O’Neill) como a filha do Ash (onde sua mãe é logo morta pelos deadites). E fica interessante acompanhar o desenvolvimento daquela possível ligação de pai e filha, daquela possível família que já começou toda errada, onde o próprio Ash terá que se adaptar à nova vida de ser pai e lutar contra os demônios kandarianos. E por incrível que pareça ao final temos um Ash menos egoísta, menos arrogante, mais família, mais protetor e sendo aquela figura de pai herói.
O segundo episódio tem uma abertura incrivelmente bizarra, que é aquele parto do bebê demônio explodindo a barriga da Ruby (Lucy Lawless). Uma cena com uma sanguinolência insana e um gore extremo, sem falar que os efeitos nessa parte ficaram incríveis. É nesse episódio onde começa as primeiras abordagens sobre os "The Dark Ones" (os Cavaleiros das Trevas), que são conhecidos como os possíveis escritores do "Necronomicon" (o livro dos mortos) e que estão em busca dele.
A terceira temporada se sobressai exatamente por trazer um roteiro mais completo, com elementos mais exploráveis, com novas ideias funcionais, sem ficar somente na sempre dependência do "Necronomicon". Ou seja, temos abordagens sobre o conceito da paternidade, os Cavaleiros da Suméria, que são uma ordem templária secreta criada há milhares de anos para ajudar no combate do mal, e os "The Dark Ones" (que se parecem com os dementadores do "Harry Potter").
O nono episódio nos mostra mais a respeito dos "The Dark Ones", o que confronta diretamente com a finalmente morte da Ruby (que já estava mais do que na hora). Além daquela cena da Brandy enfrentando seu celular demônio na garagem, onde temos uma cena com um gore digno de uma verdadeira filha do Ash Williams.
O décimo episódio segue a excelência da temporada, ao nos mostrar o embate final com o gigantesco demônio "Kandar" (o destruidor) no meio da cidade de Elk Grove (Califórnia). E aqui temos um ponto muito interessante, que é o direcionamento da luta final para a cidade e não para a famigerada cabana na floresta - ponto muito positivo! Interessante mostrar a propagação mundial dos ataques, ou seja, Ash realmente condenou todo a humanidade. A luta contra o "Kandar" é muito boa, pois até o exército estava atacando e não somente o Ash. Mas fato é que somente o Ash tem o verdadeiro poder para destruir todos os demônios kandarianos.
A terceira temporada está repleta de cenas clássicas, emblemáticas e como nunca pode faltar, as famosas cenas hilárias também estão presentes. Nada como a cena bizarra no laboratório de espermas, onde o Ash encara aquele demônio ao som da clássica Take On Me, do A-ha. Mais uma cena completamente sem escrúpulos ao desafiar o Ash com uma luta contra o bebê demônio enfiado dentro de um corpo sem cabeça. Incrível como estas cenas já são clássicas dentro do universo "Evil Dead" e como elas são marcas registradas da franquia. Por outro lado também temos os momentos fofos como a cena em que o Ash entrega para a Brandy o icônico amuleto.
O elenco sempre foi um ponto positivo na série e nessa temporada não seria diferente: Bruce Campbell sempre excelente, com um personagem completamente imortalizado e eternizado na cultura pop, e que vai deixar saudades do seu icônico Ash Williams. O próprio Bruce Campbell deixou um depoimento emocionado nas redes sociais dizendo que o Ash foi o personagem de toda a sua vida. Ray Santiago e Dana DeLorenzo como sempre estão impecáveis. Incrível como nas três temporadas o Pablo e a Kelly estiveram excelentes e sendo muito bem interpretados. Lucy Lawless traz uma personagem que nunca me desceu e nunca me convenceu durante toda a série. A Ruby foi uma personagem totalmente controversa, que ora soava como uma ameaça ora soava como nada. Uma antagonista perdida, uma vilã fajuta, que sempre tentava impor os seus objetivos mas falhava miseravelmente. Já a Arielle Carver-O’Neill esteve bem como a filha perdida do Ash. Inicialmente eu devo confessar que dava raiva da Brandy, e muito por ela se portar como aquela patricinha mimada, aquela garotinha inocente, indefesa, perdida, subornável, mas ao final ela ganhou a minha empatia e se mostrou uma boa adição da temporada.
Esta terceira temporada também se destaca nas partes técnicas: Temos uma excelente trilha sonora, onde combinava perfeitamente como cada acontecimento dos episódios (principalmente no décimo). A fotografia se destaca notavelmente, eu diria que é a melhor fotografia de toda a série. Os efeitos especiais sempre foram marcas registradas da franquia (desde os primórdios), e aqui eles estão impecáveis. Ponto positivo também para a direção de cada episódio. E mais uma vez temos episódios curtos (que não ultrapassam meia hora), que já se tornou marca da série.
Agora falando da parte final da temporada: Ao final do décimo episódio, após o Ash derrotar o "Kandar", ele acorda em uma espécie de futuro distópico. Possivelmente um futuro onde tudo do passado foi destruído e só restou o Ash (como uma espécie de androide) e uma garota misteriosa que também tem uma aparência de metade humana e metade robô. Claramente este final soava como uma possível continuação em uma quarta temporada futurista. Sem falar naquele veículo todo equipado no maior estilo de um "Mad Max" futurista. E ainda sobre o final da temporada: ficamos sem saber o que de fato aconteceu com a Brandy, o Pablo e a Kelly. E mais triste ainda, nunca saberemos!
Infelizmente após a terceira temporada a série "Ash vs Evil Dead" foi cancelada devido ao baixo número de audiência (para a minha tristeza e de todos os fãs de "Evil Dead"). Bruce Campbell chegou a afirmar que isso aconteceu pelo fato de ninguém conhecer a Starz (plataforma que produziu a série) na época que ela estava sendo exibida. Porém, em julho de 2022, Campbell confirmou que uma animação estava em processo de desenvolvimento.
"Ash vs Evil Dead" termina com uma temporada com um alto nível de excelência. Pois confesso que ao final da segunda temporada eu achava que os motivos para o cancelamento da série estariam nessa terceira temporada, e agora eu constatei que não estavam. Pois a temporada é muito boa, entrega tudo que promete, além de manter toda a essência do universo "Evil Dead" e ainda se reinventar tomando novos rumos para a série que infelizmente não acontecerá mais. Realmente a série foi cancelada onde deveria começar (ou continuar), pois com esse final de temporada abriria o leque para várias possibilidades de exploração dentro de uma temática futurista, que sempre foi o sonho da franquia e principalmente do Sam Raimi.
O que fica é um enorme sentimento de tristeza misturado com nostalgia, pois a franquia "Evil Dead" é sem dúvida uma das minhas franquias de terror preferida de todos os tempos. O que nos resta é guardar na memória a figura do eterno Ash Williams lutando contra os lendários deadites. Pois de fato ficamos órfãos do nosso anti-herói canastrão, da comédia trash de terror, do gore extremo, do icônico "Necronomicon", do lendário Delta, da clássica boomstick e da famigerada motosserra. Uma pena! [03/06/2023]
A segunda temporada de "Ash vs Evil Dead" mantém exatamente o mesmo ritmo da primeira, mantém a mesma essência de todo o universo "Evil Dead" e consegue novamente navegar naquela proposta de comédia trash de terror. Dessa vez temos uma intensificação no cômico, naquele humor mórbido, no trash e principalmente no gore.
É interessante que a série nunca abandona a sua origem, justamente por sempre abusar e intensificar a violência explícita, a sanguinolência extrema e sempre mergulhar no Terrir. Porém, aqui temos um ponto bem curioso, que é o fato do nosso Ash estar de volta a Jacksonville e junto com esse retorno retornar todas as suas lembranças do passado; como o fato da aparição do seu pai (Brock Williams, que é interpretado por Lee Majors), que diga-se de passagem, foi uma surpresa. Além, é claro, entre várias surpresas e várias descobertas sobre o Ash que vamos acompanhando com o passar dos episódios.
Bruce Campbell novamente é a alma da série e de todo o universo "Evil Dead". Temos aqui um Ash cada vez mais velho, onde seu timing cômico e suas tiradas cômicas estão cada vez mais afiadas. Podemos notar aquele Ash tiozão com um senso de humor apuradíssimo, sendo aquele velho canastrão de sempre, onde ele nos proporciona cenas completamente impagáveis (Como na cena do morto no necrotério). Por outro lado a série nunca abandona aquelas famosas cutucadas no politicamente correto, onde temos o próprio Ash se trajando daquele humor politicamente incorreto, e é incrível como isso funciona aqui, mesmo que sendo encarado de forma mais branda, mais suave, que é justamente o intuito dessa alocação mais humorística da série (como já havia sido nos filmes).
A série continua acertando com perfeição no dinamismo, na fluidez, com um ritmo bastante envolvente, onde a diversão e o entretenimento é 100% garantido. E muito dessa diversão se passa justamente pela fator nostálgico, que é toda essência oitentista que a série continua nos proporcionando ao longo das histórias de cada episódio. Por falar em episódios, a temporada continua com a mesma dinâmica de episódios curtos, indo direto ao ponto (por mais que alguns até pareçam como uma encheção de linguiça), com aquele mesmo formato de episódios que não ultrapassam a meia hora, onde eu particularmente considero como um acerto. O saudosismo também pesa quando passamos a falar sobre as qualidades técnicas da temporada, que vão desde a maravilhosa e empolgante trilha sonora, até os cenários mais clássicos do universo "Evil Dead", que é justamente a icônica cabana na floresta.
O roteiro dessa segunda temporada segue entre acertos e erros! Considero um acerto a história dessa temporada nos revelar mais informações sobre aquele passado oculto e sombrio do Ash, como o fato daquela lenda que se criou em sua cidade natal com o famoso "Ashy Slashy". Isso traz mais corpo para a história que está sendo contada, gera um engajamento maior. O mesmo vale para a introdução do principal vilão da temporada, que já difere da primeira temporada justamente por não manter a figura de antagonista (vilanesca) somente sobre a Ruby (Lucy Lawless). O vilão da vez é o temível (ou talvez não) Baal (Joel Tobeck). Que é uma criatura que se veste de peles humanas, que por sinal todo o efeito que utilizaram nas troca de peles foi fantástico.
Outro ponto muito interessante da temporada é toda referência que se mantém sobre a mitologia do universo "Evil Dead". Ao longo da temporada temos algumas menções e referências sobre a trilogia original, como no caso da própria cabana e o "Necronomicon", mas ainda vai além, com algumas citações ao "Evil Dead 3", e a aparição daquele demônio de pescoço longo, que faz uma referência direta ao "Evil Dead 2" (se bem me lembro). Não posso esquecer de citar aquela cena no nono episódio, onde temos o clássico ataque dos galhos da árvore na Ruby e na Kelly (Dana DeLorenzo). Os 10 episódios se dividem entre referências, menções e homenagens à toda franquia, e aos famosos episódios de preenchimento da história, que nada mais é do que os famosos "encheção de linguiça".
Eu entendo toda referência e toda representação do universo "Evil Dead" que a segunda temporada traz pra série, inclusive até me surpreendendo no quesito viagem no tempo, onde confesso que não era uma coisa que eu estava esperando na série. E digo que funcionou direitinho como uma inovação da temporada, já que na trilogia original temos abordagens sobre este contexto, e aqui eu fui surpreendido por aquele inusitado encontro entre a Ruby atual e a Ruby dos anos 80, assim como aquele "resgate dos mortos" do Pablo (Ray Santiago). Mas devo reiterar exatamente no quesito inovação na série, que sinceramente eu não vejo muitos caminhos disponíveis para ser explorado fora desse contexto de cabana na floresta. Pois é legal, é nostálgico, é clássico, mas a impressão que dá é de que a história não avança e anda em círculos terminando sempre no mesmo lugar, que é justamente na cabana.
O elenco de apoio continua extremamente cativante! Ray Santiago e Dana DeLorenzo continuam ótimos, formidáveis, com uma bela química entre eles e principalmente com o Bruce Campbell. Lucy Lawless tem uma participação maior na temporada, conseguindo transcender aquela figura de vilã fajuta que ela carrega desde a primeira temporada. Michelle Hurd foi uma boa integração na temporada com sua personagem Linda. Lee Majors está perfeito sendo a figura do pai do Ash, onde o próprio traz um senso humorístico na medida certa e sendo bem pontual. Joel Tobeck está mediano como o vilão da temporada, pois achei um apresentação muito caricata e muito canastrona. Mas ok, até que funcionou na medida do possível.
O episódio dez fecha com aquela aparição da Ruby anos 80 no fundo da festa do Ash. Ou seja, o famoso gancho para a terceira temporada. O mesmo vale para a cena pós-crédito (sim, temos uma), onde mostra uma garota achando o "Necronomicon" jogado na floresta.
Por fim, a segunda temporada de "Ash vs Evil Dead" continua boa, e muito por manter grande parte dos elementos da primeira e ainda intensificar alguns. Também continua funcionando perfeitamente em seu objetivo de divertir e entreter. Porém, aqui eu já vejo um pequeno sinal de desgaste, que poderá se intensificar ainda mais na terceira temporada, que por sinal estou bastante curioso pra conferir para poder entender melhor os reais motivos do cancelamento da série. [23/05/2023]
"Ash vs Evil Dead" é uma série criada e desenvolvida pelo diretor Sam Raimi, juntamente com Ivan Raimi (seu irmão) e Tom Spezialy (roteirista da série "Desperate Housewives"). A telessérie foi lançada em 2015 e é ambientada no mesmo universo criado por Raimi em sua trilogia clássica de filmes na série "Evil Dead". Bruce Campbell retoma seu papel como "Ash" Ashley Williams e a história é desenvolvida como uma sequência da trilogia original.
O universo "Evil Dead" se iniciou lá em 1981, quando o clássico "The Evil Dead" revelava ao mundo cinematográfico o jovem diretor Sam Raimi, que passou a ser conhecido como um dos grandes nomes da história do cinema de terror, o verdadeiro mestre do horror. "The Evil Dead" é considerado como um dos maiores filmes de terror independente da década de 1980 e de todos os tempos. Um dos filmes mais inovadores e audaciosos do terror trash e do gore dos anos 80. Já "Evil Dead II" (1987) era pra ser uma continuação, mas acabou sendo uma refilmagem, um remake, um reboot que serve como continuação da história original. Sem falar que "Evil Dead II" começa a tomar o caminho do "Terrir", funcionando mais como uma comédia de terror, uma comédia trash em um filme de terror. Esse caminho foi intensificado em "Evil Dead III: Army of Darkness" (1992), que além do terror e suspense, o longa é completamente mergulhado no comédia trash pastelona, no terror lúdico e fantasioso.
Após o excelente remake de "Evil Dead" (2013), a ideia do desenvolvimento de uma série foi ganhando cada vez mais forma, até que em 31 de outubro de 2015 tivemos o lançamento pela Starz (um canal de televisão premium americano) da primeira temporada de "Ash vs Evil Dead".
A série se passa trinta anos após os acontecimentos de "Evil Dead II". Ash, obviamente, está mais velho e aposentado das suas incansáveis caças aos demônios. Ele realmente largou a vida de caça aos monstros e nem quer se lembrar do seu tempo em "Evil Dead". Porém, suas lembranças do passado nunca o abandonou, como a convivência sem uma das mãos (que foi perdida em "Evil Dead II"). O fato é que depois de 30 anos, Ash precisa largar a sua aposentadoria dos demônios e retomar sua jornada de única esperança da humanidade para combater o mal, além de enfrentar seus próprios traumas do passado que estava adormecido.
"Ash vs Evil Dead" foi criada com a proposta exata de uma comédia de terror, uma comédia trash de terror. E nesse quesito a série funciona perfeitamente ao mesclar elementos entre o humor negro, o fantasioso, o lúdico, o Terrir, mas sempre mergulhado no terror trash, na violência explícita, na sanguinolência e com um gore extremo.
Uma coisa é certa, a série é divertidíssima, é leve, é gostosa, é dinâmica, é fluida, você se diverte o tempo todo ao longo dos 10 episódios, dando boas gargalhadas. Temos aqui aquele famoso comfort movie, que realmente anima o seu dia (ou noite) a bordo de uma trama que é uma verdadeira viagem no tempo de volta ao anos 80, pois realmente esta série nos traz toda a essência oitentista, que vai desde cenários, histórias, trilhas sonoras, um verdadeiro deleite audiovisual. A série também funciona por trazer elementos clássicos como o icônico "Necronomicon - O Livro dos Mortos", a câmera correndo para simular os demônios se aproximando, a famigerada cabana, aquela trilha sonora clássica, entre outros elementos que constituem a grandeza desse universo criado por Sam Raimi.
Um dos principais pontos que deixa a série divertidíssima é sem dúvida o elenco, que é bastante sólido, principalmente o Ash de Bruce Campbell. É incrível como o Bruce não perdeu o timing cômico do personagem, aquela pegada da comédia, do senso de humor, dos seus bordões, das suas piadas (que é sua marca registrada), aquele consagrado canastrão caricato, o nosso famoso e inesquecível anti-herói desengonçado. A série nos proporciona uma verdadeira nostalgia e uma viagem ao saudosismo ao reviver o clássico Ash com a mão-motosserra e a espingarda de cano serrado, onde todos os fãs do universo "Evil Dead" vão comemorar como um gol (e eu estou incluído).
Ash sempre agiu sozinho, sempre caçou os demônios sozinho, aquele famoso lobo solidário (ops, solitário - rsrsrs!). Porém, dessa vez ele tem um time, dessa vez ele encontrou pessoas para o ajudarem nessa jornada sangrenta e macabra. Obviamente estou me referindo aos carismáticos Pablo e Kelly (que são interpretados pelos ótimos Ray Santiago e Dana DeLorenzo). Ray Santiago ("Interrogation") funciona perfeitamente ao dar vida para o sonhador Pablo, ele nos convence e nos ganha exatamente pela sua forma extrovertida de atuar no personagem. O mesmo vale para a Dana DeLorenzo ("Friendsgiving"), que também atuou de forma carismática e extrovertida, conseguindo uma boa química com todo o elenco. Na verdade o trio conseguiu desenvolver uma ótima química entre eles, o que contou diretamente para ganhar a nossa simpatia e passarmos a torcer por eles. Completando o elenco ainda tivemos a Jill Marie Jones ("Girlfriends"), que deu vida para Amanda. Uma personagem mais contida inicialmente, porém logo após ela integrar o grupo do Ash ela passa a ter um certo destaque na série. E Lucy Lawless ("Xena: A Princesa Guerreira"), que deu vida para Ruby. Uma personagem que foi vista como uma antagonista, que tinha seus próprios objetivos (bem questionáveis, eu diria) em relação ao Ash e o próprio ""Necronomicon".
Em questões técnicas a série é muito boa! Podemos destacar principalmente os efeitos e as maquiagens, que realmente estão em um nível bem condizente com toda a estrutura de orçamento da produção. A cinematografia é muito boa. A direção de arte é bastante fiel em relação a produção da época, principalmente quando temos os episódios que são voltados para a famigerada cabana macabra, cujo cenários estão dentro do conceito da trama. Sem falar na ótima trilha sonora (que já destaquei) e na direção impecável de cada episódio.
A primeira temporada de "Ash vs Evil Dead" foi aclamada pela crítica. O agregador de resenhas Rotten Tomatoes deu à temporada uma classificação de 98% "Certified Fresh" com base em 51 resenhas, com uma classificação média de 8,1/10. O consenso crítico do site diz: "Fiel aos filmes que o geraram, "Ash vs Evil Dead" é uma ressurreição sangrenta, hilária e audaciosa da amada franquia de terror de Sam Raimi"; com base em 25 críticos, indicando "críticas geralmente favoráveis".
No entanto, "Ash vs Evil Dead" tem uma primeira temporada muito boa (acima da média, eu diria), pelo simples fato da série saber o que de fato quer e não tentar ser mais do que pode, mais do que deve, que é justamente divertir, entreter, com uma forma descompromissada, usando uma mistura de elementos que vai desde o terror, a comédia, o trash, o gore, mas sem apelar e mantendo toda essência oitentista conquistada e adquirida do icônico e clássico universo de "Evil Dead". [11/05/2023]
Se a terceira temporada eu afirmei que ficou bem abaixo da primeira e da segunda, com certeza essa quarta voltou com a série nos eixos, trouxe novos personagens e um novo vilão que deu novos ares, uma nova cara, um novo fôlego, um novo rumo, sem sombra de dúvidas fez a série crescer e se sobressair em relação as temporadas anteriores.
Como no final do último episódio da temporada três tivemos a separação do grupo pela primeira vez, juntamente com aquela comoção da carta deixada pelo Hopper (David Harbour) e a sua possível morte. A quarta temporada já se inicia com o grupo separado, morando em outra cidade. Enquanto um grupo ficou morando em Hawkins, a família Byers e a Onze (Millie Bobby Brown) agora vivem em Lenora, no Kansas.
O primeiro episódio já começa nos mostrando a base do laboratório em Hawkins no ano de 1979, onde temos o surgimento de mais crianças com os mesmos poderes telecinéticos da Onze. Dessa vez a história se passa no ano de 1986, onde temos uma adaptação complicada da Onze em sua nova escola, onde ela sofre constantes bullyings (ela continua sem os seus poderes). Por outro lado temos uma Max (Sadie Sink) que está visivelmente transtornada e traumatizada pela morte do Billy (Dacre Montgomery) na temporada passada. Uma coisa que chamou muita atenção nesse episódio foi como o elenco jovem cresceu em relação à temporada anterior. Se na temporada três eu já havia comentado toda essa diferença de tamanho em relação à temporada dois, aqui chega a ser assustador. A temporada três se passou no ano de 2019, já essa quarta teve sua estreia em maio de 2022, ou seja, quase 3 anos de espera de uma temporada para a outra. Fatalmente teríamos um elenco jovem que cresceria bastante e ficaria muito diferente do que estávamos acostumados. O Lucas (Caleb McLaughlin) foi um dos que mais mudaram. A Erica (Priah Ferguson) também mudou bastante, ela já não é mais aquela menininha da terceira temporada. Fora às notáveis mudanças de tamanho, também tivemos mudanças na voz dos atores e atrizes, como a própria voz da Millie Bobby Brown (sim, eu assisto legendado).
A série nos revela novos personagens: Temos a nova rainha da escola, a patricinha Chrissy Cunningham (Grace Van Dien). Um personagem muito misterioso de início, Eddie Munson (Joseph Quinn). Jason Carver (Mason Dye), que chegou chegando na série com sua pinta de galã abandonado (ele é o namorado da Chrissy). Fred Benson (Logan Riley Bruner), que era um parceiro da Nancy (Natalia Dyer). E o hilário Argyle (Eduardo Franco), o novo amigo do Jonathan (Charlie Heaton).
A série segue com um segundo episódio surpreendente ao nos revelar o que eu já suspeitava desde a cena pós-crédito do último episódio da terceira temporada - Jim Hopper está vivo (para a alegria de todos). Ele sobreviveu à explosão e foi capturado pelos russos, que o levou aprisionado até uma base onde o mantém sobre tortura em um cativeiro. Robin (Maya Hawke) continua parceira de trabalho de Steve (Joe Keery), só que dessa vez em uma locadora. Temos um ponto bem curioso na série, que é um possível interesse do Will (Noah Schnapp) pelo Mike (Finn Wolfhard). Ou pelo menos foi isso que eu percebi, principalmente pela forma como ele olha para o Mike, e as suas constantes cenas de ciúmes em relação à Onze.
Um dos pontos mais positivos dessa temporada está exatamente no novo vilão - Vecna, o Mago das Trevas. Achei uma ideia genial deixar um pouco de lado o Devorador de Mentes e focar a temporada inteira na construção e no desenvolvimento de um novo vilão. Vecna é uma criatura diferente, com aquela aparência bizarra cheio de tentáculos, que ataca suas vítimas aleatoriamente. E é exatamente dessa forma que segue o terceiro episódio, nos confrontando com a maldição de Vecna ao atacar e matar de forma bizarra as suas vítimas, como aconteceu com a Chrissy e o Fred. A forma como o Vecna ataca e mata as suas vítimas é completamente bizarra e assustadora, os deixando todo torto, com os ossos todos quebrados e os olhos perfurados. Nesse episódio constatamos que o Murray (Brett Gelman) é o novo par da Joyce (Winona Ryder) em busca do resgate do Hopper. Sem falar que até o momento o Vecna só matou personagens secundários e nenhum do grupo principal, e nesse episódio ele passa a perseguir a Max, o que já me deixou bastante apreensivo e preocupado.
No episódio cinco temos uma cena que me deixou muito impactado, que é a cena em que o Hopper desabafa contando com foi toda a sua vida até aquele momento. Desde que ele perdeu sua filha e logo após a sua esposa o deixou. Depois a Onze e a Joyce entram em sua vida, o que o ajudou muito naquele momento em que ele estava entregue ao álcool e as drogas. Uma cena belíssima, pesada, forte, sem dúvida uma das melhores cenas de toda a temporada.
O final do sexto episódio também me deixou apreensivo e bastante preocupado, pois é exatamente a parte onde o Steve é capturado e levado para o Mundo Invertido, onde ele é duramente atacado por uma espécie de morcegos. Porém, já no começo do sétimo episódio a Robin e a Nancy adentram o portal e salvam o Steve (para a minha alegria). Nesse episódio temos o emocionante reencontro da Joyce com o Hopper. Vecna atacando a Nancy no Mundo Invertido, a fazendo reviver suas lembranças do passado envolvendo sua amiga Barb (Shannon Purser). Sem falar que especificamente nesse episódio temos revelações bombásticas envolvendo a face oculta do vilão Vecna. Temos todo o arco pessoal do personagem Peter Ballard / Henry Creel / Um (Jamie Campbell), que nos mostra toda sua construção desde a parte que ele tenta ajudar a Onze a fugir da base. Este episódio é muito bom por exatamente nos revelar os segredos que estavam por trás do Peter/Henry, por nos revelar o personagem Um, que a partir dele foi desenvolvida todas as outras crianças telecinéticas, incluindo a própria Onze. Todo desenvolvimento em cima do personagem para nos revelar que ele era o vilão Vecna é muito bom e muito condizente com toda história que estava sendo desenrolada. Inclusive a luta no final desse episódio entre o Um e a Onze é excelente. Uma das melhores cenas da temporada.
No episódio oito temos alguns arcos pessoais bem interessantes, como é o caso do Will sofrer por aconselhar o Mike que a Onze precisa dele e que ela irá voltar, enquanto ele próprio sofre calado por ter sentimentos guardados por ele. Temos aquela reaproximação da Nancy com o Steve, até pelo fato do Jonathan ter mudado para outra cidade e ela está se aventurando ao lado do Steve. É óbvio que a Nancy ainda tem sentimentos pelo Steve, porém não sei seu eu torço para este casal. Também temos aquela emblemática conversa entre a Onze e seu pai Dr. Martin Brenner (Matthew Modine), onde ela o acusa de ser o responsável por tudo que estava acontecendo naquele momento, e que ele era um verdadeiro monstro. Eu concordo plenamente com ela, realmente ele era um ser extremamente ambicioso.
Por fim chegamos no último episódio da quarta temporada de "Stranger Things". Um ponto que eu achei inusitado e bem curioso foi o fato da duração de cada episódio dessa temporada. Todos os episódios passaram de 1 hora de duração. Como é o caso do episódio 7, que teve 1h40m. Já o 8 teve 1h27m. E o 9 teve 2h22m. Esta quarta temporada deixou de ser um seriado para se passar por um longa-metragem, principalmente o episódio 9.
O nono episódio facilmente classifico como o melhor episódio dessa temporada, o melhor das quatro temporadas e um dos melhores episódios de uma série que eu já assisti na vida. O episódio é excelente e já começa aquecendo os nossos corações com a finalmente cena do beijo entre o Hopper e a Joyce (como eu esperei por esta cena). Outra linda cena é aquela que o Steve desabafa com a Nancy ao revelar para ela o seu arrependimento de tê-la perdido há dois anos atrás. Aquela cena que eu já considero icônica do Eddie tocando guitarra naquele cenário no Mundo Invertido ao som da clássica "Master of Puppets" do Metallica. A luta contra o Vecna ao som da lendária "Running Up That Hill" da Kate Bush. A Nancy enfrentando o Vecna no maior estilo bad ass de uma verdadeira Sarah Connor em "O Exterminador do Futuro". O lado oculto de Conan do Hopper sendo revivido naquela cena emblemática em que ele enfrenta a criatura com a espada. O maior acerto desse episódio é exatamente dosar muito bem a participação de todo o elenco envolvido naquela luta final, pois ali cada um cumpria muito bem a sua função que lhe foi designada. É um episódio onde você tem aventura, confrontos, embates, humor, comédia, drama, suspense e consequentemente o terror. É um episódio onde você fica alegre, eufórico, surpreso, apreensivo, preocupado, triste, emocionado e termina com um nó na garganta. Um excelentíssimo episódio! Uma obra-prima de episódio!
O elenco da série sempre foi uma verdadeira obra-prima! Winona Ryder ("Os Fantasmas Se Divertem 2") sempre foi a cara dessa série, desde as primeiras temporadas onde ela era uma mãe preocupada e desesperada com os acontecimentos envolvendo o seu filho, já aqui ela passou a ser uma verdadeira aventureira. David Harbour ("Viúva Negra") excelente, pra mim é de longe a sua melhor temporada de toda a série. Impressionante o crescimento que o David alcançou com o personagem Hopper, passando desde o estigmatizado detetive para um verdadeiro sobrevivente desacreditado. Uma atuação magnífica de David Harbour na temporada. Millie Bobby Brown ("Damsel") é outra que teve um crescimento absurdo com a Onze. Obviamente em todas as temporadas a Onze teve seu destaque e sua relevância, mas aqui ela vai ainda mais além, ela tem um algo a mais. Ela consegue compor uma personagem que sofre inicialmente com a mudança de cidade, com os bullyings, com a ausência do Hopper e do seu namorado Mike. Logo após ela sofre com os conflitos e os embates com o Dr. Martin Brenner quando está presa naquela base buscando ter de volta os seus poderes telecinéticos. Depois ela tem o embate com o Um e logo após ajuda os seus amigos na luta contra o Vecna. Mais uma atuação excelente de Millie Bobby Brown, a cara de "Stranger Things".
Sadie Sink ("A Baleia") também eleva o nível da sua personagem Max em relação a temporada passada. Aqui ela tem um notável crescimento, onde ela deixa de ser aquela adolescente que só queria se divertir para tomar uma postura mais centrada, mais importante, se colocando como peça-chave no contexto da história. Será que ela vai reagir no hospital na próxima temporada? Pois de fato ela ficou muito machucada após o confronto quase mortal com o Vecna. Sinceramente eu espero que ela não morra. Finn Wolfhard ("Ghostbusters – Mais Além") está com seu Mike bem mediano nessa temporada, realmente ele fica quase que escanteado depois que viaja para a cidade para reencontrar a Onze. O mesmo vale para o Noah Schnapp ("O Halloween do Hubie"), que teve uma participação e uma relevância muito maior nas primeiras temporadas como Will. Nessa temporada ele também fica bem escanteado na história, se limitando unicamente a aconselhar o Mike em relação à Onze e nutrir seus sentimentos afetivos.
Por outro lado o Gaten Matarazzo ("Honor Society") só cresce com seu personagem Dustin, assim como já vinha crescendo na temporada passada, quando ele foi muito importante para a história. Quero destacar aqui aquela cena em que ele tem uma atuação absurda ao ser confrontado com a morte do Eddie, e a cena em que ele revela para o tio do Eddie a sua morte lhe entregando aquele colar. Mais um que eu afirmo ter a sua melhor apresentação dentro de toda a série. Caleb McLaughlin ("High Flying Bird") também nos impressiona com o seu crescimento no personagem Lucas, passando a ser peça-chave nos confrontos entre o Grupo do Jason em busca do Eddie. Também preciso destacar aquela cena em que ele vê a Max possivelmente morrer ali na sua frente, onde ele tem uma atuação dramática grandiosa, nos revelando o ótimo ator que ele é.
Nancy Wheeler, Robin Buckley e Steve Harrington foram os três personagens que mais cresceram de patamar nessa temporada. A sempre bela e estonteante Natalia Dyer ("Depois da Escuridão") volta a ter um grande protagonismo nessa temporada em relação à temporada anterior. Pois na temporada 3 a Nancy ficou muito limitada, não teve o mesmo brilho e a mesma importância que havia alcançado nas temporadas 1 e 2. Aqui ela volta a ser extremamente relevante e sua personagem tem um crescimento e um destaque fundamental na história. Maya Hawke ("Justiceiras") entrou para a série exatamente na temporada anterior, e sua personagem Robin também ficou limitada dentro do contexto geral. Aqui ela também se sobressai, também cresce de rendimento e nos revela uma ótima personagem que já passamos a amar. Joe Keery ("Death To 2021") passou de coadjuvante para protagonista nessa temporada, pois o Steve também tem um enorme crescimento, uma enorme importância, principalmente em liderar o grupo com as duas garotas quando eles adentram ao Mundo Invertido. Sensacional, mais uma excelente atuação (ainda bem que ele não morreu naquela cena com os morcegos, pois eu fiquei em choque naquela hora).
Charlie Heaton ("Os Novos Mutantes") está mais modesto nessa temporada, acredito que o Jonathan Byers já foi melhor utilizado nas temporadas anteriores. Dessa vez ele está bastante limitado, tem pouquíssimo destaque, passa quase que imperceptível. A melhor parte do Jonathan é justamente a entrada na série do Eduardo Franco com seu personagem Argyle, onde rende cenas hilárias e muito engraçadas. Eduardo Franco ("Separados Mas Nem Tanto") foi uma boa integração na série, realmente o Argyle conseguiu se encaixar bem na história. Priah Ferguson ("A Maldição de Bridge Hollow") cresceu tanto de tamanho como de qualidade e destaque com sua personagem Erica Sinclair (a irmã mais nova do Lucas). Brett Gelman ("Fleabag") também se destacou muito bem como o Murray, principalmente ao contracenar com a Winona Ryder. Matthew Modine ("Oppenheimer") e seu perverso Dr. Martin Brenner. Confesso que fiquei muito satisfeito com sua morte.
Agora eu preciso destacar dois personagens que eu considero como injustiçados na série - a Chrissy e o Eddie. A Chrissy eu realmente achei uma personagem que se encaixou bem na história, tinha potencial, consegui ver nela um vislumbre de sucesso dentro da série. E digo isso principalmente pela interpretação da Grace Van Dien ("V para Vingança"), que abandou a carreira de atriz logo após esta personagem para focar em uma carreira de Streaming. Já o Eddie foi o mais injustiçado da temporada, pois ele passou a temporada inteira fugindo de algo que ele não cometeu, não conseguiu provar a sua inocência e ainda por cima foi terrivelmente morto. Joseph Quinn ("Operação Overlord") trouxe um personagem que a princípio seria apenas mais uma integração normal de temporada na série (o que já é corriqueiro). Porém, ele conseguiu nos conquistar, conseguiu nos fazer simpatizar, ganhou a nossa empatia, ganhou o nosso coração e o nosso carinho. No último episódio todos nós já amávamos o Eddie, e quando ele toca "Master of Puppets" na guitarra foi o ápice do seu personagem, foi completamente icônico. E logo após somos impactados pela sua triste e dolorosa morte. E quando ele fala pro Dustin as suas últimas palavras - "Eu Te Amo Cara" - ali eu desabei!
Finalizando ainda tivemos o Mason Dye ("O Jardim dos Esquecido") como seu personagem Jason, que soube certinho trazer aquele personagem que é fácil de pegar ranço. Nesse quesito ele foi perfeito. Fiquei muito feliz com aquela sua morte sendo desintegrado. E o Jamie Campbell Bower ("A Saga Crepúsculo"), que esteve muito bem como Um e logo após nos revelando o temido Vecna.
Tecnicamente a série continua impecável, o que já se justifica devido a todo o seu sucesso estrondoso. Os efeitos especiais estão incríveis, realmente temos aqui uma qualidade absurda. Era muito perceptível como os efeitos eram bastante funcionais entre a mescla dos cenários do mundo real e do Mundo Invertido. Assim como no próprio Vecna, onde tínhamos efeitos especiais muito bons. A direção de arte continua extremamente fiel, principalmente no quesito de época dos anos 80 em que a série se passa. A trilha sonora da série sempre foi um luxo e uma verdadeira viagem ao cenário musical do passado, e aqui não é diferente com hits como California Dreamin’ (The Mamas & the Papas), Psycho Killer (Talking Heads), entre outras que eu já destaquei acima.
Na minha modesta opinião essa quarta temporada é inteiramente do Hopper, da Onze, do Eddie e do Vecna. Realmente foram personagens que mais se sobressaíram, que mais se destacaram em vários quesitos, e no fim foram os que mais nos surpreendeu e nos impactou.
Realmente esta quarta temporada da série foi um verdadeiro fenômeno no cenário mundial. A série dominou os streamings em 2022 e se tornou a série mais assistida do ano, segundo a pesquisa Nielsen. A Netflix informou que até 30 de maio de 2022, a quarta temporada de "Stranger Things" tinha sido visto por mais de 287 milhões de horas, superando o recorde anterior de audiência da 2ª temporada de "Bridgerton" que teve 193 milhões de horas em sua primeira semana. As temporadas anteriores de "Stranger Things" também entraram no top 10 dos programas mais vistos na mesma semana do lançamento da quarta temporada.
O episódio 9 termina com aquele clássico arrepio no pescoço do Will mostrando que os poderes do Mundo invertido ainda não foram 100% destruídos. Derrotaram o Vecna mas ainda tem o Devorador de Mentes, e muitas coisas ainda acontecerão na próxima temporada. Este é o gancho para a quinta e última temporada da série, que provavelmente acontecerá entre os anos de 2024 e 2025.
A quarta temporada de "Stranger Things" foi um grande acerto, pois a temporada melhorou muito a qualidade da série com o processo de conectar arcos de histórias entre as temporadas. Sem falar no ótimo desenvolvimento dos personagens e a inclusão de novos que agregaram ainda mais dentro do contexto da história. O roteiro também melhorou bastante com novas ideias, novos rumos, novos acontecimentos, e um novo vilão que trouxe um grande peso e uma grande importância para o rumo que a série tomou.
Assim como a primeira temporada da série, considero esta quarta como uma verdadeira obra-prima. Aquela temporada impecável, acertando em tudo, nos surpreendendo em tudo, trazendo episódios longos (que sim, eu adoro) para desenvolver ainda mais a história, trazendo novos personagens, conseguindo nos levar da alegria e da euforia para a comoção e a tristeza em questão de segundos. Uma temporada extremamente magnífica. O que me deixa muito animado para conferir a quinta temporada dessa série que já entrou para a minha lista de melhores séries da minha vida desde a sua primeira temporada. [06/04/2023]
Se compararmos essa terceira temporada com as duas anteriores, com certeza essa daqui é a mais leve, a mais cômica, a que chega mais perto de uma comédia. Mas de qualquer forma a série continua completamente imergida na essência oitentista, continua trazendo inúmeras referências da cultura pop dos anos 80.
A história começa no verão de Hawkins no ano de 1985. O grupo está de férias escolar só curtindo o novo Shopping Center que inaugurou na cidade, por sinal muito curioso este Shopping. O que logo de cara já me chamou atenção foi como o elenco "infanto-juvenil" cresceu. É muito nítido como eles cresceram da temporada 2 para esta, visto que a segunda temporada foi estreada em Outubro de 2017 e esta em Julho de 2019, obviamente todo esse tempo serviu para dar uma esticada no elenco mais jovem.
A temporada já inicia dentro daquela essência que é a marca registrada da série, que é justamente a amizade do grupo. Dentro desse grupo continua os relacionamentos e os embates, que sempre pressiona a amizade entre eles. É interessante notar que agora que eles cresceram eles tem outras preocupações e outros objetivos. Os meninos não querem mais ficar só no porão jogando cartas (como nas temporadas passadas), querem namorar as garotas. Já as garotas também querem se envolver com os meninos. Todo esse clima de azaração dentro do grupo cria rusgas entre eles, o que vai impactar em algumas decisões e até em algumas separações. Porém, quando a cidade se vê novamente tomada pelas ameaças do passado, o grupo precisa deixar de lado as suas diferenças e se unirem em prol de uma única causa.
Novamente temos a cidade envolvida em novas experiências do governo, o que logo impacta em novas personalidades estranhas que vão aparecendo por toda a cidade. Temos praticamente uma invasão russa na cidade de Hawkins, onde eles instalam uma base de pesquisa e cobaias com testes em uma grande máquina que está abrindo um portal para o Mundo Invertido. Um ponto que chama bastante atenção nessa terceira temporada é toda discursão política que vai se estabelecendo e envolvendo cada episódio. A temporada inteira é focada no embate entre os americanos e os russos, o que traz um aspecto mais atual mesmo a série se passando nos anos 80, e muito pelos seus diálogos, pela visão política, pelo comunismo, até mesmo nos vilões da temporada (isso é bem anos 80).
A terceira temporada de "Stranger Things" tem uma construção bastante intrigante nos primeiros episódios, que é justamente todos os acontecimentos envolvendo os ataques dos ratos que pareciam estarem envolvidos pela raiva. Depois vamos descobrindo sobre o devorador de mentes, que controla as suas presas e as transforma em hospedeiro. E justamente o devorador de mentes fica cada vez mais forte absorvendo as pessoas que ele possuiu naquela transformação em espécie de gosma. Dentro desse contexto finalmente deixaram o Will (Noah Schnapp) um pouco de lado para focarem em um novo possuído da temporada. Essa foi uma renovação bem funcional da temporada, trazerem um protagonismo justamente para o Billy (Dacre Montgomery), que assim como a Max (Sadie Sink), foram personagens que tiveram pouca relevância na temporada passada. Acredito que acertaram em transformar o Billy em uma espécie de vilão, e muito por ele já possuir aquela pinta de machão, o famoso porra-loca, que já enfrentava tudo e todos ao seu redor.
Achei muito bom toda a relevância e a importância que o Billy ganhou na temporada, o que combinou perfeitamente com todo o seu estilo. Assim como a nova personagem Heather (Francesca Reale), a salva-vidas do clube que também foi possuída pelo devorador de mentes através do Billy. A própria Max também ganhou mais relevância na série, principalmente ao construir aquela amizade com a Onze (Millie Bobby Brown) e ao se unirem contra os namorados e buscarem o paradeiro do Billy. Temos um novo grupo que se formou com o Dustin (Gaten Matarazzo), o Steve (Joe Keery), a Robin (Maya Hawke) e a Erica (Priah Ferguson). Este grupo serviu para a inclusão na série da nova personagem Robin, que trabalha junto com o Steve na sorveteria do Shopping, e própria Erica Sinclair, a irmã mais nova do Lucas (Caleb McLaughlin), que já havia aparecido na temporada passada, porém sem grande importância.
Finn Wolfhard ("Pinóquio por Guillermo del Toro") com uma participação ok como Mike, sempre atrás da Onze. Caleb McLaughlin ("Alma de Cowboy") traz novamente o seu Lucas criativo e sempre engraçado. Noah Schnapp ("O Halloween do Hubie") com um Will de certa forma até escanteado na temporada, até pelos próprios colegas do grupo, pois ele era o único ali que não tinha uma envolvimento amoroso com ninguém. Eu vejo o Will nessa temporada usado apenas como um refugo do que já havia acontecido nas duas temporadas anteriores, pois claramente ali ele teve mais relevância dentro da série, ou seja, aqui ele está totalmente secundário. Gaten Matarazzo ("O Dragão do Meu Pai") é disparado o melhor do grupo dos meninos, pois ele consegue manter aquele Dustin engraçado, carismático, mais participativo, e muito por nessa temporada ele fazer parte de outro grupo.
Millie Bobby Brown ("Godzilla vs Kong") sempre muito bem com sua destacável personagem Onze, dessa vez mais integrada no grupo (como aconteceu na primeira temporada), onde tem participações direta em todos os acontecimentos da história. Aquele episódio onde ela confronta o passado do Billy e da Max é muito bom, funciona como uma espécie de arco pessoal dos dois. Sadie Sink ("A Baleia") está mais participativa, mais integrada, mais relevante, traz uma Max mais familiarizada com o grupo e sem aquela arrogância que ela apresentou no começo da temporada passada. A linda Natalia Dyer ("Vozes e Vultos") está bem envolvida na história com sua personagem Nancy, e tem participações fundamentais com as primeiras revelações sobre aqueles ataques dos ratos. Assim como o próprio Charlie Heaton ("Os Novos Mutantes"), que trouxe um Jonathan que já está envolvido amorosamente com a Nancy e juntos formam aquela dupla infalível de improváveis repórteres investigativos.
Joe Keery ("A Grande Jogada") se achou perfeitamente no personagem Steve, pois na minha opinião ele tem a sua melhor apresentação e participação de toda a série. A formação daquele novo grupo foi fundamental para o crescimento do Steve dentro da série, pois ele parou de correr atrás da Nancy e se focou em um objetivo. A própria Maya Hawke ("Era uma Vez em... Hollywood") com sua personagem Robin contou muito para todo o crescimento e desenvolvimento do Steve, onde ela também tem um grande envolvimento na temporada e se destaca muito bem. Foi muito interessante acompanhar aquela espécie de calvário do Steve ao ter que trabalhar na sorveteria do Shopping e dividir seu ambiente justamente com a Robin, que ele ignorava e desdenhava. Porém, logo eles vão se envolvendo e se conhecendo onde rola aquela cena do banheiro na base russa, onde ambos vão se revelando um para o outro. Priah Ferguson ("A Maldição de Bridge Hollow") é uma graça ao interpretar a destemida Erica com muito carisma, que inicialmente só queria degustar os sorvetes e logo após ela ganha um grande destaque ao entrar para aquele novo grupo.
Como eu já destaquei, o Dacre Montgomery ("Power Rangers") nessa temporada ganha um protagonismo e uma grande relevância com seu personagem Billy, e ele dá conta do recado direitinho. David Harbour ("Viúva Negra") é sempre excelente com seu personagem Jim Hopper. Dessa vez ela está menos policial e mais detetive porra-loca que entra em qualquer lugar e enfrenta qualquer um (David Harbour é um excelente ator). A majestade Winona Ryder ("Cisne Negro") é sempre maravilhosa e sempre muito carismática. Dessa vez ela compõe uma Joyce menos sofrida, menos dramática, pois o problema aqui não girava em torno do Will como nas temporadas passadas. Isso contou muito para ela formar uma dupla imbatível com o David Harbour, onde a trocação de farpas entre eles era constante, mas no fundo tudo não passava de um grande sentimento que estava guardado.
Em questões técnicas e artística a série continua dando um verdadeiro show! A trilha sonora novamente está impecável, novamente trouxe toda uma referência à essência musical dos anos 80, que já é uma marca registrada da série. O que dizer daquela cena maravilhosa do último episódio onde o Dustin e a Suzie (Gabriela Pizzolo) cantam "Never Ending Story" (Limahl). Os efeitos especiais sempre condizentes com toda a proporção e toda a magnitude da qualidade da série. A direção de arte sempre impecável, fazendo um trabalho absurdo, com detalhes riquíssimos entre as qualidades de todos os objetos de cena e principalmente dos cenários. A cinematografia é outro grande destaque tanto da série quanto da temporada, e aqui ela está muito bem representada com uma fotografia muito bem ajustada, muito bem destacada, um verdadeiro show. A série continua mostrando toda a sua qualidade com uma ótima montagem, com uma ótima edição, com uma ótima mixagem, com uma ótima direção de cada episódio. Nesse quesito não tem como, "Stranger Things" sempre se destaca como referência.
Na minha crítica da segunda temporada de "Stranger Things" eu havia falado sobre a irmã da Onze, a Kali (Linnea Berthelsen). Onde temos um episódio inteiro focado em uma espécie de arco pessoal da Onze que nos revela coisas do seu passado envolvendo a sua família, e justamente nos leva até a Kali e sua gangue esquisita. Pra mim aquele episódio é bem fraco e fora do contexto da série, onde eu disse que esperava que a Kali e sua trupe tivesse alguma relevância nas próximas temporadas, porque se fosse apenas uma mera participação seria bem frustrante. E não deu outra, nessa terceira temporada sequer citaram alguma coisa que remetesse aquele grupo. Não sei se na quarta temporada aparece alguma ligação com essa parte mencionada, eu acredito que não, portanto, foi sim uma mera participação completamente desnecessária e frustrante.
O último episódio é muito bom, pois temos aquele embate com a criatura exatamente dentro daquele Shopping recém inaugurado na cidade que eu havia mencionado. É um episódio chocante, revelador, impactante, comovente e emocionante, pois...
O que dizer daquela carta emocionante e reveladora que o Hopper deixa para a Onze, que nos deixa com lágrimas nos olhos. Assim como o final do episódio, onde o grupo de amigos e namorados se separam pela primeira vez com a família Byers indo morar em outra cidade juntamente com a Onze. A própria morte do Billy é bastante impactante para a Max e para nós espectadores, onde eu achei até questionável essa decisão, visto que ele tinha chegado na série na temporada anterior e não tinha tido nenhuma relevância, ai quando ele ganha seu protagonismo a série simplesmente tira ele do elenco. Agora surpreendente, impactante e desconcertante foi a morte do Hopper. Eu fiquei boquiaberto na hora, sem reação, em choque, pois eu jamais esperava esse acontecimento na série. Eu realmente achava que ele iria se desenvolver ainda mais, iria finalmente começar o relacionamento com a Joyce, que ele fosse um personagem que jamais sairia da história. Me surpreendeu demais, me deixou extremamente triste, pois eu já estou desacostumado de perder personagens que amamos, por justamente já fazer um tempinho que a série "The Walking Dead" terminou. Vale ressaltar aquela cena pós-créditos que nos leva até uma base russa na própria Rússia, com acontecimentos que nos deixa curiosos acerca do que estar por vir na próxima temporada, e que me deixa com duas perguntas: será que o Hopper realmente morreu? Será que a Onze realmente perdeu os seus poderes telecinéticos?
A terceira temporada de "Stranger Things" é muito boa, mas é fato que ela é inferior as duas temporadas anteriores. Mas de qualquer forma é um temporada muito importante, atraente, reveladora, surpreendente, emocionante, que mesmo sendo uma temporada mais próxima do cômico com uma alta dose de comédia, mas não deixa de ser um drama totalmente imergido na fantasia e no terror. [18/03/2023]
"The Last of Us" é uma série criada por Craig Mazin e Neil Druckmann para a HBO. Baseado no videogame de 2013 desenvolvido pela Naughty Dog, a série se passa em 2023, vinte anos após uma pandemia causada por uma infecção fúngica em massa, que força seus hospedeiros a se transformarem em criaturas semelhantes a zumbis e colapsa a sociedade. A série segue Joel (Pedro Pascal), um contrabandista encarregado de escoltar a adolescente Ellie (Bella Ramsey) através de um Estados Unidos pós-apocalíptico. A série foi filmada entre de julho de 2021 a junho de 2022, com sua estreia acontecendo no dia 15 de Janeiro de 2023. É a primeira série da HBO baseada em um videogame e é uma produção conjunta da Sony Pictures Television, PlayStation Productions, Naughty Dog, the Mighty Mint e Word Games. Neil Druckmann, que escreveu e codirigiu o jogo original, ajudou Craig Mazin na redação do roteiro dos nove episódios da primeira temporada. A trilha sonora foi composta por Gustavo Santaolalla (compositor argentino vencedor de dois Oscars) e David Fleming.
Primeiro vou contextualizar: Uma das minhas maiores paixões na vida são os videogames. Jogo videogame desde os meus 10/11 anos e de lá pra cá eu venho acompanhando os jogos e os consoles de geração em geração. Tudo isso pra deixar claro que as minhas três franquias preferidas dos games são "Resident Evil", "Tomb Raider" e, claro, "The Last of Us". "The Last of Us" (parte 1 e parte 2) estão entre os três melhores jogos que eu já joguei em toda a minha vida, juntamente com "Resident Evil 3: Nemesis" (1999) e "Tomb Raider: The Last Revelation"(1999). Também considero a franquia "The Last of Us" como a melhor franquia de jogos exclusivos da Sony.
Como um eterno fã dos videogames, eu sempre esperei uma adaptação no mínimo condizente com a proporção dos jogos, que pelo menos conseguisse manter a essência e a magnitude da obra original dos games. E digo isso dentro de um contexto geral, pois eu entendo e compreendo que uma adaptação obviamente nunca irá seguir à risca da obra original, porém, eu defendo o fato de criar, de mudar, de usar uma liberdade criativa e expandir o universo criando histórias paralelas de personagens secundários (ou até mesmo dos principais), mas uma coisa eu não abro mão em uma adaptação; tem que manter a essência do jogo, tem que respeitar o universo original que já está eternizado, pois obviamente mesmo sendo uma adaptação, mas se não existisse o jogo a série jamais existiria.
Dentro desse universo das adaptações de jogos de videogames, posso afirmar que nunca tivemos uma adaptação no mínimo boa (tirando a adaptação de "Silent Hill", que sim, é ótima), pelo contrário, ao longo dos anos todas as tentativas sempre foram em vão, sempre foram verdadeiras tragédias, verdadeiras catástrofes. Como exemplo principal eu cito todas as adaptações da franquia "Resident Evil", e principalmente a série da Netflix, que é absurdamente horrenda.
Não vou negar que quando ouvi os rumores que iriam criar uma série sobre "The Last of Us" eu já fiquei com os dois pés atrás. Pois com todas as experiências horríveis que eu passei com as adaptações durante todos esses anos, seria normal eu ficar desconfiado. Porém, eu vi uma luz no fim do túnel quando descobri que a série seria desenvolvida pela HBO (que eu respeito muito) e não pela Netflix, e que o criador do jogo (Neil Druckmann) estaria participando ativamente de toda produção, e até iria dirigir um episódio. A minha empolgação aumentou ainda mais quando junto do Neil estaria trabalhando o Craig Mazin, simplesmente o criador de uma das melhores minisséries da HBO - "Chernobyl" (2019). A participação direta do Craig iria ser um diferencial principalmente nos cenários da série, até porque os cenários de "Chernobyl" são excelentes e totalmente condizentes com a série "The Last of Us", pois ambos se passam em cenários pós-apocalípticos.
O primeiro episódio é simplesmente excelente, um dos melhores de toda a série. Um ponto interessante é o fato da série iniciar no ano de 2003 e não em 2013 como no jogo, pois após passar 20 anos da morte da Sarah seria 2023, que é o ano atual em que a série estreia na realidade, e não 2033 como no jogo original. Achei muito interessante a decisão de desenvolver e apresentar melhor a parte da Sarah (Nico Parker), visto que no game realmente não temos um grande desenvolvimento dessa parte, sendo uma parte mais básica. Fizeram dessa forma para dar mais carisma e mais humanidade para a personagem e depois nos atingir com toda uma carga dramática com sua morte. Mesmo já conhecendo do jogo a cena em que a Sarah morre, eu ainda me emocionei na série, pela veracidade dramática aplicada nessa parte - esta cena é perfeita! A parte da Sarah é perfeita, excelente, tem um desenvolvimento muito mais abrangente que no jogo - eu adorei! O primeiro episódio teve pequenas mudanças que agregaram ainda mais para a narrativa da série em relação ao jogo; como o fato que na série eles venderam as baterias e não as armas como no jogo, que é o ponto de partida para todo desenvolvimento inicial e a decisão da missão de levar a Ellie. Nesse primeiro episódio somos impactados por um Pedro Pascal que traz um Joel mais paizão inicialmente e mais fechado, desconfiado e carrancudo 20 anos depois. A Bella Ramsey já mostra estar muito segura na personagem, mostrando aquele lado durão e desbocado da Ellie do jogo.
O segundo episódio é exatamente o episódio dirigido pelo Neil Druckmann, onde temos um começo muito interessante com a atenção que deram sobre o desenvolvimento do fungo na Indonésia ainda em 2003. Temos aquela conversa com a professora de micologia, onde temos uma noção de toda propagação do fungo e como ele se desenvolveu, algo que não existiu no game e que encaixou perfeitamente na série. Este é um episódio que nos mostra mais da intensidade dos cenários pós-apocalípticos da série (aquela observação que eu fiz do Craig mais acima). A cena do embate com os Clickers (Estaladores) é excelente e muito fiel ao jogo, um mérito do Neil Druckmann, que escolheu fãs do jogo para interpretar os Clickers. A morte da Tess (Anna Torv) foi diferente do game, porém foi mais pesada, mais dramática, ficou boa. Esta cena me soou como o velho clichê do modelo de morrer como herói (heroína), que deu sua vida em prol da salvação.
Já o terceiro episódio é o mais discutido de toda a série, o mais controverso, e na minha opinião, o mais fraco. Muito interessante a atenção que deram em mostrar as partes de como tudo ocorreu nos primeiros dias de infecção. Mostrando que muitas pessoas que foram mortas sequer estavam infectadas, simplesmente mataram porque não tinham espaço para todos e mortos não são infectados. Uma coisa que nós fãs sempre pedimos era uma espécie de DLC do jogo que mostrasse mais a história e tivesse um aprofundamento em alguns personagens secundários, como é o caso da Tess e o próprio Bill. Nesse episódio de fato temos uma narrativa que foge totalmente do jogo, que é apresentar e desenvolver a história do Bill (Nick Offerman), e consequentemente a sua ligação com o Frank (Murray Bartlett). Temos uma abordagem em volta de como era a vida do Bill inicialmente, como ele enfrentava a solidão daquele mundo devastado, por outro lado temos a inclusão do Frank, onde suas histórias se ligam e se amarram para sempre. Porém, devo confessar que a mudança que fizeram na história do Bill pra mim foi muito frustrante, pois tiraram todo o peso e toda a importância do Bill pro Joel na série, pois no jogo ele salva o Joel da morte, lutam juntos para sobreviverem, tem uma rusga e um embate com a Ellie. Sem falar na parte em que o Bill aconselha o Joel a tomar cuidado em quem ele confia, pra não confiar demais na Ellie, não abdicar da sua vida em prol dela. Tudo isso conta muito para o pensamento e o desenvolvimento do Joel, e até as suas próprias decisões, pois ele já estava começando a ver a Ellie com outros olhos. Ou seja, tiraram todo esse peso narrativo na série e romantizaram muito o Bill, sendo que no jogo ele é mais casca grossa, mais linha dura, mais carrancudo, dado a tudo que ele enfrentou sozinho durantes anos.
Eu achei até válido toda a intenção em construir um episódio inteiro dedicado a nos contar a história do Bill e consequentemente do Frank, mas na minha opinião eles erraram, deram um bola fora, principalmente na decisão do Bill morrer junto com o Frank (o que é totalmente diferente do jogo) e não ter a ligação direta com o Joel e os embates verbais com a Ellie, que sim, isso também conta muita para a formação e o crescimento dela no jogo. Toda a história desse episódio o transformou em um um grande Filler, que não avança a história pra lugar nenhum, sendo um episódio à parte mas em detrimento da história maior. Um episódio completamente irrelevante para o contexto geral da série, pois aqui a trama maior perde e a gente sabe que é uma decisão influenciada pelo processo cultural do momento. Querendo ou não é uma lacração, mesmo usando todo o contexto homossexual do Bill e do Frank que já existe no jogo, mas não deixa de ser uma lacração. O Neil já sabia e já esperava quando decidiu mudar totalmente este episódio, o próprio disse que esperava que alguns fãs ficassem chateados com a mudança da história devido à divergência da narrativa do jogo.
No comecinho do episódio quatro enfim temos a cena que tanto esperamos no episódio anterior; que é justamente a icônica cena do carro, quando a Ellie acha a revista com as páginas grudadas do Bill - ficou uma cena extremamente perfeita, eu adorei! Nesse episódio temos a ótima cena em que o carro do Joel é alvejado pelos inimigos. Também temos a cena em que a Ellie salva o Joel do inimigo usando uma arma pela primeira vez (primeira vez com o Joel no caso). No jogo isso acontece bem mais pra frente (acho que no hotel). Esta cena ficou excelente, você ver como a Ellie agiu unicamente pelo impulso de salvar o Joel, e depois ela fica comovida quando o Joel mata o cara. Nesse episódio também temos a inclusão da líder de um movimento revolucionário em Kansas City, Kathleen (Melanie Lynskey). Kathleen foi uma criação original da série (ela não existe no jogo), sendo que o seu principal objetivo é buscar vingança contra o Joel. O final desse episódio é excelente, mostrando que a Ellie e o Joel já estão criando um forte laço de amizade, de carinho e de proteção. Justamente por o episódio terminar com a Ellie contando aquele péssimo trocadilho do "suculento", quando ambos caem na risada.
Pra mim o episódio cinco é disparado o melhor de toda a série! Temos toda a abordagem da história do Sam (Keivonn Woodard) e do Henry (Lamar Johnson), que de fato é uma parte criada na série e inexistente no jogo. Nesse episódio temos o maior embate da série contra uma horda de infectados, por sinal uma cena excelente, ouso a dizer que é uma das melhores sequências de toda a série. Todo o desenvolvimento dessa cena é magnífica, desde o Joel indo até o local daquele sniper e toda sequência que se inicia. A cena da aparição do primeiro (e único) Baiacu na série é fenomenal, excelente, absurda. Aquela cena aparecendo a mão do Baiacu e ele saindo daquela cratera é estupida, é FODA!!! Toda a caracterização do Baiacu é maravilhosamente fiel ao jogo, e ele ataca com a violência na mesma proporção do jogo - brutal! Ainda temos a ótima cena com a "Estalinho" perseguindo a Ellie no carro, e logo na sequência ela atacando e matando a Kathleen, eu vibrei nessa hora. A "Estalinho" marca a presença da primeira criança infectada na série, magistralmente bem interpretada pela contorcionista e ginasta Skye Cowton, de apenas 9 anos de idade. Ela realmente impressionou à todos com a sua capacidade de movimentação. O final desse episódio é completamente fiel ao jogo e é uma das cenas mais pesadas e dramáticas de toda a série, quando temos o Sam virando um infectado e atacando a Ellie e seu irmão o matando a sangue frio. É uma cena tão bem construída, tão bem interpretada, principalmente pela perda da sanidade do Henry pelo o que ele tinha acabado de fazer, o levando a loucura de se suicidar na frente de todos, o que deixa a Ellie completamente assustada e em choque. Episódio maravilhoso!
O episódio seis é muito bom, pois temos um salto de 3 meses na história, o que os obriga a enfrentar o duro inverno e suas consequências. Finalmente o Joel encontra o seu irmão Tommy (Gabriel Luna), onde temos outra parte completamente fiel ao jogo, que é justamente toda a parte que envolve o vilarejo que o Tommy vive junto com a Maria (Rutina Wesley). Nesse episódio temos aquela cena emblemática do Joel conversando e desabafando com o Tommy sobre ter que levar a Ellie até os Vagalumes, o que mostra o seu lado mais humano, mais sensível e mais dramático. Uma parte muito curiosa desse episódio é uma pequena aparição assim do nada de uma figura que possivelmente poderia ser a Dina de "The Last of Us - Parte 2". Esta foi uma cena que gerou uma enorme repercussão mundo afora, onde o próprio Neil Druckmann se pronunciou vagamente em seu Twitter com a trending "was that Dina?" A atriz que fez a aparição e que provavelmente poderá ser a Dina, é a atriz Paolina van Kleef. No final desse episódio o Joel é ferido gravemente na luta contra um inimigo ao tentar fugir de cavalo com a Ellie. No jogo o Joel é ferido quando ele cai de um andar no chão e é atravessado por um ferro, ao lutar com um inimigo em uma espécie de Shopping.
O episódio sete é inteiramente baseado na DLC do jogo "Left Behind". É um episódio bem morno, bem chatinho, assim como a própria DLC, que por si só já é bem chatinha (tirando as partes que a Ellie está em busca dos remédios no helicóptero caído). Temos toda a abordagem da Ellie com sua amiga Riley (Storm Reid) naquele Shopping, entre todas as brincadeiras e diversões, chegando até ao improvável beijo da Ellie na Riley, o que mostra que a Ellie já tinha um desenvolvimento lésbico desde pequena, e que foi mais aflorado e desenvolvido na parte 2 do jogo. Nesse episódio eu senti falta da parte que a Ellie sai para buscar alguma forma de ajudar o Joel e encontra o helicóptero, na série ela já costura o Joel direto sem essa busca. É um episódio completamente fiel à DLC, pois tudo que acontece na série com a Ellie e a Riley é exatamente igual no jogo.
O episódio oito é outro episódio excelente, mostrando toda a parte daquela seita dos canibais. Este é um episódio pesado, incomodo, que desafia a Bella Ramsey como Ellie, que a obriga a sobreviver sozinha e longe do Joel. Aquela cena final quando ela parte pra cima do David (Scott Shepherd) com toda a sua fúria aflorada é assustador e magnífico. Uma parte bem fiel ao jogo e que nos mostrou como a Bella Ramsey sempre foi a personificação da Ellie do jogo. É interessante que nesse episódio temos um crossover com a participação do ator Troy Baker, que foi o ator que emprestou a voz e a captura de seus movimentos para o personagem Joel no jogo original. Aqui ele faz o James, o braço direito do líder do culto canibal David.
O episódio nove marca o final dessa primeira temporada e é outro episódio muito bom, apesar de ser bastante corrido. Logo no início temos uma cena que me deixou completamente impactado e maravilhado, pois eu não esperava que na série tivéssemos uma abordagem da Anna, a mãe da Ellie. E aqui quem faz a Anna é a atriz Ashley Johnson, que deu a voz e fez a captura de movimento da jovem Ellie no jogo original. Achei super interessante a série trazer um contexto sobre a mãe da Ellie, já que no jogo não temos nada parecido. Saber que a mãe da Ellie foi mordida e morreu por esta causa me desperta uma pergunta: será que foi por isso que a Ellie nasceu imune? Outra cena lindíssima é a cena da girafa (que por sinal é igualzinho no game). Uma cena que desperta o lado sensível e inocente da Ellie, que até então vinha em um episódio completamente introspectiva e reflexiva pelos acontecimentos passados. Outro ponto muito peculiar nesse episódio é a aparição da atriz Laura Bailey como uma das enfermeiras que estão na sala de cirurgia da Ellie. Laura Bailey é a atriz que interpreta a Abby em "The Last of Us - Part 2". De fato ela não interpretará a Abby na série, mas a sua participação nessa temporada é uma baita honra como foi para o Troy Baker e a Ashley Johnson.
O elenco é um dos pontos mais positivos da série! Bella Ramsey é o maior acerto da série, pois é incrível como ela se doou para a personagem, como ela estudou a personagem, como ela incorporou a personagem, e olha que ela nunca tinha jogado o jogo, o que aumentou ainda mais o seu desafio. Inicialmente eu vi pessoas reclamarem da aparência da Bella em relação a Ellie do jogo, que eu até entendo, visto que realmente a atriz não se parece com a Ellie original. Mas isso da aparência pouco importa e eu jamais duvidei do talento e da qualidade da Bella no papel da Ellie, e eu não estava enganado, pois ela destrói completamente sendo a Ellie. A Bella Ramsey pegou o timming perfeito da Ellie do jogo, conseguindo exibir aquela postura durona, desbocada, que falava palavrão quase toda a hora, que se sentia rejeitada, se sentia acuada como um animal em perigo, que se mostrava frágil e vulnerável em determinadas partes, que precisava da proteção e da atenção do Joel. A Bella Ramsey é uma belíssima atriz, talentosíssima, e não é de hoje (só lembrar da sua personagem em "Game of Thrones"). De fato ela está completamente caracterizada na personagem. Você olha para a Bella Ramsey e você vê a Ellie - é incrível!
O que falar do Pedro Pascal sendo o Joel? Completamente perfeito, nitidamente ele nasceu para viver o Joel. Pedro Pascal incorpora o Joel em um nível absurdo, que me deixou embasbacado, um talento sem igual. É incrível como o Pedro tem o dom para atuar, pois inicialmente podemos observar aquele paizão com sua filha Sarah, logo após a passagem de 20 anos já observamos um Joel duro, fechado, amargurado, carrancudo, com feridas abertas pela vida durante todos esses anos. Depois passamos a acompanhar aquele desenvolvimento do improvável vínculo que vai se criando entre o Joel do Pedro e a Ellie da Bella. Assim como no jogo, é interessante notar o desenvolvimento do relacionamento dos dois, pois inicialmente o Joel via a Ellie como uma carga que ele precisava entregar, sem nenhum tipo de sentimento, apenas dever. Mas com o passar do tempo a relação entre eles começa a crescer, começa a mudar, começa a nascer um carinho, uma atenção, um vínculo, e justamente pelo fato do Joel ter esse trauma de ter perdido a filha daquela forma brutal como foi. No último episódio observamos exatamente todo esse carinho e sentimento de proteção de uma pai com sua filha, pois ao saber que a Ellie seria sacrificada para obter a improvável cura, ele parte em busca de salvar a sua nova filha. Pedro Pascal é um excelente ator (mesma coisa da Bella, só observar o seu personagem em "Game of Thrones"), tanto ele quanto a Bella estão perfeitos e triunfais em seus respectivos papeis. O que me deixa animado pelo relacionamento dos dois para a próxima temporada, mas ao mesmo tempo completamente triste - vocês entenderão.
Completando o elenco temos: Anna Torv (das séries "Fringe" e "Mindhunter") como a ótima Tess. Ela foi perfeita sendo a Tess, conseguiu expor aquele lado mais durão e desafiador da Tess do game. Gabriel Luna ("O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio") esteve muito bem como o Tommy, o irmão mais novo do Joel. Merle Dandridge (da série "Greenleaf") agregou muito bem na série sendo a Marlene. Nos poucos episódios que ela apareceu ela desenvolveu muito bem a sua personagem, sem falar naquele embate no último episódio com o Joel com a Ellie nos braços. Nico Parker ("Dumbo") é uma graça, um doce de atriz, que deu vida de forma brilhante para a Sarah, a filha do Joel. Aqueles 20/30 minutos iniciais do primeiro episódio serviram para nos apresentar todo o seu talento, toda a sua desenvoltura, nos fazer criar uma grande empatia pela personagem e consequentemente pela atriz.
Murray Bartlett (da série "The White Lotus") viveu o Frank de uma forma magistral e totalmente poética, e incrível toda a sua poesia de um personagem em um mundo pós-apocalíptico. Assim como o próprio Nick Offerman (da série "Confusões de Leslie") que viveu o Bill, que também mostrou o seu lado solitário e amargurado inicialmente, mas com a chegada do Frank pode viver a sua maior paixão de toda a vida. Juntos eles construíram o episódio mais poético da série, com atuações esplendorosas, compenetradas, ricas, sensíveis e totalmente poéticas. O fato do episódio ter sido o pior em minha opinião não tem a menor responsabilidade dos dois atores, muito pelo contrário, eles estiveram perfeitos. O problema maior está na decisão de construção do episódio, que obviamente não partiu deles.
Melanie Lynskey ("Não Olhe Para Cima") fez a personagem Kathleen. Ela esteve ok até onde sua personagem foi. Lamar Johnson ("O Ódio que Você Semeia") maravilhoso com o Henry. Aquela cena em que ele mata o irmão infectado e depois se suicida é brutal, e ele tem uma atuação completamente impecável. O mesmo vale para o pequenino Keivonn Woodard, que deu vida ao Sam. Keivonn é uma criança surda na vida real e esse fator trouxe um peso ainda maior para o seu personagem na série, principalmente na cena em que ele conversa através da escrita com a Ellie - cena impactante e maravilhosa. Storm Reid ("O Homem Invisível") viveu a Riley de forma magistral. As partes em que ela contracenou com a Bella Ramsey foram incríveis, com aquele contraste entre o divertido e o cômico, com o peso do drama logo após serem mordidas - bela apresentação da Storm Reid na série. Scott Shepherd esteve excelente como o canibal David. Toda aquela sua postura de religioso, de pregador, de líder que era seguido pelas pessoas daquele grupo, foram totalmente condizentes com sua atuação. Rutina Wesley (da série "Queen Sugar") trouxe a sua personagem Maria ao ponto alto de toda história. Ela esteve muito bem ao contracenar com o Pedro, a Bella e o Gabriel. Troy Baker (ele também foi o Booker DeWitt no game "BioShock Infinite") muito bem como James. Ashley Johnson (da série "Blindspot") completamente perfeita ao dar vida para a Ellie no jogo original, e mais perfeita ainda ao dar vida para a mãe da Ellie na série. Ou seja, ela esteve excelente em dose dupla.
Um dos principais acertos da série é desenvolver e abordar partes que ficaram faltando no jogo ou mal explicadas, e nisso a série faz com perfeição. O fato dos poucos infectados e a falta de mais combates, que muita gente reclamou na série, eu até concordo, realmente teve poucos combates e poucos infectados. Porém, a série não é unicamente sobre infectados (zumbis), tem toda uma construção e uma desconstrução por trás, tem toda uma humanização, drama, traumas, perdas, é uma série sobre o ser humano, seus conflitos e suas perdas em um mundo pós-apocalíptico, que obviamente também inclui os infectados como parte da história. No jogo temos um boa mescla nesse quesito, mas de fato temos mais ação e mais combates, já a série foca mais no drama e no desenvolvimento de personagens do que propriamente na ação.
Tivemos algumas mudanças de etnia na série em relação ao personagem original do jogo, como é o caso das atrizes que fizeram a Sarah e a Maria, e o ator que fez o Tommy. Por outro lado também tivemos a inclusão e a diversidade, como no caso do pequenino Keivonn Woodard. Eu considero todas essas mudanças como pontos positivos na série.
Um diferencial da série foi o uso de pouquíssimo CGI ao longo de toda a história, pois praticamente tudo era maquiagem, como os próprios Clickers. A série fez o uso de dublês em algumas cenas, como no caso da excelente cena do Baiacu, que muitos pensavam ser o uso do CGI, mas não, ali era realmente um ator embaixo de várias próteses - magnífico! A própria criança infectada (a Estalinho), muitos achavam que era CGI, sequer imaginavam que era uma talentosíssima atriz mirim. Pegando esse gancho do CGI e das maquiagens, temos uma série absurdamente perfeita no quesito técnico e artístico. Pois tínhamos belíssimos cenários totalmente condizentes com a temática da série, um excelente mérito da equipe de direção de arte. A própria cinematografia da série é perfeita, traz uma fotografia que contrasta o belo e o horror ali lado a lado. A trilha sonora é magnânima, maravilhosa, uma trilha sonora muito fiel ao jogo. Tecnicamente a série é uma obra-prima!
"The Last of Us" foi extremamente aclamado pela crítica, que elogiou as performances, escrita, design de produção e trilha sonora; vários a consideraram a melhor adaptação de um videogame. Nos canais lineares e HBO Max, a estreia da série foi assistida por 4,7 milhões de telespectadores no primeiro dia - o segundo maior para a HBO desde 2010 - e mais de 22 milhões em doze dias; em março, os primeiros cinco episódios tiveram uma média de quase 30 milhões de espectadores. Em janeiro de 2023, a série foi renovada para uma segunda temporada. Em uma conversa com a GQ, os cocriadores Neil Druckmann e Craig Mazin falaram sobre seus planos para a segunda temporada da série e revelaram que uma terceira temporada está nos planos. Sobre a continuação da série, eu realmente concordo que para abranger todos os eventos e os acontecimentos da parte 2 do jogo, no mínimo tem que ser em duas temporadas.
Finalmente eu chego ao fim do meu maior texto já escrito em toda a minha vida cinéfila. De fato, todo o amor que eu tenho por este jogo eu jamais poderia (ou conseguiria) escrever um texto básico, eu realmente teria que ser detalhista e profundo em comparação com o jogo e com a série. Já que para escrever esse texto eu assisti todos os episódios no seu áudio original lançado aos domingos, e durante a semana eu revia novamente o episódio com a dublagem original do jogo, que por sinal estava impecável.
Confesso que faltou muito pouco para eu considerar a série como uma obra-prima, pois o nível de fidelidade na adaptação que temos aqui é algo que eu nunca vi em toda a minha vida cinéfila. Porém, alguns pequenos detalhes (que eu não posso deixar passar) me fizeram desconsiderar esta possibilidade que esteve tão perto. Mas isso não é nenhum demérito, muito pelo contrário, a série pode até não ser considerada uma obra-prima, mas é relevante, revolucionária, influente, importante no cenário, uma verdadeira base de inspiração para várias outras séries que virão por ai. É fato que a série "The Last of Us" inovou e revolucionou o conceito e o cenário do universo das adaptações, seja ela de jogos de videogames, livros, peças teatrais, contos, passagens, qualquer tipo de obra. Posso afirmar que esta série ficará para sempre como base e conceito das próximas adaptações, principalmente adaptações de jogos de videogames.
Eu já considero a série "The Last of Us" como um clássico, que ganhará ainda mais reconhecimento e relevância com o passar do tempo, e acaba de entrar para a minha seleta lista de séries da minha vida. Com certeza já pode ser considerada como um verdadeiro "marco" no cenário das adaptações de videogames. E eu afirmo com 100% de certeza que a série "The Last of Us" é a melhor adaptação de um jogo de videogame para um conteúdo audiovisual de toda a história. Sem mais! [15/01/2023 até 12/03/2023]
A segunda temporada de "Stranger Things" continua excelente, mantém praticamente o mesmo nível da primeira, continua com a mesma essência oitentista ao dar continuidade na história que continua mergulhada no drama, na fantasia, no terror, um puro Sci-Fi estilo anos 80 com um ótimo alívio cômico, que nunca pode faltar.
Dessa vez a história se passa em 1984, um ano após os acontecimentos da temporada anterior, onde Will (Noah Schnapp) foi encontrado e resgatado do Mundo Invertido. Porém, ao final do último episódio da primeira temporada observamos Will cuspir dentro da pia do banheiro um tipo de larva, que obviamente seria alguma espécie de criatura do Mundo Invertido que estava alojado dentro dele, ou seja, esse era o gancho para a segunda temporada. E não deu outra, a segunda temporada parte exatamente desse acontecimento com Will, que foi resgatado e volta para sua família, porém, ele continua com uma forte ligação com o Mundo Invertido, algo que está vivendo dentro dele, que o faz sentir todas as reações, algum tipo de possessão maligna que o mantém aprisionado e diretamente ligado com o Mundo Invertido.
O primeiro episódio já inicia de forma curiosa e bastante misteriosa, ao nos apresentar uma gangue fugindo dos policiais e entre eles uma garota com os mesmos poderes telecinéticos da Eleven (Millie Bobby Brown). De fato esse era um ponto que eu fiquei pensando ao final da primeira temporada, que fatalmente eles poderiam incluir na série uma outra pessoa com os mesmo poderes da Eleven, talvez para competir ou rivalizar com ela. O episódio segue agora com mais descontração ao nos levar de volta à Hawkins, onde temos Will, Mike (Finn Wolfhard), Dustin (Gaten Matarazzo) e Lucas (Caleb McLaughlin) conhecendo uma nova garota recém-chegada na escola. Essa garota é Maxine / Max (Sadie Sink), que junto do seu meio-irmão Billy (Dacre Montgomery), são os novos integrantes que chegaram para esta segunda temporada. O episódio ainda serve para nos mostrar como o Will ainda continua preso no Mundo Invertido e sendo constantemente observado pelo governo, algo como um estresse pós-traumático do ocorrido no ano anterior, ainda mais por ele agora se sentir rejeitado e ser tratado com indiferença pelas pessoas, que o chamam de aberração e Zumbi.
Esta segunda temporada nos dá a exata dimensão sobre todo o controle que o governo ainda continua impondo sobre Hawkins, ou seja, monitorando toda a cidade, grampeando todos os telefones, vendo tudo, escutando tudo, definitivamente uma cidade controlada pelos organizações governamentais. A temporada mostra uma parte bem interessante, que é o destino que a Eleven seguiu após os acontecimentos finais da temporada anterior, mostrando que ela ainda procurou o Mike. Achei muito boa a decisão do Jim Hopper (David Harbour) em adotar a Eleven, de alguma forma para tentar protegê-la das ameaças que a rodeava, e também pelo trauma que ele carrega por ter perdido sua filha. Mike e Nancy (Natalia Dyer) ainda estão lidando com as perdas de Eleven e Barb, respectivamente. Portanto temos algumas investigações em relação ao desaparecimento da Barb, até mostrando como seus pais estão lidando com tudo isso.
Dustin encontra seu novo animalzinho de estimação, que obviamente é um criatura originária do Mundo Invertido. Aquela relação que vai se construindo entre o Bob (Sean Astin) e o Will, mostrando como ele também sofreu em sua infância e até dando algumas dicas do que fazer para o Will. Temos aquele clima de romance no ar entre Joyce (Winona Ryder) e Hopper. Assim como os vários flertes entre Nancy e Jonathan (Charlie Heaton), até porque eles partem em uma missão em que ambos se ajudam, dessa forma acaba rolando um pequeno lance entre os dois. Começa uma disputa (bem hilária, eu diria) entre Dustin e Lucas por Max. Billy contraria Steve (Joe Keery). Steve começa uma amizade com Dustin, bem interessante por sinal. No laboratório todos já tomam conhecimento da existência das criaturas do Mundo Invertido, assim todos se ajudam e Eleven percebe que precisa fechar o portal e matar o monstro que está dominando Will, caso queira salvá-lo.
A inclusão na série da Max e seu meio-irmão Billy é positiva e agregou bastante, principalmente pela parte da Max, que chegou e já integrou perfeitamente com o grupo dos garotos. Sobre ela é interessante notar aquela história em que ela conta da sua família, incluindo sua mãe e seu pai adotivo, o que me leva a questionar sobre esse seu possível "irmão". Já sobre o Billy eu também acredito que foi um acerto da série, porém, nessa temporada ainda ficou devendo, ainda não pudemos entender o seu real propósito na série, que não seja apenas ser inteiramente um porra-loca arrumando briga e desafiando tudo e todos que se atravessa em seu caminho. Por outro lado o episódio que mostrou seu pai o enfrentando é bem interessante, o que me deixa ainda mais curioso sobre qual rumo o personagem irá tomar na próxima temporada, isso inclui também a Max.
Já sobre a Eleven temos dois episódios bastante curiosos: o quinto, onde mostra que ela fugiu dos domínios do Hopper e fui em busca da sua mãe, que está em um estado vegetativo. Nesse episódio passamos a entender um pouco mais sobre a história da Eleven e sua mãe. E temos o sétimo, que é justamente um episódio que foge um pouco do contexto da série, ao nos mostrar a Eleven em busca daquela garota que citei no início, a garota que também possui poderes telecinéticos. Nesse episódio descobrimos que a garota se chama Kali (Linnea Berthelsen), uma cobaia do laboratório Hawkins tendo ganhado o número 08 e sendo a irmã mais velha de Eleven. O episódio também serve para nos revelar que o nome verdadeiro da Eleven é Jane, que a Kali possui poderes telecinéticos diferentes da Eleven e até mais forte. Por outro lado também mostra a busca da Eleven (Jane) em achar respostas sobre o seu passado familiar, que obviamente envolve sua mãe, sua nova irmã e até seu pai. Porém, devo considerar este sétimo episódio como o mais diferente da temporada, o mais fora de contexto, o mais questionável, sendo até o mais fraco. Toda aquela gangue que acompanha a Kali eu achei bem estranha e bem fora de contexto. Na verdade este episódio é inteiramente focado em um arco da Eleven, em que obviamente nos revela sobre essa trupe e a própria Kali, mas no meu ponto de vista é fora da narrativa, não agrega muita coisa na história que já estava sendo desenrolada antes mesmo desse grupo aparecer. Só espero que este grupo não morra na praia e tenha alguma relevância nas próximas temporadas, porque se for apenas uma mera participação será bem frustrante.
Sobre o elenco: Os garotos Finn Wolfhard, Gaten Matarazzo, Caleb McLaughlin e Noah Schnapp sempre dão um show, continuam sendo excelentes em cada personagem. Gaten Matarazzo com seu ótimo Dustin, que teve episódios muito bons, principalmente a partir do seu encontro com o "Dart". Caleb McLaughlin trouxe um Lucas ainda mais participativo e hilário, principalmente naquela disputa pra ficar com a Max (e no final foi ele que conseguiu). Noah Schnapp traz um Will muito mais participativo nessa temporada, compondo episódios com uma alta entrega de interpretação, principalmente naquela cena final onde temos uma homenagem ao filme "O Exorcista", com a luta para libertá-lo daquela força monstruosa que o fazia de refém. Finn Wolfhard passa a temporada inteira sendo um Mike que ajuda diretamente seu amigo Will, porém, ele não consegue se desvencilhar das suas lembranças da Eleven.
Millie Bobby Brown mais uma vez excelente como a Eleven que já conhecemos e dessa vez indo até mais longe sendo a jane. Aquela cena que ela retorna para ajudar seus amigos e aparece do nada na frente de todos é muito boa. Nessa cena os olhinhos do Mike brilham de emoção ao rever a sua crush (e aquele beijinho no baile). Sadie Sink foi uma excelente escolha para viver a personagem Max, assim com o próprio Dacre Montgomery, que construiu um Billy com um propósito curioso e bastante questionável. Natalia Dyer (ainda mais linda que a primeira temporada) novamente integra uma Nancy que está lutando e buscando respostas, conseguindo se colocar de vez na série como uma personagem extremamente importante para a trama. Foi interessante acompanhar todo o desenvolvimento daquele triângulo amoroso entre ela, o Jonathan e o Steve. Por falar em Jonathan, Charlie Heaton cresceu muito no personagem e hoje nem é sombra daquele Jonathan que iniciou a primeira temporada, onde era zoado por todos ao seu redor. Assim como o próprio Joe Keery, que também teve um notável crescimento no seu personagem Steve, se destacando como fundamental para o grupo principalmente nos últimos episódios.
Winona Ryder já é a cara da série com sua personagem Joyce, que novamente mantém um altíssimo nível de atuação, sendo decisiva para o resgate e a libertação do seu filho Will. David Harbour novamente dá outro show na pele do destemido e corajoso Jim Hopper, nos mostrando em como ele se aplicava e lutava por uma causa, tanto na parte da Eleven quanto ao ajudar a Joyce. Como já mencionei anteriormente, está começando a nascer um possível romance entre Hopper e Joyce, que eu torcerei fervorosamente para que aconteça na próxima temporada, ainda mais depois da tristeza da Joyce por conta da morte brutal do Bob. Por falar em Bob, Sean Astin desenvolveu um ótimo personagem, sendo amável com a Joyce, brincalhão com o Will e até tentando desenvolver um vínculo afetivo com o Jonathan. Lamentei muito a sua morte, eu realmente queria que ele continuasse na série. Sem esquecer de mencionar a atriz Priah Ferguson, que deu vida a Erica Sinclair, a hilária irmã mais nova do Lucas.
Tecnicamente a série continua impecável! Os efeitos especiais continuam excelentes. Uma fotografia prazerosa. Uma direção de arte muito bem ajustada e condizente com os anos 80. Por falar em anos 80, o que não falta na temporada são referências aos anos 80: como a referência ao clássico "O Exterminador do Futuro" e o icônico "Os Caça-Fantasmas", ambos lançados em 1984. Falando do filme "Os Caça-Fantasmas", temos aquela cena em que os garotos se vestem como os personagens do filme na noite de Halloween e discutem entre eles ao som da clássica "Ghostbusters" (Ray Parker Jr.). Por sinal uma cena excelente. No último episódio temos o baile da escola, onde temos as ótimas cenas em que os garotos procuram seus pares para o baile, rolam uns foras, uns desentendimentos e obviamente, uns beijinhos. Tudo isso ao som da clássica "Every Breath You Take" (The Police) e a maravilhosa e inesquecível "Time After Time" (Cyndi Lauper).
O episódio nove termina exatamente com aparição daquela gigante criatura das sombras tomando conta da escola e de toda cidade de Hawkins. O gancho perfeito para a terceira temporada.
A segunda temporada de "Stranger Things" é excelente, e muito por conseguir manter a essência, o ritmo e todo o clima da primeira. Apesar de estar um pouquinho abaixo da primeira temporada justamente por algumas decisões questionáveis do roteiro, mas em nenhum momento isso tira o peso e o brilho da série. A série continua sendo maravilhosa e continua como uma das minhas séries preferidas. Pois além da série nos mergulhar em suas histórias com um contexto inserido no drama, na fantasia e no terror, além de nos proporcionar excelentes atuações e um ótimo roteiro, "Stranger Things" vai muito mais além de uma simples série de Sci-Fi ao nos trazer discursões acerca de transtornos mentais, ao nos fazer refletir em como as nossas fraquezas e nossos medos podem se virar contra nós - magnífico! [23/02/2023]
"Stranger Things" é uma série original Netflix criada em 2016 pelos irmãos Matt e Ross Duffer (ambos são diretores do thriller "Escondidos", de 2015), que também atuam como showrunners e são produtores executivos junto com Shawn Levy (diretor de "O Projeto Adam", de 2022) e Dan Cohen (produtor de "Tem Alguém na sua Casa", de 2021).
Passada na década de 1980 (especificamente no ano de 1983), na cidade fictícia de Hawkings, Indiana, "Stranger Things" conta a história de um garoto que desaparece misteriosamente e dos eventos paranormais que se passam em torno desse acontecimento.
"Stranger Things" é a típica série que me desperta atenção logo de cara, pois eu tenho um apreço muito grande por histórias que se passam em uma pequena e pacata cidadezinha americana, onde temos aquele velho discurso do Xerife de que aqui nunca acontece nada, o último crime e a última morte já fazem muitos anos. Este é o cenário perfeito para o desenrolar de uma boa história de terror, de ficção, um drama, ou até mesmo uma investigação criminalista - o que remete diretamente para a ótima série que assisti no ano passado, "Mare of Easttown", estrelada pela magnífica Kate Winslet.
Um dos principais pontos da série é exatamente toda a sua essência oitentista, pois "Stranger Things" é o puro suco das história dos anos 80, é o puro primor do Sci-Fi estilo anos 80, com inúmeras referências das produções dos anos 80. Tudo na série nos remete aos anos 80, como o próprio letreiro que nos apresentava o título de cada episódio, a cidadezinha, os cenários, as casas, os carros, os figurinos, a escola, as crianças, os adolescentes, tudo dentro da série está incrustado em um verdadeiro mergulho nos anos 80. Puxando para a parte técnica da série também temos um envolvimento total nos anos 80, como a trilha sonora, que até agora eu ainda não consegui me desvencilhar das músicas. Temos "Should I Stay Or Should I Go" / The Clash, "Africa" / Toto, "Atmosphere" / Joy Division, Elegia / New Order, entre várias outras que são um verdadeiro passeio musical pelos ano 80. A trilha sonora da série é um ponto muito forte, podemos dizer que é um dos personagens principais da trama. Assim como a trilha sonora, a fotografia também tem um destaque absurdo, juntamente com a ambientação, cenografia, direção de arte, montagem, edição, ou seja, tudo dentro da série foi feito com muita atenção, com muito amor, com muita entrega, com um respeito muito grande pelo espectador.
Toda história de "Stranger Things", além das referências dos anos 80, tem influência de outras obras. Posso destacar "It" como uma influência direta pra série, por apresentar aquela cidadezinha pacata, o núcleo infanto-juvenil, aquele clima de suspense enigmático e misterioso que se instala acerca de toda investigação, e justamente uma investigação sobre o misterioso desaparecimento de uma criança. Ou seja, temos várias referências e influências da obra-prima do mestre Stephen King (por sinal é o livro que estou lendo no momento).
Posso afirmar que os irmãos Duffer tiveram uma sacada genial ao escolherem uma modesta cidadezinha como pano de fundo para o desenvolvimento de toda sua história sobrenatural e paranormal. Ou seja, este é o cenário perfeito que possivelmente não levantará dúvidas acerca de todo trabalho de pesquisas laboratoriais e experiências secretas conduzidas pelo governo americano. É incrível como os irmãos Duffer conseguiram conduzir toda história em uma mescla de investigativo com o sobrenatural, nos expondo exatamente entre uma investigação policial e uma ficção científica. Os irmãos Duffer desenvolveram a série como uma mistura de drama investigativo e elementos sobrenaturais retratados com horror e sensibilidade infantil, enquanto infundiam referências à cultura pop da década de 1980 - fantástico. Vários elementos temáticos e de direção foram inspirados nas obras de Steven Spielberg, John Carpenter, David Lynch, Stephen King, Wes Craven e H. P. Lovecraft (grandes inspirações dos irmãos Duffer). Como não se maravilhar com os pôsteres espalhados pelos cenários da série; de filmes como "O Enigma de Outro Mundo" (1982), "The Evil Dead" (1981) e "Tubarão" (1975).
A série levanta várias questões, vários debates, várias discursões: temos o drama familiar pelo desaparecimento da criança (que desperta toda uma comoção nos habitantes da cidade), temos o bullying voltado para o núcleo infanto-juvenil, temos as crises e as relações conturbadas do núcleo adolescente, temos a corrupção que assola o governo americano em volta de toda experiência laboratorial com cobaias humanas. A série é incrível exatamente por conseguir navegar com propriedade no drama, na fantasia, no suspense, na ficção, no terror, e ainda aborda questões sobre a telecinese, o espaço-tempo e a realidade alternativa chamada "Mundo Invertido". Sem falar que ainda temos leves camadas de humor e romance, ou seja, "Stranger Things" consegue ser uma série perfeita em tudo que se propõe a fazer. E realmente não é nada fácil conseguir uma abordagem em tantos temas, em tantos pontos, levantar várias discursões como a série levanta, porém, tudo é muito bem feito, muito bem desenvolvido, muito bem preparado, nada fica solto ou sobrando (obviamente a história continuará na segunda temporada), tudo tem seu peso, seu destaque e seu perfeito desenvolvimento. Posso afirmar com total certeza que o roteiro da primeira temporada de "Stranger Things" é 100% perfeito!
Para uma série ser considerada uma obra-prima ela tem que ser perfeita em tudo, e "Stranger Things" é, principalmente no quesito elenco. É impressionante como o elenco da série é bom, funciona perfeitamente dentro da proposta de cada personagem e contribui exatamente com tudo que a série pedia e precisava. Outro ponto que vale ressaltar no elenco é o crescimento e o desenvolvimento de cada um, pois é notável como cada personagem tem seu arco pessoal na história, tem sua relevância dentro de todo contexto, e como cada um se desenvolve e cresce, agregando ainda mais qualidade em toda trama da série.
Começando pelo núcleo infanto-juvenil: Temos Finn Wolfhard ("Pinóquio por Guillermo del Toro") como Mike, Gaten Matarazzo ("O Dragão do Meu Pai") como Dustin, Caleb McLaughlin ("Alma de Cowboy") como Lucas e Noah Schnapp ("Ponte dos Espiões") como Will. Todos completamente incríveis, formidáveis, excelentes, carismáticos, extrovertidos, conseguiriam ganhar a simpatia e a atenção do público instantaneamente. Como era gostoso acompanhar as aventuras do grupo, juntamente com todo embate e discursões que se criavam entre eles, principalmente quando descobriram a Eleven. Por falar na Eleven, a pequenina Millie Bobby Brown ("Godzilla vs Kong") é um show à parte na série. Millie trouxe toda uma construção em volta da sua personagem, se apresentando mais pacata inicialmente e ganhando forças expressivas com o passar do tempo dentro da trama. Incrível como ela com pouca idade conseguia contrastar uma atuação que se passava no drama, no mistério, no suspense, e ainda chegava nos momento mais leves e cômicos com o grupo.
Winona Ryder (dispensa apresentações) é o centro das atenções na série. É incrível como ela chama pra si todo o protagonismo e toda atenção. É magnífico como ela constrói a personagem de uma mãe que se mostra amável, solidária, logo após ela entra em um completo desespero com o desaparecimento do seu filho, mexendo com sua sanidade e seu estado espiritual e emocional. Winona atua com uma voracidade tremenda na pele da desolada e confiante Joyce, nos mostra todo o seu crescimento na personagem e chega a nos emocionar nos últimos episódios. Atuação completamente perfeita!
David Harbour ("Viúva Negra") me impressionou como o delegado do Departamento de Polícia de Hawkins, Jim Hopper. A princípio eu não dava nada para o Xerife Hopper, cheguei até a imaginar que ele seria apenas mais um delegado mau-caráter e aproveitador como já vimos inúmeras vezes por ai, e que ele não fosse agregar em nada na série. Porém, eu estava redondamente enganado, Jim Hopper tem um começo mais modesto, mais brando, mais suave, mas depois que ele começa descobrir as falcatruas envolvendo os experimentos do governo, o personagem tem um crescimento e uma relevância inimaginável dentro de todo contexto da série, chegando a dividir todo o protagonismo com a Winona Ryder. É muito interessante acompanhar todo o desenvolvimento do seu arco pessoal, que nos mostra todo o seu trauma envolvendo a morte de sua filha (ainda criança), o seu envolvimento com bebidas e como ele veio a demonstrar sua responsabilidade e capacidade ao salvar o filho de Joyce. Outra atuação completamente impecável!
A linda Natalia Dyer ("Acampamento do Pecado") viveu a personagem Nancy. A Nancy Wheeler foi a personagem que mais me impressionou dentro da série, e muito por inicialmente ela se portar como uma patricinha fútil e rasa, aquela típica garota adolescente que só pensa em namorar, aquela irmã mais velha implicante, aquela adolescente rebelde com os pais. Porém, depois do desaparecimento da sua amiga Barb (Shannon Purser), ela tem um crescimento avassalador dentro da trama. Agora ela se mostra mais crescida mentalmente, mais amadurecida, mais preocupada com assuntos relevantes, ela não deixou de ser uma adolescente e querer viver seus romances, mas não é mais uma garota fútil, todo o drama que ela viveu serviu para o seu crescimento e desenvolvimento. Adorei todo o trabalho entregue pela Natalia Dyer.
Charlie Heaton ("Os Novos Mutantes") é Jonathan Byers. Jonathan segue a mesma linha da Nancy, também tem um começo mais morno, mais apático, e muito por ser um adolescente tímido e auto-excluído na escola, que se desperta como um aspirante a fotógrafo. Seu crescimento é lado a lado com a Nancy, um ajudando o outro, um confiando no outro, ganhando uma grandiosa relevância e se desenvolvendo muito bem dentro da série. Foi muito interessante de acompanhar o nascimento e o crescimento de uma certa atração entre Jonathan e Nancy, que poderá se desenvolver ainda mais no futuro da série - eu shippo! kkkkk Completando o elenco ainda tivemos a Cara Buono ("Monsters and Men") como Karen Wheeler, Matthew Modine ("Batman - O Cavaleiro das Trevas") como Martin Brenner e Joe Keery ("A Grande Jogada") como Steve Harrington.
"Stranger Things" é uma das principais séries da Netflix, que obviamente atraiu uma audiência recorde na plataforma de streaming. A série foi aclamada pela crítica por sua caracterização, atmosfera, atuação, trilha sonora, direção, roteiro e homenagens aos filmes dos anos 80. Devido sua popularidade, a série acabou gerando alguns produtos, como livros, brinquedos, videogames e histórias em quadrinhos. A série também recebeu vários prêmios e indicações em premiações, como Emmy Awards, Globo de Ouro, British Academy Television Award, entre outros.
"Stranger Things" já entra facilmente no hall das melhores séries de todos os tempos, e muito por já se tornar um ícone da cultura pop da década. Uma série extremamente relevante, influente, dinâmica, grandiosa, enérgica, que trouxe um excelente roteiro que navega muito bem no drama, no suspense, na ficção e na fantasia, soando até como uma fábula, uma passagem ou um conto. Sem falar no elenco grandioso que apresentaram atuações afiadíssimas, e as inúmeras referências e homenagens que a série presta à todo conteúdo da década de 1980. Verdadeiramente um show de audiovisual! Uma obra de arte! Uma pérola! Uma obra-prima das séries! 5 estrela com bastante louvor! [04/02/2023]
"The Walking Dead" é uma série americana desenvolvida por Frank Darabont e baseada na série de quadrinhos de mesmo nome de Robert Kirkman, Tony Moore e Charlie Adlard - juntos formando o núcleo da franquia "The Walking Dead". A série estreou em outubro de 2010 exclusivamente no canal a cabo AMC nos Estados Unidos e internacionalmente através do Fox Networks Group e Disney Media.
O primeiro episódio da série foi ao ar dia 31 de outubro de 2010, já o último episódio foi ao ar dia 20 de novembro de 2022. A série chega ao seu fim com 12 anos, 11 temporadas e 177 episódios.
"The Walking Dead" foi uma série que eu aprendi a amar e a respeitar desde o seu primeiro episódio. Foi uma série que eu acompanhei religiosamente temporada por temporada, episódio por episódio, ano após ano durante todo o seu ciclo. Foram longos anos acompanhando cada episódio, cada acontecimento, sempre vibrando, torcendo, se maravilhando, se emocionando, e claro, dando aqueles famosos rages. Durante todos esses anos a série sofreu diversas vezes com quedas de rendimentos em algumas temporadas, o que é normal para uma série de mais de uma década, porém sempre se manteve de pé, firme, nunca se deixou abalar pelos haters e por todos os julgamentos que recebeu.
Qual é a receita para uma série se manter em alto nível durante tanto tempo? Claro que "The Walking Dead" ao longo desses 12 anos passou por várias situações difíceis ao optar por algumas mudanças, principalmente em seu elenco (tanto secundário quanto principal). Digo isso pelo fato da série nunca se apegar em personagens, pois até hoje eu ainda não conheci uma série que matasse tantos personagens quanto "The Walking Dead". Eu sempre tive uma dor no coração por a série decidir tirar alguns personagens de cena, e sempre quando estávamos mais apegados à eles. Claro que o maior caso foi a saída de Rick Grimes, que impactou toda a comunidade de "The Walking Dead", e muitos até duvidando se a série conseguiria continuar e se manter sem o seu principal protagonista (confesso que eu fui um desses), fazendo com que grande parte da fanbase da série se dividisse. Tivemos a impactante saída, e na minha opinião completamente desnecessária, de Carl Grimes. A saída intrigante da Michonne. A própria Maggie que saiu da série e depois retornou.
A primeira temporada já é considerada clássica e icônica. Toda aquela apresentação do xerife Rick Grimes acordando em um hospital abandonado e ao sair se deparando em um mundo pós-apocalíptico dominado por mortos-vivos. A segunda temporada já mostra o grupo sem uma direção exata após perderem as esperanças de serem salvos, partindo em busca de um novo lugar onde possam permanecer seguros e livres. É nessa temporada que eles encontram a fazenda de Hershel, quando estão na busca pela a Sophia, a filha perdida de Carol. A terceira temporada é a invasão dos zumbis na fazenda, o que leva a destruição do local obrigando o grupo a partirem sem rumo até encontrarem a prisão abandonada. É nessa temporada que temos a entrada do primeiro grande vilão da série, o lendário Governador. Já a quarta temporada mostra o grupo do Rick cada vez mais unidos na prisão contra os ataques do Governador. Na quinta temporada a prisão foi destruída após uma terrível guerra contra o Governador e o grupo se vê mais uma vez sem direção. É nessa temporada que o grupo tem a missão de resgatar a Beth (irmã da Maggie), que está aprisionada em um hospital.
Seguindo com a sexta temporada, é quando Rick e seu grupo chegam até a comunidade de Alexandria. É nessa temporada que eles enfrentam o grupo dos Salvadores e conhecem seu pior pesadelo, Negan. A sétima temporada inicia com os ataques brutais de Negan contra o grupo de Rick. É nessa temporada que Rick é obrigado a obedecer as ordens de Negan, porém, ele começa a unir as comunidades para colocar um fim no reinado de Negan e os Salvadores. A oitava temporada é a hora que a guerra está totalmente declarada contra Negan. Nona temporada já tivemos a guerra contra os Salvadores, quando Rick e Carl tentam construir um novo futuro entre as comunidades. É nessa temporada que somos confrontados pela nova ameaça, os Sussurradores. Décima temporada o grupo está lutando contra a ameaça dos Sussurradores e sua líder, Alpha. Décima primeira temporada tem o encontro do grupo com Commonwealth, a grande rede de comunidades que possui equipamentos avançados, além dos confrontos contra os Ceifadores.
A série é responsável por várias cenas icônicas, lendárias e clássicas que eu vou guardar para sempre em minha memória. Uma das cenas que eu mais gosto de toda a história de "The Walking Dead" é a cena da Sophia saindo do celeiro na fazenda (fico arrepiado só de lembrar dessa cena). A morte da Lori, que teve aquela participação do seu filho Carl. Aquela cena da morte da Andrea (por sinal nunca vou aceitar essa morte). A morte da Beth, com aquela cena emocionante do Daryl carregando ela no colo na saída do hospital e encontrando a Maggie desesperada. Aquela cena impactante da entrada da Michonne na série. Uma das mortes que eu mais contestei de toda a história da série, obviamente a do Carl (uma cena triste demais). Assim como o episódio com a explosão da ponte causada pelo Rick. Devo dizer que esse foi o episódio que mais me emocionou em "The Walking Dead", eu cheguei a chorar de soluçar. Aquela cena emblemática quando a Carol e o Daryl encontram as cabeças cravadas nas estacas (outra cena que eu fiquei em choque e com um nó na garganta). Nessa última temporada tiveram duas cenas que também me deixaram em choque: a cena quando a Judith leva um tiro e a morte da Rosita.
Agora eu preciso destacar os dois melhores episódios de toda a história de "The Walking Dead". A mid season finale que envolve a guerra entre o Governador e o grupo do Rick na prisão...quando temos a emocionante morte do Hershel causada pelo próprio Governador, e a Michonne cravando sua espada nele. O outro é obviamente aquele episódio brutal do Negan matando o Abraham e o Glenn. O episódio de maior impacto e audiência da história da série. Vou confessar que este episódio me impactou demais, me deixou em choque durante todo o resto daquela noite (nunca esquecerei).
O elenco da série é a parte que eu mais tenho carinho, e consequentemente é a que irá fazer mais falta. O icônico xerife Rick Grimes (Andrew Lincoln). Um personagem histórico dentro da franquia, completamente inesquecível. Eterno Shane Walsh (Jon Bernthal). A inesquecível Lori Grimes (Sarah Wayne Callies). Saudosa Andrea (Laurie Holden). Esse é eterno para todo fã - Glenn Rhee (Steven Yeun). A bela e muito poderosa Maggie Greene (Lauren Cohan). Um personagem que eu adorava desde pequenino, vi crescer na série - eterno Carl Grimes (Chandler Riggs). Pra mim o maior protagonista da série depois do Rick - Daryl Dixon (Norman Reedus). A lenda, a eterna, a Diva, a sempre incrível Carol (Melissa McBride). Melissa McBride e Norman Reedus foram os únicos que levaram seus personagens do início ao fim da série. Máximo respeito por eles.
Um personagem muito saudoso, o Morgan (Lennie James). A pequenina Sophia (Madison Lintz). Uma personagem que eu amava demais e fiquei triste com sua saída da série - Beth Greene (Emily Kinney). O grande paizão de Beth e Maggie - Hershel Greene (o já falecido Scott Wilson). O violento e irracional irmão mais velho de Daryl - Merle Dixon (Michael Rooker). A eterna e lendária Michonne (Danai Gurira). Um dos meus vilões preferidos da série - O Governador (David Morrissey). Outra personagem que eu aprendi a gostar bastante na série - a Sasha (Sonequa Martin-Green). Assim como o próprio Bob (Lawrence Gilliard Jr.). As irmãs Lizzie Samuels (Brighton Sharbino) e Mika Samuels (Kyla Kenedy). A inesquecível Tara Chambler (Alanna Masterson). O grande Abraham Ford (Michael Cudlitz). A bela Rosita Espinosa (Christian Serratos). O sempre inteligente Eugene Porter (Josh McDermitt).
O lendário Padre Gabriel (Seth Gilliam). O imponente Aaron (Ross Marquand). O eterno Jesus (Tom Payne). Uma personagem que com o tempo eu passei a gostar na série - Enid (Katelyn Nacon). O sempre empenhado Henry (Matt Lintz). O grande Rei Ezekiel (Khary Payton). O braço direito do Rei - Jerry (Cooper Andrews). A maravilhosa Connie (Lauren Ridloff). A forte Magna (Nadia Hilker). A destemida Yumiko (Eleanor Matsuura). A impiedosa Alpha (Samantha Morton). Agora a personagem mais fofa desse universo de "The Walking Dead" - a corajosa Judith Grimes (Cailey Fleming). Uma personagem que começou morna, mas depois ganhou uma relevância incrível na série, me fazendo se emocionar no penúltimo episódio - a Lydia (Cassady McClincy). E pra finalizar eu deixei o personagem mais odiado e depois amado na série - senhoras e senhores, o eterno Negan (Jeffrey Dean Morgan).
Sobre o último episódio: não foi um dos melhores episódios da série, mas foi um episódio épico, marcante e histórico. Foi um episódio que trouxe algumas cenas importantes e impactantes, como aquela conversa emblemática entre Maggie e Negan (obviamente ela jamais conseguiria perdoar ele), e a cena emocionante da morte da Rosita. Ao final ainda tivemos a presença icônica e ilustre de Rick Grimes e Michonne, nos apresentando cenas um tanto quanto curiosas, e abrindo espaço para os próximos passos da franquia, agora apostando nos Spin-off.
"The Walking Dead" foi uma série que revolucionou e influenciou a forma de se fazer séries, principalmente envolvendo o pós-apocalíptico e os zumbis. Foi uma série que trouxe os melhores e mais bem feitos zumbis da história da televisão e do cinema. Foi uma série que teve um gigantesco impacto e fez um sucesso estrondoso em suas primeiras temporadas. Foi uma série que teve uma influência direto na cultura Pop. Foi uma série que revolucionou e influenciou gerações com brinquedos, revistas, roupas e jogos de videogames.
"The Walking Dead" está no hall das melhores séries de todos os tempos. Assim como está no top 3 de melhores séries de toda a minha vida. Vou sentir uma enorme tristeza e uma grande saudade de esperar chegar todos os domingos de cada semana para poder acompanhar um episódio da série. Vou sentir uma enorme saudade de cada ator e atriz que fizeram parte dessa verdadeira família ao longo desses 12 anos de existência. Estou profundamente triste, com um nó na garanta e com lágrimas nos olhos nesse exato momento. Mas a vida infelizmente é assim, as coisas boas também se acabam, tudo tem um fim, o que nos resta é guardar na memória com todo o carinho as coisas boas que passaram por nossas vidas, e a série "The Walking Dead" está incluída na minha.
Um grande depoimento de um eterno fã apaixonado. Obrigado "The Walking Dead". ⭐⭐⭐⭐⭐ ❤️❤️❤️❤️❤️ [20/11/2022]
The Walking Dead: Daryl Dixon (1ª Temporada)
3.8 58 Assista AgoraThe Walking Dead: Daryl Dixon (1ª Temporada) 2023
"Daryl Dixon" é uma série de televisão americana criada por David Zabel (roteirista da lendária série noventista "ER") para a AMC, baseada no personagem de mesmo nome da série "The Walking Dead". É o quinto spin-off e a sexta série de televisão da franquia "The Walking Dead", compartilhando continuidade com as outras séries e ambientada após a conclusão da série de televisão original.
Daryl Dixon (Norman Reedus) é um dos principais personagens da série "The Walking Dead", sendo um dos poucos que participou de todas as 11 temporadas. Daryl é o irmão mais novo de Merle Dixon (Michael Rooker) e logo de cara ele já se torna um dos melhores amigos de Rick Grimes (Andrew Lincoln), logo nas primeiras temporadas da série principal. É interessante notar que no início da série o Daryl tem um comportamento mais incerto, mais dúbio, o que vai despertando incertezas no Rick e seu grupo, até pelo fato do seu irmão, que é uma figura maquiavélica. Porém, logo ele começa a conquistar as pessoas, assim como a própria Carol (Melissa McBride), e começa a ganhar a confiança do grupo, se tornando assim um dos principais personagens da série. Logo após a morte (ou desaparecimento) do Rick da série o seu protagonismo cresce notoriamente, o colocando praticamente como o principal líder e personagem da série até o final da última temporada.
A série "Daryl Dixon" é mais um spin-off derivado da série principal que traz uma continuação direta de um personagem importante da franquia, após a trama se ramificar em diferentes produções. Que nos mostra como continua a vida do personagem abordando os seus acontecimentos após o final da série principal, assim como aconteceu com o Rick, a Michone (Danai Gurira), o Negan (Jeffrey Dean Morgan) e a Meggie (Lauren Cohan).
O interessante aqui é o fato da série levar a trama para outro continente fora dos EUA, que sempre foi o local que se passou toda a série principal durante longos anos. A história é ambientada 12 anos após o início do contágio e para nos elucidar nos mostra os primeiros dias do apocalipse por meio de flashbacks (o que é interessante). Daryl acorda em uma França sem saber de fato como chegou até ali e por quê ele saiu de Commonwealth e chegou até Paris. Logo vamos nos ambientando com um cenário devastado e morto (assim como o próprio EUA), onde ele conhece novas pessoas, novos problemas, fazendo novas conexões que acaba interferindo e dificultando cada vez mais o seu plano de voltar para os EUA.
Um ponto que eu achei curioso é o fato da série focar na expansão da contaminação zumbi em um cenário fora dos EUA, assim como também temos novas variantes dos zumbis, o que os deixa ainda mais violentos e letais, os transformando praticamente em uma espécie de zumbis mutantes. Logo temos de volta aquele velho e conhecido Daryl que está novamente destroçando os zumbis e enfrentando todos os seus demônios, na medida que ele é incumbido de proteger um jovem muito inteligente que é visto por um grupo religioso como o futuro Messias destinado a guiar a humanidade para uma renovação. Este jovem é Laurent (Louis Puech Scigliuzzi), que se tornou praticamente uma lenda na região e o foco de diversas facções em toda a França.
E este é justamente o ponto de partida da série, o Daryl concordando em ajudar a conduzir o jovem para um local seguro em troca de uma ajuda para ele retornar ao EUA. Dessa forma a chegada do Daryl desencadeia uma violenta cadeia de eventos que toma conta daquele local. E aqui entra um ponto extremamente curioso na série, o fato de não ser somente o Daryl que sustenta grande parte da trama, pois temos a presença de Isabelle Carriere (Clémence Poésy, a Fleur Delacour da franquia "Harry Potter"). Isabelle é uma freira obstinada e membro de um grupo religioso progressista que encontra Daryl, sendo ela uma espécie de novidade, ou uma carta na manga dos roteiristas da série para nos contar uma nova história tão impactante como dos principais personagens da série original. Que sinceramente eu não sei bem se funcionou como eles premeditavam.
De início estamos perdidos tanto quanto o Daryl naquele local, mas logo descobrimos que ele foi capturado e levado pelo Oceano Atlântico antes de chegar à costa da França. E aqui eu vejo que a série subestima um pouco o que já conhecemos sobre o personagem Daryl Dixon, seja pelo fato dele ter sido um hábil caçador e líder de grupos em vários momentos da sua vida. Por ele já ter enfrentado todo tipo de dificuldades e ser inteligente o bastante para conseguir ter se livrado de todas elas. Porém, a série inicia mostrando um Daryl completamente perdido e inexperiente, por mais que ele tenha acabado de chegar em um local que ele sequer consegue se comunicar com o idioma nativo do lugar. E digo isso justamente pela série não se desprender do seu conteúdo principal, que é os cenários apocalípticos infestados de zumbis, e acho que nem poderia né, pois estamos falando justamente do universo "The Walking Dead". Mas novamente temos um Daryl que é capturado e preso, como já aconteceu com ele algumas vezes lá atrás, o que me dá a impressão da série querer continuar bebendo da mesma fonte que deu certo lá atrás porém em uma cenário diferente. Acho que faltou um pouco de ambição e ousadia dos roteiristas nesse ponto.
A verdade nua e crua é a seguinte: eu sou fã de "The Walking Dead" do início ao fim da série, considero a série como a minha segunda melhor série da vida, sou órfão da série e adoro o fato de termos novos spin-offs derivados da série original para podermos acompanhar mais dos nossos personagens. Mas uma coisa eu não posso negar, na sua grande maioria os spin-offs praticamente são continuações da mesma história de "The Walking Dead" e não derivados da história. Isso aconteceu na série "Dead City", aconteceu na série "Daryl Dixon" e tenho certeza que também acontecerá na série "The Ones Who Live" (que eu ainda não assisti). Os spin-offs de "The Walking Dead" funciona como um episódio da série principal apenas mudando cenários e alguns personagens. Isso é ruim? Não! Dependendo da visão de cada um, pois tem pessoas que já estarão saturados dessa temática de gangues e zumbis. Eu como um fã da série original não me incomoda os spin-offs continuarem dentro dessa temática, pelo contrário, acredito que muitas coisas ainda funcionam justamente por este fator, mas eu acho que não precisaria seguir os mesmos passos dos personagens da série original, como acontece com o Daryl, poderiam se reinventar de alguma forma. Pelo menos é assim que eu vejo toda a história da série "Daryl Dixon".
A principal diferença que eu vejo entre os dois spin-offs da série "The Walking Dead" é o fato de "Dead City" nitidamente querer dar continuidade em um contexto que ainda não foi resolvido na série original, que é o embate entre a Maggie e o Negan, que por sinal funciona muito bem na trama. Já "Daryl Dixon" parece querer apenas implementar o personagem em um novo local, com uma nova comunidade, com uma nova língua, com os mesmos problemas que ele já enfrentou diversas vezes, mas sem muitas razões óbvias e coerentes, a não ser fugir dali e retornar para a América. O que me dá a impressão de quererem focar apenas em um Daryl Dixon aventureiro.
Por outro lado a série traz um frescor até interessante nas partes que nitidamente eles querem humanizar o personagem Daryl Dixon de alguma maneira. E isso se dá pelo fato de termos uma abordagem sobre o sentindo da vida dentro da série, ou seja, se ainda vale a pena lutar pelo inevitável, pelo inalcançável, pela própria sobrevivência, isso falando justamente do personagem principal diante de todo aquele cenário, que nos passa a sensação de ainda estar sobrevivendo unicamente pela pessoas ao seu redor. E aqui já entra uma parte que me remete a chegada na série da Carol, que teve um pequeno contato com o Daryl no final dessa temporada e será peça importante dentro da série em sua próxima temporada.
Sobre o elenco:
Norman Reedus é a personificação do Daryl Dixon que aprendemos a amar durante todos os longos anos da série original. Pra quem é fã da série poder rever o Norman atuando mais vezes como o Daryl é extremamente gratificante. E aqui temos um Daryl sendo Daryl exatamente como ele sempre foi. Agora eu estou muito curioso em como será o Daryl na segunda temporada, uma vez que ele estará ao lado da sua eterna amiga Carol.
Clémence Poésy é mais um frescor da série, sua personagem é boa, é interessante, é promissora, é funcional. Nessa primeira temporada ela consegue dividir bem o protagonismo com o Norman, conseguindo chamar a responsabilidade para si e sustentar boa parte da trama principal.
Já o Louis Puech Scigliuzzi traz um personagem que é bem contestável e questionável, pois no fundo ele fica devendo em suas principais motivações dentro da série, o que o coloca muita das vezes como um personagem superficial, falho e bem chato.
O resto do elenco é formado por Laïka Blanc-Francard - Sylvie - uma freira amiga de Isabelle e uma estudante no convento.
Anne Charrier - Marion Genet - uma líder de um grupo paramilitar de sobreviventes na França.
Romain Levi - Stéphane Codron - uma figura que desenvolve uma rixa pessoal com Daryl.
Adam Nagaitis - Quinn - o pai biológico de Laurent, e uma figura poderosa que ganhou poder como comerciante do mercado ilegal e dono de uma boate underground após o apocalipse.
E claro que não poderia faltar a nossa inigualável Melissa McBride, que faz uma comunicação pelo rádio durante uma cena de flashback com o Daryl no final da temporada.
E por falar em Melissa McBride: a primeira temporada foi planejada para apresentar a personagem Carol sob o nome da série "The Walking Dead: Daryl & Carol" (que particularmente eu acho que seria sensacional), mas Carol foi eliminada da série devido a problemas logísticos envolvendo a Melissa McBride. Dessa forma, em julho de 2023, antes do lançamento da primeira temporada, a série foi renovada para uma segunda temporada, que será intitulada "The Walking Dead: Daryl Dixon – The Book of Carol" , e contará com Melissa McBride como personagem regular da série, em um retorno ao conceito original da série. Uma terceira temporada também está em desenvolvimento.
Tecnicamente a série é muito boa, muito bem produzida, até por contar com nomes importantes dentro do universo "The Walking Dead" como Angela Kang, Scott M. Gimple e Greg Nicotero. O desenvolvimento da série é muito bem feita, muito bem acertada pela equipe de direção de arte, uma vez que temos belos cenários de uma França degradada pelo apocalipse zumbi. Além dos ótimos cenários, temos uma bela ambientação, uma ótima fotografia, uma boa trilha sonora, uma boa edição, um ótima direção, tudo muito bem planejado e trabalhado. Tecnicamente a série não fica devendo em nada dentro do universo de "The Walking Dead".
No mais: a primeira temporada de "Daryl Dixon" é promissora, é interessante, é funcional, que por mais que não construa um derivado da série principal e soe como uma continuação nos mesmos moldes, ainda assim a série consegue expandir o universo do personagem, consegue galgar novos rumos para as próximas temporadas, e muito por apostar em uma trama mais certeira, com poucos episódios certeiros, que necessariamente não precise ficar se alongando em vários episódios.
Daryl Dixon é um personagem extremamente importante e relevante dentro do universo de "The Walking Dead", tanto que ele não existe nos quadrinhos e está ai até hoje, do início ao fim da série principal e agora com a sua série própria.
- 25/05/2024
The Walking Dead: Dead City (1ª Temporada)
3.4 63 Assista Agora⚠ TEM SPOILERS ⚠
The Walking Dead: Dead City (1ª Temporada) 2023
"Dead City" é uma série criada por Eli Jorné (roteirista das séries "Wilfred", 2011, e "Son Of Zorn", 2016) para a AMC, baseada nos personagens originais de "The Walking Dead", Maggie (Lauren Cohan) e Negan (Jeffrey Dean Morgan). É a primeira sequência da série de televisão "The Walking Dead", e a quinta série da franquia "The Walking Dead", compartilhando continuidade com as outras séries de televisão.
A série segue Maggie e Negan viajando para uma Manhattan pós-apocalíptica isolada do continente em busca do filho sequestrado de Maggie, Hershel (Logan Kim).
"The Walking Dead" foi uma série que eu aprendi a amar desde o seu primeiro episódio lá no ano de 2010. Foi uma série que eu acompanhei religiosamente temporada por temporada, episódio por episódio, ano após ano, durante todo o seu ciclo. "The Walking Dead" foi uma série que revolucionou e influenciou a forma de se fazer séries, principalmente envolvendo o pós-apocalíptico e os zumbis. Foi uma série que trouxe os melhores e mais bem feitos zumbis da história da televisão. Foi uma série que teve um gigantesco impacto e fez um sucesso estrondoso. Foi uma série que teve uma influência direto na cultura Pop, se tornando um verdadeiro marco na história dos seriados de TV.
Eu sou um verdadeiro fã da série e a coloco no hall das melhores séries de todos os tempos.
No dia 20 de novembro de 2022 eu fiquei órfão da série, e foi um dia muito triste para mim, pois ali terminava uma vida de longos 12 anos de uma série que é simplesmente a segunda melhor série da minha vida. No entanto, nem tudo estava perdido naquele dia, pois no final a série nos apresentou cenas que abria espaço para os próximos passos da franquia, agora apostando nos Spin-off. E hoje estamos diante dos Spin-off da série "The Walking Dead"; "Dead City", "The Ones Who Live" e "Daryl Dixon".
Realmente eu achei uma excelente ideia em apostar nos Spin-off da série, o que também mostraria como estava às vidas dos principais personagens da série após o término da mesma, e daria continuidade ao eterno universo de "The Walking Dead". Em "Dead City" a premissa por si só já é extremamente interessante, pois a série junta simplesmente uma das maiores (se não for a maior) rivalidades de toda a história de "The Walking Dead". Estamos falando de Maggie e Negan, que pra quem acompanhou conhece muito bem a causa dessa rivalidade, e com razão, diga-se de passagem.
A Maggie é uma personagem que está desde a segunda temporada na série, que assim como vários personagens de "The Walking Dead", ela também foi amada e em certos pontos odiada. Eu sempre gostei muito da Maggie (apesar que no início eu amava mais a sua irmã, a Beth, interpretada magistralmente pela linda e talentosa Emily Kinney), porém em várias temporadas eu questionei bastante as suas decisões. Já o Negan entrou na série simplesmente como o maior vilão de todo o universo de "The Walking Dead", e não era pra menos, visto tudo que ele causou no grupo do Rick (Andrew Lincoln), e principalmente para a Maggie. E aqui entra um ponto muito interessante dentro da série "The Walking Dead", o fato do Negan passar de o vilão mais odiado da história da série para um personagem amado nas últimas temporadas. Eu mesmo questionei bastante essa minha motivação de começar a adorar o Negan, principalmente na temporada da Alpha (Samantha Morton).
Toda essa rivalidade sempre esteve presente entre Maggie e Negan, principalmente a sede de vingança por parte dela, fato que era exibido por ela sempre que ela tinha uma oportunidade de se vingar dele (temos até um diálogo em forma de embate entre eles na última temporada da série "The Walking Dead" que contextualiza bem isso). Dentro desse contexto, a série "Dead City" coloca novamente o Negan no caminho da Maggie quando ela decide pedir a sua ajuda para resgatar o seu filho que foi levado pelo Croata (Željko Ivanek), um antigo comparsa do quartel do Negan.
O primeiro episódio já inicia com a nossa Maggie em um ato de extrema fúria espancando a cabeça de um zumbi. A partir daí vamos nos inteirando na série, como o fato da comunidade de sobreviventes liderada pela Maggie que se mudou da Virgínia para Nova York. Já o Negan, que obviamente é o ex-líder dos Salvadores, ao final da série principal havia ido embora com sua esposa grávida na intenção de construir uma vida juntos. Porém isso não deu certo, já que sua esposa foi morta. Atualmente o Negan é um fugitivo da Federação da Nova Babilônia, que está sendo caçado pelo policial Perlie Armstrong (Gaius Charles) por ter matado várias pessoas. Inclusive, é nesse ponto que entra a Ginny (Mahina Napoleon), que inicialmente ela decide ficar muda por um grande trauma que ela sofreu pela morte de seu pai. Pai este que no fim o próprio Negan revela para ela que foi ele que matou, já que a Ginny ficou com o Negan após a morte de seu pai. Ou talvez não né, talvez o Negan revelou isso para ela só pra ela ir embora e deixá-lo em sua missão, já que de fato ele não poderia levá-la.
Devo mencionar que o roteiro da série é bom, pois toda essa ideia de usar O Croata como o vilão da temporada que raptou o filho da Maggie, quando na verdade descobrimos que tudo não passou de um acordo entre a própria Maggie e O Croata, para que ela levasse o Negan para ele e assim ele devolvia seu filho. E aqui entra dois pontos: O Croata sempre manteve uma certa rivalidade com o Negan desde a época em que ele era o membro sádico dos Salvadores, e eles tinham suas contas para acertarem. Atualmente O Croata é o líder dos Burazi, um grupo de sobreviventes hostis que assumiram o controle de Manhattan. O outro ponto é justamente o ataque que O Croata fez a Hilltop levando o filho da Maggie, já que dessa forma ele usaria o próprio filho dela para fazer que ela levasse o Negan até ele, já que ele sabia da rivalidade entre os dois e que a Maggie convenceria o Negan a ajudá-la no resgate de seu filho.
Como já mencionei, a ideia da série é boa, já que ela coloca frente a frente dois eternos rivais para nos convencer que ele formaram uma improvável dupla e estão atuando juntos em prol de uma causa maior. Dessa forma vamos novamente remexer no passado de ambos, vamos reviver lembranças, dores, traumas, decepções, ódio, vingança e traição. Vamos mergulhar novamente entre as diferenças de ambos os personagens, nos submundos de suas mentes, de suas ambições, de suas projeções, de seus desejos. Nesse ponto a série funciona muito bem, já que o tempo todo ela é pautada na rivalidade entre Maggie e Negan, e mesmo que inicialmente estamos vendo a formação daquela improvável dupla, porém jamais vamos nos convencer da veracidade disso, sempre vamos manter um pé-atrás. O próprio Negan já desconfiava o tempo todo desse plano de resgate da Maggie, quando ela veio pedir a sua ajuda. Tanto que quando tudo é revelado ele não não se impressiona, pois é fato que na sua mente ele já sabia de tudo - o Negan sempre foi uma pessoa extremamente inteligente e safa.
Por outro lado a série peca em alguns pontos, como o fato do desenvolvimento de episódios. Sim, temos um grande material sobre o embate entre Maggie e Negan, porém eu vejo que a série se alonga em alguns pontos dentro dos episódios que soa desnecessário, algo como esticar os episódios, e olha que a temporada tem somente 6 episódios, o que por si só já é uma série com um número de episódios fora do convencional. Acredito que o foco na trama central envolvendo a Maggie, o Negan e O Croata funciona, como já mencionei anteriormente. Porém, acredito que os personagens secundários foram mal desenvolvidos dentro do contexto principal da série. Como no caso da Ginny e o marechal Perlie. Acho que eles tinham potencial porém não foi bem explorado, talvez em uma próxima temporada, quem sabe.
Já na questão de cenários, ambientação, cenografia, fotografia e trilha sonora, acredito que foi bem desenvolvido. De qualquer forma temos ali uma espécie de Nova York pós-apocalíptica, que atualmente exibe os seus perigos, as suas leis, o seu terror, onde temos um mundo em que a anarquia impera. Isso funciona bem na série. Porém, acho que poderiam ter explorado mais a cidade em si, como os próprios cenários infestados por zumbis, onde temos aquela parte onde a Maggie enfrenta uma espécie de mutação de zumbis, que são vários corpos de zumbis interligados, algo que me lembrou o jogo "The Last Of Us".
Sobre o elenco:
A Maggie e o Negan carregam a série nas costas, obviamente. E tudo se dá exatamente pela Lauren Cohan e o Jeffrey Dean Morgan, que são dois dos principais rostos do universo de "The Walking Dead". A Lauren mantém a mesma postura da sua personagem que terminou a série principal, sendo a representatividade de uma mulher forte, aguerrida, decidida, destemida, que enfrenta tudo e todos em busca dos seus objetivos, ainda mais quando esse objetivo é seu filho. Por outro lado vemos uma certa pressão e vulnerabilidade nela quando se trata do seu difícil relacionamento com seu filho. Já o Jeffrey é um poço de simpatia e carisma. É impressionante como ele é um ator versátil, inteligente, carismático, com um timing e uma veia cômica absurda. O Jeffrey deu todo o seu talento ao performar em um personagem que é visto inicialmente como um vilão odiado por todos, e logo após passa a conquistar o amor de todos esses que o odiaram. É realmente impressionante, eu não me lembro de outro personagem que fez essa passagem e transformação dentro de um personagem como o Jeffrey Dean Morgan fez com o Negan.
Do resto do elenco vale destacar o Željko Ivanek, pois ele conseguiu dar o timing perfeito na pele do Croata, sendo um personagem frio, letal, calculista, sádico, sendo aquele típico personagem em que a gente olha e realmente vê ali um certo nível de vilão.
Como já mencionei anteriormente, os personagens Ginny e Perlie não foram bem aproveitados, mas a atriz Mahina Napoleon e o ator Gaius Charles foram bem de acordo com o que o roteiro pedia de seus personagens.
Recepção crítica:
O Rotten Tomatoes relatou um índice de aprovação de 80%, com uma classificação média de 7,2/10, com base em 54 resenhas críticas. O Metacritic atribuiu uma pontuação de 57 em 100, com base em 9 críticas.
A primeira temporada de "Dead City" estreou em 18 de junho de 2023. Em julho de 2023, foi renovada para uma segunda temporada.
Falando sobre o último episódio da série:
Temos toda a revelação entre a Maggie e o Negan, o que culmina em uma bela cena de embate entre os dois. Logo a Maggie entrega o Negan para O Croata, selando assim o acordo que eles tinham e seu filho é devolvido. Um fato curioso, é que logo após o Negan está frente a frente com a "The Dama" (Lisa Emery), uma senhora idosa, estranha, sombria, intrigante, que podemos considerar como uma aliada próxima do Croata. Eu ainda não entendi perfeitamente todas as motivações dessa personagem na história, mas podemos considerar como uma personagem que será muito importante na próxima temporada, ainda mais considerando aquela revelação sobre ter cortado o dedinho do pé do Hershel e ter guardado em uma caixinha. Se eu pudesse apostar, apostaria que o Negan fará a vingança sobre o Hershel com esta senhora, algo como ele fez com a Alpha. O velho Negan não morreu, só está adormecido. Também acredito que na próxima temporada teremos a volta daquele Negan brutal e letal, como já vimos algumas vezes.
No mais, "The Walking Dead: Dead City" é um bom Spin-off de um dos maiores universos de séries de todos os tempos, que acerta ao trazer o embate de dois dos principais personagens da série, prolongando ainda mais toda a rivalidade entre eles. Acredito que a série peque em alguns pontos aqui e acolá, mas que é entendível, até porque para construir a história principal e dar o seu devido foco é preciso compor histórias paralelas de personagens paralelos dentro de todo o contexto, por mais que no meu ponto de vista faltou um melhor desenvolvimento. Mas no fim o saldo é mais positivo do que negativo, onde eu como um eterno fã do universo de "The Walking Dead" fiquei satisfeito com este Spin-off, que mantém viva e prolonga a história de uma série que eu amo de paixão.
- 30/04/2024
O Exorcista (2ª Temporada)
3.9 124 Assista Agora⚠ TEM SPOILERS ⚠
O Exorcista (The Exorcist) 2ª Temporada - 2017
Esta foi uma série que realmente eu tinha uma certa expectativa positiva, justamente por ser fã de uma das maiores obras literárias de terror da história - o livro de 1971 de William Peter Blatty. E o clássico de William Friedkin de 1973 - simplesmente o maior filme de terror da história do cinema.
O inicio da primeira temporada de "O Exorcista" é muito promissora, pois a série começa justamente com uma semi-continuação do filme clássico, nos posicionando na história central que gira em torno de uma família com uma filha possuída. Porém, quando descobrimos que a mãe dessa família é na verdade a Regan MacNeil e a avó é a Chris MacNeil, a série perde qualidade e tem uma queda de rendimento absurda.
Com a chegada da segunda temporada, inocentemente eu acreditava que a história fosse seguir dentro da proposta anterior, que era justamente no mesmo molde de semi-continuação do filme clássico, e que assim a série pudesse voltar a ter um certo nível de qualidade e relevância. Mas não foi isso que aconteceu, pois nesta segunda temporada a série muda completamente a chave de toda a sua história inicial e parte para uma espécie de antologia. Ou seja, a série iniciou com os dois Padres enfrentando casos de possessão demoníaca em uma família, e agora segue com o mesmo rumo em um lar adotivo.
A segunda temporada de "O Exorcista" segue o Padre Tomas Ortega (Alfonso Herrera) e Marcus Keane (Ben Daniels) 6 meses após os eventos da primeira temporada, onde ambos saíram de Chicago e estão em uma espécie de viagem em busca do mal, com mais casos de possessões demoníacas. O Padre Tomas continua seu treinamento para se tornar um exorcista sob a orientação do Padre Marcus (conforme o seu pedido ao final da primeira temporada). Nessa altura começam a aparecer as desavenças entre os Padres, até pelo fato de Tomas achar que o Marcus ainda o considera como seu aluno, por mais que o Tomas já tenha evoluído e aprendido muito, e já tenha até demonstrado parte desse aprendizado.
A viagem dos Padres os levam até um caso de uma jovem que apresenta sintomas de possessão - o caso da garota possuída Cindy (Zibby Allen). A partir desse ponto que o Padre Marcus começa a se preocupar com os riscos que o Padre Tomas corre à medida que suas habilidades de exorcismo aumentam. Enquanto isso, do outro lado do Atlântico o Padre Bennett (Kurt Egyiawan) tenta eliminar aqueles dentro do Vaticano que se voltaram contra Deus. E aqui temos o novo contexto que dará forma para toda a história dessa segunda temporada, o lar adotivo que é administrado por Andrew Kim (John Cho), um ex-psicólogo infantil.
O lar adotivo inicialmente é composto por cinco crianças e fica em uma ilha privada isolada na costa de Seattle. Logo após a chegada de Rose Cooper (Li Jun Li), que se junta ao Andrew com uma parceira do orfanato, uma das crianças é atacada por uma força sobrenatural maligna, onde justamente entra em cena os dois sacerdotes travando uma luta entre o bem e o mal mergulhando diretamente no inferno. Um ponto que eu preciso destacar: o primeiro episódio termina igual o primeiro episódio da primeira temporada, ao som da trilha sonora clássica de "O Exorcista", "Tubular Bells", de autoria de Mike Oldfield. No final dos créditos temos uma citação ao William Peter Blatty, que havia falecido em 12 de janeiro de 2017.
A série segue com uma cena em que o Padre Bennett explica o processo de possessão para integração, que foi o ocorrido com a Angela/Regan no final da temporada anterior. Bennett explica que todos eles conhecem a possessão mas não sabem identificar a segunda fase da possessão. Uma fase irreversível chamada integração, a fusão permanente do demônio com a alma humana. O Padre Bennett diz que acredita que os integrados sempre se infiltraram em todos os níveis da Igreja, inclusive em Roma. Esta é a história paralela que vem desde a primeira temporada, onde nos mostra mais sobre essa difícil e arriscada tarefa que o Padre Bennett enfrenta no Vaticano, arriscando a sua própria vida contra os corruptos da Igreja. Logo o Padre Bennet rastreia uma solitária agente da Igreja chamada Mouse (Zuleikha Robinson), que a princípio não parece que iria colaborar com as investigações do Padre, mas logo eles formam uma improvável dupla.
A partir desse ponto a série foca inteiramente nos casos sobrenaturais que acontecem com mais frequência no orfanato, e a situação só piora na medida que os acontecimentos avançam. Andrew é uma espécie de paizão naquele orfanato, já que é um cenário muito difícil para ele, que vive de luto pelo falecimento de sua esposa Nicole. A casa é composta por Caleb (Hunter Dillon), um adolescente cego. Shelby (Alex Barima), um rapaz religioso. Verity (Brianna Hildebrand), um jovem rebelde homossexual. Truck (Cyrus Arnold), o garoto com problemas psicológicos. E Grace (Amélie Eve), uma garotinha com 6 anos que sofre de agorafobia. Depois temos a chegada da nova moradora do abrigo de adoção, que é a Harper (Beatrice Kitsos). A garota Harper conhece as crianças que moram naquele local, inclusive a Verity, na qual ela dividirá o quarto. A pequena Grace não gosta da presença da Harper, pois a Grace armazena (ou senti a presença) de alguma força sobrenatural.
O segredo por trás daquele orfanato é aquela mística lenda da bruxa da ilha, que atacava as crianças envenenando elas e jogando elas naquele misterioso poço. Tanto que aquele poço possui uma espécie de poder sombrio oculto que atrai as crianças do orfanato para lá, acredito que o caso esteja ligado com uma espécie de sacrifício das criança. Por si só aquele ambiente do orfanato já é muito sombrio e carregado com forças sobrenaturais, tanto que assim que os Padres começam a vasculhar mais profundamente os segredos do local, o Padre Tomas logo entra em um transe psicológico. Às partes que envolve o Padre Bennett e a Mouse é interessante, até por mostrar que os integrados estão cada vez mais infiltrados no Vaticano com mais e mais poderes sobre a Igreja. Aquela cena dos sacerdotes vomitando sangue na mesa e morrendo um por um, é uma cena bem elaborada e casa bem com o contexto daquela história paralela na trama central da série.
O elenco dessa segunda temporada é apenas ok, todos cumprem os seus papeis e nada além disso. O destaque maior fica à cargo de Alfonso Herrera e Ben Daniels. Acredito que os dois Padres são os maiores destaques da série, até por estarem diretamente ligados com todos os acontecimentos que sempre os envolvem em cada história (isso contando a primeira e a segunda temporada). O elenco que compõem o orfanato é bem mediano, típico elenco que não agrega em praticamente nada. Talvez o John Cho e a Li Jun Li que se destaquem um pouco mais, principalmente o John com sua possessão que está diretamente ligada com o final da temporada (que é bem questionável, por sinal). Porém, aidna assim devo mencionar a Alicia Witt, que fez a Nicole, esposa falecida de Andrew, que teve uma ótima performance passando aquele ar de maligna.
Eu vejo a série de "O Exorcista" como uma tentativa até válida de construir novas histórias e novos rumos a partir desse rico material (o livro e o filme clássico) que estava armazenado no passado. Esta segunda temporada até funciona melhor em sua proposta, sem querer se apegar o tempo todo em pontas do filme clássico, como a primeira temporada fez, ao reviver a Regan e a Chris MacNeil. Acredito que se pegarmos unicamente esta temporada livre de amarras, ela pode até em partes funcionar melhor que a primeira. Mas como um todo realmente é complicado preferir uma ou outra temporada, ou até mesmo apontar qual foi melhor, qual funcionou melhor dentro do que se esperava. Eu acredito que inicialmente a ideia dos produtores da série seria criar algum tipo de história que pegasse um gancho do filme clássico, algo como uma releitura modernizada a partir de uma nova história que se interligasse com personagens clássicos, e foi exatamente isso que aconteceu na primeira temporada.
Já esta segunda temporada continua na linha da primeira, confrontando os dois Padres com casos de possessões e integrações, porém aqui já vamos por um outro caminho que se afasta de vez da família MacNeil e cria sua identidade própria na série. No entanto, este caminho que a série tomou levou a história junto com seus personagens para algo mais mitológico do que precisamente demoníaco, que eu acredito que era o intuito do roteiro. Aqui a série deixa de lado o exorcismo e embarca praticamente na série "Supernatural" (2005), o que eu já acho bem discutível. A forma como os Padres agem quando chegam para explorar novos locais; como por exemplo naquela cena onde ambos chegam pela primeira vez no lar de adoção, logo que eles saem do carro eles começam a analisar o local sempre desconfiados. Pode parecer besteira mas esta cena imediatamente me remeteu aos irmãos Winchester de "Supernatural".
Outro ponto, aqui eu já acho muito "Supernatural":
Especificamente falando do final da temporada, onde a série simplesmente abandona o ato do exorcismo para expulsar o demônio do corpo do Andrew e decide resolver na bala. Até podemos considerar que esta temporada faz algumas referências ao "O Exorcista 3"(1990), como a cena do Padre Tomas em transe dentro do confessionário, mas daí decidir que o Padre Marcus acerte uma bala na cabeça do Andrew para finalizar toda a história foi uma escolha simplesmente ridícula. E vou além, o fato dessa decisão de matar o hospedeiro do demônio para que ele não se apossasse do corpo do Padre Tomas é uma escolha muito ruim.
Aquela história paralela envolvendo o Padre Bennett na sua caçada contra os dissidentes do Vaticano eu esperava um desenvolvimento muito maior do que foi entregue. No fim ficamos nos perguntando o que de fato aconteceu, qual foi a resolução daquele caso, onde fica uma clara oportunidade subaproveitada. Outro ponto polêmico e muito discutível, é a cena do beijo do Padre Marcus, onde eu achei um contexto desnecessário, totalmente gratuito, onde claramente ficou apenas como opção para causar, força a barra, gerar polêmicas, e no fim eu acho que conseguiu.
A primeira temporada de "O Exorcista" estreou na Fox em 23 de setembro de 2016, em 12 de maio de 2017 a Fox renovou a série para uma segunda temporada, que estreou em 29 de Setembro de 2017. Em 11 de maio de 2018, a Fox cancelou a série após duas temporadas. Segunda as matérias da época, a série teve um boa recepção crítica em sua primeira temporada e a segunda seguiu com o mesmo bom desempenho. Porém, a série foi alvo de algumas polêmicas, gerou algumas discursões, tanto que o próprio criador da série Jeremy Slater já havia manifestado insegurança quanto ao futuro do seriado pela compra da Fox pela Disney na época. Dizem que apesar da série ter recebido uma boa recepção crítica em suas duas temporadas, a série foi cancelada devido às baixas classificações. Por outro lado também dizem que a série de "O Exorcista" foi mais uma vítima da reorganização da Fox pela Disney, onde levou outros cancelamentos de séries como "Lucifer", "Brooklyn Nine-Nine", "The Last Man on Earth" e "The Mick".
Por fim: "O Exorcista" foi uma série com um grande potencial, com grande ideias, com um material muito rico, que iniciou muito bem mas foi se perdendo pelo caminho, e muito por escolhas erradas e desnecessárias durante todo o seu percurso. O que fica é um sentimento vazio de decepção, de acreditar que a série deveria ter ido além, ter sido muito melhor do que de fato foi, pois tinha muito potencial para isso, porém foi totalmente subaproveitado. Por mais que esta série carregue o nome do maior filme de terror de todos os tempos, mas infelizmente eu também optaria pelo seu cancelamento. Uma pena!
- 14/04/2024
O Exorcista (1ª Temporada)
4.0 347 Assista Agora⚠ TEM SPOILERS ⚠
O Exorcista (The Exorcist) 1ª Temporada - 2016
"O Exorcista" é uma série de televisão americana criada por Jeremy Slater (roteirista das séries "The Umbrella Academy" e "Cavaleiro da Lua") para a Fox, onde teve a sua estreia em 23 de setembro de 2016. A série é inspirada (baseada) de forma vaga na obra-prima literária de William Peter Blatty, e funciona como uma possível continuação do clássico "O Exorcista" (1973), do saudoso e eterno William Friedkin, além de ignorar as várias sequências do filme. A série é estrelada por Alfonso Herrera e Ben Daniels como uma dupla de exorcistas que investigam casos de possessão demoníaca.
Sobre o livro:
Em outubro do ano passado eu li pela primeira vez o icônico livro de 1971, "O Exorcista". Foi uma experiência sombria, incomoda, obscura, tenebrosa, diferente de tudo que eu já vivi literariamente. O livro "O Exorcista" é uma obra que mexe com a nossa mente, que mescla o sagrado, o profano, o ceticismo, a fé, a crença, juntamente com o investigativo e um estudo das camadas do ser humano ao ser exposto ao seu limite mental e espiritual. Uma obra completamente imersa no terror psicológico, no terror sobrenatural, onde temos um embate entre a ciência e a fé, além de sermos confrontados com o ocultismo, o mistério, o suspense e obviamente o terror. Definitivamente o livro é uma obra sombria, macabra, soturna, um terror sobre o bem e o mau, Deus e o demônio, e principalmente sobre a renovação e o poder da fé. Posso afirmar com 100% de certeza que a obra de William Peter Blatty está simplesmente entre os maiores livros de terror de todos os tempos.
Sobre o clássico:
"O Exorcista" é um filme completamente fiel com a obra literária, muito bem adaptado, que consegue nos inserir com bastante propriedade no terror sobrenatural, psicológico, sombrio, nos causando um certo nível de tensão, desconforto, medo e repulsa. "O Exorcista" é mundialmente conhecido como o maior filme de terror do século XX, cuja influência foi extremamente significativa na cultura pop e diversas publicações o consideram um dos maiores filmes de terror já feitos. Uma obra categórica, apoteótica, pioneira, influente, revolucionária, um verdadeiro marco na história do cinema, que virou referência sobre o gênero terror e possessão. Dentro do meu conceito cinematográfico, "O Exorcista" é simplesmente o MAIOR filme de terror da história do cinema.
Sobre a série:
Confesso que na época em que a série foi divulgada eu fiquei muito curioso em como iriam retratar uma história tirada do clássico "O Exorcista". Logo eu fiquei com um pé atrás, pois sinceramente eu nunca confiei em seriados de obras clássicas, em que na sua grande maioria por si só elas já são irretocáveis e autossuficientes. Porém, antes de conferir a série eu queria ler o livro e revisitar o clássico, coisa que eu fui postergando até este momento, e que de fato aconteceu.
Realmente a série tem uma premissa muito interessante, já que no início conhecemos toda ambientação soturna e sombria, juntamente com uma fotografia que traz um foco ambientado em um cenário acinzentado, macabro, com um tom morto, denso, obscuro, que logo casa com uma trilha sonora potente, estridente, incomoda, que logo dita o ritmo exato que foi projetado pelo roteiro. É um início bastante motivador!
Destacando cada episódio:
O primeiro episódio se encarrega em apresentar cada personagem da história, onde logo conhecemos o Padre Tomas Ortega (Alfonso Herrera) e o Padre Marcus Keane (Ben Daniels). Logo após conhecemos a família da Angela Rance (Geena Davis), que é composta por suas duas filhas, Casey Rance (Hannah Kasulka) e Katherine "Kat" Rance (Brianne Howey), e seu marido Henry Rance (Alan Ruck). Nesse episódio temos uma cena marcante da série, que é a cena do exorcismo do garoto Gabriel que está sendo executada pelo Padre Marcus - de fato é uma cena tecnicamente muito bem feita. Logo em seguida vamos conhecendo mais a respeito dos dois Padres em questão, já que temos um grande embate de ideias e opiniões entre eles, onde o Padre Marcus se mostra extremamente perturbado e traumatizado com o trágico exorcismo do garoto Gabriel. Por outro lado já observamos que o Padre Tomas se mostra inexperiente e assustado com tudo que começa a acontecer com a garota Casey. O primeiro episódio termina ao som da icônica e lendária trilha sonora clássica de "O Exorcista", "Tubular Bells", de autoria de Mike Oldfield.
No segundo episódio já temos o início de todas as suspeitas envolvendo a garota Casey, em ela estar realmente possuída ou não. Tanto que o Padre Tomas vai em busca da Igreja com auxílio de vídeos para estudar a possibilidade de um exorcismo. Novamente estamos diante de uma caso de possessão, mas que a indicação inicial não é um exorcismo e sim uma sessão se terapia, ou algo do tipo. É nesse episódio que conhecemos aquela espécie de seita que fazem chacina e roubam os órgãos das vítimas. A partir daí a série segue nos mostrando mais a respeito da história do Padre Marcus, onde ele mostra ter uma personalidade muito forte, já que ele é muito enfático em seus objetivos de conseguir algo e provar algo. Como na cena em que ele consegue arrancar de dentro da Casey a presença do demônio. Por outro lado ele é visto como impostor pela diocese, o que culmina com a sua excomunhão vindo direto de Roma, por ele ter apontado uma arma para um colega Padre e conduzir um exorcismo que resultou na morte de uma criança. Já o Padre Tomas só observa tudo acontecer de fora, como se não entendesse a gravidade dos fatos, ou não soubesse como agir por inexperiência. No terceiro episódio que temos aquelas revelações sobre o passado de Kat envolvendo a Julia e o acidente de carro. Nesse mesmo episódio temos aquela cena no metrô, onde a Casey tem uma performance que me remete a Carrie (da lendária franquia de filmes baseado no icônico livro do mestre King).
No quarto episódio é onde estamos diante da Angela pedindo por um exorcismo em sua filha para o Padre Tomas, o que já me soava bastante estranho essa sua atitude. Já o Padre Tomas inicialmente recusa o pedido da Angela, mesmo com a já autorização do Bispo. Enquanto isso a Casey é submetida à inúmeros exames médicos desnecessários, já que ela está piorando cada vez mais e o seu problema não é médico. O Padre Marcus busca mais informações com a Freira chefe do convento, e ele passa por uma espécie de treinamento de exorcismo, para que ele entenda mais sobre como lidar corretamente com o caso, sem forçar a vítima até a morte, como aconteceu com o garoto Gabriel. No fim, ele consegue realizar o exorcismo do rapaz corretamente. A partir daí, o Padre Tomas solicita a ajuda do Padre Marcus no exorcismo da garota Casey, e logo eles começam a preparar o local do exorcismo na casa da família Rance.
No quinto episódio é onde temos a primeira tentativa de exorcismo na Casey. É uma cena muito boa, até por destacar aquela maquiagem pesada na Hannah Kasulka durante a possessão, e a sua performance também se destaca nessa cena. Como sempre acontece em sessões de exorcismo, o demônio se utiliza da vítima para relembrar os traumas e o ponto fraco do Padre Tomas, como no caso da Jessica (Mouzam Makkar). Já com o Padre Marcus o demônio ataca revivendo a figura de sua mãe, que diz que deveria ter abordado ele enquanto teve chances. Nesse episódio temos aquela cena da Casey na ambulância, que é bizarra. E possivelmente a maior revelação da série; quando a Angela revela para o Padre Tomas, durante uma conversa, que ela é a lendária Regan MacNeil do clássico. Ao mesmo tempo que temos uma espécie de homenagem da icônica cena de "O Exorcista", quando o Padre desce do Táxi e se porta bem na frente da casa, dessa vez é a Chris MacNeil (Sharon Gless), a mãe da Regan, que faz exatamente esta cena ao chegar na casa da filha.
A partir do sexto episódio é onde temos a dimensão de uma provável continuação da história do clássico "O Exorcista", já que o episódio se inicia nos mostrando os flashbacks de quando a mãe da Regan usava o caso de possessão da filha para lucrar um dinheiro, sendo com livros, entrevistas de Tvs, onde claramente a Regan não se sentia a vontade, pelo contrário, ela ficava visivelmente incomodada com esta situação imposta pela mãe. Esta é uma parte da série extremamente curiosa, já que nós da velha guarda não tivemos o conhecimento desses acontecimentos após o término da possessão da Regan, até porque são fatos novos criados exclusivamente para a série. E todos esses novos acontecimentos com relação ao passado da Regan e da Chris é criado para dar o contexto do atual relacionamento entre mãe e filha, já que a Regan tem uma relação muito difícil com sua mãe, ao ponto de ter falado para sua família que ela estava morta há muito tempo, pois a Regan senti um profundo ressentimento da mãe por tê-la usada com seu caso de possessão para alavancar sua carreira de atriz e ganhar dinheiro. Diante desses novos fatos fica muito claro o porque que a Angela (Regan) acreditava que sua filha estava realmente possuída desde o início, e que não era uma problema médico, já que ela sempre foi a Regan MacNeil e já havia passado por tudo que sua filha estava passando.
No sétimo episódio temos o destaque da grande repercussão midiática que deu esse caso de possessão da Casey, onde seus familiares foram encarados quase como celebridades, ainda mais com a volta do caso Chris e Regan. Nesse episódio o Padre Bennett (Kurt Egyiawan) tem uma bom destaque. Já o Padre Tomas resolve se entregar para a Jessica, enquanto a Casey está extremamente debilitada e é finalmente exorcizada pelo Padre Marcus dentro do lago.
No oitavo episódio temos mais revelações envolvendo aquela seita demoníaca, que acaba tomando uma vaga proporção dentro da série (muito questionável, por sinal). O episódio segue com a Casey já exorcizada e se recuperando no hospital. O padre Tomas é punido e afastado pela igreja por cometer adultério, enquanto o padre Bennett cai em uma emboscada. No final desse episódio é quando, no meu ponto de vista, as coisas começam a desandar dentro da série; quando temos a cena com a Angela/Regan torcendo o pescoço de sua mãe e ela caindo da escada.
O nono episódio da série é onde temos mais dúvidas e questionamentos em relação a Angela/Regan. Ela apresenta comportamentos cada vez mais estranhos e suspeitos, na medida que ela ataca sua família fazendo todos de reféns em sua casa, e logo após ela mata a Abadessa no convento. Estaria Regan MacNeil novamente possuída pelo demônio Pazuzu? O ponto mais questionável e curioso, é quando ela afirma que dessa vez não se trata de uma possessão e sim de uma integração entre ela e o demônio. A partir daí a Regan age inteiramente como se ela e o demônio tivessem se integrado e se tornado um só - Bizarro!
O último episódio é bem fraco, a começar por aquela espécie de reunião familiar destrutiva imposta pela Regan. Acredito que a parte positiva desse episódio é unicamente com a parte final do Padre Tomas e o Padre Marcus, pois eles foram os únicos que seguraram bem o último episódio. Estou curioso para saber como será este treinamento que o Padre Marcus fará com o Padre Tomas, para que ele vire um exorcista, já que foi um pedido do próprio Padre Tomas e o Padre Marcus aceitou ficar.
Pontos positivos dessa primeira temporada:
A ideia de composição da série é boa, pois podemos perceber que inicialmente a série consegue demonstrar aquela essência que vem diretamente da franquia de "O Exorcista". Querendo ou não, ao assistir a série a gente se pega revivendo acontecimentos ligados ao filme clássico ou até a obra literária - isso é um ponto muito positivo! incluindo as partes técnicas dessa primeira temporada, que eu já destaquei anteriormente, como ambientação, fotografia, enredo e trilha sonora.
Pontos negativos dessa primeira temporada:
Começando pelo roteiro, que obviamente se divide em dois pontos, um bom e outro péssimo. O acerto inicial do roteiro está justamente em criar uma temática para a série que está diretamente inserida dentro do universo de "O Exorcista", incluindo a sua atmosfera sombria e macabra. Acredito que se a primeira temporada tivesse seguido unicamente por este caminho, que engloba uma família que teve a sua filha possuída pelo demônio nos mesmos moldes do que aconteceu com a história original, ficaria uma história muito boa e muito mais relevante e aceitável. O maior erro do roteiro, que eu considero uma péssima escolha, é o fato de optarem por construir uma ligação verdadeira com a história original e não ficar somente no terreno do inspirado/baseado, que na minha opinião seria o certo.
A partir do momento que temos a revelação de que a Angela é a verdadeira Regan MacNeil, é onde a série despenca, cai completamente de produção e relevância. Pois a partir daí, nós que conhecemos a história original vamos buscar coerência em praticamente tudo. Sem falar que apresentação da atriz Geena Davis enquanto Angela é aceitável, dentro da questão de mãe desesperada por não saber o que de fato está acontecendo com sua filha. Porém, a partir do momento que ela revela ser a Regan, ela fica péssima, com uma atuação caricata demais, canastrona demais, grotesca demais, querendo se impor, com um ar de poderosa, de soberana, que ficou absurdamente péssimo. Sem falar que essa história de integração com o demônio (ao invés de possessão) é muito ruim, mal interpretada, onde a atriz está nitidamente sofrível para conseguir se impor como um ser soberano sobre os humanos.
Continuando com os pontos negativos:
Aquela cena com a Regan integrada com o demônio se exibindo para sua família, é bizarramente ruim, desnecessária, mal planejada, mal trabalhada, com atuações sofridas e um desfecho final inteiramente questionável. Sem falar que a forçação de barra nessa cena é ainda maior quando decidem que a Regan integrada obteve poderes no maior estilo X-Men. O CGI é um ponto técnico completamente negativo. Outro ponto: tentaram elaborar algumas histórias paralelas para dar mais contexto para a temporada, que no fim ficou com desfechos rasos e perdidos; como no caso daquele grupo, que mais parece uma seita demoníaca, que ainda não mostrou a que veio, talvez na próxima temporada.
Sobre o elenco:
Alfonso Herrera (protagonista da telenovela mexicana "Rebelde") está muito bem como o Padre Tomas, pois ele conseguiu expor aquela veia de personagem inexperiente, indeciso, confuso, muita das vezes até perdido em sua própria história. Todavia, seu personagem vai em uma crescente dentro da temporada, e no fim ele se torna bastante convincente.
Ben Daniels ("House of Cards") é outro que conseguiu compor muito bem o seu personagem Padre Marcus. O Padre Marcus foi o contraponto do Padre Tomas, e ambos funcionaram perfeitamente dentro das suas proporções de roteiro. Ben Daniels conseguiu demonstrar a figura daquele Padre incisivo, categórico, enfático, que nunca se dava por vencido, que não se vendia e sempre acreditava em seus princípios. Alfonso Herrera e Ben Daniels para mim foram os dois melhores de todo o elenco da série nessa primeira temporada.
Hannah Kasulka ("The Rookie") faz um trabalho modesto que até se destaca em algumas cenas. Acredito que ela compôs bem a figura da Casey, a garota possuída, e conseguiu uma atuação convincente, principalmente nas cenas de possessão.
Brianne Howey ("Ginny e Georgia") traz uma personagem que mostrou ter bastante potencial, mas foi completamente subaproveitada. A personagem Kat se destaca apenas por ser a irmã da filha possuída da Regan MacNeil, pois ela apenas compõe o elenco, quando na verdade eu achei que ela fosse ter mais destaque baseado naquele acidente de carro.
Alan Ruck ("Succession") traz seu personagem na mesma linha da Brianne Howey, ou seja, compor o elenco familiar como o pai de família. Seu personagem Henry Rance até mostra um certo destaque, principalmente nos embates com sua esposa Angela, mas como um todo é bem vago e sem grande influência.
Sharon Gless ("Burn Notice") faz a Chris MacNeil, que na minha opinião é a personagem mais sem sentido de toda temporada. Ela chega na série com um pé na porta, ao reviver uma cena icônica do filme clássico, mas também é só. De resto ela serve como bode expiatório da Regan, troca algumas farpas com a filha, revive o passado e tem uma morte absurdamente ridícula.
Geena Davis ("Grey's Anatomy") eu já destaquei perfeitamente o que ela representa para essa temporada. Como Angela Rance ela convence e vai muito bem, como Regan MacNeil é simplesmente péssima.
Considerações finais:
Esta primeira temporada de "O Exorcista" tem seus altos e baixos, pois a série inicia dentro de uma proposta, que é reviver um universo extremamente cultuado e glorificado do maior filme de terror de todos os tempos. E até a metade da temporada a série vai muito bem dentro dessa proposta. Porém, a partir do sexto episódio a série toma um outro rumo, deixa de lado a essência e a atmosfera do filme original para embarcar em uma espécie de mitologia, indo para o campo das seitas demoníacas, saindo da possessão para a integração, e com representações de forças sobrenaturais exageradas.
Não classifico a série como desnecessária (como muitas pessoas classificaram), acho que a série tinha muito potencial, porém foi mal utilizado nessa temporada. Acredito que a série inicia dentro da proposta mas encerra como algo que nunca foi e sequer precisava seguir por este caminho. É uma boa série em que a primeira temporada consegue honrar o nome do maior filme de terror da história até os cincos primeiros episódios, pois a partir daí a série perde completamente a mão, beirando o grotesco nos dois últimos episódios. Uma pena que a série foi cancelada pela Fox em sua segunda temporada, pois eu realmente acreditava que a série poderia melhorar ainda mais. O que me resta é conferir os 10 episódios da segunda e última temporada.
- 29/03/2024
Bates Motel (5ª Temporada)
4.4 757TEM SPOILERS!
Bates Motel (5ª Temporada) 2017
A quinta (e última) temporada de "Bates Motel" teve a sua estreia em 20 de fevereiro e terminou em 24 de abril de 2017. A temporada manteve os seus já tradicionais 10 episódios (como toda a série) e foi ao ar às segundas-feiras às 22h no canal de TV americana A&E.
Enfim chegamos na última temporada da famosa série que foi pensada e idealizada como como um "prequel contemporâneo" do clássico do mestre Alfred Hitchcock - "Psicose" - de 1960. Especificamente nessa quinta temporada, a série adapta (de modo bem leve) o enredo do filme clássico em uma versão modernizada, fazendo uma releitura de alguns de seus principais acontecimentos. Por outro lado também podemos considerar que esta ação ousada dos produtores serviu como uma espécie de despedida e homenagem ao icônico filme da década de 60.
A história da quinta temporada se passa justamente dois anos após a fatídica morte de Norma Bates (Vera Farmiga), que aconteceu na temporada passada. Tudo parece caminhar bem na vida de Norman Bates (Freddie Highmore), ele tenta manter as aparências após tudo que aconteceu, sempre se mostrando feliz e já muito bem adaptado ao gerenciar sozinho o Bates Motel. Por outro lado ele tenta incansavelmente preencher o vazio deixado por sua mãe criando em sua mente doentia e degrada a figura da Norma. A partir daí Norman interage com naturalidade vendo a figura fantasmagórica da mãe em várias partes da casa. A essa altura Norman já parou de tomar seus remédios contra os seus apagões, o que agora acontece constantemente, que logo o domina completamente pela personalidade de sua mãe.
O primeiro episódio já inicia nos mostrando como a vida de outros importantes personagens da história também passaram por grandes mudanças, que é justamente o caso de Dylan (Max Thieriot) e Emma (Olivia Cooke), onde eles se casaram e vivem juntos com uma filha. O curioso aqui é o fato do Dylan ter se afastado completamente de seu irmão Norman, onde ele sequer ficou sabendo da morte de sua mãe. Outro personagem que ao longo da série foi ganhando um grande destaque e se tornou uma peça fundamental na trama, é justamente o Xerife Alex Romero (Nestor Carbonell), que no início da temporada ele se encontra cumprindo pena em um presídio da cidade.
A quinta temporada de "Bates Motel" tem um início fulminante, principalmente pelos acontecimentos da temporada passada que permeia todo ódio e fúria de Alex no presente. Alex quer vingança a qualquer custo contra Norman pelo falecimento de Norma. A partir daí vemos um Alex completamente frustrado pelo seu plano não ter saído como ele desejava em relação ao Norman. Por outro lado ele se sente fortemente confrontado pelo próprio Norman, quando ele surge no presídio como uma visita inesperada. Aqui já temos uma outra versão do Alex Romero, muito diferente daquele Xerife do início da primeira temporada. Logo outro personagem importante da história reaparece, trata-se de Caleb Calhoun (Kenny Johnson), que invade a casa de Norman e vai até o porão, onde ele encontra o corpo empalhado de Norma Bates.
A partir desse ponto da temporada temos a já esperada transformação de Norman Bates, que consiste justamente em ele tomar pra si a personalidade de sua mãe ao vestir seu vestido e usar uma peruca loira. Logo temos aquele ataque do Norman contra o Caleb, ao perceber que ele viu a figura empalhada da Norma em seu porão. E aqui temos outra surpresa na temporada, que é a chegada na casa de Chick Hogan (Ryan Hurst) bem no momento em que Norman estava vestido e atacando o Caleb. Nesse ponto do episódio temos o Norman proferindo a emblemática frase para o Chick: "agora você sabe que eu ainda estou viva". Por sinal uma cena sensacional!
Fora os protagonistas e os coadjuvantes da série, nessa última temporada temos a chegada de novos personagens secundários: como a presença de uma nova Xerife na cidade de White Pine Bay, Jane Greene (Brooke Smith). Temos a Madeleine Loomis (Isabelle McNally), que é casada com Sam Loomis (Austin Nichols), por sinal um personagem conhecido do clássico "Psicose". Sam tem um relacionamento extraconjugal com Marion Crane, que também se destaca como outra personagem clássica de "Psicose", e aqui sendo vivida pela cantora Rihanna.
Esta última temporada também se destaca pelo clima de suspense e tensão que se instala na casa de Norman enquanto ele mantém preso no porão o Caleb e divide sua atenção com Chick. Novamente preciso citar que aqui o Norman já está completamente tomado pela personalidade da mãe, e muito por acompanharmos ele sempre tomando decisões em nome da Norma, como no caso daquele projeto que que trabalha junto com Chick. E aqui eu preciso destacar o péssimo final que deram para o Caleb na série, onde o limitaram apenas como uma marionete do Norman, e o levaram a ser morto atropelado pelo Chick enquanto fugia do Norman. Isso que eu chamo de descarte de personagem que não faz mais sentido na história.
Mais uma vez temos o Norman usando uma pessoa e depois o descartando com inutilizável. Que é justamente o que acontece com o Chick, quando Norman o manda embora de sua casa, e mesmo sabendo que agora ele sabe de seus segredos envolvendo a sua dupla personalidade. Nesse ponto da história temos outro envolvimento de Norman com uma garota, que é o caso de Madeleine. E novamente somos confrontados pela aparição da figura da Norma simulando a morte de Madeleine para Norman, o que logo o deixa desesperado enquanto foge do local.
A temporada transcorre bem ao dar espaço para os personagens coadjuvantes, que também tem a sua parcela de relevância dentro de toda a história. Como no caso do Dylan revelando para Emma tudo que ele pensa sobre o Norman ser culpado pelas várias mortes que aconteceram ao longo dos anos na cidade, isso incluindo até a morte da sua própria Mãe. A partir desse ponto na temporada temos o Norman sofrendo um forte descontrole mental e confessando ser o assassino de várias mortes. Isso inclui todas as investigações que estava no momento sobre a designação da Xerife Jane. Isso também passa pelas suas recentes descobertas sobre os vários corpos que foram jogados dentro do lago. Baseado em todas essas descobertas e todas as revelações, Norman vai preso. Por outro lado Romero está incansavelmente na busca por vingança, quando ele invade a casa de Norman em sua busca, mas ele não o encontra. Romero se depara com Chick no porão da casa e o mata a sangue frio com um tiro na testa.
Dylan e Emma sofrem com os acontecimentos que desabam sobre eles. Emma cuida dos negócios da família enquanto Dylan se vê preso entre seu passado e seu futuro. Dylan fica confuso, dividido, entre aceitar/acreditar no que o Norman cometeu todo esse tempo. Já a Emma está sofrendo muito por ter descoberto o monstro que o seu cunhado é, e por ele ter matado sua mãe. E aqui temos outra cena emblemática da temporada, que é a cena em que a Emma vai até o local onde Norman está preso para confrontá-lo. Já o Romero obriga Norman a levá-lo até o local onde Norma está morta. Porém, a forma como se dá toda a sequência na cena em que o Norman mata o Romero é patética para um fechamento de história. Colocaram uma grande expectativa em cima desse núcleo para finalizarem de forma pífia. No mínimo esta cena deveria ser emblemática, afinal de contas estamos falando de uma grande rivalidade que foi se criando dentro da série. Já a parte final dos flashback com o Norman e a Norma quando estavam se mudando para começar uma vida nova é muito bom. O final foi bem interessante e trouxe um fechamento coerente com o próprio Norman, já que ao ser morto pelo Dylan ele meio que retorna para os braços de sua mãe que já estava morta. É como se finalmente eles pudessem viver, ou morrer, felizes para sempre e juntos.
Quero destacar aqui a escolha de roteiro para esta última temporada de "Bates Motel", que eu já citei acima. Achei interessante esta ousadia dos produtores em aproximar a história com uma adaptação modernizada do clássico "Psicose". A inclusão na trama dos personagens Sam Loomis e Marion Crane serviu para nos trazer uma releitura de algumas cenas do clássico. Porém, devo deixar bem claro que temos as referências do clássico sessentista mas feitas de forma diferente, com uma nova roupagem e uma liberdade criativa, que até soou interessante.
Por exemplo: temos aquela referência do clássico, que é a Marion chegando no Bates Motel embaixo da chuva e tocando a companhia do Motel fechado, logo ela vai ao lado e olha para a casa dos Bates. O personagem Sam Loomis também é outra referência do clássico, até com o envolvimento com a Marion. A cena do Motel entre Marion Crane e Norman Bates é muito boa e foi baseada nessa mesma cena do clássico, até com alguns diálogos iguais. Achávamos que a cena clássica do chuveiro se repetiria com a Marion Crane, igual no clássico, mas dessa vez foi o Sam a vítima de Norman Bates na cena clássica do chuveiro de "Psicose". Eu confesso ter gostado dessa cena, por mais que entendo a frustração de outras pessoas que desejariam a releitura original do clássico, mas entendo a mudança e a liberdade criativa no quesito imprevisibilidade.
Os pontos fracos da temporada:
Um ponto que ao longo de cada temporada eu sempre reclamei, que são justamente as tramas secundárias da série, aqui elas voltam a incomodar. Não chegam a interferir tanto como nas duas primeiras temporadas, mas elas estão presentes e de certa forma bem irrelevantes. Eu diria que a trama secundária envolvendo a Madeleine, o Sam e a Marion é bem desinteressante e claramente não mantêm o mesmo nível da história principal. A temporada final acaba correndo demais em vários pontos para dar a conclusão para a história, porém se esqueceram de serem coerentes com várias pontas que ficaram soltas na história como um todo. Posso citar o caso do psiquiatra do Norman que acabou sendo esquecido na história final. O próprio Caleb foi totalmente subaproveitado e teve um final deprimente. O Chick foi um personagem no começo da série e terminou sendo outro totalmente diferente com seus desejos e opiniões, o que me deixou um tanto quanto confuso. No começo o Chick era um personagem decidido a dar fim no irmão da Norma e na última temporada ela meio que se oferece para ser aceito na casa pelo Norman e passa a "cuidar" dele. Confesso que essa mudança de chave no personagem não me agradou. Sem falar que o Chick tinha aquelas suas fitas e o livro, que também foi completamente esquecido no final.
Como o tema do empoderamento feminino está em bastante evidência, eu compreendo algumas tomadas de decisões na série e na temporada, principalmente envolvendo personagens como a Marion Crane e a Madeleine Loomis. Os personagens Dylan e Emma já estiveram em melhores posições de destaques dentro da série, porém especificamente nessa última temporada as participações de ambos chega a ser deprimente. O Dylan toma atitudes controversas e impensáveis, agindo por impulso próprio quanto ao confrontar o Norman. A Emma é a mais triste da temporada, sua participação é completamente abaixo de tudo que ela já entregou na série. A Emma não faz a menor diferença na temporada, se limitando a algumas cenas envolvendo a descoberta da morte de sua mãe, mas no geral ela é uma coadjuvante totalmente escanteada na trama - uma pena!
Alex Romero é tão mal utilizado nessa última temporada que chega a dar pena de seu personagem e do seu desfecho final. Volto a falar que a forma como ele morreu foi tão pífia que soa como um desrespeito com o personagem de Nestor Carbonell.
Já a Vera Farmiga, com a sua impecável Norman Bates, tem sempre uma participação irretocável dentro da série, e aqui chama a atenção por ela ter passado a temporada inteira sempre atuando como uma presença ilusória na história.
Freddie Highmore é sem dúvida o maior destaque da temporada e de toda a série (juntamente com a própria Vera Farmiga). É incrível e assustador a interpretação de Freddie na figura do Norman Bates, a sua entrega para o personagem, a sua dramaticidade, a sua desconstrução e degradação psicológica. Realmente é um trabalho impecável e com um grande final do personagem.
Tecnicamente e artisticamente a série beira a perfeição:
Temos uma trilha sonora muito bem performada em cada episódio, e que dizia muito sobre o que aquele episódio estava tratando. A fotografia é muito fiel com a proposta modernizada de uma série que tem como princípio um clássico dos anos 60. A direção de arte da série é muito bem conduzida, deixando cada ponto, cada cenário, cada item de cena com um padrão próprio. O trabalho cenográfico e de direção é outro grande acerto da série, mostrando o talento e a competência de cada diretor que conduzia a história.
A quinta temporada de "Bates Motel" recebeu 81 de 100 do Metacritic, com base em 8 avaliações. O Rotten Tomatoes informou que 8 em 8 respostas críticas foram positivas, com média de 100% da classificação. No geral, a quinta temporada de "Bates Motel" teve uma média de 1,29 milhão de espectadores, com uma classificação de 0,5 na faixa demográfica 18-49.
Por fim, a já lendária e aclamada série de TV "Bates Motel" chega ao seu final, ao seu fechamento de ciclo. Como um todo eu gostei demais da série, ela soube se reinventar e entregar algo novo tirado de um clássico antigo e renomado. Acredito que toda produção da série soube inovar bem no quesito modernização de uma história, até ousando em certos pontos que soa como uma referência e uma homenagem para a obra-prima divina do mestre Alfred Hitchcock.
Especificamente nessa última temporada a série tem seus altos e baixos, tem seus erros e seus acertos (o que é normal), mas consegue entregar uma temporada muito boa, que atinge o objetivo da missão de recontar a incrível história de Norman Bates por uma outra visão, com uma nova perspectiva, o que deixa ainda mais interessante. Sem falar no final, que na minha opinião foi fantástico, entregando a sua forma poética de representar aquele vínculo afetivo entre mãe e filho, por mais diferente que seja. Um verdadeiro final catártico e apoteótico! [17/12/2023]
Bates Motel (4ª Temporada)
4.4 722TEM SPOILERS!
Bates Motel (4ª Temporada) 2016
A quarta temporada de "Bates Motel" estreou em 7 de março de 2016 e terminou em 16 de maio de 2016. A temporada continua com o padrão de 10 episódios e foi ao ar às segundas-feiras às 21h pela A&E.
Posso afirmar aqui que as duas primeiras temporadas da série funcionou basicamente como uma apresentação de personagens, mais propriamente um desenvolvimento do Norman Bates (Freddie Highmore) e da sua mãe, Norma Louise Bates (Vera Farmiga). De certa forma a série estava tentando se achar como uma série moderna inserida em todo o universo do clássico "Psicose". Na terceira temporada a série começa a tomar um novo rumo, na verdade a série começa a trilhar o caminho principal de toda a história, e passa a focar ainda mais nos indícios psicóticos de Norman Bates. Esta quarta temporada se destaca como a melhor temporada da série até aqui, e muito por mergulharmos de vez no estágio mais crítico da relação tóxica e doentia entre Norman e Norma. É uma temporada que abrange diretamente o embate entre mãe e filho, e nos mostra todas as facetas de um Norman muito inteligente porém extremamente cético e manipulador para conseguir alcançar os seus principais objetivos.
A temporada já inicia nos mostrando os resquícios do final da temporada passada, onde temos o Xerife Alex Romero (Nestor Carbonell) desovando o corpo de Bob Paris (Kevin Rahm), que ele mesmo matou, em um barco no mar. Norman está desaparecido de casa desde o final da temporada passada, quando ele matou a Bradley Martin (Nicola Peltz) e disse que voltaria a pé para sua casa. Exatamente nesse ponto do primeiro episódio que Norman se mostra totalmente descontrolado e desequilibrado, onde sua liberdade passa a ser considerada como uma ameaça para a sociedade, caso Norma não o interne em uma clínica psiquiátrica. Já pelo outro lado da história temos a Emma Decody (Olivia Cooke), que está internada em um hospital em Portland pronta para realizar seu transplante de pulmão.
Este primeiro episódio já se destaca como muito importante e bastante revelador para o contexto de toda a história. Pois é justamente nele que temos o aparecimento repentino de Audrey Ellis (Karina Logue), a mãe que abandonou a Emma enquanto ela era uma criança doente. Interessante que Audrey tem uma pequena participação na história, pois no final do episódio o Norman já mata ela enforcada. Porém, o que chama a atenção é justamente o envolvimento que Audrey criou e como ela se torna um dos pilares centrais para o desentendimento entre Norma e Norman.
Podemos considerar que finalmente Norma percebe que o caso do seu filho é sério e que ele precisa de ajuda médica. Já que Norman passa a ter um comportamento que afeta diretamente a relação com a mãe e sempre a deixa extremamente irritada. Aqui entra um ponto bastante curioso na temporada, que é justamente esse abrupto casamento entre Romero e Norma, já que ela precisava de ajuda com o plano de saúde para conseguir a internação do Norman na clínica psiquiátrica Pineview. A princípio podemos notar que este casamento é totalmente de fachada, já que era por puro interesse por parte da Norma, mas com o tempo eles vão se entendendo e acabam realmente se apaixonando. Norman atinge o ápice do seu surto psicótico contra Norma, ao apontar uma arma para ela, e o Romero o encaminha para o instituto.
Esta temporada funciona muito bem em mesclar a trama principal envolvendo o Norman, a Norma e o Xerife Romero, com a subtrama do Dylan (Max Thieriot) com a Emma. Emma já fez a sua cirurgia e tudo foi um sucesso. E aqui temos uma cena muito boa, que é justamente a cena em que a Emma retira os aparelhos de respiração após a cirurgia e vemos o quanto o Dylan se preocupa com ela, quando ele fica desesperado com ela não respirando. Dylan pensa em seu futuro com a Emma, já que seu relacionamento começa a fluir. Realmente ele está pensando em abandonar o ramo dos negócios com maconha e viver este romance.
Na clínica o Norman começa apresentando bastante resistência em seu tratamento com o Dr. Edwards (Damon Gupton). Porém com o tempo ele passa a aceitar as novas circunstâncias que lhe é designado. Sinceramente eu não acho que Norman aceitou, ele simplesmente está usando todo o seu poder de manipulação, principalmente com o Dr. Edwards. Podemos observar justamente essa questão quando Norman começa a agir com naturalidade as exigências da clínica, e principalmente quando ele conhece aquele seu novo "amigo" e juntos embarcam em uma aventura ao fugir da clínica. De qualquer forma logo Norman entra em outro surto psicótico e revela alguns dos seus segredos ao Dr. Edwards, e vai ainda mais além, quando ele decide denunciar sua mãe em relação as mortes que ocorreram. Norman revela que acredita que todos os assassinatos dos quais ele é o autor foram, na verdade, cometidos por sua mãe, quem realmente precisava de ajuda era ela, e não ele. Esta é uma cena emblemática em toda a série.
Outro ponto que a temporada aborda, e parece bem interessante, é esse relacionamento íntimo e de negócios que o Xerife Romero mantinha com a gerente do Banco Rebecca Hamilton (Jaime Ray Newman). Rebecca era a responsável em lavar o dinheiro para o Bob Paris. Ela revela ao Romero que Bob deixou uma grande quantia no banco, e que ela tem uma das chaves do cofre enquanto ele tem a outra (e realmente ele tinha). A partir desse envolvimento, a DEA passa a usar a Rebecca e passa a levantar uma investigação criminal que ameaça a vida de Romero.
O personagem Chick Hogan (Ryan Hurst) entre em cena ao perseguir a Norma em uma loja. Por fim, Chick revela tudo sobre Caleb (Kenny Johnson) para Norma, explicando para ela tudo que Caleb fez com ele. Norma fica preocupada com o que poderá acontecer com Caleb e ameaça Chick. Pegando este gancho, Norma revela a verdade para Romero sobre seu irmão Caleb ser o pai de Dylan. Ela também revela que teve um relacionamento com ele durante anos e ela o amava, porém quando ela quis terminar tudo ele não aceitou e estuprou ela. Uma cena bem chocante, por sinal.
A estadia de Norman na clínica parecia correr bem até ele descobrir, através de recortes de jornais, que sua mãe havia se casado com o Xerife Romero. Imediatamente a chave em sua cabeça muda e Norman quer deixar a clínica de qualquer forma. Norman é extremamente manipulador e persuasivo, e ele usa de todos os seus meios para convencer o Dr. Edwards que precisava voltar para casa para ficar ao lado de sua mãe, que isso seria muito benéfico para ele e o ajudaria ainda mais no tratamento. Após o Norman fazer todo um teatro ele convence o Dr. Edwards a assinar a sua liberação da clínica. Romero não ficou nada feliz pela a Norma aceitar que o Norman voltasse para casa, ainda mais agora com ele morando com ela. A presença de Norman em casa incomoda muito o Romero, e a Norma fica dividida entre os dois, tentando agradar os dois. E realmente Norman está decidido por um fim no casamento de sua mãe com o Xerife, pois ele foi confrontar pessoalmente o Romero para pedir que ele se divorciasse de sua mãe. O maior erro da Norma como mãe é proteger demais o seu filho, como se ele fosse um cristal que vai se quebrar a qualquer momento. Essa proteção excessiva atrapalha em seu crescimento e desenvolvimento como uma pessoa adulta.
No oitavo episódio temos uma reedição de uma cena clássica de "Psicose": que é a cena com o Norman olhando pelo buraco da parede no Motel a sua mãe transar com o Romero. Na hora eu peguei toda a referência da obra-prima do mestre Hitchcock.
O nono episódio revela como o Romero e o Dylan pretendiam se unir para forçar uma nova internação do Norman, mesmo contra a vontade da Norma. Norman está conseguindo manipular a mãe com relação ao seu casamento com o Romero, ou ela está deixando ser manipulada, mesmo sabendo as reais intenções do filho. A obsessão do Norman pela Norma é tanto, que ele fechou todas as entradas e saídas de ar da casa, ligou o forno no porão e soltou uma espécie de gás venenoso saindo unicamente embaixo da cama onde ele e a mãe dormiam. A ideia dele era se matar e matar a própria mãe enquanto dormiam. O Romero chega na casa e quebra a janela para entrar um pouco de ar mas já era tarde. Norman acorda porém sua mãe não.
O último episódio da temporada é magnífico, facilmente o melhor episódio da temporada e um dos melhores de toda a série. Temos o Norman planejando um evento especial para o velório da Norma. Também somos informados que a intoxicação por monóxido de carbono foi o que matou a Norma, causado pelo Norman, e esta substância pode afetar a memória. A guerra entre Romero e Norman está declarada, ele quer tentar de qualquer jeito provar que o Norman é o responsável pela morte da mãe. Norman parece conseguir manipular todos em sua volta, menos o Romero, que é astuto, inteligente e muito sagaz. Os últimos eventos na temporada do Xerife Romero consiste em como ele é pressionado pelos seus atos no passado, o que acaba fechando o cerco e ele acaba terminando a temporada sendo preso.
O final do episódio é catártico, pois ele nos mostra como ocorreu toda a libertação de tudo que estava reprimido entre sentimentos e emoções do Norman em referência com sua mãe. A partir daí temos uma excelente sequência de cenas; que é justamente quando o Norman vai até o cemitério e desenterra o corpo da Norma e a leva para casa. Logo temos uma cena completamente bizarra e bem mórbida, onde o Norman cola os olhos da defunta da mãe. Agora ele passa a conviver com a presença dela morta como se estivesse viva, e conversando com ela normalmente e constantemente, algo bastante natural para ele. Esta parte segue bem um roteiro se baseando na história original, tanto do clássico dos anos 60 quanto da obra-prima da literatura de Robert Bloch.
Sobre o elenco:
Não tem como mais elogiar e enaltecer a Vera Farmiga em "Bates Motel". Ela já atingiu um ápice de excelência inimaginável dentro da série.
Já o Freddie Highmore sempre esteve em uma ótima performance em cada temporada, porém nessa quarta ele atinge um grau superior, o ápice do seu personagem, se destacando em todas as cenas. Incrível como o Freddie cresce de produção em cada temporada, e aqui ele entrega um nível de dramaticidade muito fiel com o contexto do seu personagem.
Max Thieriot tem uma temporada bem apagada, em comparação com os seus maiores destaques nas temporadas passadas. O roteiro dessa temporada não contribuiu com o Dylan, o limitando em poucas participações na trama central.
O mesmo vale para a Olivia Cooke, que também tem uma temporada bem discreta, se limitando apenas em torno do seu transplante e recuperação morando em outra cidade com o Dylan.
Nestor Carbonell está em sua melhor temporada na série. É completamente incrível o crescimento absurdo em questão de relevância que o Xerife Romero tomou. Em contrapartida a sua atuação só melhora e cada vez mais nos surpreende. Acredito que o ápice de sua performance será exatamente na quinta temporada, com a guerra declarada contra Norman Bates. Nestor Carbonell é um ator excelente.
Ryan Hurst tem uma participação menor na temporada porém extremamente importante para o seguimento na quinta temporada. Eu estou muito curioso em como será a participação do Chick na última temporada.
Já o Kenny Johnson foi completamente esquecido nessa temporada, e eu que pensei que o Caleb teria participações cruciais nessa quarta temporada.
Parece que finalmente os roteiristas aprenderam a dar o maior foco e o maior destaque para a trama principal e deixar de lado as inúmeras subtramas paralelas. Este foi o maior erro das duas primeiras temporadas, o fato de querer contar várias histórias todas ao mesmo tempo e no fim não desenvolver bem nenhuma. Na minha opinião as histórias paralelas foram trazidas para a série apenas como uma válvula de escape, para chamar a atenção do espectador para outros rumos na história e não focar unicamente em torno do Norman e da Norma (apesar de esse ser o nosso principal interesse na série). As tramas secundárias nunca conseguiram atingir o mesmo grau de excelência dos eventos envolvendo os dois protagonistas. Na terceira temporada essas subtramas já haviam sido bem reduzidas e nessa quarta elas perderam ainda mais as suas forças. Por mais que ainda temos alguns desdobramentos paralelos na história, mas eles são bem pequenos e não interferem tanto como antes.
Outro ponto que não foi diretamente revelado nessa temporada, mas eu cheguei na conclusão: lá no começo da série foi levantado toda a questão que envolvia a construção da nova estrada que desviaria o fluxo do Bates Motel, e que obviamente a Norma Bates era contra. Ela chegou a lutar na prefeitura e comprou uma grande briga por esta causa. Porém, esse assunto não foi mais discutido na série, o que me leva a crê que a Norma perdeu a disputa e a estrada foi realmente construída.
A quarta temporada de "Bates Motel" recebeu elogios da crítica da televisão e foi indicada para dois Primetime Creative Arts Emmy Awards. Também ganhou três prêmios People's Choice Award por drama de TV a cabo, atriz de TV a cabo (Vera Farmiga) e ator de TV a cabo (Freddie Highmore). A quarta temporada do Bates Motel manteve classificações consistentes ao longo de sua exibição, com a estreia da temporada atraindo 1,55 milhão de espectadores e o final totalizando 1,50 milhão.
A temporada foi recebida com elogios da crítica. A temporada teve uma classificação 100% positiva no site agregador de críticas Rotten Tomatoes, com base em 17 respostas de críticos de televisão.
A série "Bates Motel" finaliza mais uma temporada em alto nível. A quarta temporada é de longe a melhor de toda a série até aqui. E muito por trazer uma temporada mais centrada, mais enxuta, mais focada na trama central, sem ficar vagando perdida em tramas paralelas e desinteressantes.
O que vimos até aqui foi a construção de um relacionamento entre mãe e filho baseado na obsessão, no extremismo, na devoção, na adoração, onde logo foi desenvolvido um relação tóxica e doentia. Uma demonstração de amor excessivo e corrosivo que se transformou em ódio, loucura e manipulação extrema.
A quinta (e última) temporada promete demais, pois será a primeira temporada sem a presença real da Norma Bates, o que trará um grande impacto para a trama central. Também será a primeira temporada em que teremos um Norman agindo "teoricamente sozinho", com suas escolhas e suas decisões tiradas de uma mente totalmente deturpada e psicótica.
Sem falar que nessa última temporada teremos o ápice do Norman, onde ele demonstrará toda a sua psicopatia e sua dupla personalidade. Ou seja, será na quinta temporada que Norman agirá da forma que conhecemos no clássico dos anos 60; quando o saudoso Anthony Perkins se consagrou como um dos maiores maníacos e psicopatas da história do cinema. Dessa vez o bastão foi passado para o talentosíssimo Freddie Highmore, e eu quero conferir como será a sua apresentação final na pele do lendário e icônico Norman Bates.
[27/10/2023]
Bates Motel (3ª Temporada)
4.3 608TEM SPOILERS!
Bates Motel (3ª Temporada) 2015
A terceira temporada de "Bates Motel" é novamente constituída em 10 episódios e foi transmitida pela A&E de 9 de março a 11 de maio de 2015, com exibição às segundas-feiras às 21h.
Na primeira e na segunda temporada de "Bates Motel" tivemos o início e o desenvolvimento da psicose de Norman Bates (Freddie Highmore). Ou seja, podíamos notar os primeiros indícios do seu lado psicótico, que de fato ainda acontecia em casos mais raros. Nessa terceira temporada esse quadro se agrava ainda mais, ficando cada vez mais específico e tomando uma proporção ainda maior. Norman passa a sofrer apagões mais constantes e passa a ter vagas memórias de suas ações nos momentos desses apagões. É como se ele sofresse para distinguir as criações de sua mente daquilo que realmente aconteceu.
O primeiro episódio já inicia de forma bastante peculiar com uma cena intrigante do Norman dormindo na cama com a Norma (Vera Farmiga), o que deixa o Dylan (Max Thieriot) incomodado ao presenciar esta situação. E mais bizarro ainda é o fato do Dylan confrontar a Norma sobre o caso e ela simplesmente dizer que acha isso tudo normal. É justamente nessa temporada que passamos a observar um comportamento cada vez mais estranho do Norman com sua mãe. Era como se o Norman sentisse algum tipo de desejo pela mãe, e ela em contrapartida acaba contribuindo para esse seu comportamento. Outro fato intrigante é justamente a cena em que a Norma recebe um telefonema informando que sua mãe havia falecido, e ela fica incomodada mas reage naturalmente como se não se importasse. E é muito curiosos a Norma dizer que não liga para o fato da morte de sua mãe por já ter 20 anos que não fala com ela, porém ela sofre com essa notícia por algum trauma do passado.
Norman ainda não superou a morte da professora Blaire Watson (Keegan Connor Tracy) e não consegue voltar para a escola, porém sua mãe o obriga. Várias plantações de maconhas da cidade foram queimadas pela narcóticos. Muito estranha essa atitude do Norman em querer namorar com a Emma (Olivia Cooke) agora, depois de tanto tempo. Eu acho que isso foi uma atitude tomada por pena dela, por ela ter informado que sua doença progrediu bastante. Norman decide largar a escola e passar a estudar em casa, sendo uma atitude apoiada pela sua mãe. Emma toda encantada pelo início do namoro também decide seguir os mesmos passos do Norman e também abandona a escola. Uma hóspede misteriosa chega no Motel e deixa o Norman bem impressionado. A garota se chama Annika Johnson (Tracy Spiridakos) e acaba revelando para o Norman que ela é uma garota de programa e está na cidade por causa de uma festa.
Temos o primeiro mistério da temporada: o desaparecimento de Annika. Como sempre acontece, o desaparecimento da moça levanta uma grande tensão na cidade. O fato do Norman ter retornado para o Motel no carro da moça deixa a Norma com vários pensamentos em relação ao seu filho. Norma vai investigar o local da festa que Annika disse que iria e acaba descobrindo a verdade sobre o Arcanum Club. A relação de Dylan e Caleb (Kenny Johnson), que retornou para a cidade após a morte de sua mãe, não está nos melhores dias. E pra piorar a situação, eles encontram um vizinho bem misterioso. O Xerife Romero (Nestor Carbonell) vai embora do Motel pelo fato da sua casa ter ficado pronta após 3 meses de hospedagem. Norma fica visivelmente chateada com a partida de Romero.
Como o Norman foi a última pessoa que esteve com a Annika antes de seu desaparecimento, o Xerife Romero decide investigá-lo. Norma hesita quando Romero faz perguntas complicadas a Norman. Norman está sofrendo uma pressão psicológica muito grande da mãe, ao ponto de deixá-lo completamente transtornado. A partir daí temos algumas revelações curiosas na temporada; como o fato do Xerife Romero conhecer o seu adversário para reeleição. Um corpo de uma garota misteriosa foi encontrado boiando em um lago da cidade, o que fatalmente pensaríamos que pudesse ser o corpo de Annika. Mas não era o corpo de Annika, era de outra garota, já que Annika reaparece no Bates Motel gravemente ferida e entrega um pen drive para a Norma e morre ali mesmo em seus braços.
A cidade de White Pine Bay continua com suas mortes misteriosas. O Xerife Romero investiga as mortes misteriosas de Lidsay e Annika, as duas garotas assassinadas que trabalhavam no Arcanum Club. Segredos enterrados vêm à tona para Caleb e Dylan. Norma decide voltar para a faculdade e acaba conhecendo o professor James Finnegan (Joshua Leonard). James por sua vez acaba se envolvendo com Norma e passa a conhecer um pouco dos seus problemas familiares, o quê ele se arrependeu mortalmente. A relação do Xerife Romero com a Norma tinha tudo para dar certo, mas a constante desconfiança dele sobre ela e o Norman impossibilita essa aproximação. E o fato da própria Norma querer acobertar o filho a todo custo acaba dificultando cada vez mais essa aproximação.
Em cada temporada temos a figura de um vilão, aquele maioral que dá as cartas na cidade de White Pine Bay. Nessa temporada esta figura é o misterioso Bob Paris (Kevin Rahm). Bob é o dono do Arcanum Club, que dá grandes festas na cidade regado a orgias sexuais e várias personalidades importantes. Mais tarde descobrimos que Bob é o homem responsável pela morte das duas garotas, além de ter colocado um concorrente ao posto de Xerife no caminho de Romero, e ter planejado uma tentativa de assassinato do próprio Romero. A principal subtrama da temporada consiste no Bob Paris em resgatar aquele pen drive que a Annika deu para a Norma em seu leito de morte. Este pen drive possui um conteúdo sigiloso que envolve todo o reinado de Bob Paris na cidade.
Por outro lado, Dylan faz uma tentativa de pedir para a Norma considerar falar com seu irmão Caleb. Esta tentativa não deu certo, já que a Norma ficou revoltada e acabou saindo de casa. Norma realmente considera uma vida fora de White Pine Bay, deixando Norman em uma posição vulnerável. Com a saída da Norma de casa, Norman ficou completamente transtornado, o que aproximou Dylan e Emma quando ambos se uniram para ajudar o Norman. O Xerife Romero descobre sobre a sua tentativa de assassinato e assim ele consegue ir atrás do seu concorrente no cargo de Xerife e matá-lo (uma cena espetacular, diga-se de passagem). Norma se encontra totalmente desequilibrada e perdida emocionalmente. Aquela cena com ela indo até o Caleb e o perdoando diz muito a respeito.
Preciso destacar uma cena do sexto episódio: que é a cena com a Norma chegando na agência de carros e pedindo para trocar seu carro. Logo me lembrou a mesma cena que aconteceu no filme clássico de 1960.
Com a aproximação de Dylan e Emma, ele acaba descobrindo notícias chocantes sobre a saúde de Emma. Emma precisa de um transplante de pulmão urgente ou poderá morrer e Dylan está tentando ajudá-la. Caleb e Dylan aceitam um trabalho que envolve certo risco. Dylan pretende vender toda a entrega de maconha para o transplante de pulmão da Emma. Incrível como Norman sente ciúmes das pessoas que a Norma dorme, como ele implica com ela, sente desejos sexuais por ela, e ainda olha seu corpo de relance.
Surpreendendo um total de zero pessoas, Bradley Martin (Nicola Peltz) está de volta. Esta volta de Bradley na série é bem questionável, e ela volta a atormentar o Norman com as suas loucuras. Dylan dá 50 mil dólares para o pai da Emma para a sua cirurgia. Emma tem uma reação surpreendente a notícias aparentemente positivas sobre sua chance de fazer o transplante de pulmão, mas ela não sabe que foi o Dylan que pagou. Parece rolar uma química entre o Dylan e a Emma, e finalmente rola um beijo entre eles. Eu acho que o Dylan se mostrou muito mais preocupado com o estado de saúde da Emma do que o Norman. Disto isto: eu prefiro muito mais o casal Emma e Dylan do que Emma e Norman.
Norma chega ao limite com os problemas de Norman e decide que quer interná-lo em uma clínica psiquiátrica. No final da temporada temos a morte de Bob Paris pelo Xerife Romero. Também temos Norman em um estado psicótico quando incorpora sua mãe e mata a Bradley. No final Norman faz exatamente como no filme clássico: ele coloca o corpo da Bradley no porta-malas do carro e o empurra até um lago. E assim termina a terceira temporada de "Bates Motel".
Um dos principais problemas das temporadas anteriores era exatamente na questão do roteiro, por querer contar várias histórias todas ao mesmo tempo e no fim não desenvolver bem nenhuma. Especificamente nessa temporada não temos este problema relacionado ao número de histórias paralelas desnecessárias. Temos algumas subtramas, é claro, como no caso do Bob Paris e sua incansável busca pelo pen drive. Que sim, foi uma história paralela bem desnecessária e totalmente cansativa, por se repetir demais. Mas eu confesso que no geral esta terceira temporada é mais direta ao ponto, é mais centrada na trama principal, que é justamente o desenvolvimento tóxico do Norman e da Norma. A história principal de "Bates Motel" tem uma alavancada nessa temporada justamente pelos problemas mentais de Norman se aflorarem e ele ficar cada vez mais descontrolado.
Porém, o excesso de personagens desnecessários é um ponto que me incomoda bastante na série. Nessa terceira temporada não é diferente, temos vários personagens desnecessários, que são trazidos para a série apenas para servirem de muletas para o desenvolvimento de uma história de um personagem principal da série. Como no caso das personagens Lidsay e Annika, e aquele postulante ao cargo de Xerife da cidade, que serviram de muletas para o encaixe do personagem Bob Paris na temporada. Bob Paris por sua vez é mais um personagem desnecessário que mantém aquele legado de vilão de temporada que é sempre morto no final. Na primeira temporada foi o Jake Abernathy (Jere Burns), na segunda temporada foi o Nick Ford (Michael O'Neill) e nessa temporada é o Bob Paris.
Uma personagem que foi extremamente importante na série, que teve a sua época, e que foi trazida de volta nessa temporada se tornando uma personagem completamente desnecessária, é exatamente a Bradley Martin. Quando a Bradley foi embora da cidade o seu retorno era só questão de tempo, e eu tinha certeza que isso mais cedo ou mais tarde iria acontecer. Bradley teve o seu auge e a sua relevância nas temporadas passadas, principalmente na segunda temporada, mas a sua volta nessa terceira temporada foi completamente infundada e desnecessária, servindo apenas para compor mais uma morte do Norman. Eu não duvido nem um pouco se nas próximas temporadas não irão trazer de volta a Cody Brannan (Paloma Kwiatkowski) para servir de vítima para o Norman.
Sobre o elenco:
Vera Farmiga como sempre é o principal destaque da temporada e da série. Em cada temporada é cada vez mais notável o seu crescimento e o desenvolvimento impecável de sua personagem Norma Louise Bates.
Freddie Highmore só cresce na série cada vez mais. Incrível como o Freddie vem em uma constante crescente, em uma constante evolução, que só melhora e nos surpreende em cada temporada. Especificamente nessa temporada a dupla Vera Farmiga e Freddie Highmore estão com mais sintonia e com mais química, cujo as cenas onde ambos estão contracenando juntos é tomada por um forte clima de tensão e desconforto para nós espectadores.
Max Thieriot ganha mais espaço na trama e logo seu personagem ganha mais destaque pelo o local que ele ocupa na série.
O mesmo vale para o Nestor Carbonell, que também se destaca em razão da importância que seu personagem tem com os vários problemas que surgem ao longo da temporada.
Olivia Cooke continua na mesma linha da temporada passada, com uma participação mais contida, mas eu confesso que fiquei bastante animado com as possibilidades da personagem para a quarta temporada. Já que agora temos uma aproximação da Emma com o Dylan e logo ela fará o transplante de pulmão.
Kenny Johnson finalmente consegue conquistar o seu espaço na série, e algo me diz que ele será importante nas próximas temporadas.
E pra finalizar o elenco, Nicola Peltz, que voltou para a série apenas para compor o final da temporada com o Norman liberando toda a sua fúria e descontrole do seu lado psicótico.
A terceira temporada de "Bates Motel" recebeu 72 de 100 da Metacritic, com base em 5 críticas de críticos de televisão, indicando "críticas geralmente favoráveis". O Rotten Tomatoes relatou que 11 das 12 respostas críticas foram positivas, com média de 92% da classificação." O episódio de estreia da temporada atraiu um total de 2,14 milhões de telespectadores. Por suas atuações nesta temporada, Vera Farmiga e Freddie Highmore foram indicados ao Critics' Choice Television Awards de Melhor Atriz e Melhor Ator em Série Dramática, respectivamente. A terceira temporada ficou em quarto lugar na lista de final de ano dos principais programas ao vivo + 7 dias da Nielsen, ganhando uma média de 201,8% de espectadores em DVR.
Tecnicamente a temporada também se destaca:
A trilha sonora é boa e agrega bastante na história. A fotografia se sobressai em cada cena apresentada. A direção de arte é muito bem representada. A edição é muito boa, assim como a mixagem de som. Cada detalhe técnico conta muito para a qualidade da temporada e consequentemente da série.
A terceira temporada de "Bates Motel" melhora em relação as temporadas anteriores. E muito dessa melhoria se dá exatamente por focar mais na trama central e deixar um pouco de lado as inúmeras histórias paralelas e desnecessárias. A temporada também se sobressai na questão da construção e no desenvolvimento do Norman Bates, que se mostra cada vez mais psicótico e insano, que vai perdendo o seu autocontrole gradativamente com o passar do tempo. No começo o Norman se mostrava assustado e coagido pelos seus apagões e a sua dupla personalidade, agora ele já parece dominar o seu caráter imprevisível, dúbio, e parece cada vez mais a vontade ao explorar a sua mente psicótica.
Esta temporada é também a responsável em nos elucidar sobre o comportamento e as atitudes da Norma Bates em relação ao seu filho. Que logo nos mostra quem é a verdadeira personalidade psicopata da história.
Acredito que agora a série irá crescer cada vez mais nas próximas temporadas. Potencial sempre teve, só não estava sendo totalmente explorado. [12/10/2023]
Bates Motel (2ª Temporada)
4.2 647TEM SPOILERS!
Bates Motel (2ª Temporada) 2014
A segunda temporada de "Bates Motel" teve novamente 10 episódios e estreou na TV a cabo A&E em 3 de março de 2014. A temporada foi ao ar às segundas-feiras às 21h e foi concluída em 5 de maio de 2014.
Em sua segunda temporada, "Bates Motel" continua na mesma linha da temporada passada, porém constrói uma história mais complexa e com várias subtramas. Temos novos conflitos que envolve, dessa vez, duas famílias que controlam as plantações de maconha da cidade de White Pine Bay. Dentro desse contexto, Norma (Vera Farmiga), Norman (Freddie Highmore) e Dylan (Max Thieriot) se encontram em situações delicadas.
A segunda temporada gira em torno de situações distintas: Norman fica obcecado em uma espécie de trauma pessoal referente à morte da professora Blaire Watson (Keegan Connor Tracy), que aconteceu no final da temporada passada. O passado sombrio de Norma se volta contra ela com o aparecimento de seu misterioso irmão. Bradley Martin (Nicola Peltz) está obcecada na busca pelo verdadeiro assassino de seu pai. Emma Decody (Olivia Cooke) vive seu drama pessoal ao se sentir excluída da família Bates, e logo se envolve em um novo interesse amoroso. Já o Xerife Alex Romero (Nestor Carbonell) se vê ameaçado ao ser perseguido e descoberto em suas investigações.
O primeiro episódio é muito bom e já se destaca relevando alguns segredos que até então estavam guardados:
Norman não se conforma com a morte da Sra. Watson e não consegue se desprender desse acontecimento, passando a visitar seu túmulo no cemitério constantemente. Isso, claro, incomoda muito a Norma. No enterro da Sra. Watson o Norman chora copiosamente, talvez por culpa ou por remorso. Assim como o cinto do Keith Summers, Norman também guarda o colar da Sra. Watson. Bradley está totalmente descontrolada e transtornada pela morte do pai, o que a leva a tentar um suicídio ao se jogar de uma ponte, principalmente pelo fato dela ter descoberto que o seu pai estava tendo um caso com a Sra. Watson. Nesse ponto é interessante nos atentarmos que Bradley havia encontrado algumas cartas de amor que seu pai estava trocando com uma mulher que se identificava apenas como "B" (Blaire Watson). Norman está cada vez mais se dedicando ao empalhamento de animais no porão de sua casa. Bradley recebe alta do hospital psiquiátrico em que estava internada e quer buscar vingança contra o assassino de seu pai. E aqui temos um final de episódio surpreendente, que é justamente a Bradley indo até a casa de Gil Turner (Vincent Gale) e o matando com um tiro na testa. Ela havia descoberto que ele era o assassino de seu pai.
O segundo episódio mostra a Norma preocupada com aquela obsessão doentia de Norman pela morte da Sra. Watson, o que a leva a convencê-lo a participar de uma peça musical na cidade. Após ter matado o assassino de seu pai, Bradley se vê desesperada e busca a ajuda de Norman, que a esconde no porão de sua casa. Ela quer a ajuda de Norman para fugir da cidade, e com isso o Dylan, atendendo um pedido de Norman, ajuda ela a fugir. Com a morte de Gil a cidade fica bastante impactada, já que Zane Morgan (Michael Eklund), o chefe de Dylan, acredita que tem uma outra família no ramo das drogas, liderada por Nick Ford (Michael O'Neill), que está envolvida com o ocorrido, o que gera uma guerra de drogas na cidade.
A temporada segue nos mostrando o empenho da Norma na luta contra a construção da nova estrada. E podemos notar que finalmente o Bates Motel está prosperando, ao começar a receber hóspedes (mesmo aqueles hóspedes estranhos). Norma toma uma atitude de certa forma até precipitada, ao tomar conhecimento que o conselho da cidade fará uma reunião sobre o tema, e ela decidir confrontar os superiores expondo o seu descontentamento com a construção da estrada. De certa forma podemos até entender esta postura da Norma, já que realmente aquela nova estrada interferiria diretamente no movimento do seu Motel. Porém, a forma como ela contesta em seu discurso acaba sendo confrontada pelo pelo vereador Lee Berman (Robert Moloney), onde logo ela perde o controle da situação e acaba expondo as atividades ilegais que existem na cidade (o império da maconha).
Nos episódios seguintes temos uma revelação enigmática, que é justamente o aparecimento do irmão da Norma, Caleb Calhoun (Kenny Johnson). E este aparecimento revive lembranças traumáticas para Norma, o que a leva a revelar um segredo do seu passado. Em contrapartida Caleb tenta se aproximar de Dylan, que o leva até a casa da Norma, causando uma trágica situação com a própria Norma quando chega e dá de cara com seu irmão dentro de sua casa. Norma fica transtornada ao ver o irmão e o expulsa da sua casa. Em uma discursão Norma revela que ela era estuprada pelo seu irmão quando tinha 13 anos. Logo após ela revela que ele é o pai de Dylan. Na sequência temos outra cena impactante, que é justamente o momento em que Norma revela para Dylan que Caleb é o seu pai.
Temos outra revelação traumática para Norman, que acontece justamente quando Emma leva para ele a notícia de que Bradley havia se suicidado e deixado um bilhete junto com suas roupas na margem da praia (este foi um acordo que Bradley havia feito com Dylan antes dela fugir da cidade). Norman fica visivelmente transtornado com esta notícia referente a Bradley. A partir daí Norman começa uma amizade com Cody Brennan (Paloma Kwiatkowski). Cody conhece Norman em um mercado, quando ele estava fazendo compras para preparar um disfarce para a fuga de Bradley. Logo esta amizade toma um outro rumo, quando Norman transa com Cody, o que faz com que os dois se aproximem e Norman começa a tomar conhecimento da complicada vida de Cody, mas como ela é uma jovem rebelde, Norma não quer que o filho conviva com ela.
Cody tem uma importante participação na temporada ao colaborar (de forma negativa) no despertar dos "apagões" de Norman (um espécie de estado traumático, um transe psicótico). E justamente a Cody convence Norman a ir até o motel que Caleb estava hospedado e confrontá-lo (após Norman ter revelado este segredo para ela). A intenção de Cody era que Norman desse um susto em Caleb na intenção que ele se afastasse de Norma, porém Norman acaba desistindo da ideia no meio do caminho, onde logo após ele tem o seu primeiro apagão. Depois Norman volta até lá e confronta Caleb. Incrível que logo vemos como Norman entra em transe e passa a se identificar com as memórias da mãe diante de Caleb, que sofreu os abusos, como se ele fosse a Norma em um estado psicótico. Nesse mesmo episódio temos um final que revela que em meio a todas as questões investigativas que o Xerife Romero passou, ele acaba tendo a sua casa incendiada e ele precisa passar um tempo morando em um dos quartos do Motel Bates.
Norma se torna amiga de Christine Heldens (Rebecca Creskoff), a ex-diretora daquela peça musical que ela levou o Norman, e até comparece a uma festa na casa dela. A partir dessa amizade Christine leva Norma para a vida social de White Pine Bay. É interessante que a partir dessa amizade com Cristine, Norma conhece o misterioso Nick Ford, que também se mostra contra a construção da nova estrada. Norma acaba se envolvendo com Nick Ford sem saber que ele é o chefe da outra família de drogas, rival daquela para quem Dylan trabalha. Norma acaba entrando em uma teia de aranha com este envolvimento, ao aceitar a ajuda de Nick Ford onde rapidamente a construção da estrada é paralisada. O maior problema para Norma é que Nick Ford acaba cobrando a ajuda que ele deu para ela, e isso traz um problema seríssimo para Norma.
O quinto episódio nos mostra como Dylan precisa lutar por sua vida na guerra iniciada por Zane. Como o Xerife Romero foi se hospedar no Motel Bates, com o contato diário a sua relação com Norma vai aos poucos melhorando. Logo temos mais uma nova personagem chegando na série, trata-se da misteriosa Jodi Morgan (Kathleen Robertson), a irmã de Zane, que já se auto intitula como a verdadeira chefe de Dylan. Norma está cada vez mais se envolvendo com a política da cidade, o que lhe traz sérios problemas. Os constantes apagões de Norman acaba preocupando à todos, principalmente a Norma, que sabe os reais motivos desses apagões mas se recusa a contar a verdade para ele. O sexto episódio termina justamente em uma discursão entre Norman e Cody, quando o pai da Cody aparece e entra na discursão, e na sequência Norman acaba o empurrando da escada, matando o pai da Cody.
O sétimo episódio nos revela que Norman foi considerado inocente pela a morte do pai da Cody, que foi considerado como um acidente (e na real não foi). Cody rompe a amizade com Norman e vai morar com a tia em outra cidade. Por fim é confirmado, através de um exame, que o sêmen no útero da Sra. Watson é de Norman Bates, o que prova que foi ele mesmo quem a matou. E logo após temos a cena que revela que Norman fez sexo com a Sra. Watson naquela noite e depois cortou sua garganta com um canivete. Já no último episódio da temporada temos aquela já famosa matança descontrolada, que é justamente o Nick Ford sendo morto pelo Dylan. E logo após temos o resgate do Norman do cativeiro em que ele estava preso. No fim vemos que Norman está sempre com sua mãe dentro da sua mente, como se ela o controlasse o tempo todo, o fazendo negar até o seu assassinato da Sra. Watson. Gostei muito desse final de temporada.
Porém: a segunda temporada de "Bates Motel" continua insistindo nos mesmos erros da temporada anterior, que é justamente no desenvolvimento do roteiro, por novamente querer contar várias histórias todas ao mesmo tempo e no fim não desenvolver bem nenhuma. Por exemplo: em cada temporada aparece uma figura para ser o grande vilão do final de temporada (o que pode ser normal). Na primeira temporada foi o Jake Abernathy (Jere Burns) e nessa temporada é o Nick Ford. Me parece mais uma tentativa forçada de querer sempre por obrigação implantar um grande vilão, o manda-chuva, o big boss, sempre com aquele ar de poderoso, de superior, e no fim terminar como um morto qualquer sem nenhum sentido. No fim o grande vilão de temporada não passa de um personagem raso, falho e sem nenhuma relevância para o contexto da temporada e principalmente da série.
Outro ponto: criam histórias na primeira temporada e não tem uma relevância na próxima; como no caso do assassinato de Keith Summers, que foi completamente esquecido. A história da morte do pai da Bradley até deram uma certa continuidade nessa segunda temporada, mas depois esqueceram, e muito pelo fato da própria Bradley ter fugido da cidade (mas acredito que ela voltará na próxima temporada). Parecem que querem contar tantas histórias ao mesmo tempo que se perdem em diversas vezes e não dão continuidades e nem finalizam nenhuma, todas ficam como pontas soltas. Várias histórias paralelas que tiram o foco da série, como essa briga das gangues de maconha. Todo esse envolvimento da Norma com o Nick Ford na tentativa de ajudá-la com a estrada nova, o que resultou em todo esses arcos de histórias paralelas, rasas, falhas e sem sentido. Tudo isso só para integrar cada vez mais personagens na série, o que fatalmente mascara a história principal e faz com que toda essa inserção de novos personagens faz com que os protagonistas apareçam menos.
Sobre o elenco:
Vera Farmiga (atualmente em cartaz nos cinemas em "A Freira 2") é novamente o grande destaque da temporada. Dessa vez ainda mais atuante nos comportamentos e atitudes de Norman, o que começa a trazer cada vez mais problemas para ele. Mais uma excelente atuação de Vera Farmiga.
Freddie Highmore ("The Good Doctor"), assim como a Vera, é também mais um belíssimo destaque da temporada. Nessa temporada o Norman começa a lidar com os seus constantes apagões, o que logo resulta em seus transes psicóticos. Ele passa a reviver e conviver cada vez mais com as memórias de sua mãe, ou seja, praticamente se transformando nela. Aquela cena no final da temporada, com ele esboçando aquele olhar e aquele sorriso, é sensacional. Nos mostra o grandioso talento que Freddie Highmore tem.
Max Thieriot ("SEAL Team") está melhor nessa temporada e muito mais participativo. Ele tem participações cruciais em vários pontos importantes dentro da história. Nicola Peltz ("Transformers: A Era da Extinção") tem uma transformação gigantesca nessa temporada. Ela deixa de ser aquela patricinha mimada da primeira temporada e passa a ser uma personagem muito importante dentro do contexto da série. Aquelas cenas em que ela aparece descontrolada no carro e logo após se jogando da ponte, é genial. Sem falar na cena em que ela vai toda sedutora e vestida para matar - maravilhosa!
Olivia Cooke ("Jogador Nº1") novamente tem sua importância dentro da temporada (assim como na anterior), mas eu confesso que esperava mais da sua personagem. Sinceramente, eu queria ver a Emma mais participativa nos pontos cruciais da história, que ela fosse mais fundamental (como no início da temporada passada, nas investigações sobre a garota asiática). Mas aqui me parece que ela tem seus momentos de destaques, tem novamente a sua paixão, mas no fim ela se sente excluída e passa a ser escanteada.
Nestor Carbonell ("The Morning Show") tem uma participação muito mais relevante nessa temporada. O Xerife Romero tem participações mais fundamentais na história e sua aproximação com a Norma pode resultar em novas subtramas nas próximas temporadas. Não posso deixar de destacar a excelente participação de Paloma Kwiatkowski, que trouxe uma personagem muito importante para o desenrolar da temporada.
A segunda temporada de "Bates Motel" recebeu críticas positivas de críticos de televisão, e o episódio de estreia atraiu um total de 3,07 milhões de espectadores. A série foi renovada para uma terceira temporada depois que cinco episódios da segunda temporada foram ao ar. Por sua atuação, Vera Farmiga recebeu indicações para o Critics' Choice Television Award de Melhor Atriz em Série Dramática e o Saturn Award de 2014 para Melhor Atriz na Televisão.
A segunda temporada de "Bates Motel" recebeu uma pontuação de 67 em 100 no Metacritic, a partir de 11 comentários. O Rotten Tomatoes relatou uma classificação de 86% a partir de 12 comentários para a segunda temporada.
Apesar das falhas de roteiro e do desenvolvimento das histórias paralelas serem vagas e rasas, esta temporada continua em um bom nível de suspense, de mistério, conseguindo um bom aprofundamento no drama e na construção do terror psicológico. É interessante notar esse relacionamento que soa tóxico e doentio entre mãe e filho, o que logo nos leva a perceber que esse estado de possessão controladora da Norma é o principal fio condutor para o desenvolvimento dos comportamentos psicóticos do Norman. É também a partir dessa temporada que começamos a notar as principais diferenças comportamentais do Norman, o que logo resultará na sua transformação em um dos maiores maníacos e psicopatas da história do cinema.
Por fim, "Bates Motel" consegue novamente nos entregar uma boa temporada (por mais que persista no mesmos erros da anterior), com uma boa história central que começa a tomar o principal rumo da série, e uma boa construção em elementos que poderá ser melhor utilizados nas próximas temporadas. [24/09/2023]
Bates Motel (1ª Temporada)
4.3 1,4KTEM SPOILERS!
Bates Motel (1ª Temporada) 2013
"Bates Motel" foi criado por Anthony Cipriano e desenvolvido por Jeff Wadlow (diretor de "Quebrando Regras", de 2008), Carlton Cuse (produtor da série "Jack Ryan"), Kerry Ehrin (roteirista da série "The Morning Show"), e é produzido pela Universal Television e American Genre para a rede de TV a cabo A&E. A primeira temporada foi ao ar em 18 de março de 2013 com 10 episódios.
A série é vista como uma "prequela contemporânea" do clássico "Psicose", de Alfred Hitchcock, de 1960 (baseado no romance homônimo de Robert Bloch, de 1959), que retrata a vida de Norman Bates (Freddie Highmore) e sua mãe Norma (Vera Farmiga) antes dos eventos retratados no filme, embora em uma cidade fictícia diferente (White Pine Bay, Oregon, em oposição a Fairvale, Califórnia) e em um cenário moderno.
Após a misteriosa morte de seu marido, Norma Bates decidiu começar uma nova vida longe do Arizona, na pequena cidade de White Pine Bay, e leva o filho Norman, de 17 anos, com ela. Ela comprou um velho motel abandonado e a mansão ao lado.
Este ano eu finalmente consegui realizar um antigo desejo, que era ler a obra-prima de Robert Bloch, rever o clássico do mestre Hitchcock e assistir todos os filmes subsequentes da franquia "Psicose". Posso dizer que foi uma experiência incrível, uma das maiores experiências que eu já vivi em toda a minha vida literária e bibliófila. O livro é magnífico, excelente, uma verdadeira obra-prima da literatura sombria e um dos melhores livros que eu já li na vida. Já o clássico de 1960 fala por si só, simplesmente por ser um dos maiores suspense de toda a história do cinema, que foi conduzido justamente pelo mestre do suspense. Os filmes subsequentes não estão no mesmo nível, não estão na mesma prateleira do livro e do clássico. Eles seguem histórias próprias, paralelas e até continuações dentro do universo de "Psicose". O que pode até ser interessante, ou simplesmente horroroso, como é o caso do remake de 1998. E logo após ter lido o livro e assistido todos os filmes da franquia "Psicose", chegou a vez de conferir a série "Bates Motel", que também faz parte do universo e nos conta uma história sobre o início de tudo. Algo parecido com o que foi feito no filme "Psicose 4: O Começo", de 1990.
A série é bem intrigante e ao mesmo tempo interessante, pois obviamente ela constrói toda uma abordagem sobre o universo de "Psicose" servindo justamente como um prelúdio do clássico ao nos mergulhar naquela trama que futuramente irá nos nos contar sobre todo desenvolvimento de Norman Bates. Ou seja, a trama nos levará ao lado sombrio e psicótico entre a infância e a adolescência de Norman, explicando como o amor incontrolável de sua mãe ajudou a moldar um dos maiores maníacos e psicopatas da história do cinema.
O primeiro episódio já inicia de modo surpreendente com uma pessoa morta. Esta pessoa é simplesmente o pai de Norman, que está ali morto na garagem de forma bastante misteriosa (ou não, como vemos mais à frente na temporada). Logo após este início já temos um salto no tempo de 6 meses e chegamos até a cena da Norma chegando em seu mais novo Motel. O seu novo empreendimento antes tinha o nome de Seafarer's Motel, e em uma cena bem interessante vemos a troca do letreiro para Bates Motel. Por sinal a réplica que foi construída do Motel e da casa ficou excelente, com uma fidelidade ao clássico incrível. Este primeiro episódio já é um dos melhores da temporada por já nos confrontar com aquela sequência que vai desde a chegada do ex-proprietário do Motel (Keith Summers, interpretado por W. Earl Brown), passando pela invasão na casa, o estupro na Norma e a sua morte. Onde aconteceu em um momento de fúria incontrolável de Norma quando o esfaqueou brutalmente até a morte (por sinal, uma excelente cena). O episódio termina de forma intrigante ao revelar uma certa garota aprisionada.
O segundo episódio é muito revelador e diferente, eu diria. Simplesmente por acrescentar na trama a presença de Dylan Massett (Max Thieriot), o filho mais velho de Norma e meio-irmão de Norman. Pelo o que me consta, tanto pelo livro quanto pelo clássico sessentista, o Norman não tinha um meio-irmão assim dessa forma como foi abordado na série. Bem, achei interessante esse contexto trazido para a série. O episódio segue com os dramas e as aflições de Norman ao tentar se introduzir na nova cidade e conhecer novas pessoas. Como é justamente o caso do seu primeiro interesse - a jovem Bradley Martin (a belíssima Nicola Peltz). Aqui também fica claro que Norman tem muitos ciúmes da mãe e da forma como as pessoas se referem à ela. Até por isso vemos os constantes conflitos de Norman com Dylan.
O terceiro episódio segue mergulhado no mistério e no suspense pelo fato da polícia está no encalço da Norma pelo suspeita referente ao desaparecimento de Keith Summers. Aqui já temos vários envolvimentos na história; como é o caso do antigo dono do Motel parecer ter ligações com as garotas chinesas desaparecidas que está sendo investigada pela Emma Decody (Olivia Cooke). Logo essa ligação com o desaparecimento das garota cai sobre o policial Zach (Mike Vogel), pelo fato do Norman ter invadido sua casa procurando pelo cinto de Keith Summers, e ter sido confrontado com a garota oriental presa em seu porão.
A partir do quarto episódio temos cada vez mais revelações e acontecimentos surpreendentes. Norma está envolvida em uma verdadeira bola de neve, ao estar envolvida com o policial Zach como uma forma de se safar das investigações sobre a morte de Keith Summers. Por outro lado ela se recusa a acreditar em Norman sobre a possível garota presa no porão da casa de Zach. O que a leva a entrar em transe e levantar suspeitas sobre o estado mental e a sanidade de Norman com esta descoberta bizarra. Temos aqui a primeira transa de Norman, que aconteceu com a Bradley, e a prisão de Norma pelo assassinato de Keith Summers.
A história segue em uma verdadeira teia de aranha com cada vez mais confrontos: a garota oriental que era mantida como escrava sexual de Zach é encontrada e levada para o Motel. Zach por sua vez encontra a garota em um dos quartos do Motel e corre atrás dela pela floresta (não foi revelado, mas ao que tudo indica ele matou a garota). Logo após temos mais uma ótima sequência de cenas, que é todo confronto de Zach com a Norma e o Dylan na casa. O que termina brutalmente com um tiro no olho de Zach disparado por Dylan.
O desfecho do assassinato de Zach proposto pelo Xerife Alex Romero (Nestor Carbonell) é tudo muito suspeito. Por fim temos a aparição de um hóspede misterioso no Bates Motel, que parece saber demais. Já o Norman passa a enfrentar as complicadas garotas populares e o descaso da Bradley com ele. Essa é um situação bem complicada: a Emma é apaixonada pelo Norman e vive correndo atrás dele, já ele se rasteja pela Bradley e ela passa a desprezá-lo. Sem falar que é tudo muito estranho essa repentina aproximação da Bradley com o Dylan.
No oitavo episódio é onde o Norman desperta o interesse pela taxidermia (animais empalhados), com o pai da Emma. No filme clássico temos toda a dimensão desse amor que ele tem por essa arte. Norma está mais preocupada com a possível construção da nova estrada principal, o que vai mudar o trajeto das pessoas que passariam pelo seu Motel. A relação de Norma e Dylan parece melhorar. O episódio termina com aquele cadáver do Zach na cama da Norma.
O nono e o décimo episódio é a construção (e ligação) do fechamento dessa temporada. Norma sofre com as constantes ameaças de Jake Abernathy (Jere Burns), o hóspede misterioso. Norma decide que quer vender o Motel e recomeçar a vida novamente no Havaí, mas o Norman não quer ir. Norman por sua vez está cada vez mais apegado na cadela empalhada. E temos aquela cena onde a Norma vai ao encontro de Jake e é surpreendida pelo Xerife Alex confrontando justamente o Jake. Que termina com o Xerife dando um tiro em Jake.
Sobre o elenco:
Vera Farmiga (atualmente em cartaz nos cinemas em "A Freira 2") é sensacional, é sem dúvida a principal e mais destacável da série. É realmente impressionante como a Vera escolhe bem as suas personagens e sempre eleva o nível em cada trabalho apresentado. Em "Bates Motel" ela se encaixa como um luva na pele da Norma Louise Bates mais jovem. Ela traz esse lado mais jovial da mãe do Norman, que pretende recomeçar sua vida após os recentes acontecimentos, que mantém os seus dramas e os seus conflitos íntimos, justamente ao confrontar os seus traumas em relação à criação do jovem Norman.
Já o Freddie Highmore ("The Good Doctor") é outro que também se encaixa como uma luva na pele da versão adolescente do lendário Norman Bates. Caracteristicamente falando, o Freddie traz uma versão impecável do Norman jovem, que está se descobrindo, que está se conhecendo, que está conhecendo o mundo ao seu redor e as pessoas (e principalmente as garotas) ao seu redor. O Norman de Freddie pode soar como ingênuo, inocente, inexperiente, indefeso, tímido, ao mesmo tempo também soa como misterioso, enigmático, introspectivo e principalmente letal - como vimos na cena final do décimo episódio com aquele assassinato brutal da Srta. Watson (Keegan Connor Tracy).
Max Thieriot ("SEAL Team") começa em um ritmo mais morno em seu personagem Dylan, até pela forma como ele entra na série. Porém, com o passar dos episódios vamos nos afeiçoando à ele, vamos conhecendo ele melhor, vamos entendendo melhor os seus dramas e seus traumas. No fim da temporada ele já passa a ser um personagem que nos importamos.
Nicola Peltz ("Transformers: A Era da Extinção") traz uma personagem que faz o caminho inverso do Dylan. A Bradley Martin é uma personagem que eu até simpatizei no início, que eu acreditava no seu drama em relação a terrível morte de seu pai, porém com o tempo eu fui começando a questionar as suas atitudes com o Norman e principalmente a sua aproximação com o Dylan. No fim ela não passou de uma patricinha mimada que usou o Norman no momento em que ela estava frágil e vulnerável.
Olivia Cooke ("Jogador Nº1") com sua personagem Emma Decody me fez vê-la ao inverso da Bradley. Justamente por ela se apegar verdadeiramente ao Norman, por ela realmente criar um amor verdadeiro por ele, que realmente se importava com ele e não queria só usá-lo. Por fim ela vivia correndo atrás do Norman na intenção dele notar a presença dela, e ele não tirava a Bradley da cabeça. O que uma transa não faz!
"Bates Motel" acerta muito bem no suspense, no mistério, no enigmático e na construção do drama. Acredito que em si a história é sobre o amor incondicional de uma mãe por seu filho. Temos um relacionamento que é explorado através da premissa de que o jovem é excessivamente temperamental e ambos estão cercados por um ambiente com problemas, que os conduz ao extremo. No caso, cada um ali presente tinha os seus medos, os seus traumas, os seus conflitos e os seus dramas. Principalmente no caso da Norma e do Norman, que ora pareciam muito próximos e apegados, ora pareciam distantes e completamente diferentes.
Porém, tem alguns pontos dentro dessa temporada que me incomodou bastante: como o fato da história ser modernizada para a atualidade e se passar em um cenário moderno, onde temos os avanços tecnológicos como o uso constantes de notebooks e afins. Eu até entendo esse avanço na modernização da série, até para se encaixar com o público atual, mas particularmente eu não consegui engolir e me adaptar com essa proposta dentro do universo de "Psicose" (algo parecido com o que me aconteceu com a versão modernizada do filme "Carrie - A Estranha", de 2013).
Outro ponto que me incomodou (aqui eu já acho uma falha mesmo da série), é o fato de cada história ser mal desenvolvida, mal planejada, vaga, rasa, pobre, sem um aprofundamento que pudéssemos sentir o peso de cada acontecimento de cada personagem envolvido. Por exemplo: temos três personagens com histórias distintas que começou e terminou nessa temporada, e de forma totalmente rasa e aleatória. Que é o caso da personagem Jiao (Diana Bang), a garota presa no porão, o Zack Shelby e o Jake Abernathy. Sinceramente eu não sei o que os roteirista pretendiam, mas acredito que eles queria impactar, queriam nos surpreender com mortes repentinas quando não estivéssemos esperando, com de fato aconteceu. Eu entendo o fato de não quererem construir uma temporada ou mais elaborando subtramas e desenvolvendo histórias paralelas com a trama central, mas você não pode simplesmente jogar vários personagens em uma série, tentar construir uma história diferente pra cada um, onde você desperta o interesse do espectador, e simplesmente decidir matar os personagens assim do nada, só pra gerar impacto sem a mínima coerência. Eu achei um erro grotesco do roteiro da série.
Tecnicamente a série é muito boa!
Acredito que a direção de arte é o principal destaque aqui, e muito por construir cenários fiéis com o clássico e encaixá-los com harmonia na forma moderna adotada pela série. A fotografia é bem destacada, bem organizada, muito bem projetada em cada cena. Assim como a trilha sonora, que acompanha bem a série em sua versão modernizada.
"Bates Motel" é a série dramática com roteiro original de maior duração na história do canal A&E. Os atores principais da série, Vera Farmiga e Freddie Highmore, receberam elogios especiais por suas atuações na série, com a Vera recebendo uma indicação ao Primetime Emmy Award e ganhando o Saturn Award de Melhor Atriz de Televisão. A série também ganhou três People's Choice Awards de Drama Favorito de TV a Cabo e de Atriz Favorita de TV a Cabo (Vera Farmiga) e Ator (Freddie Highmore).
A primeira temporada recebeu críticas positivas dos críticos: no Metacritic, a temporada detém uma pontuação de 66 em 100, com base em 34 críticos, indicando "críticas geralmente favoráveis". No agregador de resenhas Rotten Tomatoes, a temporada tem uma classificação de 84% "fresco certificado" com uma pontuação média de 7,11/10, com base em 43 resenhas. O consenso crítico do site diz: "Bates Motel utiliza manipulação mental e táticas de medo de suspense, além de um trabalho de personagem consistentemente nítido e relacionamentos familiares maravilhosamente desconfortáveis".
A primeira temporada de "Bates Motel" é muito boa, muito bem apresentada, com um início bastante cativante, onde conta com um ótimo elenco e ótimas apresentações. Acredito que a temporada deixa muito a desejar no quesito roteiro, por querer contar várias histórias todas ao mesmo tempo e no fim não desenvolver e não finalizar nenhuma com coerência e relevância. Porém, ainda assim eu acredito que a série tem potencial para desenvolver melhor os roteiros das próximas temporadas e entregar uma série que no fim honre o nome de uma das maiores franquias de suspense de todos os tempos - "Psicose". [03/09/2023]
Breaking Bad (5ª Temporada)
4.8 3,0K Assista AgoraTEM SPOILERS!
Breaking Bad (5ª Temporada) 2012/2013
A quinta e última temporada de "Breaking Bad" estreou em 15 de julho de 2012 e foi concluída em 29 de setembro de 2013 na AMC nos Estados Unidos e Canadá. A temporada de 16 episódios é dividida em duas partes, cada uma contendo oito episódios. A primeira parte da temporada foi transmitida de 15 de julho a 2 de setembro de 2012 e foi ao ar aos domingos às 22:00 horário do leste dos EUA. A segunda parte foi transmitida de 11 de agosto a 29 de setembro de 2013 e foi ao ar aos domingos às 21:00.
Na vida é muito difícil encontrarmos algo perfeito, uma obra perfeita, ainda mais quando estamos se referindo ao audiovisual, que é justamente o caso aqui. "Breaking Bad" é uma série que eu aprendi a amar desde o seu lançamento lá em 2008 e hoje, ao finalizar o 16ª episódio da última temporada, eu só pude comprovar a magnífica obra de arte da história dos seriados de TV que a série sempre foi. Sem nenhuma dúvida "Breaking Bad" é a melhor série do século, a verdadeira obra-prima das séries e está simplesmente entre as melhores séries já criadas em toda a história, sendo completamente perfeita em todos os sentidos.
A quinta temporada é icônica, é emblemática, é completamente apoteótica!
O primeiro episódio já inicia de forma catártica ao nos revelar aquela versão quase irreconhecível do Walter White (Bryan Cranston) com barba e cabelo sendo chamado pelo codinome de "Lambert", que estava naquele local negociando armas. Logo tomamos conhecimento da atualidade com Walter tendo que conviver com o assassinato do Gus (Giancarlo Esposito). Skyler (Anna Gunn) está muito assustada com os últimos acontecimentos. Mike (Jonathan Banks) está se recuperando do tiro que ele levou na temporada passada. Walter quer encontrar as gravações do laboratório de metanfetamina que o Gus fazia. A partir dessa busca, Walter, Mike e Jesse (Aaron Paul) decidem que precisam destruir o laptop do Gus que foi apreendido pela polícia. Eles utilizam aquele ímã gigante e poderoso para conseguir destruir todas as evidências e provas que estava no laptop (por sinal, uma belíssima cena). Ainda no primeiro episódio somos confrontados com o Ted (Christopher Cousins) em estado terminal em uma cama de hospital pelos seus acontecimentos da temporada passada. Curioso que no final do episódio o Walter diz para a Skyler que ficou sabendo o que aconteceu com o Ted e revela para ela que a perdoa.
O segundo episódio começa bastante curioso e intrigante ao nos revelar uma cena em uma cozinha de teste na "Eletromotriz Madrigal", onde o executivo Peter Schuler realiza sua última "refeição" e caminha para o banheiro para cometer suicídio. No caminho, deparamos com a remoção do logo dos "Los Pollos Hermanos" (a marca do Gus), mas antes, vimos outros logos, respectivos às outras empresas financiadas pela Madrigal. Nesse mesmo episódio Jesse encontra aquele cigarro de "ricina" que ele achou que o Walter havia roubado para envenenar o garoto Brock na temporada passada. Jesse entra em uma crise de consciência, um verdadeiro remorso. Muito interessante que nesse episódio temos a revelação que Mike foi um ex-policial no passado na Filadélfia. Hank (Dean Norris) está agora no encalço do Mike, querendo arrancar informações dele. Como o Mike perdeu todo o seu dinheiro que ele havia reservado para sua neta, e como o Walter quer voltar a cozinhar a metanfetamina, eles se juntam para voltar com a velha produção.
Os episódios seguintes são bastante reveladores e surpreendentes:
Temos uma personagem bastante enigmática e misteriosa - Lydia (Laura Fraser). Temos uma versão da Skyler completamente perturbada e descontrolada, por todos os acontecimentos que ela está enfrentando com Walter. Tanto que temos uma cena em que ela surta com a Marie (Betsy Brandt) e a outra que ela decide se afogar na piscina na frente de todos. Walter e Jesse voltam a produzir a metanfetamina utilizando dessa vez os locais que estavam fechados para dedetização (ótima ideia e bela jogada do Walter). Por fim temos aquela cena emblemática do roubo de metilamina (que é utilizada na produção da metanfetamina ) no trem, com a presença de Walter, Jesse, Mike e Todd (Jesse Plemons). Que cena magnífica, icônica, apoteótica, um roubo no maior estilo de "Velozes e Furiosos" e "Red Dead Redemption 2".
No final do episódio do roubo do trem, Todd dá um tiro em um garoto que sem querer acaba vendo todos os integrantes daquela ação. O que logo desperta um estado de fúria e comoção em Jesse, que sempre se revoltou quando o assunto era atacar os garotos. Diante desse acontecimento, Jesse revela para Walter que deseja sair da parceria de produção de metanfetamina, assim como o próprio Mike, que também deseja abandonar o barco. Nesse ponto temos aquela parte onde cada um decide que quer vender a sua parte nos galões de metilamina e sair da parceria com Walter, mas Walter está mais ambicioso do que nunca, ele não quer só o dinheiro para deixar para sua família, como ele queria quando começou no ramo, ele quer ser a referência e construir um império de metanfetamina.
No sétimo episódio temos uma das cenas mais icônica e emblemática de toda a história de "Breaking Bad". Que é justamente a cena do Walter indo pessoalmente negociar com o Declan (Louis Ferreira) para ele ser o seu distribuidor de metanfetamina, onde temos a famigerada cena: "Say My Name". Há muito tempo que Walter já rompeu todos os limites da compaixão, da empatia, da misericórdia, está cada vez mais no lado sombrio, obscuro, com uma ambição incontrolável e destruível. Walter não tem mais nenhum limite em relação ao seu desejo de tomar o lugar que era do Gus, em ser o novo Manda-Chuva, o Big Boss, construindo o seu verdadeiro império de metanfetamina.
O oitavo episódio é outro episódio surpreendente e emblemático, pois é quando temos aquele confronto do Walter com o Mike, o que resulta na morte do Mike pelo Walter (não perdoo o Walter, eu gostava muito do Mike). Interessante que após o Walter assassinar o Mike ele está sentado e se depara novamente com aquela famigerada mosca, e bem em um momento que ele está em uma guerra pessoal com sua consciência. Jesse se afasta de Walter e Todd está como o seu mais novo pupilo, aprendendo o processo da produção de metanfetamina. Está cada vez mais nítido que Walter não precisa de mais dinheiro, ele não tem mais aonde guardar. E é exatamente este o pedido que a Skyler faz para ele, que ele pare de produzir a metanfetamina. Diante desse pedido, Walter finalmente decidi se aposentar da produção. O episódio termina de forma muito intrigante, com o Hank tentando ligar os pontos e chegando na pista WW, que liga diretamente com Walter White.
O nono e o décimo episódio são completamente surpreendentes!
Hank está transtornado com a possibilidade que ele levantou sobre o seu algoz ser mesmo o Walter. Jesse por sua vez está completamente perturbado, transtornado e em crise ao descobrir que foi realmente o Walter o responsável pelo envenenamento do garoto Brock. Sendo assim ele entra em um profundo estado de descontrole emocional e mental e sai atirando os maços de dinheiro pelas ruas. O cerco está cada vez mais se fechando ao redor do Walter e Hank finalmente descobre toda a verdade sobre seu cunhado: Walter White matou o Gus e ele é a personalidade que Hank esteve na caça por mais de um ano, se revelando como o verdadeiro "Heisenberg". O episódio termina de forma apoteótica!
A partir do momento que Hank descobre que Walter é o "Heisenberg" ele parte para cima da Skyler, a pressionando e a coagindo para que ela revele tudo que sabe a respeito do marido. Porém, inicialmente Skyler não revela nada para o Hank, o que muito me surpreende esta sua postura. Para tentar reunir provas ao invés de suspeitas, Hank decidi ir ao encontro de Jesse, que estava transtornado ao ponto de colocar fogo na casa do Walter. Realmente o Jesse está em seu limite, está tomado por um sentimento de culpa, de revolta, de remorso, de tristeza, uma forte crise existencial. Dessa forma Hank tenta uma espécie de acordo com Jesse, afinal ambos querem pegar o Walter.
No décimo primeiro episódio temos a revelação que o Câncer de Walter voltou, e logo ele tem um desmaio no banheiro e revela mais tarde para seu filho Jr. É nesse episódio que temos aquele icônico vídeo do Walter incriminando o Hank com a sua participação em seu império de metanfetamina. Vou confessar que eu achei essa ideia incrível, genial, ousada, que só poderia ter saído da mente brilhante do "Heisenberg". Sem falar na ligação que ele fez com o dinheiro que a Marie usou no tratamento e recuperação do Hank como prova do seu envolvimento em todo o esquema. O que obviamente deixa o Hank completamente transtornado e desacreditado.
Os últimos episódios da temporada são magníficos, atinge um alto nível que eu nunca vi em nenhuma outra série.
Temos aquela armadilha que o Hank e o Jesse prepara para o Walter com a foto do tambor com seu dinheiro, o que o obriga a ir até o local no deserto em que todo o seu dinheiro está enterrado (por sinal, é o mesmo local que o Walter e o Jesse começaram a cozinhar a metanfetamina lá na primeira temporada). Temos aquela cena absurda dos tiroteios no deserto entre o Hank e o agente Gómez contra a gangue do Tio Jack. Jack Welker (Michael Bowen) é o tio do Toddy, que lidera o grupo de neonazistas sempre fazendo trabalhos encomendados por outros. O grupo aparece de acordo quando Walter pede uma ajuda para eliminar o Jesse em troca de ensinar o Todd a produzir a metanfetamina mais pura possível. O episódio termina com a surpreende morte do Hank com o tiro disparado pelo Tio Jack.
Ozymandias é o décimo sexto episódio, o episódio final da série "Breaking Bad". Este episódio é incrível, icônico, emblemático, apoteótico. É um episódio que fecha com chave de ouro toda a saga de "Breaking Bad", que nos faz revelações surpreendentes, que nos impacta e nos emociona, que nos desperta todos os mistos de sentimentos que estavam guardados por muito tempo. Aquela cena da metralhadora no porta-malas do carro estraçalhando todo mundo na casa é absurdamente incrível, genial e bizarra. Uma cena completamente apoteótica. Ozymandias é sem dúvida um dos melhores episódios de toda a história dos seriados de TV, e ainda com um fechamento que traz um final catártico.
Sobre o icônico elenco de "Breaking Bad".
Bryan Cranston é um gênio, um mestre, um lord. Ele soube incorporar um personagem com maestria, com elegância, com grandeza, com uma competência absurda e antológica. Bryan Cranston deu vida para o Walter White, que é incontestavelmente um dos melhores personagens de séries de todos os tempos! Assim como o icônico "Heisenberg", que é simplesmente uma das maiores personalidades do mundo do entretenimento e da cultura pop.
Anna Gunn é uma atriz genial e poderosa. É realmente incrível a forma como a Anna conseguiu criar e interpretar uma personagem que transcendia todos os limites de uma simples mãe de família. Que soube se reinventar a cada episódio, a cada temporada, sempre entregando uma personagem que era amada e odiada praticamente ao mesmo tempo. Nessa quinta temporada a Anna Gunn está no ápice da sua personagem, conseguindo nos comover e nos impactar com um trabalho impecável e irretocável.
Aaron Paul é sem dúvida o personagem mais desacreditado do início da série. Acredito que o público (assim como eu) no início teve um pouco de pé-atrás com ele ao interpretar o jovem viciado Jesse Pinkman. Talvez por não conhecer muito do seu trabalho, talvez apenas por desconfianças mesmo, mas devo dizer que ele surpreendeu todo um planeta ao incorporar o Jesse. Aaron Paul é o ator que mais cresceu dentro da série, que mais desenvolveu o seu personagem ao longo das temporadas, que provou ser o ator magnífico que é pela competência de um trabalho fenomenal e impecável. Nessa quinta temporada o que o Aaron Paul entrega na pele do Jesse é absurdo, principalmente no quesito peso dramático e carga dramática - como podemos comprovar naquela cena absurda em que ele presencia o assassinato da Andrea (Emily Rios) - que cena impactante!
Dean Norris é um ator que eu gosto muito e aqui como Hank Schrader ele sempre foi colossal. Dean soube construir um personagem que facilmente poderíamos criar uma grande empatia, principalmente pelo seu grande crescimento e relevância dentro do contexto de toda a história. E o mais interessante em seu personagem é exatamente esse jogo de gato e rato com Walter, sempre no encalço da sua maior missão enquanto agente da DEA, que sempre esteve ali na frente do seu nariz, embaixo do próprio teto. Hank Schrader é mais um personagem icônico desse universo de "Breaking Bad", e tudo graças ao trabalho fantástico de Dean Norris.
Bob Odenkirk é sem dúvida a personificação do personagem mais hilário de toda a série - o grande Saul Goodman. Já o Jonathan Banks trouxe aquele personagem que também tem um crescimento absurdo na série, indo na mesma linha de crescimento do Hank. Mike sempre esteve na defesa do Gus, sempre funcionava com o seu cão de guarda, porém nessa temporada observamos mais do outro lado do Mike, sem aquela casca que ele sempre carregava.
Betsy Brandt trouxe uma personagem que ora funcionava no contexto da série, ora fica mais escanteada, mas no geral a Marie foi fundamental na construção final das motivações do Hank.
RJ Mitte é outro ator muito bom, que também contribuiu diretamente para a grandeza da série, e nessa temporada o Walter Jr. foi primordial ao tomar a atitude em relação ao pai. E pra finalizar temos a excelente participação do Jesse Plemons (novinho na época), que também teve a sua contribuição fundamental na série.
Precisamos voltar a falar de Walter White:
É incrível a grandeza desse personagem na série, é incrível como ele toma uma postura inicial e aos poucos vai deixando de lado, se descaracterizando, se desconstruindo. Aquele simples professor de química do ensino médio mal pago, superqualificado e desanimado que está lutando com um diagnóstico recente de câncer de pulmão. Que decide usar das suas extremas habilidades químicas para produzir uma metanfetamina mais pura o possível para deixar sua família estável financeiramente quando ele morrer. Este é um ponto abrangido com maestria na série: a desconstrução do ser humano, a ambição humana, a supervalorização, a briga de ego, a forma como uma pessoa deixa de lado todos os seus princípios e se torna um monstro, um sociopata, muda de personalidade, se entrega ao desejo incontrolável da ambição, ao lado sombrio e com uma mudança obscura em seu caráter.
É incrível como até hoje muitas pessoas se frustram ao ver a forma como o Walter se tornou dentro da série e principalmente a forma como ele termina. Muitos acham que a série não deveria ter transformado o Walter em um monstro, mas o Walter White sempre foi um monstro, ele só não tinha desenvolvido esse seu lado. Ele sempre teve aquele complexo de superioridade, de ser o centro das atenções, sempre com a mesma desculpa que tudo que ele fazia era pela sua família. Talvez no início até poderia ser, mas depois só constatamos que não, que ele fez tudo aquilo porque ele queria e porque ele gostava. Como observamos naquela conversa com a Skyler, que ele revela para ela que fez aquilo por ele, porque ele quis, porque ela achava bom ser o mais inteligente, ser o superior, construir o seu império, inflar o seu ego. Ou seja, Walter White sempre foi o "Heisenberg".
Tecnicamente e artisticamente a temporada e a série é completamente impecável!
O roteiro de "Breaking Bad" é estupidamente perfeito, Vince Gilligan aplicou uma genialidade absurda ao escrever um texto tão competente, tão abrangente, tão magnífico. O mesmo vale para a direção da série, que foi feita sempre de forma impecável. A trilha sonora da série sempre foi um destaque, sempre foi um show à parte, sempre foi relevante no quesito inovação e criatividade. O elenco é outro show, é uma obra-prima, daqueles elencos memoráveis, que vai ficar em nossa mente pelo resto de nossas vidas. O mesmo vale para cada personagem que foi criado e construído na série, que atingiu um nível de grandeza e excelência nunca visto anteriormente em questões de seriados de TV. A cinematografia da série é outra perfeição, sempre com um fotografia que nos maravilhava em cada temporada, em cada episódio, em cada cena, um nível de genialidade que não se vê mais hoje em dia.
"Breaking Bad" recebeu críticas positivas, enquanto o restante recebeu aclamação unânime da crítica, com elogios às performances, direção, cinematografia, roteiro, história e desenvolvimento de personagens. Desde sua conclusão, a série foi elogiada pela crítica como uma das maiores séries de televisão de todos os tempos. Teve uma audiência razoável em suas três primeiras temporadas, mas a quarta e a quinta temporadas tiveram um aumento moderado na audiência quando foi disponibilizado na Netflix pouco antes da estreia da quarta temporada. A audiência aumentou drasticamente após a estreia da segunda metade da quinta temporada em 2013. Quando o final da série foi ao ar, estava entre os programas a cabo mais assistidos da história da televisão americana.
"Breaking Bad" recebeu inúmeros prêmios, incluindo 16 Primetime Emmy Awards, oito Satellite Awards, dois Golden Globe Awards, dois Peabody Awards, dois Critics' Choice Awards e quatro Television Critics Association Awards. Bryan Cranston ganhou o Primetime Emmy Award de Melhor Ator Principal em Série Dramática quatro vezes, enquanto Aaron Paul ganhou o Primetime Emmy Award de Melhor Ator Coadjuvante em Série Dramática três vezes; Anna Gunn ganhou o Primetime Emmy Award de Melhor Atriz Coadjuvante em Série Dramática duas vezes. Em 2013, "Breaking Bad" entrou no "Guinness World Records" como o programa de TV mais aclamado pela crítica de todos os tempos.
A série deu origem à maior franquia "Breaking Bad". "Better Call Saul" é uma série prequela com Bob Odenkirk, Jonathan Banks e Giancarlo Esposito reprisando seus papéis em "Breaking Bad", bem como muitos outros em participações especiais e recorrentes, estreou na AMC em 8 de fevereiro de 2015 e foi concluída em 15 de agosto de 2022. Uma sequência O filme "El Camino: A Breaking Bad Movie", estrelado por Aaron Paul, foi lançado na Netflix e nos cinemas em 11 de outubro de 2019.
"Breaking Bad" estreou na AMC em 20 de janeiro de 2008 e foi concluído em 29 de setembro de 2013, após cinco temporadas com 62 episódios.
Por fim, chegamos ao final da melhor série de TV que eu já assisti em toda a minha vida. "Breaking Bad" é simplesmente o suprassumo, a quinta-essência, o masterpiece da história das séries. Uma obra completamente impecável, irretocável, perfeita, triunfal, atemporal, relevante, influente, antológica, colossal, apoteótica, emblemática e icônica.
Simplesmente a melhor série de todos os tempos!
Vince Gilligan eu te amo!
(R.I.P. Mark Margolis - nosso eterno Hector Salamanca)
[19/08/2023]
Breaking Bad (4ª Temporada)
4.7 1,2K Assista AgoraTEM SPOILERS!
Breaking Bad (4ª Temporada) 2011
"Breaking Bad" é a única série que mantém uma crescente em cada temporada. Ou seja, cada temporada é um desenvolvimento da anterior, cada história é melhor desenvolvida na temporada seguinte, cada acontecimento que nos surpreende na temporada passada é cada vez mais impactante na próxima temporada. Por esses fatos que eu considero "Breaking Bad" como uma série impecável, por sempre elevar o nível em cada temporada, por sempre manter uma linha de interesse e desenvolvimento totalmente coerente e relevante, por sempre nos prender com um roteiro fabuloso, inteligente, dinâmico, bem estruturado e bem desenvolvido.
Como sempre afirmei: cada temporada é surpreendente e supera a temporada anterior, e esta quarta temporada não seria diferente.
No final do décimo terceiro episódio da temporada passada fomos surpreendidos com todos os acontecimentos em volta do Walter (Bryan Cranston) e do Jesse (Aaron Paul) relacionados ao Gus (Giancarlo Esposito). O episódio termina exatamente com o Jesse disparando contra o Gale (David Costabile) em seu apartamento. A partir desse fechamento de temporada que fica inúmeras perguntas como: será que o Jesse realmente acertou o tiro em Gale? Ou será que ele só quis assustá-lo? Se ele realmente matou o Gale qual será a postura do Gus a partir dessa afronta? Como ficará a vida de Jesse e principalmente do Walter na próxima temporada?
O primeiro episódio da quarta temporada já nos revela grande parte das respostas para todas essas perguntas: Jesse realmente acertou o tiro na cabeça do Gale. Gus se sentiu ameaçado e resolveu mostrar quem manda no pedaço ao construir aquela cena bizarra, onde ele corta a garganta do Victor (Jeremiah Bitsui) com um estilete a sangue frio na frente do Jesse e do Walter. Por sinal mais uma cena emblemática da série, pois é a primeira vez que eu vejo o Gus cometendo um assassinato daquela forma e naquela pompa, com requintes de crueldade e muita classe.
A partir do segundo episódio entramos de cabeça naquele jogo de gato e rato do Walter contra o Gus. A desconfiança e a incerteza de Walter faz com que ele compre uma arma para tentar se defender, tanto do Gus como até do próprio Mike (Jonathan Banks). Jesse por sua vez liga o modo foda-se e passa a viver uma vida de festas e drogas em sua casa que no momento mais se parece com um chiqueiro. Skyler (Anna Gunn) parece ter deixado um pouco de lado o Ted (Christopher Cousins) e se concentrar totalmente na compra do lava-rápido. Por sinal todo o empenho da Skyler em fazer aquela jogada de fiscalização para fechar o lava-rápido e facilitar a sua compra foi uma ideia genial, acredito que uma das melhores jogadas que ela já fez em toda a série.
Outro ponto interessante dessa temporada é o fato da própria Skyler voltar a se entender com o Walter após aquela sua postura traidora da temporada anterior. Lógico que a Skyler está agindo por interesse próprio, mas confesso ter gostado de vê-la junto do Walter novamente. E aqui já temos uma Skyler cada vez mais empenhada na lavagem de dinheiro no lava-rápido, onde a própria chega a revelar toda a armação do Walter ser um jogador para o Hank (Dean Norris). Logo eles voltam a transar depois de algum tempo, para oficializar e comemorar o esquema de lavagem de dinheiro. Temos aqui praticamente uma nova versão de Bonnie e Clyde.
Uma grande jogada do Gus nessa temporada foi voltar sua atenção para o Jesse, que estava frágil, vulnerável, com um psicológico e uma mente perturbada. É nessa hora que o Gus quer usar o Jesse para vê se ele pode ser confiável para o seu projeto de matar o Walter e assumir o laboratório de metanfetamina. E o mais interessante é saber que de fato o Jesse está tentando se provar útil na missão com o Mike para chegar até o Gus, já que o próprio Jesse está com a ideia de matar o Gus com o veneno do cigarro.
Hank foi um personagem extremamente importante na temporada passada, e agora ele está se recuperando e voltando na ativa das suas investigações. Todos nós sabemos que a maior obsessão de Hank sempre foi o enigmático e misterioso Heisenberg, e é a partir das investigações das pista encontradas no apartamento do Gale que ele passa a suspeitar do todo poderoso Gustavo Fring.
O cerco está se fechando contra o Gus, a DEA está em seu encalço. Já o Gus por sua vez é um ser extremamente hábil, inteligente, liso, astuto, aquele que escapa por entre os dedos, por onde não tem saídas. Naquela cena do interrogatório o Gus sequer titubeava nas respostas, sempre muito seguro de si. É muito interessante toda aquela revelação do passado do Gus, mostrando o porque não se acha mais vestígios dele no Chile, pois foi tudo apagado. É surpreendente a grande rivalidade (ou ódio) de Gus com Hector Salamanca (Mark Margolis) e Don Eladio (Steven Bauer).
Os últimos cinco episódios da temporada são ainda mais colossais e apoteóticos: temos o Walter fazendo de tudo para conseguir despistar a atenção do Hank em relação à investigação do Gus. Temos a volta do asqueroso Ted onde a Skyler o ajuda com uma parte do dinheiro do Walter (para todo seu desespero). Temo o Gus sendo forçado a manter (pelo menos inicialmente) um acordo com o Cartel Mexicano. E o final do décimo episódio é estratosférico, com aquela presença em território Mexicano do Gus, Mike e Jesse enfrentando o Don Eladio e sua trupe.
A partir do décimo primeiro episódio é onde o Gus afirma diretamente para o Walter que toda a sua família está ameaçada caso ele interfira na missão de acabar com o Hank. Temos grandes reviravoltas nos últimos episódios da temporada, como o fato do Gus entrar na mente do Jesse para que ele concorde com a morte do Walter, e se possível até executá-lo. Temos todos os acontecimentos envolvendo o possível envenenamento do garotinho Brock, o filho de Andrea (Emily Rios), que Jesse acreditava ter sido o Walter o responsável. Também acompanhamos a aproximação de Walter com o Tio Salamanca, como para usá-lo para conseguir matar o Gus, já que o Tio Salamanca também queria uma vingança contra o próprio Gus.
Diante disso chegamos em uma das cenas mais emblemáticas e apoteóticas de toda a história da série "Breaking Bad". Que é justamente a cena da explosão da bomba na cadeira de roda do Tio Salamanca, que atinge tanto o Tio quanto o próprio Gus. Esta cena é icônica, principalmente por nos mostrar todo requinte e elegância de um verdadeiro gentleman do Gus antes de morrer. Senhoras e senhores, que cena!
Walter White é o verdadeiro vilão de toda a história. Ele é o vilão do Jesse, ele é o vilão da Skyler, ele é o vilão do Hank, ele é o vilão de sua própria família, ele é o vilão dele próprio. Aquele Walter omisso, indefeso, preocupado, resguardado, tentando ser inofensivo, já não existe mais. Walter está mais do que nunca tomado pela ambição, pela escuridão, pela destruição, assumindo todos os riscos, enfrentando tudo e todos, tomado pelo sede insaciável de vingança e poder. Walter está longe daquele pai, daquele esposo, daquele professor, daquele herói para seu filho, ele já é a personificação do traficante, do assassino, sempre traçado como um ser vingativo, cruel e impiedoso.
Nessa temporada temos várias atitudes do Walter que nos faz olhar para ele de um forma ainda mais diferente das temporadas anteriores. Posso citar a parte do possível envenenamento do Brock, que pode sim de fato ter sido o Walter como uma forma de trazer o Jesse novamente para o seu lado no império da metanfetamina (algo um pouco parecido com o que aconteceu com a Jane na segunda temporada). Walter não se preocupa mais em atacar seu algoz, mesmo que isso interfira diretamente em pessoas inocentes e indefesas. Nesse caso do Brock, ele sobreviveu por causa da percepção do Jesse, porque se dependesse do Walter ele realmente teria morrido.
Sem falar que temos algumas cenas em que mostra um Walter totalmente perturbado e fora de si, praticamente incorporando um Coringa: como na cena que a Skyler fala para ele que deu o dinheiro para ajudar o Ted e ele cai na gargalhada, e no último episódio, quando ele faz toda armação para acabar com o Gus e consegue. Ali vemos um Walter tomado pelo desejo de vingança a qualquer custo, principalmente na cena que ele vai até o laboratório e salva o Jesse e logo após ele destrói o laboratório, e ainda liga para Skyler para dizer: "Eu Venci" - com aquele ar de soberano.
Elogiar o Bryan Cranston como Walter White é praticamente chover no molhado. Então vou escrever aqui o mesmo que escrevi nas temporadas passada: "Bryan Cranston é incontestavelmente um dos melhores personagens de séries de todos os tempos!"
Anna Gunn e sua eterna personagem "ame ou odeie". Confesso que na temporada passada eu tive mais raiva da Skyler, pois eu não aprovava as suas atitudes, mas nessa temporada ela volta a me agradar em grande parte. Talvez a única parte em que eu não aprovei sua decisão foi na parte em que ela decide dar o dinheiro para ajudar o Ted. Mas de qualquer forma é aceitável que ela tome esta decisão, afinal de contas as fraudes poderia chegar até ela, uma vez que ela fez parte de todo o esquema junto com o Ted.
Aaron Paul sempre impecável e surpreendente: Jesse é um misto de sentimentos em cada temporada, pois ele tem o dom de nos impactar com variações mais dramáticas, mais agressivas, mais perturbadas, e aqui ele está exatamente dentro desse padrão. Nessa temporada temos um Jesse que inicialmente liga o modo foda-se e quer viver na esbórnia da sua casa. Logo após ele quer se provar útil e não descartável. Depois ele é tomado pela fúria do drama do acontecimento com o pequeno Brock. E no final o vemos novamente fortalecendo os laços com o Walter. Ou seja, mais uma temporada irretocável de Aaron Paul como Jesse Pinkman.
Dean Norris Não tem a mesma proporção da temporada passada, até pelos acontecimentos que ocorreu com ele, mas ainda assim ele se mostra extremamente importante, principalmente em pegar os atalhos da investigação do assassinato do Gale para chegar no Gus.
Giancarlo Esposito é talvez o personagem mais importante de toda a temporada depois do Walter. Gus é aquele vilão perfeito, com uma postura perfeita, com atitudes perfeitas, que nunca desperta suspeitas. Um homem pomposo, requintado, elegante, influente, extremamente educado, que tinha nas mãos todos os seus negócios, todos os seus rivais e, principalmente, a polícia. Gus sempre estava um passo na frente de tudo e de todos, que mantinha um discurso com um alto poder de persuasão, se destacando como um líder, como um chefe, como um pastor de uma igreja, que tinha todos os seus féis e seus seguidores dentro do seu regime. Giancarlo Esposito está magnífico na pele do envolvente e poderoso Gustavo Fring.
Bob Odenkirk é muito hilário na pele do envolvente Saúl Goodman. Incrível como o Saúl é um personagem importante dentro de todo o contexto da história. Por mais que ele não esteja sempre no foco, mas ele ataca sempre na hora certa, sempre com bastante oportunismo, tanto pelo lado do Walter, quanto pelo lado da Skyler e do Jesse. O mesmo vale para o personagem do Jonathan Banks, que sempre mantém aquela postura de cão de guarda e braço direito do Gus. Porém, logo após ele ter sido baleado no México eu me questionei exatamente sobre essa questão, de parecer que o Gus não se importava com ele, que ele era apenas mais um empregado totalmente descartável.
Completando o elenco temos o RJ Mitte, o Walter Jr. Walter Jr. tem algumas participações pontuais e interessantes na temporada, como na parte que ele fica feliz com o pai por ter ganhado seu super carro, e logo após a revolta com a mãe por ter devolvido. Já a Betsy Brandt teve um crescimento notável na temporada passada e aqui ela mantém esse destaque. Marie volta a atacar de cleptomaníaca com suas histórias mentirosas.
Com a morte do Gus nessa temporada, que era o maior confronto com o Walter e seus planos, a quinta temporada abre um leque de possibilidades. Sem o Gus no caminho, Walter está teoricamente livre e com o caminho aberto para ir cada vez mais fundo com a sua ganância e com a sua ambição no mundo do tráfico e do enriquecimento ilegal. A sua ganância irá crescer, a sua ambição irá crescer, a sua motivação irá crescer, pela oportunidade de ser a única referência e dominar todo o negócio do tráfico de metanfetamina. Walter White está no topo e ele precisa se manter lá.
A quarta temporada de "Breaking Bad" se mantém no topo, se mantém cada vez mais importante e cada vez mais relevante dentro do contexto de toda a história. Agora é partir para a última temporada da série, que irá trazer o fechamento mais apoteótico e icônico da história das séries. [02/08/2023]
Breaking Bad (3ª Temporada)
4.6 840TEM SPOILERS!
Breaking Bad (3ª Temporada) 2010
É realmente impressionante o poder que esta série tem em nos surpreender e nos impactar em todas as temporadas. É absurdo como cada temporada de "Breaking Bad" é melhor do que a outra. É genial como tudo funciona impecavelmente na série, como o excelente roteiro, a magnífica direção, o elenco irretocável e as maravilhosas qualidades técnicas e artísticas.
Um ponto que eu sempre gosto de destacar em cada temporada é sobre o crescimento e o desenvolvimento da série, do roteiro e principalmente de cada personagem. Eu considero este como o principal fator para toda relevância e magnitude da série em uma visão geral.
Esta terceira temporada de "Breaking Bad" é absurdamente "FODA" em todos os sentidos. Eu fico cada vez mais impressionado como tudo funciona bem dentro da temporada, como tudo se liga e se conecta com perfeição em cada contexto da história, como cada personagem tem o poder em nos fazer amá-lo ou odiá-lo assim em questão de segundos, como cada episódio complementa o outro, sendo extremamente necessário e não uma encheção de linguiça (nem mesmo o episódio da mosca).
A temporada já inicia com o pé na porta com o primeiro episódio, que por sinal é um dos melhores da temporada. Logo somos surpreendidos com aquele cenário no México muito curioso com aquele ritual das pessoas se arrastando no chão até um altar, que por sinal nesse altar contém uma foto do Sr. Walter (Bryan Cranston). E nesse episódio entra um ponto muito curioso da segunda temporada, que é justamente o fato de observarmos que a colisão dos aviões no céu de Albuquerque se deu pela negligência de Donald Margolis (John de Lancie) por estar visivelmente transtornado pela morte de sua filha Janne (Krysten Ritter). Este é o cenário do início da terceira temporada: Skyler (Anna Gunn) e Walter estão separados e ela quer pedir o divórcio. Jesse Pinkman (Aaron Paul) está passando por uma reabilitação internado em uma clínica. O Walter Jr. (RJ Mitte) muda totalmente o seu semblante, pois ele se sente excluído da família por não saber o porque do pai ter saído de casa, sendo que ele ama esse pai que na temporada passada o chamava de herói. Enquanto Hank Schrader (Dean Norris) continua com sua incontrolável obsessão pela captura de Heisenberg.
Um ponto muito interessante é justamente todos aqueles depoimentos na escola das pessoas sobre o acidente aéreo. É ai que vemos o Walter visivelmente incomodado e abalado, por ele pensar que indiretamente ele é o principal responsável por toda aquela tragédia, por ele ter permitido que a Jane morresse quando ele não fez absolutamente nada para salvá-la. E é ainda mais incrível e bizarro como o Walter sempre acha que as coisas ruins que acontecem sempre pode ter um lado positivo, como aquele seu intrigante discurso na escola, onde visivelmente deixou todos incomodados.
Temos o ponto alto da temporada, que é justamente a cena do Walter revelando para a Skyler que ele é fabricante de metanfetamina. A partir daí Walter percebe que perdeu sua família e decide que quer dar um basta na produção de meta, porque ele não se vê como um criminoso.
Essa terceira temporada também serviu para integrar novos personagens na série, além de promover personagens secundários da temporada passada para o elenco principal. Este é o caso de Gus Fring (Giancarlo Esposito), que surpreende todos nós e ao Walter quando ele aparece com aquela proposta de 3 milhões por 3 meses de trabalho para ele, o que logo deixa o Walter completamente perturbado. Sem falar naqueles dois primos do Tuco (Raymond Cruz), Leonel Salamanca (Daniel Moncada) e Victor (Jeremiah Bitsui), que são completamente tomados pelo mistério e pela sede de vingança. Além da reaparição do Tio Salamanca (Mark Margolis), que é resgatado do asilo pelos sobrinhos.
A temporada segue nos surpreendendo ao nos revelar aquela cena no México nos mostrando como se deu aquela icônica cena da temporada passada, que é a cabeça do Tortuga (Danny Trejo) em cima da tartaruga. Outra cena emblemática é justamente quando o Walter conta para a Skyler sobre tudo que ele fez para levantar o dinheiro pensando no bem estar de sua família, que obviamente é ilegal. Por outro lado somos impactado com o Jesse ligando no celular da Jane somente para ouvir a gravação da voz dela. Ele realmente está inconsolado e por isso resolve voltar para a fabricação de metanfetamina.
Um dos pontos alto dessa terceira temporada está no desenvolvimento do Hank. Pois ele passa a tomar uma nova postura sobre as ordens que recebe em seu departamento, como no caso daquela recusa em ir para uma nova missão em El Paso (Texas) só para ficar no rastro do Heisenberg. Nessa parte temos uma sequência de cenas emblemáticas, que é a partir da cena da perseguição do Hank ao Jesse até o trailer, onde ele quase captura não só o Jesse mas também o Walter. Logo após temos aquela falsa notícia sobre de saúde da Marie (Betsy Brandt), o desespero do Hank e a destruição do lendário trailer.
O sétimo episódio é o meu preferido da temporada, que é justamente o episódio de crescimento e desenvolvimento do Hank. Eu vejo um crescimento absurdo do personagem, exatamente por ele sair daquela postura de agente certinho da DEA ao ir confrontar e espancar o Jesse. Hank está perdendo todo o seu controle de policial pela obsessão em chegar no Heisenberg. Aquela cena do tiroteio dos primos contra o Hank no estacionamento é sensacional, colossal, apoteótica. Sem dúvida é uma das melhores cenas de toda a história de "Breaking Bad".
O décimo episódio é um dos episódios mais contestado e mais polêmico de toda a temporada e toda a série. Muitos consideram o episódio como um completo filler - o famoso encheção de linguiça. Eu já vejo o episódio da mosca por outro lado, por uma outra perspectiva. Eu vejo como um episódio extremamente marcante e importante em toda a trajetória da série, principalmente por representar toda a culpa que o Walter carrega nas costas por suas decisões. Decisões como entrar para o mundo do tráfico ao decidir trabalhar criando sua própria metanfetamina, e principalmente a decisão em deixar a Jane morrer para teoricamente salvar seu parceiro Jesse. Eu acredito que a mosca é uma alusão para toda essa culpa que o Walter decidiu carregar, e justamente pela representação da mosca em ser um inseto que incomoda, que aborrece, que desafia, sendo exatamente a atual situação que o Walter se encontra com sua mente, se incomodando e se aborrecendo com seu remorso e seu sentimento de culpa. Toda aquela luta ali naquele laboratório não era do Walter com uma simples mosca que o estava incomodando, mas sim uma luta travada com sua mente, com esse sentimento pesando em suas costas. Não existe nada mais pesado do que um remorso, um sentimento de culpa, essa era a contaminação que o Walter dizia para o Jesse que a mosca estava fazendo naquele ambiente.
Eu achei um episódio importante, marcante, poético, comovente, reflexivo e extremamente necessário para todo o contexto da série. Sem falar naquela cena em que o Walter pede desculpas para o Jesse pelo o que ele fez com a Jane, mas indiretamente, sem o Jesse realmente perceber sobre o que ele estava falando. O episódio 10 é fenomenal!
Bryan Cranston e Walter White já virou uma única pessoa, isso é fato. Toda aquela mudança de postura e personalidade que observamos acontecer na temporada anterior aqui está cada vez mais aflorada. Walter já está totalmente imergido no seu lado sombrio, ambicioso, incontrolável e assassino. Só observarmos por exemplo aquela cena em que ele atropela os traficantes e depois atira contra o outro a queima roupa. Bryan Cranston é incontestavelmente um dos melhores personagens de séries de todos os tempos!
Falando dessa cena apoteótica em que o Walter atropela e mata os traficantes, temos mais uma interpretação monstruosa do Aaron Paul. Paul é outro que já está completamente encarnado no Jesse, e desde a temporada passada que vemos todo o seu crescimento e todo o seu desenvolvimento, principalmente no que diz respeito a sua dramaticidade em cena. Já nessa temporada ele vai ainda mais além, ao mostrar todo o seu descontrole, toda a sua raiva, tomado pelo sentimento de culpa e de vingança. Uma apresentação completamente impecável de Aaron Paul.
Que a Anna Gunn interpreta a personagem mais "ame ou odeie" da série, isso sempre foi incontestável. Porém nessa temporada a Skyler ultrapassa todos os limites e chuta o balde sem dó. Eu sempre achei muito curioso todo o hater que se criou em volta da Skyler, e até confesso que nunca concordei mas também nunca discordei. Já nessa temporada é difícil defendê-la, até porque todas as atitudes que ela toma é contestável: primeiro ela se separa do Walter alegando que ele mente muito para ela (ok, eu entendo). Depois ela quer o divórcio e exige que o Walter não more mais em casa o distanciando de seus filhos. Depois que ela fica sabendo que o Walter fabrica metanfetamina ela o condena de todas as formas e ameaça denunciá-lo. Logo após ela decide trair o Walter transando com seu chefe e ainda vai como uma sínica contar a traição para o próprio Walter, como um engrandecimento do seu próprio ego. Já depois ela inventa toda aquela história de que o Walter é viciado em jogos e ganhou uma bolada, como uma forma para ajudar financeiramente a Marie com as despesas do tratamento do Hank. Depois ela já encabeça na organização da lavagem de dinheiro, induzindo o Walter a comprar o lava-rápido que ele trabalhou e ainda colocá-la como contadora da empresa.
O maior problema da Skyler é ser dúbia, mau-caráter, julgadora, querer ser a dona da verdade, quando na verdade ela não olha para o próprio "rabo" com suas atitudes. A Skyler condena o Walter pela decisão da fabricação de metanfetamina, que sim é errado, mas ela própria é conivente com a falsificação e a sonegação da empresa do Ted (Christopher Cousins), seu chefe/amante. As decisões e as atitudes do Walter são erradas, mas a Skyler é a última pessoa no planeta que teria moral para julgá-lo.
RJ Mitte volta a ter uma certa relevância na série com seu personagem Walter Jr. É interessante a forma fria que ele passa a tratar a Skyler pela sua decisão em afastá-lo do pai. Com isso ele se revolta sem saber os reais motivos. Ótima apresentação de RJ Mitte.
Dean Norris é estratosférico, magnífico, completamente impecável nessa temporada! Por tudo que eu já destaquei do seu personagem Hank mais acima, ele sobe cada vez mais de patamar dentro da série. Dean Norris é aquele ator perfeito para o personagem perfeito, isso é inegável!
Betsy Brandt finalmente volta a ter um destaque e uma relevância nessa temporada, visto que na anterior ela ficou bem escanteada. Após os acontecimentos envolvendo o Hank, a Marie toma para si todo o protagonismo desse caso e nos mostra uma ótima atuação mesclando sua veia dramática e cômica. O que dizer daquela cena em que ela tem a melhor estratégia para tirar o Hank do hospital; que é apostar que ela conseguiria fazer ele ter uma ereção. A cara do Hank saindo da sala na cadeira de rodas com a caixa de flores no colo é completamente impagável.
Na temporada passada eu comentei sobre a introdução na série de três figuras completamente icônicas em todo o universo de "Breaking Bad". Que são os atores Bob Odenkirk, Giancarlo Esposito e Jonathan Banks, que interpretam Saul, Gus e Mike. Nessa terceira temporada todos os três foram promovidos para o elenco principal da série.
Giancarlo Esposito traz o todo poderoso, o big boss, o manda-chuva Gus, que tem uma voz suave, uma postura sisuda e um discurso imponente, mas que esconde todo o seu poder e o seu lado mais letal.
Bob Odenkirk traz o charme e a pompa do Saul Goodman, aquele advogado engraçado e que sempre está tentando passar uma certa confiança mas sempre falha.
Jonathan Banks traz o Mike, que mescla seu lado de homem de confiança e braço direito, com o seu lado improvável de pai.
O último episódio da temporada é uma verdadeira montanha-russa de sentimentos. Pois é nele que temos todo mistério do Gus em relação ao que irá acontecer com o Walter. Também temos um certo protagonismo do Gale (David Costabile) em relação a sua provável (ou não) promoção no laboratório do Gus. Com isso cria-se um ambiente completamente instável tanto para o Walter quanto para o Jesse, que tem que obedecer uma ordem direta do próprio Walter em relação à vida do Gale. O décimo terceiro episódio da terceira temporada de "Breaking Bad" termina exatamente com um disparo do Jesse contra o Gale.
Por fim, a terceira temporada de "Breaking Bad" é incontestavelmente impecável! Aquela temporada perfeita em todos os sentidos e em todos os requisitos, que eleva o nível da série cada vez mais. Não é à toa que eu considero "Breaking Bad" como a melhor série de todos os tempos.
Vince Gilligan eu te amo!
[17/07/2023]
Breaking Bad (2ª Temporada)
4.5 775TEM SPOILERS!
Breaking Bad (2ª Temporada) 2009
A primeira temporada de "Breaking Bad" foi aquela explosão, aquela surpreendente estreia de uma das maiores séries de todos os tempos, fazendo um sucesso estratosférico e conquistando milhares de fãs ao redor do planeta.
Obviamente a primeira temporada foi a responsável em nos introduzir em cada acontecimento na série, em nos apresentar cada personagem com sua devida importância e nos confrontar com os problemas de cada um ali presente. Sendo assim a primeira temporada carrega principalmente o fator surpresa, que é justamente o confronto com todos os acontecimentos envolvendo o Sr. Walter White (Bryan Cranston), que vai desde o professor de química do ensino médio superqualificado e desanimado, passando pelo diagnóstico recente de câncer de pulmão e chegando na parceria com seu ex-aluno, Jesse Pinkman (Aaron Paul), para produzir e distribuir metanfetamina para garantir o futuro financeiro de sua família antes que ele morra.
Este é o principal contraponto com esta segunda temporada, o fato de já estarmos inteirado com tudo, já sabermos de tudo, já conhecermos cada um dos personagens e principalmente o Sr. Walter e o Jesse. Ou seja, já estamos cientes das principais consequências que a doença e o envolvimento com o tráfico trouxe para o Sr. Walter, que obviamente atinge diretamente o Jesse.
A temporada já inicia com aquela cena magnífica do final da temporada anterior, que é justamente o confronto com o Tuco doidão (Raymond Cruz) espancando um de seus capangas. A partir daí o primeiro episódio já nos dá toda a dimensão do que esperar da temporada, que é justamente a relação se deteriorando e ficando cada vez mais insustentável entre Walter e sua esposa Skyler (Anna Gunn). E justamente pelo fato do Walter ser obrigado a esconder de sua família todo o seu envolvimento com o tráfico. E o episódio vai ainda mais além ao nos mostrar todo o drama e apreensão de Walter relacionado ao Tuco.
Outro ponto muito curioso desse primeiro episódio é exatamente todo o cálculo que o Walter faz pensando na venda de metanfetamina relacionado a quantia que ele pretende deixar para sua família. E este cálculo dá ali por volta dos $ 700.000 dólares. Sem falar que é nesse episódio que conhecemos a figura do Sr. Hector Salamanca (Mark Margolis), o tio do Tuco, que é simplesmente um dos personagens icônicos da série.
Um dos principais pontos dessa temporada é exatamente o desenvolvimento e o crescimento do drama, da mentira, do desgaste, da apreensão, daquele suspense que vai se instalando na série com o passar de cada episódio. E exatamente esse suspense pelo fato das mentiras e enganações de Walter com sua esposa, seu filho e principalmente com Hank (Dean Norris), o agente da DEA. Por outro lado a temporada faz uma ótima mescla entre o drama de Walter relacionado ao tratamento de sua doença com o drama pessoal da Skyler e sua gravidez. E aqui entra um ponto extremamente importante dentro da temporada e que eu já mencionei acima, que é o desgaste do casal Walter e Skyler. Pois todo esse desgaste no casamento é o principal fator para moldar a personalidade de cada um a partir dali. Skyler passa a confiar cada vez menos em Walter e decidi voltar a trabalhar, e justamente em seu antigo emprego no qual seu chefe parece ter um claro interesse nela (e ela parece retribuir). Já Walter está cada vez mais envolvido com o tráfico, seu principal interesse é vender toda a metanfetamina que ele já tem guardada. E a partir daí ele começa a passar por cima de tudo e de todos para concluir seu objetivo.
E esta segunda temporada não abrange somente o drama do Walter e sua esposa, mas também temos o desenvolvimento sobre outros personagens da série: que são justamente o Walter Jr. (RJ Mitte), o Jesse e o Hank.
Após o Hank enfim dar cabo do Tuco ele ganha mais respeito e relevância em seu departamento, o que logo o leva a comandar uma nova operação no México. Essa operação o confronta com o traficante Tortuga (Danny Trejo), e aqui temos mais uma cena emblemática de "Breaking Bad", que é justamente aquela cena da cabeça do Tortuga em cima do casco da tartaruga causando uma inesperada explosão. Que cena apoteótica! Esta segunda temporada é responsável por várias cenas icônicas de toda a série de "Breaking Bad".
Sobre o adorável Walter Jr. também temos um desenvolvimento e um crescimento do personagem em relação à temporada passada. Nessa temporada ele mostra estar cada vez mais preocupado com a saúde do pai e engajado em dar a sua contribuição de alguma forma. E aqui temos ele criando aquele icônico site na internet de ajuda para o Walter. Mais uma passagem emblemática e marcante da série e que virou um meme mundial.
Já o Jesse é de longe o personagem que mais cresceu (juntamente com o Walter) e se desenvolveu nessa temporada em relação à ele próprio na primeira temporada. Se na temporada anterior ele ficava mais à cargo das ordens do Walter em relação a venda das drogas, nessa temporada ele começa a andar com as próprias pernas, ele começa a trilhar seu próprio caminho e seu próprio destino. E isso se dá exatamente pelo fato dele partir atrás das suas drogas, do seu dinheiro, se envolver com outra galera do mundo do tráfico, chegando até ao famigerado romance com a viciada em heroína - Jane Margolis (Krysten Ritter).
Todo esse envolvimento do Jesse com a Jane é o principal ponto de virada da temporada, a verdadeira força motriz para os acontecimentos que virão a partir desse romance, tanto pelo lado do Walter quanto pelo lado do próprio Jesse. Jesse passa a ser dominado pelo tal envolvimento com a garota, e isso é muito ruim para os planos do Walter em relação a sua parceria com os planos da metanfetamina. Ou seja, o envolvimento do Jesse com a Jane passa a ser uma ameaça para o Walter, principalmente após o Jesse revelar para Jane todos os seus esquemas no mundo do tráfico junto com Walter, e aquela dívida que o Walter tem com ele. A partir daí a Jane começa a chantagear o Walter em relação ao dinheiro que ele deve para o Jesse, o que faz o Walter tomar a decisão mais emblemática, surpreendente e intrigante de toda a série "Breaking Bad".
Esta é uma decisão muito particular do Walter, que até hoje ainda é contestada, simplesmente a sua decisão de observar a Jane ter uma overdose causada pela heroína e morrer sufocada com seu próprio vômito. Por sinal uma cena pesadíssima, que realmente nos incomoda. Porque o Walter tomou essa decisão de praticamente participar da morte da Jane mesmo que indiretamente? Esta cena tem uma grande revelação, uma grande desconstrução, uma grande descaracterização, que é justamente a figura do Walter, em como ele deixa de lado o seu lado humano, de pai, de marido, e entra de vez no seu lado sombrio. Pois a decisão de Walter em deixar a Jane morrer diante de seus olhos age como o início de seu declínio moral, ético, humano, embora tenha claramente um impacto emocional sobre ele.
Podemos entender que esta decisão do Walter foi feita unicamente pensando em seu parceiro Jesse, em resgatá-lo de volta à vida, pois a Jane já tinha o dominado completamente e estava se matando e matando o Jesse com o uso das heroínas. E aqui eu compreendo a cabeça do Walter, que já estava completamente envolvido nesse submundo do tráfico, que já não tinha mais espaços para pensar no amor, na compaixão, para sentir pena, que precisava tomar uma única decisão naquele momento, que era de salvar a Jane (que pra ele era uma total desconhecida) ou salvar o Jesse (o seu parceiro). E esta decisão do Walter claramente teve um grande impacto emocional e humano sobre ele, pois ele não era nenhum sádico, nenhum psicopata, e mesmo assim ele teve que agir com frieza, com a maior dificuldade do impacto e das consequências que esta decisão traria sobre ele. E na cena claramente podemos observar o impacto da tristeza e da consciência pesada expostas nas lágrimas escorrendo no rosto do Walter. Senhoras e senhores, que cena!
Bryan Cranston está cada vez mais fenomenal na pele do indescritível Walter White. É realmente impressionante o notável crescimento de seu personagem com o passar de cada episódio e de cada temporada. Nessa segunda ele está completamente impecável e irretocável.
Aaron Paul foi o que mais me surpreendeu, pois como eu já mencionei, seu personagem foi o que mais cresceu e se desenvolveu nessa temporada. Paul mostra estar cada vez mais a vontade no personagem, estar cada vez mais conectado com as causas e os sentimentos de seu personagem. E aqui tem um diferencial, sua veia dramática, que é muito mais explorada nessa temporada, principalmente sobre o efeito da morte da Jane, onde ele dá um show naquela cena que explora toda a sua dramaticidade. Aaron Paul é outro que esteve impecável na temporada.
Anna Gunn traz talvez a personagem que é a verdadeira personificação do termo "ame ou odeie" de toda a série. Acho bastante curioso todo o hater que se criou em torno da sua personagem, o que não concordo inteiramente mas também não discordo completamente. Realmente a Skyler toma umas decisões contestáveis, continua vivendo somente dentro da sua bolha, e agora ela vai ainda mais além, ao retribuir os galanteios de seu chefe e sair de casa no final da temporada. Mas por outro lado algumas decisões dela até que são compreensíveis, já que o próprio Walter também não ajuda né.
Krysten Ritter (eterna Jessica Jones) foi uma excelente adição da temporada, e ela contribuiu perfeitamente com sua personagem Jane. Krysten incorporou muito bem aquela figura da garota viciada, problemática, que estava se afundando e carregando seu namorado junto. Uma ótima atuação!
Completando o elenco:
Dean Norris anda na mesma linha do seu personagem da primeira temporada, porém aqui ele se sobressai em várias ocasiões, como no assassinato do Tuco e a operação no México.
RJ Mitte continua com seu ótimo personagem Walter Jr. Dessa vez cada vez mais empenhado pela causa do pai.
Já a Betsy Brandt é completamente deixada de lado nessa temporada. Sua personagem Marie, a cleptomaníaca, é esquecida em praticamente todos os episódios.
Muito curioso que nessa temporada temos aquela ligação com "Better Call Saul". Inclusive temos entradas de figuras emblemáticas e icônicas de todo o universo de "Breaking Bad" - que são as figuras do Mike (Jonathan Banks), do Gus Fring (Giancarlo Esposito) e do Saul Goodman (Bob Odenkirk).
O último episódio é muito importante para a continuação dos próximos acontecimentos da série. Pois é nele que temos aquela decisão da Skyler em sair de casa e deixar o Walter, ela já estava farta das suas mentiras. Temos o Walter indo resgatar o Jesse daquele local que ele estava entregue as drogas. E também a cena da explosão dos aviões no céu com aquele icônico urso caindo diretamente na piscina do Walter. Por sinal mais uma cena que mostra a dimensão e a proporção das escolhas feitas por Walter - muito curioso!
No mais, a segunda temporada de "Breaking Bad" continua magnífica, excelente, impecável, que só confirma a proporção e a importância estratosférica que a série tem. Impressionante como a série cresce em cada temporada, e aqui temos uma evolução grandiosa e notável sobre o roteiro, as qualidades técnicas e principalmente em relação ao elenco, que entregaram ótimos trabalhos. Destacando ainda mais a principal mudança de postura e personalidade do Sr. Walter White, que definitivamente se entregou ao seu lado sombrio, com uma clara mudança obscura em seu caráter e se tornando cada vez mais aquele ser tomado pela incontrolável e destrutiva ambição.
Mais uma temporada obra-prima das séries!
[29/06/2023]
Breaking Bad (1ª Temporada)
4.5 1,4K Assista AgoraBreaking Bad (1ª Temporada) 2008
"Breaking Bad" é uma série americana criada e produzida por Vince Gilligan (roteirista da lendária série "Arquivo X", dos anos 90) para a AMC. Situada e filmada em Albuquerque, Novo México, a série segue Walter White (Bryan Cranston), um professor de química do ensino médio mal pago, superqualificado e desanimado que está lutando com um diagnóstico recente de câncer de pulmão em estágio três. White se volta para uma vida de crime e faz parceria com um ex-aluno, Jesse Pinkman (Aaron Paul), para produzir e distribuir metanfetamina para garantir o futuro financeiro de sua família antes que ele morra, enquanto navega pelos perigos do submundo do crime.
Já inicio afirmando que "Breaking Bad" é a melhor série do século, a verdadeira obra-prima das séries e está simplesmente entre as melhores séries já criadas em toda a história. Sim, eu sou mais um louco completamente fissurado nessa série. Mais um na extensa lista dos que consideram esta série completamente perfeita em todos os sentidos.
O que mais me surpreende em "Breaking Bad" é sem dúvida o roteiro, que é absurdamente impecável e genial em todos os quesitos. Pois aqui temos uma obra que navega no drama, no investigativo, elaborando todo um Thriller policial, que permeia todos os acontecimentos acerca da principal figura da série, que é exatamente o Sr. Walter White. Toda história de "Breaking Bad" é obviamente fictícia, mas facilmente podemos encaixá-la em nossa própria vida, em nosso próprio cotidiano, pois a partir do momento em que somos confrontados com a figura do Sr. White, um professor de química que leva uma vida monótona e frustrada, que tem que desempenhar o seu papel de pai e chefe de família, que obviamente passa pelo fato de ter um filho deficiente, facilmente podemos logo se identificar com toda a sua história.
E é exatamente dessa forma que a história transcorre inicialmente, nos apresentando e nos imergindo na história da vida de Walter White. O roteiro da série nos surpreende e se mostra ainda mais interessante a partir do momento em que somos confrontados com o Sr. White descobrindo a existência de um câncer de pulmão, sendo que essa descoberta também lhe traz a notícia que ele terá pouco tempo de vida pela frente. Ou seja, o que se passará na cabeça do Sr. White a partir dessa descoberta? O que ele estará pensando a partir do momento em que se vê diante dessa gravíssima situação, ainda mais sendo confrontado com a sua questão financeira, que não é um das melhores, e ainda com a condição de uma esposa grávida?
Realmente é muito difícil se colocar na pele do Sr. White e se imaginar naquela situação e naquelas condições. A recente descoberta do seu câncer de pulmão logo o obriga a tomar certas decisões enquanto ainda há tempo de vida, e qual é a sua principal decisão? Sim, o Sr. White sendo um expert em química e tendo o conhecimento dos altos lucros financeiros desse submundo, ele passa a criar e vender a sua própria metanfetamina. E quem aqui vai julgá-lo pela sua decisão? Quem aqui também não pensaria em fazer exatamente o que ele fez? Quem aqui não pensaria em usar todo o seu conhecimento em química para faturar um bom dinheiro para deixar a sua família em condições melhores após a sua morte? Por mais que seja errado, por mais que seja ilícito, por mais que você saiba das consequências que esta decisão pode lhe trazer, mas você já tem pouco tempo de vida, se você for preso você vai morrer de qualquer jeito, então porquê não deixar o seu filho deficiente e a sua filha que vai nascer financeiramente melhor? Muitos podem afirmar que jamais fariam isso, que jamais tomariam esta decisão, mas todos nós não conhecemos os nossos reais limites quando estamos em certas situações. O ser humano é capaz de tudo, ainda mais quando se sente ameaçado e em uma situação de emergência.
Outro ponto muito interessante é o alerta que a série nos faz em relação à nossa organização financeira, em outras palavras, a nossa forma em ter um controle financeiro dentro da nossa família. Uma reserva financeira garante mais tranquilidade para lidar com situações adversas, ou seja, exatamente as questões que o Sr. White iria enfrentar a partir do momento que descobriu o câncer. Obviamente ele foi pego desprevenido financeiramente na questão do tratamento da sua doença.
A primeira temporada de "Breaking Bad" deveria contar com nove episódios, porém foi reduzida devido à greve dos roteiristas americanos que ocorreu naquele ano (e que voltou a acontecer atualmente). E mesmo com a redução de dois episódios, a primeira temporada ficou perfeita, conseguiu elaborar muito bem cada acontecimento, onde a cada episódio íamos se afeiçoando cada vez mais com o Sr. White e com a sua história.
O primeiro episódio é exatamente aonde começamos a descobrir a arte do mundo da química. O Sr. White é um artista, da sua maneira mas ele é um artista. Um fato muito curioso e pertinente: temos aqui um professor de química que tem que se submeter à um tratamento de quimioterapia.
No segundo episódio temos aquela bizarra cena da banheira demolindo o teto da casa do Pinkman.
O terceiro episódio nos traz uma reflexão sobre o Sr. White; de fato ele não é um criminoso, pelo menos ainda, ele está nessa unicamente pelo dinheiro para deixar para a sua família. Tudo isso se resume bem na cena em que ele sofre ao pedir desculpas após ter matado enforcado o Krazy-8 (Maximino Arciniega). Por sinal antes da morte temos uma cena que nos surpreende, quando os dois conversam e revive suas histórias do passado.
A partir do episódio quatro em diante, é onde a série é envolvida por um peso dramático ainda maior. Pois temos a surpresa da revelação do câncer para toda a família. Temos a corrida contra o tempo em busca de um tratamento, tratamento este que ainda tem que passar pela a aceitação do Sr. White.
O sexto episódio é bem chocante, pois é nesse episódio que o Sr. White raspa a cabeça e sai do modo defesa e parte de cabeça para o modo ataque (quando ele vai enfrentar o líder traficante). Aquela cena final da explosão foi antológica. Que cena maravilhosa!
Já o sétimo (e último) episódio, é onde temos algumas revelações surpreendentes. É realmente incrível quando sequer imaginamos que ao nosso redor tem pessoas que fazem parte da nossa família e que fazem coisas ilegais. Este é o poder que esta série tem, pois pode não parecer, mas ela traz várias reflexões, você começa a refletir sobre as motivações de cada um, nos objetivos de cada um, nas pretensões de cada um. É simplesmente fantástico!
Uma série fantástica precisa contar com um elenco fantástico!
Bryan Cranston (lendário em várias séries dos anos 90) é um grande ator, que já teve vários personagens importantes ao longo da sua carreira cinematográfica. Porém, ele ficou estigmatizado pelo Sr. Walter White. Um trabalho absurdo, uma atuação irretocável, um personagem que lhe caiu como uma luva, que sequer eu poderia imaginar outra pessoa em seu lugar. Completamente eterno!
Aaron Paul (da série "Westworld") foi o contraponto perfeito do Bryan Cranston. Paul soube incorporar a figura do Jesse Pinkman exatamente da forma como o roteiro precisava e pedia. Pinkman era aquele parceiro problemático, descontrolado, impulsivo, que metia os pés pelas mãos, que tomava decisões erradas, se mostrando completamente ao inverso do Sr. White. Acho que é por isso que essa dupla improvável deu tão certo dentro da série. Na minha opinião, a interpretação do Aaron Paul casou perfeitamente com o Jesse Pinkman.
Anna Gunn (da série "Shades of Blue") é uma personagem um tanto quanto improvável. Skyler White é a personificação da esposa que vive dentro do seu mundo, presa na sua bolha, que não enxerga um palmo na frente do seu nariz. Quando ela descobre a doença do marido ela quer correr contra o tempo, tomando muita das vezes até decisões precipitadas sem o consultar. Achei uma atuação muito boa da Anna Gunn, bastante condizente com uma personagem que se mostra bem resistente no que deseja.
Dean Norris (do clássico "O Vingador do Futuro", de 1990) é o agente da DEA, Hank. É muito interessante o propósito do Hank dentro da série, até por ele ser o inverso do Sr. White (ou não). Era como estar no terreno do inimigo sem perceber.
Já a Betsy Brandt (da série "Only Murders in the Building") faz o papel daquela irmã bem peculiar, que a gente confia desconfiando, que morde e assopra. A cleptomaníaca Marie é uma figura bem inusitada dentro da série.
RJ Mitte ("Banho de Sangue", de 2018) tem paralisia cerebral na vida real, embora a sua seja uma forma mais branda, que o possibilita de atuar. Walter Jr é aquele filho sempre preocupado com o pai, principalmente após descobrir da existência da sua doença, o que o deixa bem revoltado com a situação.
A primeira temporada de "Breaking Bad" recebeu inúmeros prêmios e indicações, incluindo quatro indicações ao Emmy Award e vencendo em duas categorias. Bryan Cranston venceu como melhor ator de série dramática e Lynne Willingham ganhou como melhor edição de série dramática. Vince Gilligan foi indicado ao melhor diretor de série dramática pelo episódio piloto e John Toll foi indicado ao prêmio de melhor cinematografia para séries de até uma hora pelo episódio piloto. Cranston também ganhou o Satellite Award como melhor ator em série dramática. A série também foi indicada como Melhor Novo Programa do Ano (TCA Awards). A série também ganhou três indicações ao Writers Guild of America Award, vencendo uma categoria. Ela foi indicada como melhor série, Patty Lin foi indicada ao Melhor Episódio Dramático por "Gray Matter" e Vince Gilligan venceu como melhor Episódio Dramático pelo episódio piloto.
Tecnicamente a série também é impecável!
Temos uma excelente trilha sonora de Dave Porter, que além das suas composições a série também usa músicas de outros artistas. A cinematografia é muito bem trabalhada. O mesmo vale para a direção de arte, que soube regrar cada detalhe com bastante atenção de acordo com o padrão da série. Sem falar na montagem, edição, mixagem de som e direção de cada episódio, tudo completamente perfeito, sem uma falha. Realmente é um absurdo o que esta série entrega até em questões técnicas e artísticas.
A primeira temporada de "Breaking Bad" foi o pé na porta, foi a entrada triunfal, foi o início desse fenômeno mundial, dessa aclamadíssima série, que por sinal é merecidíssima de todos os elogios e reconhecimentos possíveis. "Breaking Bad" é a nossa verdadeira droga, a nossa verdadeira dependência química, pois temos aqui toda a magnitude dessa obra em nos apresentar uma primeira temporada com um roteiro inteligente, muito bem escrito, muito bem trabalhado, muito bem pensado, que nos confronta com uma história que podemos nos identificar, onde temos situações que misturam realidades com situações bem extremas. Genial!
É muito difícil você encontrar aquela obra perfeita, aquela obra irretocável, aquela obra primorosa, aquela obra peculiar, e "Breaking Bad" é esta obra perfeita, é esta obra triunfal, é esta obra impactante, é esta obra magnífica.
Aquela verdadeira obra-prima das séries!
Top 1 na minha lista de melhores séries de todos os tempos!
Sem mais! [11/06/2023]
⭐⭐⭐⭐⭐
👏👏👏👏👏
Ash vs Evil Dead (3ª Temporada)
4.1 140 Assista AgoraTEM SPOILERS!
Ash vs Evil Dead (3ª Temporada) 2018
Agora que terminei a terceira temporada posso afirmar com 100% de certeza que a série "Ash vs Evil Dead" é muito boa e foi uma ideia genial desse eterno trio (Bruce Campbell, Rob Tapert e Sam Raimi).
Se na segunda temporada eu constatei um certo sinal de desgaste, pelo fato de toda temporada ser praticamente igual a primeira e ainda terminar os eventos novamente na lendária cabana na floresta. Dessa vez somos completamente surpreendidos, como uma temporada excelente, que soube se reinventar, inovar, começar a tomar um rumo diferente, trazer novos elementos e ainda usar o mesmo universo mas com uma história diferente e um final apoteótico.
A temporada mantém o mesmo ritmo das anteriores, sendo bastante fluida, dinâmica, voraz, novamente apostando pesado na violência explícita, na sanguinolência extrema, ou seja, entregando um gore maravilhoso pra ninguém botar defeito.
Dessa vez a temporada se inicia com um Ash (Campbell) sendo glorificado como o salvador da humanidade em Elk Grove, exatamente pelos eventos da segunda temporada. E nesse quesito a série novamente acerta muito bem na comédia trash de terror, no terrir, no humor negro, nessa mistura de horror e comédia ultrajante que todos adoramos dessa franquia. Novamente temos a figura de um Ash cada vez mais tiozão, sempre trajado no seu politicamente incorreto, com suas frases de efeitos, com seu humor ácido, com suas tiradas cômicas, com seu timing cômico e seus bordões clássicos. Ash Williams é aquele personagem que sempre amamos ao longo de todos esses anos, aquele velho amigo que conhecemos há mais de 30 anos, aquele canastrão que é pervertido, é incorreto mas adorado no horror.
O primeiro episódio é excelente, facilmente o melhor episódio de toda a série ao longo dos 30 episódios.
Já na abertura somos surpreendidos pelo comercial daquela exótica casa de ferramentas (Ashy Slashy's), com o Ash falando que sempre usou a motosserra para cortar os demônios mas que agora ele usa para cortar os preços - cena impagável! Quem vende brinquedos sexuais em uma loja de ferramentas? Ainda temos aquela cena na escola com os instrumentos musicais atacando o Ash, que faz uma clara referência ao "Evil Dead 3". Sem falar que ainda somos confrontados com a Kelly (Dana DeLorenzo) com seu novo amigo Dalton (Lindsay Farris), que é um integrante dos Cavaleiros da Suméria, e a surpresa para o Ash e para nós de uma filha.
Um ponto interessante nessa temporada é o fato da série tentar humanizar a figura do Ash ao confrontá-lo com o peso da paternidade. Soa até engraçado imaginar o Ash sendo pai, tendo que conviver com uma filha adolescente (que é bem descontrolada por sinal) nas costas. E é exatamente isso que temos aqui senhoras e senhores, sim, um Ash Williams pai! Essa foi a maior surpresa do primeiro episódio e de toda a temporada, a integração da Brandy (Arielle Carver-O’Neill) como a filha do Ash (onde sua mãe é logo morta pelos deadites). E fica interessante acompanhar o desenvolvimento daquela possível ligação de pai e filha, daquela possível família que já começou toda errada, onde o próprio Ash terá que se adaptar à nova vida de ser pai e lutar contra os demônios kandarianos. E por incrível que pareça ao final temos um Ash menos egoísta, menos arrogante, mais família, mais protetor e sendo aquela figura de pai herói.
O segundo episódio tem uma abertura incrivelmente bizarra, que é aquele parto do bebê demônio explodindo a barriga da Ruby (Lucy Lawless). Uma cena com uma sanguinolência insana e um gore extremo, sem falar que os efeitos nessa parte ficaram incríveis. É nesse episódio onde começa as primeiras abordagens sobre os "The Dark Ones" (os Cavaleiros das Trevas), que são conhecidos como os possíveis escritores do "Necronomicon" (o livro dos mortos) e que estão em busca dele.
A terceira temporada se sobressai exatamente por trazer um roteiro mais completo, com elementos mais exploráveis, com novas ideias funcionais, sem ficar somente na sempre dependência do "Necronomicon". Ou seja, temos abordagens sobre o conceito da paternidade, os Cavaleiros da Suméria, que são uma ordem templária secreta criada há milhares de anos para ajudar no combate do mal, e os "The Dark Ones" (que se parecem com os dementadores do "Harry Potter").
O nono episódio nos mostra mais a respeito dos "The Dark Ones", o que confronta diretamente com a finalmente morte da Ruby (que já estava mais do que na hora). Além daquela cena da Brandy enfrentando seu celular demônio na garagem, onde temos uma cena com um gore digno de uma verdadeira filha do Ash Williams.
O décimo episódio segue a excelência da temporada, ao nos mostrar o embate final com o gigantesco demônio "Kandar" (o destruidor) no meio da cidade de Elk Grove (Califórnia). E aqui temos um ponto muito interessante, que é o direcionamento da luta final para a cidade e não para a famigerada cabana na floresta - ponto muito positivo! Interessante mostrar a propagação mundial dos ataques, ou seja, Ash realmente condenou todo a humanidade. A luta contra o "Kandar" é muito boa, pois até o exército estava atacando e não somente o Ash. Mas fato é que somente o Ash tem o verdadeiro poder para destruir todos os demônios kandarianos.
A terceira temporada está repleta de cenas clássicas, emblemáticas e como nunca pode faltar, as famosas cenas hilárias também estão presentes. Nada como a cena bizarra no laboratório de espermas, onde o Ash encara aquele demônio ao som da clássica Take On Me, do A-ha. Mais uma cena completamente sem escrúpulos ao desafiar o Ash com uma luta contra o bebê demônio enfiado dentro de um corpo sem cabeça. Incrível como estas cenas já são clássicas dentro do universo "Evil Dead" e como elas são marcas registradas da franquia. Por outro lado também temos os momentos fofos como a cena em que o Ash entrega para a Brandy o icônico amuleto.
O elenco sempre foi um ponto positivo na série e nessa temporada não seria diferente:
Bruce Campbell sempre excelente, com um personagem completamente imortalizado e eternizado na cultura pop, e que vai deixar saudades do seu icônico Ash Williams. O próprio Bruce Campbell deixou um depoimento emocionado nas redes sociais dizendo que o Ash foi o personagem de toda a sua vida.
Ray Santiago e Dana DeLorenzo como sempre estão impecáveis. Incrível como nas três temporadas o Pablo e a Kelly estiveram excelentes e sendo muito bem interpretados.
Lucy Lawless traz uma personagem que nunca me desceu e nunca me convenceu durante toda a série. A Ruby foi uma personagem totalmente controversa, que ora soava como uma ameaça ora soava como nada. Uma antagonista perdida, uma vilã fajuta, que sempre tentava impor os seus objetivos mas falhava miseravelmente.
Já a Arielle Carver-O’Neill esteve bem como a filha perdida do Ash. Inicialmente eu devo confessar que dava raiva da Brandy, e muito por ela se portar como aquela patricinha mimada, aquela garotinha inocente, indefesa, perdida, subornável, mas ao final ela ganhou a minha empatia e se mostrou uma boa adição da temporada.
Esta terceira temporada também se destaca nas partes técnicas:
Temos uma excelente trilha sonora, onde combinava perfeitamente como cada acontecimento dos episódios (principalmente no décimo).
A fotografia se destaca notavelmente, eu diria que é a melhor fotografia de toda a série.
Os efeitos especiais sempre foram marcas registradas da franquia (desde os primórdios), e aqui eles estão impecáveis.
Ponto positivo também para a direção de cada episódio.
E mais uma vez temos episódios curtos (que não ultrapassam meia hora), que já se tornou marca da série.
Agora falando da parte final da temporada:
Ao final do décimo episódio, após o Ash derrotar o "Kandar", ele acorda em uma espécie de futuro distópico. Possivelmente um futuro onde tudo do passado foi destruído e só restou o Ash (como uma espécie de androide) e uma garota misteriosa que também tem uma aparência de metade humana e metade robô. Claramente este final soava como uma possível continuação em uma quarta temporada futurista. Sem falar naquele veículo todo equipado no maior estilo de um "Mad Max" futurista.
E ainda sobre o final da temporada: ficamos sem saber o que de fato aconteceu com a Brandy, o Pablo e a Kelly. E mais triste ainda, nunca saberemos!
Infelizmente após a terceira temporada a série "Ash vs Evil Dead" foi cancelada devido ao baixo número de audiência (para a minha tristeza e de todos os fãs de "Evil Dead"). Bruce Campbell chegou a afirmar que isso aconteceu pelo fato de ninguém conhecer a Starz (plataforma que produziu a série) na época que ela estava sendo exibida. Porém, em julho de 2022, Campbell confirmou que uma animação estava em processo de desenvolvimento.
"Ash vs Evil Dead" termina com uma temporada com um alto nível de excelência. Pois confesso que ao final da segunda temporada eu achava que os motivos para o cancelamento da série estariam nessa terceira temporada, e agora eu constatei que não estavam. Pois a temporada é muito boa, entrega tudo que promete, além de manter toda a essência do universo "Evil Dead" e ainda se reinventar tomando novos rumos para a série que infelizmente não acontecerá mais. Realmente a série foi cancelada onde deveria começar (ou continuar), pois com esse final de temporada abriria o leque para várias possibilidades de exploração dentro de uma temática futurista, que sempre foi o sonho da franquia e principalmente do Sam Raimi.
O que fica é um enorme sentimento de tristeza misturado com nostalgia, pois a franquia "Evil Dead" é sem dúvida uma das minhas franquias de terror preferida de todos os tempos. O que nos resta é guardar na memória a figura do eterno Ash Williams lutando contra os lendários deadites. Pois de fato ficamos órfãos do nosso anti-herói canastrão, da comédia trash de terror, do gore extremo, do icônico "Necronomicon", do lendário Delta, da clássica boomstick e da famigerada motosserra. Uma pena! [03/06/2023]
Ash vs Evil Dead (2ª Temporada)
4.2 188 Assista AgoraAsh vs Evil Dead (2ª Temporada) 2016
A segunda temporada de "Ash vs Evil Dead" mantém exatamente o mesmo ritmo da primeira, mantém a mesma essência de todo o universo "Evil Dead" e consegue novamente navegar naquela proposta de comédia trash de terror. Dessa vez temos uma intensificação no cômico, naquele humor mórbido, no trash e principalmente no gore.
É interessante que a série nunca abandona a sua origem, justamente por sempre abusar e intensificar a violência explícita, a sanguinolência extrema e sempre mergulhar no Terrir. Porém, aqui temos um ponto bem curioso, que é o fato do nosso Ash estar de volta a Jacksonville e junto com esse retorno retornar todas as suas lembranças do passado; como o fato da aparição do seu pai (Brock Williams, que é interpretado por Lee Majors), que diga-se de passagem, foi uma surpresa. Além, é claro, entre várias surpresas e várias descobertas sobre o Ash que vamos acompanhando com o passar dos episódios.
Bruce Campbell novamente é a alma da série e de todo o universo "Evil Dead". Temos aqui um Ash cada vez mais velho, onde seu timing cômico e suas tiradas cômicas estão cada vez mais afiadas. Podemos notar aquele Ash tiozão com um senso de humor apuradíssimo, sendo aquele velho canastrão de sempre, onde ele nos proporciona cenas completamente impagáveis (Como na cena do morto no necrotério). Por outro lado a série nunca abandona aquelas famosas cutucadas no politicamente correto, onde temos o próprio Ash se trajando daquele humor politicamente incorreto, e é incrível como isso funciona aqui, mesmo que sendo encarado de forma mais branda, mais suave, que é justamente o intuito dessa alocação mais humorística da série (como já havia sido nos filmes).
A série continua acertando com perfeição no dinamismo, na fluidez, com um ritmo bastante envolvente, onde a diversão e o entretenimento é 100% garantido. E muito dessa diversão se passa justamente pela fator nostálgico, que é toda essência oitentista que a série continua nos proporcionando ao longo das histórias de cada episódio. Por falar em episódios, a temporada continua com a mesma dinâmica de episódios curtos, indo direto ao ponto (por mais que alguns até pareçam como uma encheção de linguiça), com aquele mesmo formato de episódios que não ultrapassam a meia hora, onde eu particularmente considero como um acerto. O saudosismo também pesa quando passamos a falar sobre as qualidades técnicas da temporada, que vão desde a maravilhosa e empolgante trilha sonora, até os cenários mais clássicos do universo "Evil Dead", que é justamente a icônica cabana na floresta.
O roteiro dessa segunda temporada segue entre acertos e erros!
Considero um acerto a história dessa temporada nos revelar mais informações sobre aquele passado oculto e sombrio do Ash, como o fato daquela lenda que se criou em sua cidade natal com o famoso "Ashy Slashy". Isso traz mais corpo para a história que está sendo contada, gera um engajamento maior. O mesmo vale para a introdução do principal vilão da temporada, que já difere da primeira temporada justamente por não manter a figura de antagonista (vilanesca) somente sobre a Ruby (Lucy Lawless). O vilão da vez é o temível (ou talvez não) Baal (Joel Tobeck). Que é uma criatura que se veste de peles humanas, que por sinal todo o efeito que utilizaram nas troca de peles foi fantástico.
Outro ponto muito interessante da temporada é toda referência que se mantém sobre a mitologia do universo "Evil Dead".
Ao longo da temporada temos algumas menções e referências sobre a trilogia original, como no caso da própria cabana e o "Necronomicon", mas ainda vai além, com algumas citações ao "Evil Dead 3", e a aparição daquele demônio de pescoço longo, que faz uma referência direta ao "Evil Dead 2" (se bem me lembro). Não posso esquecer de citar aquela cena no nono episódio, onde temos o clássico ataque dos galhos da árvore na Ruby e na Kelly (Dana DeLorenzo). Os 10 episódios se dividem entre referências, menções e homenagens à toda franquia, e aos famosos episódios de preenchimento da história, que nada mais é do que os famosos "encheção de linguiça".
Eu entendo toda referência e toda representação do universo "Evil Dead" que a segunda temporada traz pra série, inclusive até me surpreendendo no quesito viagem no tempo, onde confesso que não era uma coisa que eu estava esperando na série. E digo que funcionou direitinho como uma inovação da temporada, já que na trilogia original temos abordagens sobre este contexto, e aqui eu fui surpreendido por aquele inusitado encontro entre a Ruby atual e a Ruby dos anos 80, assim como aquele "resgate dos mortos" do Pablo (Ray Santiago). Mas devo reiterar exatamente no quesito inovação na série, que sinceramente eu não vejo muitos caminhos disponíveis para ser explorado fora desse contexto de cabana na floresta. Pois é legal, é nostálgico, é clássico, mas a impressão que dá é de que a história não avança e anda em círculos terminando sempre no mesmo lugar, que é justamente na cabana.
O elenco de apoio continua extremamente cativante!
Ray Santiago e Dana DeLorenzo continuam ótimos, formidáveis, com uma bela química entre eles e principalmente com o Bruce Campbell.
Lucy Lawless tem uma participação maior na temporada, conseguindo transcender aquela figura de vilã fajuta que ela carrega desde a primeira temporada.
Michelle Hurd foi uma boa integração na temporada com sua personagem Linda.
Lee Majors está perfeito sendo a figura do pai do Ash, onde o próprio traz um senso humorístico na medida certa e sendo bem pontual.
Joel Tobeck está mediano como o vilão da temporada, pois achei um apresentação muito caricata e muito canastrona. Mas ok, até que funcionou na medida do possível.
O episódio dez fecha com aquela aparição da Ruby anos 80 no fundo da festa do Ash. Ou seja, o famoso gancho para a terceira temporada. O mesmo vale para a cena pós-crédito (sim, temos uma), onde mostra uma garota achando o "Necronomicon" jogado na floresta.
Por fim, a segunda temporada de "Ash vs Evil Dead" continua boa, e muito por manter grande parte dos elementos da primeira e ainda intensificar alguns. Também continua funcionando perfeitamente em seu objetivo de divertir e entreter. Porém, aqui eu já vejo um pequeno sinal de desgaste, que poderá se intensificar ainda mais na terceira temporada, que por sinal estou bastante curioso pra conferir para poder entender melhor os reais motivos do cancelamento da série. [23/05/2023]
Ash vs Evil Dead (1ª Temporada)
4.2 455 Assista AgoraAsh vs Evil Dead (1ª Temporada) 2015
"Ash vs Evil Dead" é uma série criada e desenvolvida pelo diretor Sam Raimi, juntamente com Ivan Raimi (seu irmão) e Tom Spezialy (roteirista da série "Desperate Housewives"). A telessérie foi lançada em 2015 e é ambientada no mesmo universo criado por Raimi em sua trilogia clássica de filmes na série "Evil Dead". Bruce Campbell retoma seu papel como "Ash" Ashley Williams e a história é desenvolvida como uma sequência da trilogia original.
O universo "Evil Dead" se iniciou lá em 1981, quando o clássico "The Evil Dead" revelava ao mundo cinematográfico o jovem diretor Sam Raimi, que passou a ser conhecido como um dos grandes nomes da história do cinema de terror, o verdadeiro mestre do horror. "The Evil Dead" é considerado como um dos maiores filmes de terror independente da década de 1980 e de todos os tempos. Um dos filmes mais inovadores e audaciosos do terror trash e do gore dos anos 80. Já "Evil Dead II" (1987) era pra ser uma continuação, mas acabou sendo uma refilmagem, um remake, um reboot que serve como continuação da história original. Sem falar que "Evil Dead II" começa a tomar o caminho do "Terrir", funcionando mais como uma comédia de terror, uma comédia trash em um filme de terror. Esse caminho foi intensificado em "Evil Dead III: Army of Darkness" (1992), que além do terror e suspense, o longa é completamente mergulhado no comédia trash pastelona, no terror lúdico e fantasioso.
Após o excelente remake de "Evil Dead" (2013), a ideia do desenvolvimento de uma série foi ganhando cada vez mais forma, até que em 31 de outubro de 2015 tivemos o lançamento pela Starz (um canal de televisão premium americano) da primeira temporada de "Ash vs Evil Dead".
A série se passa trinta anos após os acontecimentos de "Evil Dead II". Ash, obviamente, está mais velho e aposentado das suas incansáveis caças aos demônios. Ele realmente largou a vida de caça aos monstros e nem quer se lembrar do seu tempo em "Evil Dead". Porém, suas lembranças do passado nunca o abandonou, como a convivência sem uma das mãos (que foi perdida em "Evil Dead II"). O fato é que depois de 30 anos, Ash precisa largar a sua aposentadoria dos demônios e retomar sua jornada de única esperança da humanidade para combater o mal, além de enfrentar seus próprios traumas do passado que estava adormecido.
"Ash vs Evil Dead" foi criada com a proposta exata de uma comédia de terror, uma comédia trash de terror. E nesse quesito a série funciona perfeitamente ao mesclar elementos entre o humor negro, o fantasioso, o lúdico, o Terrir, mas sempre mergulhado no terror trash, na violência explícita, na sanguinolência e com um gore extremo.
Uma coisa é certa, a série é divertidíssima, é leve, é gostosa, é dinâmica, é fluida, você se diverte o tempo todo ao longo dos 10 episódios, dando boas gargalhadas. Temos aqui aquele famoso comfort movie, que realmente anima o seu dia (ou noite) a bordo de uma trama que é uma verdadeira viagem no tempo de volta ao anos 80, pois realmente esta série nos traz toda a essência oitentista, que vai desde cenários, histórias, trilhas sonoras, um verdadeiro deleite audiovisual. A série também funciona por trazer elementos clássicos como o icônico "Necronomicon - O Livro dos Mortos", a câmera correndo para simular os demônios se aproximando, a famigerada cabana, aquela trilha sonora clássica, entre outros elementos que constituem a grandeza desse universo criado por Sam Raimi.
Um dos principais pontos que deixa a série divertidíssima é sem dúvida o elenco, que é bastante sólido, principalmente o Ash de Bruce Campbell. É incrível como o Bruce não perdeu o timing cômico do personagem, aquela pegada da comédia, do senso de humor, dos seus bordões, das suas piadas (que é sua marca registrada), aquele consagrado canastrão caricato, o nosso famoso e inesquecível anti-herói desengonçado. A série nos proporciona uma verdadeira nostalgia e uma viagem ao saudosismo ao reviver o clássico Ash com a mão-motosserra e a espingarda de cano serrado, onde todos os fãs do universo "Evil Dead" vão comemorar como um gol (e eu estou incluído).
Ash sempre agiu sozinho, sempre caçou os demônios sozinho, aquele famoso lobo solidário (ops, solitário - rsrsrs!). Porém, dessa vez ele tem um time, dessa vez ele encontrou pessoas para o ajudarem nessa jornada sangrenta e macabra. Obviamente estou me referindo aos carismáticos Pablo e Kelly (que são interpretados pelos ótimos Ray Santiago e Dana DeLorenzo). Ray Santiago ("Interrogation") funciona perfeitamente ao dar vida para o sonhador Pablo, ele nos convence e nos ganha exatamente pela sua forma extrovertida de atuar no personagem. O mesmo vale para a Dana DeLorenzo ("Friendsgiving"), que também atuou de forma carismática e extrovertida, conseguindo uma boa química com todo o elenco. Na verdade o trio conseguiu desenvolver uma ótima química entre eles, o que contou diretamente para ganhar a nossa simpatia e passarmos a torcer por eles.
Completando o elenco ainda tivemos a Jill Marie Jones ("Girlfriends"), que deu vida para Amanda. Uma personagem mais contida inicialmente, porém logo após ela integrar o grupo do Ash ela passa a ter um certo destaque na série. E Lucy Lawless ("Xena: A Princesa Guerreira"), que deu vida para Ruby. Uma personagem que foi vista como uma antagonista, que tinha seus próprios objetivos (bem questionáveis, eu diria) em relação ao Ash e o próprio ""Necronomicon".
Em questões técnicas a série é muito boa!
Podemos destacar principalmente os efeitos e as maquiagens, que realmente estão em um nível bem condizente com toda a estrutura de orçamento da produção. A cinematografia é muito boa. A direção de arte é bastante fiel em relação a produção da época, principalmente quando temos os episódios que são voltados para a famigerada cabana macabra, cujo cenários estão dentro do conceito da trama. Sem falar na ótima trilha sonora (que já destaquei) e na direção impecável de cada episódio.
A primeira temporada de "Ash vs Evil Dead" foi aclamada pela crítica. O agregador de resenhas Rotten Tomatoes deu à temporada uma classificação de 98% "Certified Fresh" com base em 51 resenhas, com uma classificação média de 8,1/10. O consenso crítico do site diz: "Fiel aos filmes que o geraram, "Ash vs Evil Dead" é uma ressurreição sangrenta, hilária e audaciosa da amada franquia de terror de Sam Raimi"; com base em 25 críticos, indicando "críticas geralmente favoráveis".
No entanto, "Ash vs Evil Dead" tem uma primeira temporada muito boa (acima da média, eu diria), pelo simples fato da série saber o que de fato quer e não tentar ser mais do que pode, mais do que deve, que é justamente divertir, entreter, com uma forma descompromissada, usando uma mistura de elementos que vai desde o terror, a comédia, o trash, o gore, mas sem apelar e mantendo toda essência oitentista conquistada e adquirida do icônico e clássico universo de "Evil Dead". [11/05/2023]
Stranger Things (4ª Temporada)
4.2 1,0K Assista AgoraTEM SPOILERS!
Stranger Things (4ª Temporada)
Se a terceira temporada eu afirmei que ficou bem abaixo da primeira e da segunda, com certeza essa quarta voltou com a série nos eixos, trouxe novos personagens e um novo vilão que deu novos ares, uma nova cara, um novo fôlego, um novo rumo, sem sombra de dúvidas fez a série crescer e se sobressair em relação as temporadas anteriores.
Como no final do último episódio da temporada três tivemos a separação do grupo pela primeira vez, juntamente com aquela comoção da carta deixada pelo Hopper (David Harbour) e a sua possível morte. A quarta temporada já se inicia com o grupo separado, morando em outra cidade. Enquanto um grupo ficou morando em Hawkins, a família Byers e a Onze (Millie Bobby Brown) agora vivem em Lenora, no Kansas.
O primeiro episódio já começa nos mostrando a base do laboratório em Hawkins no ano de 1979, onde temos o surgimento de mais crianças com os mesmos poderes telecinéticos da Onze. Dessa vez a história se passa no ano de 1986, onde temos uma adaptação complicada da Onze em sua nova escola, onde ela sofre constantes bullyings (ela continua sem os seus poderes). Por outro lado temos uma Max (Sadie Sink) que está visivelmente transtornada e traumatizada pela morte do Billy (Dacre Montgomery) na temporada passada.
Uma coisa que chamou muita atenção nesse episódio foi como o elenco jovem cresceu em relação à temporada anterior. Se na temporada três eu já havia comentado toda essa diferença de tamanho em relação à temporada dois, aqui chega a ser assustador. A temporada três se passou no ano de 2019, já essa quarta teve sua estreia em maio de 2022, ou seja, quase 3 anos de espera de uma temporada para a outra. Fatalmente teríamos um elenco jovem que cresceria bastante e ficaria muito diferente do que estávamos acostumados. O Lucas (Caleb McLaughlin) foi um dos que mais mudaram. A Erica (Priah Ferguson) também mudou bastante, ela já não é mais aquela menininha da terceira temporada. Fora às notáveis mudanças de tamanho, também tivemos mudanças na voz dos atores e atrizes, como a própria voz da Millie Bobby Brown (sim, eu assisto legendado).
A série nos revela novos personagens:
Temos a nova rainha da escola, a patricinha Chrissy Cunningham (Grace Van Dien). Um personagem muito misterioso de início, Eddie Munson (Joseph Quinn). Jason Carver (Mason Dye), que chegou chegando na série com sua pinta de galã abandonado (ele é o namorado da Chrissy). Fred Benson (Logan Riley Bruner), que era um parceiro da Nancy (Natalia Dyer). E o hilário Argyle (Eduardo Franco), o novo amigo do Jonathan (Charlie Heaton).
A série segue com um segundo episódio surpreendente ao nos revelar o que eu já suspeitava desde a cena pós-crédito do último episódio da terceira temporada - Jim Hopper está vivo (para a alegria de todos). Ele sobreviveu à explosão e foi capturado pelos russos, que o levou aprisionado até uma base onde o mantém sobre tortura em um cativeiro. Robin (Maya Hawke) continua parceira de trabalho de Steve (Joe Keery), só que dessa vez em uma locadora. Temos um ponto bem curioso na série, que é um possível interesse do Will (Noah Schnapp) pelo Mike (Finn Wolfhard). Ou pelo menos foi isso que eu percebi, principalmente pela forma como ele olha para o Mike, e as suas constantes cenas de ciúmes em relação à Onze.
Um dos pontos mais positivos dessa temporada está exatamente no novo vilão - Vecna, o Mago das Trevas. Achei uma ideia genial deixar um pouco de lado o Devorador de Mentes e focar a temporada inteira na construção e no desenvolvimento de um novo vilão. Vecna é uma criatura diferente, com aquela aparência bizarra cheio de tentáculos, que ataca suas vítimas aleatoriamente. E é exatamente dessa forma que segue o terceiro episódio, nos confrontando com a maldição de Vecna ao atacar e matar de forma bizarra as suas vítimas, como aconteceu com a Chrissy e o Fred. A forma como o Vecna ataca e mata as suas vítimas é completamente bizarra e assustadora, os deixando todo torto, com os ossos todos quebrados e os olhos perfurados. Nesse episódio constatamos que o Murray (Brett Gelman) é o novo par da Joyce (Winona Ryder) em busca do resgate do Hopper. Sem falar que até o momento o Vecna só matou personagens secundários e nenhum do grupo principal, e nesse episódio ele passa a perseguir a Max, o que já me deixou bastante apreensivo e preocupado.
No episódio cinco temos uma cena que me deixou muito impactado, que é a cena em que o Hopper desabafa contando com foi toda a sua vida até aquele momento. Desde que ele perdeu sua filha e logo após a sua esposa o deixou. Depois a Onze e a Joyce entram em sua vida, o que o ajudou muito naquele momento em que ele estava entregue ao álcool e as drogas. Uma cena belíssima, pesada, forte, sem dúvida uma das melhores cenas de toda a temporada.
O final do sexto episódio também me deixou apreensivo e bastante preocupado, pois é exatamente a parte onde o Steve é capturado e levado para o Mundo Invertido, onde ele é duramente atacado por uma espécie de morcegos. Porém, já no começo do sétimo episódio a Robin e a Nancy adentram o portal e salvam o Steve (para a minha alegria). Nesse episódio temos o emocionante reencontro da Joyce com o Hopper. Vecna atacando a Nancy no Mundo Invertido, a fazendo reviver suas lembranças do passado envolvendo sua amiga Barb (Shannon Purser). Sem falar que especificamente nesse episódio temos revelações bombásticas envolvendo a face oculta do vilão Vecna. Temos todo o arco pessoal do personagem Peter Ballard / Henry Creel / Um (Jamie Campbell), que nos mostra toda sua construção desde a parte que ele tenta ajudar a Onze a fugir da base. Este episódio é muito bom por exatamente nos revelar os segredos que estavam por trás do Peter/Henry, por nos revelar o personagem Um, que a partir dele foi desenvolvida todas as outras crianças telecinéticas, incluindo a própria Onze. Todo desenvolvimento em cima do personagem para nos revelar que ele era o vilão Vecna é muito bom e muito condizente com toda história que estava sendo desenrolada. Inclusive a luta no final desse episódio entre o Um e a Onze é excelente. Uma das melhores cenas da temporada.
No episódio oito temos alguns arcos pessoais bem interessantes, como é o caso do Will sofrer por aconselhar o Mike que a Onze precisa dele e que ela irá voltar, enquanto ele próprio sofre calado por ter sentimentos guardados por ele. Temos aquela reaproximação da Nancy com o Steve, até pelo fato do Jonathan ter mudado para outra cidade e ela está se aventurando ao lado do Steve. É óbvio que a Nancy ainda tem sentimentos pelo Steve, porém não sei seu eu torço para este casal. Também temos aquela emblemática conversa entre a Onze e seu pai Dr. Martin Brenner (Matthew Modine), onde ela o acusa de ser o responsável por tudo que estava acontecendo naquele momento, e que ele era um verdadeiro monstro. Eu concordo plenamente com ela, realmente ele era um ser extremamente ambicioso.
Por fim chegamos no último episódio da quarta temporada de "Stranger Things". Um ponto que eu achei inusitado e bem curioso foi o fato da duração de cada episódio dessa temporada. Todos os episódios passaram de 1 hora de duração. Como é o caso do episódio 7, que teve 1h40m. Já o 8 teve 1h27m. E o 9 teve 2h22m. Esta quarta temporada deixou de ser um seriado para se passar por um longa-metragem, principalmente o episódio 9.
O nono episódio facilmente classifico como o melhor episódio dessa temporada, o melhor das quatro temporadas e um dos melhores episódios de uma série que eu já assisti na vida. O episódio é excelente e já começa aquecendo os nossos corações com a finalmente cena do beijo entre o Hopper e a Joyce (como eu esperei por esta cena). Outra linda cena é aquela que o Steve desabafa com a Nancy ao revelar para ela o seu arrependimento de tê-la perdido há dois anos atrás. Aquela cena que eu já considero icônica do Eddie tocando guitarra naquele cenário no Mundo Invertido ao som da clássica "Master of Puppets" do Metallica. A luta contra o Vecna ao som da lendária "Running Up That Hill" da Kate Bush. A Nancy enfrentando o Vecna no maior estilo bad ass de uma verdadeira Sarah Connor em "O Exterminador do Futuro". O lado oculto de Conan do Hopper sendo revivido naquela cena emblemática em que ele enfrenta a criatura com a espada. O maior acerto desse episódio é exatamente dosar muito bem a participação de todo o elenco envolvido naquela luta final, pois ali cada um cumpria muito bem a sua função que lhe foi designada.
É um episódio onde você tem aventura, confrontos, embates, humor, comédia, drama, suspense e consequentemente o terror. É um episódio onde você fica alegre, eufórico, surpreso, apreensivo, preocupado, triste, emocionado e termina com um nó na garganta. Um excelentíssimo episódio! Uma obra-prima de episódio!
O elenco da série sempre foi uma verdadeira obra-prima!
Winona Ryder ("Os Fantasmas Se Divertem 2") sempre foi a cara dessa série, desde as primeiras temporadas onde ela era uma mãe preocupada e desesperada com os acontecimentos envolvendo o seu filho, já aqui ela passou a ser uma verdadeira aventureira. David Harbour ("Viúva Negra") excelente, pra mim é de longe a sua melhor temporada de toda a série. Impressionante o crescimento que o David alcançou com o personagem Hopper, passando desde o estigmatizado detetive para um verdadeiro sobrevivente desacreditado. Uma atuação magnífica de David Harbour na temporada. Millie Bobby Brown ("Damsel") é outra que teve um crescimento absurdo com a Onze. Obviamente em todas as temporadas a Onze teve seu destaque e sua relevância, mas aqui ela vai ainda mais além, ela tem um algo a mais. Ela consegue compor uma personagem que sofre inicialmente com a mudança de cidade, com os bullyings, com a ausência do Hopper e do seu namorado Mike. Logo após ela sofre com os conflitos e os embates com o Dr. Martin Brenner quando está presa naquela base buscando ter de volta os seus poderes telecinéticos. Depois ela tem o embate com o Um e logo após ajuda os seus amigos na luta contra o Vecna. Mais uma atuação excelente de Millie Bobby Brown, a cara de "Stranger Things".
Sadie Sink ("A Baleia") também eleva o nível da sua personagem Max em relação a temporada passada. Aqui ela tem um notável crescimento, onde ela deixa de ser aquela adolescente que só queria se divertir para tomar uma postura mais centrada, mais importante, se colocando como peça-chave no contexto da história. Será que ela vai reagir no hospital na próxima temporada? Pois de fato ela ficou muito machucada após o confronto quase mortal com o Vecna. Sinceramente eu espero que ela não morra. Finn Wolfhard ("Ghostbusters – Mais Além") está com seu Mike bem mediano nessa temporada, realmente ele fica quase que escanteado depois que viaja para a cidade para reencontrar a Onze. O mesmo vale para o Noah Schnapp ("O Halloween do Hubie"), que teve uma participação e uma relevância muito maior nas primeiras temporadas como Will. Nessa temporada ele também fica bem escanteado na história, se limitando unicamente a aconselhar o Mike em relação à Onze e nutrir seus sentimentos afetivos.
Por outro lado o Gaten Matarazzo ("Honor Society") só cresce com seu personagem Dustin, assim como já vinha crescendo na temporada passada, quando ele foi muito importante para a história. Quero destacar aqui aquela cena em que ele tem uma atuação absurda ao ser confrontado com a morte do Eddie, e a cena em que ele revela para o tio do Eddie a sua morte lhe entregando aquele colar. Mais um que eu afirmo ter a sua melhor apresentação dentro de toda a série. Caleb McLaughlin ("High Flying Bird") também nos impressiona com o seu crescimento no personagem Lucas, passando a ser peça-chave nos confrontos entre o Grupo do Jason em busca do Eddie. Também preciso destacar aquela cena em que ele vê a Max possivelmente morrer ali na sua frente, onde ele tem uma atuação dramática grandiosa, nos revelando o ótimo ator que ele é.
Nancy Wheeler, Robin Buckley e Steve Harrington foram os três personagens que mais cresceram de patamar nessa temporada. A sempre bela e estonteante Natalia Dyer ("Depois da Escuridão") volta a ter um grande protagonismo nessa temporada em relação à temporada anterior. Pois na temporada 3 a Nancy ficou muito limitada, não teve o mesmo brilho e a mesma importância que havia alcançado nas temporadas 1 e 2. Aqui ela volta a ser extremamente relevante e sua personagem tem um crescimento e um destaque fundamental na história. Maya Hawke ("Justiceiras") entrou para a série exatamente na temporada anterior, e sua personagem Robin também ficou limitada dentro do contexto geral. Aqui ela também se sobressai, também cresce de rendimento e nos revela uma ótima personagem que já passamos a amar. Joe Keery ("Death To 2021") passou de coadjuvante para protagonista nessa temporada, pois o Steve também tem um enorme crescimento, uma enorme importância, principalmente em liderar o grupo com as duas garotas quando eles adentram ao Mundo Invertido. Sensacional, mais uma excelente atuação (ainda bem que ele não morreu naquela cena com os morcegos, pois eu fiquei em choque naquela hora).
Charlie Heaton ("Os Novos Mutantes") está mais modesto nessa temporada, acredito que o Jonathan Byers já foi melhor utilizado nas temporadas anteriores. Dessa vez ele está bastante limitado, tem pouquíssimo destaque, passa quase que imperceptível. A melhor parte do Jonathan é justamente a entrada na série do Eduardo Franco com seu personagem Argyle, onde rende cenas hilárias e muito engraçadas. Eduardo Franco ("Separados Mas Nem Tanto") foi uma boa integração na série, realmente o Argyle conseguiu se encaixar bem na história. Priah Ferguson ("A Maldição de Bridge Hollow") cresceu tanto de tamanho como de qualidade e destaque com sua personagem Erica Sinclair (a irmã mais nova do Lucas). Brett Gelman ("Fleabag") também se destacou muito bem como o Murray, principalmente ao contracenar com a Winona Ryder. Matthew Modine ("Oppenheimer") e seu perverso Dr. Martin Brenner. Confesso que fiquei muito satisfeito com sua morte.
Agora eu preciso destacar dois personagens que eu considero como injustiçados na série - a Chrissy e o Eddie. A Chrissy eu realmente achei uma personagem que se encaixou bem na história, tinha potencial, consegui ver nela um vislumbre de sucesso dentro da série. E digo isso principalmente pela interpretação da Grace Van Dien ("V para Vingança"), que abandou a carreira de atriz logo após esta personagem para focar em uma carreira de Streaming. Já o Eddie foi o mais injustiçado da temporada, pois ele passou a temporada inteira fugindo de algo que ele não cometeu, não conseguiu provar a sua inocência e ainda por cima foi terrivelmente morto. Joseph Quinn ("Operação Overlord") trouxe um personagem que a princípio seria apenas mais uma integração normal de temporada na série (o que já é corriqueiro). Porém, ele conseguiu nos conquistar, conseguiu nos fazer simpatizar, ganhou a nossa empatia, ganhou o nosso coração e o nosso carinho. No último episódio todos nós já amávamos o Eddie, e quando ele toca "Master of Puppets" na guitarra foi o ápice do seu personagem, foi completamente icônico. E logo após somos impactados pela sua triste e dolorosa morte. E quando ele fala pro Dustin as suas últimas palavras - "Eu Te Amo Cara" - ali eu desabei!
Finalizando ainda tivemos o Mason Dye ("O Jardim dos Esquecido") como seu personagem Jason, que soube certinho trazer aquele personagem que é fácil de pegar ranço. Nesse quesito ele foi perfeito. Fiquei muito feliz com aquela sua morte sendo desintegrado. E o Jamie Campbell Bower ("A Saga Crepúsculo"), que esteve muito bem como Um e logo após nos revelando o temido Vecna.
Tecnicamente a série continua impecável, o que já se justifica devido a todo o seu sucesso estrondoso. Os efeitos especiais estão incríveis, realmente temos aqui uma qualidade absurda. Era muito perceptível como os efeitos eram bastante funcionais entre a mescla dos cenários do mundo real e do Mundo Invertido. Assim como no próprio Vecna, onde tínhamos efeitos especiais muito bons. A direção de arte continua extremamente fiel, principalmente no quesito de época dos anos 80 em que a série se passa. A trilha sonora da série sempre foi um luxo e uma verdadeira viagem ao cenário musical do passado, e aqui não é diferente com hits como California Dreamin’ (The Mamas & the Papas), Psycho Killer (Talking Heads), entre outras que eu já destaquei acima.
Na minha modesta opinião essa quarta temporada é inteiramente do Hopper, da Onze, do Eddie e do Vecna. Realmente foram personagens que mais se sobressaíram, que mais se destacaram em vários quesitos, e no fim foram os que mais nos surpreendeu e nos impactou.
Realmente esta quarta temporada da série foi um verdadeiro fenômeno no cenário mundial. A série dominou os streamings em 2022 e se tornou a série mais assistida do ano, segundo a pesquisa Nielsen. A Netflix informou que até 30 de maio de 2022, a quarta temporada de "Stranger Things" tinha sido visto por mais de 287 milhões de horas, superando o recorde anterior de audiência da 2ª temporada de "Bridgerton" que teve 193 milhões de horas em sua primeira semana. As temporadas anteriores de "Stranger Things" também entraram no top 10 dos programas mais vistos na mesma semana do lançamento da quarta temporada.
O episódio 9 termina com aquele clássico arrepio no pescoço do Will mostrando que os poderes do Mundo invertido ainda não foram 100% destruídos. Derrotaram o Vecna mas ainda tem o Devorador de Mentes, e muitas coisas ainda acontecerão na próxima temporada. Este é o gancho para a quinta e última temporada da série, que provavelmente acontecerá entre os anos de 2024 e 2025.
A quarta temporada de "Stranger Things" foi um grande acerto, pois a temporada melhorou muito a qualidade da série com o processo de conectar arcos de histórias entre as temporadas. Sem falar no ótimo desenvolvimento dos personagens e a inclusão de novos que agregaram ainda mais dentro do contexto da história. O roteiro também melhorou bastante com novas ideias, novos rumos, novos acontecimentos, e um novo vilão que trouxe um grande peso e uma grande importância para o rumo que a série tomou.
Assim como a primeira temporada da série, considero esta quarta como uma verdadeira obra-prima. Aquela temporada impecável, acertando em tudo, nos surpreendendo em tudo, trazendo episódios longos (que sim, eu adoro) para desenvolver ainda mais a história, trazendo novos personagens, conseguindo nos levar da alegria e da euforia para a comoção e a tristeza em questão de segundos. Uma temporada extremamente magnífica. O que me deixa muito animado para conferir a quinta temporada dessa série que já entrou para a minha lista de melhores séries da minha vida desde a sua primeira temporada. [06/04/2023]
The Last Of Us (2ª Temporada)
4.2 14Ellie❤️Dina
Stranger Things (3ª Temporada)
4.2 1,3KStranger Things (3ª Temporada)
Se compararmos essa terceira temporada com as duas anteriores, com certeza essa daqui é a mais leve, a mais cômica, a que chega mais perto de uma comédia. Mas de qualquer forma a série continua completamente imergida na essência oitentista, continua trazendo inúmeras referências da cultura pop dos anos 80.
A história começa no verão de Hawkins no ano de 1985. O grupo está de férias escolar só curtindo o novo Shopping Center que inaugurou na cidade, por sinal muito curioso este Shopping. O que logo de cara já me chamou atenção foi como o elenco "infanto-juvenil" cresceu. É muito nítido como eles cresceram da temporada 2 para esta, visto que a segunda temporada foi estreada em Outubro de 2017 e esta em Julho de 2019, obviamente todo esse tempo serviu para dar uma esticada no elenco mais jovem.
A temporada já inicia dentro daquela essência que é a marca registrada da série, que é justamente a amizade do grupo. Dentro desse grupo continua os relacionamentos e os embates, que sempre pressiona a amizade entre eles. É interessante notar que agora que eles cresceram eles tem outras preocupações e outros objetivos. Os meninos não querem mais ficar só no porão jogando cartas (como nas temporadas passadas), querem namorar as garotas. Já as garotas também querem se envolver com os meninos. Todo esse clima de azaração dentro do grupo cria rusgas entre eles, o que vai impactar em algumas decisões e até em algumas separações. Porém, quando a cidade se vê novamente tomada pelas ameaças do passado, o grupo precisa deixar de lado as suas diferenças e se unirem em prol de uma única causa.
Novamente temos a cidade envolvida em novas experiências do governo, o que logo impacta em novas personalidades estranhas que vão aparecendo por toda a cidade. Temos praticamente uma invasão russa na cidade de Hawkins, onde eles instalam uma base de pesquisa e cobaias com testes em uma grande máquina que está abrindo um portal para o Mundo Invertido. Um ponto que chama bastante atenção nessa terceira temporada é toda discursão política que vai se estabelecendo e envolvendo cada episódio. A temporada inteira é focada no embate entre os americanos e os russos, o que traz um aspecto mais atual mesmo a série se passando nos anos 80, e muito pelos seus diálogos, pela visão política, pelo comunismo, até mesmo nos vilões da temporada (isso é bem anos 80).
A terceira temporada de "Stranger Things" tem uma construção bastante intrigante nos primeiros episódios, que é justamente todos os acontecimentos envolvendo os ataques dos ratos que pareciam estarem envolvidos pela raiva. Depois vamos descobrindo sobre o devorador de mentes, que controla as suas presas e as transforma em hospedeiro. E justamente o devorador de mentes fica cada vez mais forte absorvendo as pessoas que ele possuiu naquela transformação em espécie de gosma. Dentro desse contexto finalmente deixaram o Will (Noah Schnapp) um pouco de lado para focarem em um novo possuído da temporada. Essa foi uma renovação bem funcional da temporada, trazerem um protagonismo justamente para o Billy (Dacre Montgomery), que assim como a Max (Sadie Sink), foram personagens que tiveram pouca relevância na temporada passada. Acredito que acertaram em transformar o Billy em uma espécie de vilão, e muito por ele já possuir aquela pinta de machão, o famoso porra-loca, que já enfrentava tudo e todos ao seu redor.
Achei muito bom toda a relevância e a importância que o Billy ganhou na temporada, o que combinou perfeitamente com todo o seu estilo. Assim como a nova personagem Heather (Francesca Reale), a salva-vidas do clube que também foi possuída pelo devorador de mentes através do Billy. A própria Max também ganhou mais relevância na série, principalmente ao construir aquela amizade com a Onze (Millie Bobby Brown) e ao se unirem contra os namorados e buscarem o paradeiro do Billy. Temos um novo grupo que se formou com o Dustin (Gaten Matarazzo), o Steve (Joe Keery), a Robin (Maya Hawke) e a Erica (Priah Ferguson). Este grupo serviu para a inclusão na série da nova personagem Robin, que trabalha junto com o Steve na sorveteria do Shopping, e própria Erica Sinclair, a irmã mais nova do Lucas (Caleb McLaughlin), que já havia aparecido na temporada passada, porém sem grande importância.
Finn Wolfhard ("Pinóquio por Guillermo del Toro") com uma participação ok como Mike, sempre atrás da Onze. Caleb McLaughlin ("Alma de Cowboy") traz novamente o seu Lucas criativo e sempre engraçado. Noah Schnapp ("O Halloween do Hubie") com um Will de certa forma até escanteado na temporada, até pelos próprios colegas do grupo, pois ele era o único ali que não tinha uma envolvimento amoroso com ninguém. Eu vejo o Will nessa temporada usado apenas como um refugo do que já havia acontecido nas duas temporadas anteriores, pois claramente ali ele teve mais relevância dentro da série, ou seja, aqui ele está totalmente secundário. Gaten Matarazzo ("O Dragão do Meu Pai") é disparado o melhor do grupo dos meninos, pois ele consegue manter aquele Dustin engraçado, carismático, mais participativo, e muito por nessa temporada ele fazer parte de outro grupo.
Millie Bobby Brown ("Godzilla vs Kong") sempre muito bem com sua destacável personagem Onze, dessa vez mais integrada no grupo (como aconteceu na primeira temporada), onde tem participações direta em todos os acontecimentos da história. Aquele episódio onde ela confronta o passado do Billy e da Max é muito bom, funciona como uma espécie de arco pessoal dos dois. Sadie Sink ("A Baleia") está mais participativa, mais integrada, mais relevante, traz uma Max mais familiarizada com o grupo e sem aquela arrogância que ela apresentou no começo da temporada passada. A linda Natalia Dyer ("Vozes e Vultos") está bem envolvida na história com sua personagem Nancy, e tem participações fundamentais com as primeiras revelações sobre aqueles ataques dos ratos. Assim como o próprio Charlie Heaton ("Os Novos Mutantes"), que trouxe um Jonathan que já está envolvido amorosamente com a Nancy e juntos formam aquela dupla infalível de improváveis repórteres investigativos.
Joe Keery ("A Grande Jogada") se achou perfeitamente no personagem Steve, pois na minha opinião ele tem a sua melhor apresentação e participação de toda a série. A formação daquele novo grupo foi fundamental para o crescimento do Steve dentro da série, pois ele parou de correr atrás da Nancy e se focou em um objetivo. A própria Maya Hawke ("Era uma Vez em... Hollywood") com sua personagem Robin contou muito para todo o crescimento e desenvolvimento do Steve, onde ela também tem um grande envolvimento na temporada e se destaca muito bem. Foi muito interessante acompanhar aquela espécie de calvário do Steve ao ter que trabalhar na sorveteria do Shopping e dividir seu ambiente justamente com a Robin, que ele ignorava e desdenhava. Porém, logo eles vão se envolvendo e se conhecendo onde rola aquela cena do banheiro na base russa, onde ambos vão se revelando um para o outro. Priah Ferguson ("A Maldição de Bridge Hollow") é uma graça ao interpretar a destemida Erica com muito carisma, que inicialmente só queria degustar os sorvetes e logo após ela ganha um grande destaque ao entrar para aquele novo grupo.
Como eu já destaquei, o Dacre Montgomery ("Power Rangers") nessa temporada ganha um protagonismo e uma grande relevância com seu personagem Billy, e ele dá conta do recado direitinho. David Harbour ("Viúva Negra") é sempre excelente com seu personagem Jim Hopper. Dessa vez ela está menos policial e mais detetive porra-loca que entra em qualquer lugar e enfrenta qualquer um (David Harbour é um excelente ator). A majestade Winona Ryder ("Cisne Negro") é sempre maravilhosa e sempre muito carismática. Dessa vez ela compõe uma Joyce menos sofrida, menos dramática, pois o problema aqui não girava em torno do Will como nas temporadas passadas. Isso contou muito para ela formar uma dupla imbatível com o David Harbour, onde a trocação de farpas entre eles era constante, mas no fundo tudo não passava de um grande sentimento que estava guardado.
Em questões técnicas e artística a série continua dando um verdadeiro show!
A trilha sonora novamente está impecável, novamente trouxe toda uma referência à essência musical dos anos 80, que já é uma marca registrada da série. O que dizer daquela cena maravilhosa do último episódio onde o Dustin e a Suzie (Gabriela Pizzolo) cantam "Never Ending Story" (Limahl). Os efeitos especiais sempre condizentes com toda a proporção e toda a magnitude da qualidade da série. A direção de arte sempre impecável, fazendo um trabalho absurdo, com detalhes riquíssimos entre as qualidades de todos os objetos de cena e principalmente dos cenários. A cinematografia é outro grande destaque tanto da série quanto da temporada, e aqui ela está muito bem representada com uma fotografia muito bem ajustada, muito bem destacada, um verdadeiro show. A série continua mostrando toda a sua qualidade com uma ótima montagem, com uma ótima edição, com uma ótima mixagem, com uma ótima direção de cada episódio. Nesse quesito não tem como, "Stranger Things" sempre se destaca como referência.
Na minha crítica da segunda temporada de "Stranger Things" eu havia falado sobre a irmã da Onze, a Kali (Linnea Berthelsen). Onde temos um episódio inteiro focado em uma espécie de arco pessoal da Onze que nos revela coisas do seu passado envolvendo a sua família, e justamente nos leva até a Kali e sua gangue esquisita. Pra mim aquele episódio é bem fraco e fora do contexto da série, onde eu disse que esperava que a Kali e sua trupe tivesse alguma relevância nas próximas temporadas, porque se fosse apenas uma mera participação seria bem frustrante. E não deu outra, nessa terceira temporada sequer citaram alguma coisa que remetesse aquele grupo. Não sei se na quarta temporada aparece alguma ligação com essa parte mencionada, eu acredito que não, portanto, foi sim uma mera participação completamente desnecessária e frustrante.
O último episódio é muito bom, pois temos aquele embate com a criatura exatamente dentro daquele Shopping recém inaugurado na cidade que eu havia mencionado. É um episódio chocante, revelador, impactante, comovente e emocionante, pois...
O que dizer daquela carta emocionante e reveladora que o Hopper deixa para a Onze, que nos deixa com lágrimas nos olhos. Assim como o final do episódio, onde o grupo de amigos e namorados se separam pela primeira vez com a família Byers indo morar em outra cidade juntamente com a Onze. A própria morte do Billy é bastante impactante para a Max e para nós espectadores, onde eu achei até questionável essa decisão, visto que ele tinha chegado na série na temporada anterior e não tinha tido nenhuma relevância, ai quando ele ganha seu protagonismo a série simplesmente tira ele do elenco. Agora surpreendente, impactante e desconcertante foi a morte do Hopper. Eu fiquei boquiaberto na hora, sem reação, em choque, pois eu jamais esperava esse acontecimento na série. Eu realmente achava que ele iria se desenvolver ainda mais, iria finalmente começar o relacionamento com a Joyce, que ele fosse um personagem que jamais sairia da história. Me surpreendeu demais, me deixou extremamente triste, pois eu já estou desacostumado de perder personagens que amamos, por justamente já fazer um tempinho que a série "The Walking Dead" terminou.
Vale ressaltar aquela cena pós-créditos que nos leva até uma base russa na própria Rússia, com acontecimentos que nos deixa curiosos acerca do que estar por vir na próxima temporada, e que me deixa com duas perguntas: será que o Hopper realmente morreu? Será que a Onze realmente perdeu os seus poderes telecinéticos?
A terceira temporada de "Stranger Things" é muito boa, mas é fato que ela é inferior as duas temporadas anteriores. Mas de qualquer forma é um temporada muito importante, atraente, reveladora, surpreendente, emocionante, que mesmo sendo uma temporada mais próxima do cômico com uma alta dose de comédia, mas não deixa de ser um drama totalmente imergido na fantasia e no terror. [18/03/2023]
The Last of Us (1ª Temporada)
4.4 1,2K Assista AgoraTEM SPOILERS!
The Last of Us (1ª Temporada)
"The Last of Us" é uma série criada por Craig Mazin e Neil Druckmann para a HBO. Baseado no videogame de 2013 desenvolvido pela Naughty Dog, a série se passa em 2023, vinte anos após uma pandemia causada por uma infecção fúngica em massa, que força seus hospedeiros a se transformarem em criaturas semelhantes a zumbis e colapsa a sociedade. A série segue Joel (Pedro Pascal), um contrabandista encarregado de escoltar a adolescente Ellie (Bella Ramsey) através de um Estados Unidos pós-apocalíptico.
A série foi filmada entre de julho de 2021 a junho de 2022, com sua estreia acontecendo no dia 15 de Janeiro de 2023. É a primeira série da HBO baseada em um videogame e é uma produção conjunta da Sony Pictures Television, PlayStation Productions, Naughty Dog, the Mighty Mint e Word Games. Neil Druckmann, que escreveu e codirigiu o jogo original, ajudou Craig Mazin na redação do roteiro dos nove episódios da primeira temporada. A trilha sonora foi composta por Gustavo Santaolalla (compositor argentino vencedor de dois Oscars) e David Fleming.
Primeiro vou contextualizar:
Uma das minhas maiores paixões na vida são os videogames. Jogo videogame desde os meus 10/11 anos e de lá pra cá eu venho acompanhando os jogos e os consoles de geração em geração. Tudo isso pra deixar claro que as minhas três franquias preferidas dos games são "Resident Evil", "Tomb Raider" e, claro, "The Last of Us". "The Last of Us" (parte 1 e parte 2) estão entre os três melhores jogos que eu já joguei em toda a minha vida, juntamente com "Resident Evil 3: Nemesis" (1999) e "Tomb Raider: The Last Revelation"(1999). Também considero a franquia "The Last of Us" como a melhor franquia de jogos exclusivos da Sony.
Como um eterno fã dos videogames, eu sempre esperei uma adaptação no mínimo condizente com a proporção dos jogos, que pelo menos conseguisse manter a essência e a magnitude da obra original dos games. E digo isso dentro de um contexto geral, pois eu entendo e compreendo que uma adaptação obviamente nunca irá seguir à risca da obra original, porém, eu defendo o fato de criar, de mudar, de usar uma liberdade criativa e expandir o universo criando histórias paralelas de personagens secundários (ou até mesmo dos principais), mas uma coisa eu não abro mão em uma adaptação; tem que manter a essência do jogo, tem que respeitar o universo original que já está eternizado, pois obviamente mesmo sendo uma adaptação, mas se não existisse o jogo a série jamais existiria.
Dentro desse universo das adaptações de jogos de videogames, posso afirmar que nunca tivemos uma adaptação no mínimo boa (tirando a adaptação de "Silent Hill", que sim, é ótima), pelo contrário, ao longo dos anos todas as tentativas sempre foram em vão, sempre foram verdadeiras tragédias, verdadeiras catástrofes. Como exemplo principal eu cito todas as adaptações da franquia "Resident Evil", e principalmente a série da Netflix, que é absurdamente horrenda.
Não vou negar que quando ouvi os rumores que iriam criar uma série sobre "The Last of Us" eu já fiquei com os dois pés atrás. Pois com todas as experiências horríveis que eu passei com as adaptações durante todos esses anos, seria normal eu ficar desconfiado. Porém, eu vi uma luz no fim do túnel quando descobri que a série seria desenvolvida pela HBO (que eu respeito muito) e não pela Netflix, e que o criador do jogo (Neil Druckmann) estaria participando ativamente de toda produção, e até iria dirigir um episódio. A minha empolgação aumentou ainda mais quando junto do Neil estaria trabalhando o Craig Mazin, simplesmente o criador de uma das melhores minisséries da HBO - "Chernobyl" (2019). A participação direta do Craig iria ser um diferencial principalmente nos cenários da série, até porque os cenários de "Chernobyl" são excelentes e totalmente condizentes com a série "The Last of Us", pois ambos se passam em cenários pós-apocalípticos.
O primeiro episódio é simplesmente excelente, um dos melhores de toda a série. Um ponto interessante é o fato da série iniciar no ano de 2003 e não em 2013 como no jogo, pois após passar 20 anos da morte da Sarah seria 2023, que é o ano atual em que a série estreia na realidade, e não 2033 como no jogo original. Achei muito interessante a decisão de desenvolver e apresentar melhor a parte da Sarah (Nico Parker), visto que no game realmente não temos um grande desenvolvimento dessa parte, sendo uma parte mais básica. Fizeram dessa forma para dar mais carisma e mais humanidade para a personagem e depois nos atingir com toda uma carga dramática com sua morte. Mesmo já conhecendo do jogo a cena em que a Sarah morre, eu ainda me emocionei na série, pela veracidade dramática aplicada nessa parte - esta cena é perfeita! A parte da Sarah é perfeita, excelente, tem um desenvolvimento muito mais abrangente que no jogo - eu adorei!
O primeiro episódio teve pequenas mudanças que agregaram ainda mais para a narrativa da série em relação ao jogo; como o fato que na série eles venderam as baterias e não as armas como no jogo, que é o ponto de partida para todo desenvolvimento inicial e a decisão da missão de levar a Ellie. Nesse primeiro episódio somos impactados por um Pedro Pascal que traz um Joel mais paizão inicialmente e mais fechado, desconfiado e carrancudo 20 anos depois. A Bella Ramsey já mostra estar muito segura na personagem, mostrando aquele lado durão e desbocado da Ellie do jogo.
O segundo episódio é exatamente o episódio dirigido pelo Neil Druckmann, onde temos um começo muito interessante com a atenção que deram sobre o desenvolvimento do fungo na Indonésia ainda em 2003. Temos aquela conversa com a professora de micologia, onde temos uma noção de toda propagação do fungo e como ele se desenvolveu, algo que não existiu no game e que encaixou perfeitamente na série. Este é um episódio que nos mostra mais da intensidade dos cenários pós-apocalípticos da série (aquela observação que eu fiz do Craig mais acima). A cena do embate com os Clickers (Estaladores) é excelente e muito fiel ao jogo, um mérito do Neil Druckmann, que escolheu fãs do jogo para interpretar os Clickers. A morte da Tess (Anna Torv) foi diferente do game, porém foi mais pesada, mais dramática, ficou boa. Esta cena me soou como o velho clichê do modelo de morrer como herói (heroína), que deu sua vida em prol da salvação.
Já o terceiro episódio é o mais discutido de toda a série, o mais controverso, e na minha opinião, o mais fraco.
Muito interessante a atenção que deram em mostrar as partes de como tudo ocorreu nos primeiros dias de infecção. Mostrando que muitas pessoas que foram mortas sequer estavam infectadas, simplesmente mataram porque não tinham espaço para todos e mortos não são infectados.
Uma coisa que nós fãs sempre pedimos era uma espécie de DLC do jogo que mostrasse mais a história e tivesse um aprofundamento em alguns personagens secundários, como é o caso da Tess e o próprio Bill. Nesse episódio de fato temos uma narrativa que foge totalmente do jogo, que é apresentar e desenvolver a história do Bill (Nick Offerman), e consequentemente a sua ligação com o Frank (Murray Bartlett). Temos uma abordagem em volta de como era a vida do Bill inicialmente, como ele enfrentava a solidão daquele mundo devastado, por outro lado temos a inclusão do Frank, onde suas histórias se ligam e se amarram para sempre. Porém, devo confessar que a mudança que fizeram na história do Bill pra mim foi muito frustrante, pois tiraram todo o peso e toda a importância do Bill pro Joel na série, pois no jogo ele salva o Joel da morte, lutam juntos para sobreviverem, tem uma rusga e um embate com a Ellie. Sem falar na parte em que o Bill aconselha o Joel a tomar cuidado em quem ele confia, pra não confiar demais na Ellie, não abdicar da sua vida em prol dela. Tudo isso conta muito para o pensamento e o desenvolvimento do Joel, e até as suas próprias decisões, pois ele já estava começando a ver a Ellie com outros olhos. Ou seja, tiraram todo esse peso narrativo na série e romantizaram muito o Bill, sendo que no jogo ele é mais casca grossa, mais linha dura, mais carrancudo, dado a tudo que ele enfrentou sozinho durantes anos.
Eu achei até válido toda a intenção em construir um episódio inteiro dedicado a nos contar a história do Bill e consequentemente do Frank, mas na minha opinião eles erraram, deram um bola fora, principalmente na decisão do Bill morrer junto com o Frank (o que é totalmente diferente do jogo) e não ter a ligação direta com o Joel e os embates verbais com a Ellie, que sim, isso também conta muita para a formação e o crescimento dela no jogo.
Toda a história desse episódio o transformou em um um grande Filler, que não avança a história pra lugar nenhum, sendo um episódio à parte mas em detrimento da história maior. Um episódio completamente irrelevante para o contexto geral da série, pois aqui a trama maior perde e a gente sabe que é uma decisão influenciada pelo processo cultural do momento. Querendo ou não é uma lacração, mesmo usando todo o contexto homossexual do Bill e do Frank que já existe no jogo, mas não deixa de ser uma lacração. O Neil já sabia e já esperava quando decidiu mudar totalmente este episódio, o próprio disse que esperava que alguns fãs ficassem chateados com a mudança da história devido à divergência da narrativa do jogo.
No comecinho do episódio quatro enfim temos a cena que tanto esperamos no episódio anterior; que é justamente a icônica cena do carro, quando a Ellie acha a revista com as páginas grudadas do Bill - ficou uma cena extremamente perfeita, eu adorei! Nesse episódio temos a ótima cena em que o carro do Joel é alvejado pelos inimigos. Também temos a cena em que a Ellie salva o Joel do inimigo usando uma arma pela primeira vez (primeira vez com o Joel no caso). No jogo isso acontece bem mais pra frente (acho que no hotel). Esta cena ficou excelente, você ver como a Ellie agiu unicamente pelo impulso de salvar o Joel, e depois ela fica comovida quando o Joel mata o cara. Nesse episódio também temos a inclusão da líder de um movimento revolucionário em Kansas City, Kathleen (Melanie Lynskey). Kathleen foi uma criação original da série (ela não existe no jogo), sendo que o seu principal objetivo é buscar vingança contra o Joel. O final desse episódio é excelente, mostrando que a Ellie e o Joel já estão criando um forte laço de amizade, de carinho e de proteção. Justamente por o episódio terminar com a Ellie contando aquele péssimo trocadilho do "suculento", quando ambos caem na risada.
Pra mim o episódio cinco é disparado o melhor de toda a série!
Temos toda a abordagem da história do Sam (Keivonn Woodard) e do Henry (Lamar Johnson), que de fato é uma parte criada na série e inexistente no jogo. Nesse episódio temos o maior embate da série contra uma horda de infectados, por sinal uma cena excelente, ouso a dizer que é uma das melhores sequências de toda a série. Todo o desenvolvimento dessa cena é magnífica, desde o Joel indo até o local daquele sniper e toda sequência que se inicia. A cena da aparição do primeiro (e único) Baiacu na série é fenomenal, excelente, absurda. Aquela cena aparecendo a mão do Baiacu e ele saindo daquela cratera é estupida, é FODA!!! Toda a caracterização do Baiacu é maravilhosamente fiel ao jogo, e ele ataca com a violência na mesma proporção do jogo - brutal! Ainda temos a ótima cena com a "Estalinho" perseguindo a Ellie no carro, e logo na sequência ela atacando e matando a Kathleen, eu vibrei nessa hora. A "Estalinho" marca a presença da primeira criança infectada na série, magistralmente bem interpretada pela contorcionista e ginasta Skye Cowton, de apenas 9 anos de idade. Ela realmente impressionou à todos com a sua capacidade de movimentação. O final desse episódio é completamente fiel ao jogo e é uma das cenas mais pesadas e dramáticas de toda a série, quando temos o Sam virando um infectado e atacando a Ellie e seu irmão o matando a sangue frio. É uma cena tão bem construída, tão bem interpretada, principalmente pela perda da sanidade do Henry pelo o que ele tinha acabado de fazer, o levando a loucura de se suicidar na frente de todos, o que deixa a Ellie completamente assustada e em choque. Episódio maravilhoso!
O episódio seis é muito bom, pois temos um salto de 3 meses na história, o que os obriga a enfrentar o duro inverno e suas consequências. Finalmente o Joel encontra o seu irmão Tommy (Gabriel Luna), onde temos outra parte completamente fiel ao jogo, que é justamente toda a parte que envolve o vilarejo que o Tommy vive junto com a Maria (Rutina Wesley). Nesse episódio temos aquela cena emblemática do Joel conversando e desabafando com o Tommy sobre ter que levar a Ellie até os Vagalumes, o que mostra o seu lado mais humano, mais sensível e mais dramático. Uma parte muito curiosa desse episódio é uma pequena aparição assim do nada de uma figura que possivelmente poderia ser a Dina de "The Last of Us - Parte 2". Esta foi uma cena que gerou uma enorme repercussão mundo afora, onde o próprio Neil Druckmann se pronunciou vagamente em seu Twitter com a trending "was that Dina?" A atriz que fez a aparição e que provavelmente poderá ser a Dina, é a atriz Paolina van Kleef. No final desse episódio o Joel é ferido gravemente na luta contra um inimigo ao tentar fugir de cavalo com a Ellie. No jogo o Joel é ferido quando ele cai de um andar no chão e é atravessado por um ferro, ao lutar com um inimigo em uma espécie de Shopping.
O episódio sete é inteiramente baseado na DLC do jogo "Left Behind". É um episódio bem morno, bem chatinho, assim como a própria DLC, que por si só já é bem chatinha (tirando as partes que a Ellie está em busca dos remédios no helicóptero caído). Temos toda a abordagem da Ellie com sua amiga Riley (Storm Reid) naquele Shopping, entre todas as brincadeiras e diversões, chegando até ao improvável beijo da Ellie na Riley, o que mostra que a Ellie já tinha um desenvolvimento lésbico desde pequena, e que foi mais aflorado e desenvolvido na parte 2 do jogo. Nesse episódio eu senti falta da parte que a Ellie sai para buscar alguma forma de ajudar o Joel e encontra o helicóptero, na série ela já costura o Joel direto sem essa busca. É um episódio completamente fiel à DLC, pois tudo que acontece na série com a Ellie e a Riley é exatamente igual no jogo.
O episódio oito é outro episódio excelente, mostrando toda a parte daquela seita dos canibais. Este é um episódio pesado, incomodo, que desafia a Bella Ramsey como Ellie, que a obriga a sobreviver sozinha e longe do Joel. Aquela cena final quando ela parte pra cima do David (Scott Shepherd) com toda a sua fúria aflorada é assustador e magnífico. Uma parte bem fiel ao jogo e que nos mostrou como a Bella Ramsey sempre foi a personificação da Ellie do jogo. É interessante que nesse episódio temos um crossover com a participação do ator Troy Baker, que foi o ator que emprestou a voz e a captura de seus movimentos para o personagem Joel no jogo original. Aqui ele faz o James, o braço direito do líder do culto canibal David.
O episódio nove marca o final dessa primeira temporada e é outro episódio muito bom, apesar de ser bastante corrido. Logo no início temos uma cena que me deixou completamente impactado e maravilhado, pois eu não esperava que na série tivéssemos uma abordagem da Anna, a mãe da Ellie. E aqui quem faz a Anna é a atriz Ashley Johnson, que deu a voz e fez a captura de movimento da jovem Ellie no jogo original. Achei super interessante a série trazer um contexto sobre a mãe da Ellie, já que no jogo não temos nada parecido. Saber que a mãe da Ellie foi mordida e morreu por esta causa me desperta uma pergunta: será que foi por isso que a Ellie nasceu imune? Outra cena lindíssima é a cena da girafa (que por sinal é igualzinho no game). Uma cena que desperta o lado sensível e inocente da Ellie, que até então vinha em um episódio completamente introspectiva e reflexiva pelos acontecimentos passados. Outro ponto muito peculiar nesse episódio é a aparição da atriz Laura Bailey como uma das enfermeiras que estão na sala de cirurgia da Ellie. Laura Bailey é a atriz que interpreta a Abby em "The Last of Us - Part 2". De fato ela não interpretará a Abby na série, mas a sua participação nessa temporada é uma baita honra como foi para o Troy Baker e a Ashley Johnson.
O elenco é um dos pontos mais positivos da série!
Bella Ramsey é o maior acerto da série, pois é incrível como ela se doou para a personagem, como ela estudou a personagem, como ela incorporou a personagem, e olha que ela nunca tinha jogado o jogo, o que aumentou ainda mais o seu desafio. Inicialmente eu vi pessoas reclamarem da aparência da Bella em relação a Ellie do jogo, que eu até entendo, visto que realmente a atriz não se parece com a Ellie original. Mas isso da aparência pouco importa e eu jamais duvidei do talento e da qualidade da Bella no papel da Ellie, e eu não estava enganado, pois ela destrói completamente sendo a Ellie. A Bella Ramsey pegou o timming perfeito da Ellie do jogo, conseguindo exibir aquela postura durona, desbocada, que falava palavrão quase toda a hora, que se sentia rejeitada, se sentia acuada como um animal em perigo, que se mostrava frágil e vulnerável em determinadas partes, que precisava da proteção e da atenção do Joel. A Bella Ramsey é uma belíssima atriz, talentosíssima, e não é de hoje (só lembrar da sua personagem em "Game of Thrones"). De fato ela está completamente caracterizada na personagem. Você olha para a Bella Ramsey e você vê a Ellie - é incrível!
O que falar do Pedro Pascal sendo o Joel? Completamente perfeito, nitidamente ele nasceu para viver o Joel. Pedro Pascal incorpora o Joel em um nível absurdo, que me deixou embasbacado, um talento sem igual. É incrível como o Pedro tem o dom para atuar, pois inicialmente podemos observar aquele paizão com sua filha Sarah, logo após a passagem de 20 anos já observamos um Joel duro, fechado, amargurado, carrancudo, com feridas abertas pela vida durante todos esses anos. Depois passamos a acompanhar aquele desenvolvimento do improvável vínculo que vai se criando entre o Joel do Pedro e a Ellie da Bella. Assim como no jogo, é interessante notar o desenvolvimento do relacionamento dos dois, pois inicialmente o Joel via a Ellie como uma carga que ele precisava entregar, sem nenhum tipo de sentimento, apenas dever. Mas com o passar do tempo a relação entre eles começa a crescer, começa a mudar, começa a nascer um carinho, uma atenção, um vínculo, e justamente pelo fato do Joel ter esse trauma de ter perdido a filha daquela forma brutal como foi. No último episódio observamos exatamente todo esse carinho e sentimento de proteção de uma pai com sua filha, pois ao saber que a Ellie seria sacrificada para obter a improvável cura, ele parte em busca de salvar a sua nova filha. Pedro Pascal é um excelente ator (mesma coisa da Bella, só observar o seu personagem em "Game of Thrones"), tanto ele quanto a Bella estão perfeitos e triunfais em seus respectivos papeis. O que me deixa animado pelo relacionamento dos dois para a próxima temporada, mas ao mesmo tempo completamente triste - vocês entenderão.
Completando o elenco temos:
Anna Torv (das séries "Fringe" e "Mindhunter") como a ótima Tess. Ela foi perfeita sendo a Tess, conseguiu expor aquele lado mais durão e desafiador da Tess do game. Gabriel Luna ("O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio") esteve muito bem como o Tommy, o irmão mais novo do Joel. Merle Dandridge (da série "Greenleaf") agregou muito bem na série sendo a Marlene. Nos poucos episódios que ela apareceu ela desenvolveu muito bem a sua personagem, sem falar naquele embate no último episódio com o Joel com a Ellie nos braços. Nico Parker ("Dumbo") é uma graça, um doce de atriz, que deu vida de forma brilhante para a Sarah, a filha do Joel. Aqueles 20/30 minutos iniciais do primeiro episódio serviram para nos apresentar todo o seu talento, toda a sua desenvoltura, nos fazer criar uma grande empatia pela personagem e consequentemente pela atriz.
Murray Bartlett (da série "The White Lotus") viveu o Frank de uma forma magistral e totalmente poética, e incrível toda a sua poesia de um personagem em um mundo pós-apocalíptico. Assim como o próprio Nick Offerman (da série "Confusões de Leslie") que viveu o Bill, que também mostrou o seu lado solitário e amargurado inicialmente, mas com a chegada do Frank pode viver a sua maior paixão de toda a vida. Juntos eles construíram o episódio mais poético da série, com atuações esplendorosas, compenetradas, ricas, sensíveis e totalmente poéticas. O fato do episódio ter sido o pior em minha opinião não tem a menor responsabilidade dos dois atores, muito pelo contrário, eles estiveram perfeitos. O problema maior está na decisão de construção do episódio, que obviamente não partiu deles.
Melanie Lynskey ("Não Olhe Para Cima") fez a personagem Kathleen. Ela esteve ok até onde sua personagem foi. Lamar Johnson ("O Ódio que Você Semeia") maravilhoso com o Henry. Aquela cena em que ele mata o irmão infectado e depois se suicida é brutal, e ele tem uma atuação completamente impecável. O mesmo vale para o pequenino Keivonn Woodard, que deu vida ao Sam. Keivonn é uma criança surda na vida real e esse fator trouxe um peso ainda maior para o seu personagem na série, principalmente na cena em que ele conversa através da escrita com a Ellie - cena impactante e maravilhosa. Storm Reid ("O Homem Invisível") viveu a Riley de forma magistral. As partes em que ela contracenou com a Bella Ramsey foram incríveis, com aquele contraste entre o divertido e o cômico, com o peso do drama logo após serem mordidas - bela apresentação da Storm Reid na série. Scott Shepherd esteve excelente como o canibal David. Toda aquela sua postura de religioso, de pregador, de líder que era seguido pelas pessoas daquele grupo, foram totalmente condizentes com sua atuação. Rutina Wesley (da série "Queen Sugar") trouxe a sua personagem Maria ao ponto alto de toda história. Ela esteve muito bem ao contracenar com o Pedro, a Bella e o Gabriel. Troy Baker (ele também foi o Booker DeWitt no game "BioShock Infinite") muito bem como James. Ashley Johnson (da série "Blindspot") completamente perfeita ao dar vida para a Ellie no jogo original, e mais perfeita ainda ao dar vida para a mãe da Ellie na série. Ou seja, ela esteve excelente em dose dupla.
Um dos principais acertos da série é desenvolver e abordar partes que ficaram faltando no jogo ou mal explicadas, e nisso a série faz com perfeição. O fato dos poucos infectados e a falta de mais combates, que muita gente reclamou na série, eu até concordo, realmente teve poucos combates e poucos infectados. Porém, a série não é unicamente sobre infectados (zumbis), tem toda uma construção e uma desconstrução por trás, tem toda uma humanização, drama, traumas, perdas, é uma série sobre o ser humano, seus conflitos e suas perdas em um mundo pós-apocalíptico, que obviamente também inclui os infectados como parte da história. No jogo temos um boa mescla nesse quesito, mas de fato temos mais ação e mais combates, já a série foca mais no drama e no desenvolvimento de personagens do que propriamente na ação.
Tivemos algumas mudanças de etnia na série em relação ao personagem original do jogo, como é o caso das atrizes que fizeram a Sarah e a Maria, e o ator que fez o Tommy. Por outro lado também tivemos a inclusão e a diversidade, como no caso do pequenino Keivonn Woodard. Eu considero todas essas mudanças como pontos positivos na série.
Um diferencial da série foi o uso de pouquíssimo CGI ao longo de toda a história, pois praticamente tudo era maquiagem, como os próprios Clickers. A série fez o uso de dublês em algumas cenas, como no caso da excelente cena do Baiacu, que muitos pensavam ser o uso do CGI, mas não, ali era realmente um ator embaixo de várias próteses - magnífico! A própria criança infectada (a Estalinho), muitos achavam que era CGI, sequer imaginavam que era uma talentosíssima atriz mirim.
Pegando esse gancho do CGI e das maquiagens, temos uma série absurdamente perfeita no quesito técnico e artístico. Pois tínhamos belíssimos cenários totalmente condizentes com a temática da série, um excelente mérito da equipe de direção de arte. A própria cinematografia da série é perfeita, traz uma fotografia que contrasta o belo e o horror ali lado a lado. A trilha sonora é magnânima, maravilhosa, uma trilha sonora muito fiel ao jogo. Tecnicamente a série é uma obra-prima!
"The Last of Us" foi extremamente aclamado pela crítica, que elogiou as performances, escrita, design de produção e trilha sonora; vários a consideraram a melhor adaptação de um videogame. Nos canais lineares e HBO Max, a estreia da série foi assistida por 4,7 milhões de telespectadores no primeiro dia - o segundo maior para a HBO desde 2010 - e mais de 22 milhões em doze dias; em março, os primeiros cinco episódios tiveram uma média de quase 30 milhões de espectadores. Em janeiro de 2023, a série foi renovada para uma segunda temporada. Em uma conversa com a GQ, os cocriadores Neil Druckmann e Craig Mazin falaram sobre seus planos para a segunda temporada da série e revelaram que uma terceira temporada está nos planos. Sobre a continuação da série, eu realmente concordo que para abranger todos os eventos e os acontecimentos da parte 2 do jogo, no mínimo tem que ser em duas temporadas.
Finalmente eu chego ao fim do meu maior texto já escrito em toda a minha vida cinéfila. De fato, todo o amor que eu tenho por este jogo eu jamais poderia (ou conseguiria) escrever um texto básico, eu realmente teria que ser detalhista e profundo em comparação com o jogo e com a série. Já que para escrever esse texto eu assisti todos os episódios no seu áudio original lançado aos domingos, e durante a semana eu revia novamente o episódio com a dublagem original do jogo, que por sinal estava impecável.
Confesso que faltou muito pouco para eu considerar a série como uma obra-prima, pois o nível de fidelidade na adaptação que temos aqui é algo que eu nunca vi em toda a minha vida cinéfila. Porém, alguns pequenos detalhes (que eu não posso deixar passar) me fizeram desconsiderar esta possibilidade que esteve tão perto. Mas isso não é nenhum demérito, muito pelo contrário, a série pode até não ser considerada uma obra-prima, mas é relevante, revolucionária, influente, importante no cenário, uma verdadeira base de inspiração para várias outras séries que virão por ai. É fato que a série "The Last of Us" inovou e revolucionou o conceito e o cenário do universo das adaptações, seja ela de jogos de videogames, livros, peças teatrais, contos, passagens, qualquer tipo de obra. Posso afirmar que esta série ficará para sempre como base e conceito das próximas adaptações, principalmente adaptações de jogos de videogames.
Eu já considero a série "The Last of Us" como um clássico, que ganhará ainda mais reconhecimento e relevância com o passar do tempo, e acaba de entrar para a minha seleta lista de séries da minha vida. Com certeza já pode ser considerada como um verdadeiro "marco" no cenário das adaptações de videogames. E eu afirmo com 100% de certeza que a série "The Last of Us" é a melhor adaptação de um jogo de videogame para um conteúdo audiovisual de toda a história. Sem mais! [15/01/2023 até 12/03/2023]
Stranger Things (2ª Temporada)
4.3 1,6KTEM SPOILERS!
Stranger Things (2ª Temporada)
A segunda temporada de "Stranger Things" continua excelente, mantém praticamente o mesmo nível da primeira, continua com a mesma essência oitentista ao dar continuidade na história que continua mergulhada no drama, na fantasia, no terror, um puro Sci-Fi estilo anos 80 com um ótimo alívio cômico, que nunca pode faltar.
Dessa vez a história se passa em 1984, um ano após os acontecimentos da temporada anterior, onde Will (Noah Schnapp) foi encontrado e resgatado do Mundo Invertido. Porém, ao final do último episódio da primeira temporada observamos Will cuspir dentro da pia do banheiro um tipo de larva, que obviamente seria alguma espécie de criatura do Mundo Invertido que estava alojado dentro dele, ou seja, esse era o gancho para a segunda temporada. E não deu outra, a segunda temporada parte exatamente desse acontecimento com Will, que foi resgatado e volta para sua família, porém, ele continua com uma forte ligação com o Mundo Invertido, algo que está vivendo dentro dele, que o faz sentir todas as reações, algum tipo de possessão maligna que o mantém aprisionado e diretamente ligado com o Mundo Invertido.
O primeiro episódio já inicia de forma curiosa e bastante misteriosa, ao nos apresentar uma gangue fugindo dos policiais e entre eles uma garota com os mesmos poderes telecinéticos da Eleven (Millie Bobby Brown). De fato esse era um ponto que eu fiquei pensando ao final da primeira temporada, que fatalmente eles poderiam incluir na série uma outra pessoa com os mesmo poderes da Eleven, talvez para competir ou rivalizar com ela. O episódio segue agora com mais descontração ao nos levar de volta à Hawkins, onde temos Will, Mike (Finn Wolfhard), Dustin (Gaten Matarazzo) e Lucas (Caleb McLaughlin) conhecendo uma nova garota recém-chegada na escola. Essa garota é Maxine / Max (Sadie Sink), que junto do seu meio-irmão Billy (Dacre Montgomery), são os novos integrantes que chegaram para esta segunda temporada.
O episódio ainda serve para nos mostrar como o Will ainda continua preso no Mundo Invertido e sendo constantemente observado pelo governo, algo como um estresse pós-traumático do ocorrido no ano anterior, ainda mais por ele agora se sentir rejeitado e ser tratado com indiferença pelas pessoas, que o chamam de aberração e Zumbi.
Esta segunda temporada nos dá a exata dimensão sobre todo o controle que o governo ainda continua impondo sobre Hawkins, ou seja, monitorando toda a cidade, grampeando todos os telefones, vendo tudo, escutando tudo, definitivamente uma cidade controlada pelos organizações governamentais. A temporada mostra uma parte bem interessante, que é o destino que a Eleven seguiu após os acontecimentos finais da temporada anterior, mostrando que ela ainda procurou o Mike. Achei muito boa a decisão do Jim Hopper (David Harbour) em adotar a Eleven, de alguma forma para tentar protegê-la das ameaças que a rodeava, e também pelo trauma que ele carrega por ter perdido sua filha. Mike e Nancy (Natalia Dyer) ainda estão lidando com as perdas de Eleven e Barb, respectivamente. Portanto temos algumas investigações em relação ao desaparecimento da Barb, até mostrando como seus pais estão lidando com tudo isso.
Dustin encontra seu novo animalzinho de estimação, que obviamente é um criatura originária do Mundo Invertido. Aquela relação que vai se construindo entre o Bob (Sean Astin) e o Will, mostrando como ele também sofreu em sua infância e até dando algumas dicas do que fazer para o Will. Temos aquele clima de romance no ar entre Joyce (Winona Ryder) e Hopper. Assim como os vários flertes entre Nancy e Jonathan (Charlie Heaton), até porque eles partem em uma missão em que ambos se ajudam, dessa forma acaba rolando um pequeno lance entre os dois. Começa uma disputa (bem hilária, eu diria) entre Dustin e Lucas por Max. Billy contraria Steve (Joe Keery). Steve começa uma amizade com Dustin, bem interessante por sinal. No laboratório todos já tomam conhecimento da existência das criaturas do Mundo Invertido, assim todos se ajudam e Eleven percebe que precisa fechar o portal e matar o monstro que está dominando Will, caso queira salvá-lo.
A inclusão na série da Max e seu meio-irmão Billy é positiva e agregou bastante, principalmente pela parte da Max, que chegou e já integrou perfeitamente com o grupo dos garotos. Sobre ela é interessante notar aquela história em que ela conta da sua família, incluindo sua mãe e seu pai adotivo, o que me leva a questionar sobre esse seu possível "irmão". Já sobre o Billy eu também acredito que foi um acerto da série, porém, nessa temporada ainda ficou devendo, ainda não pudemos entender o seu real propósito na série, que não seja apenas ser inteiramente um porra-loca arrumando briga e desafiando tudo e todos que se atravessa em seu caminho. Por outro lado o episódio que mostrou seu pai o enfrentando é bem interessante, o que me deixa ainda mais curioso sobre qual rumo o personagem irá tomar na próxima temporada, isso inclui também a Max.
Já sobre a Eleven temos dois episódios bastante curiosos: o quinto, onde mostra que ela fugiu dos domínios do Hopper e fui em busca da sua mãe, que está em um estado vegetativo. Nesse episódio passamos a entender um pouco mais sobre a história da Eleven e sua mãe. E temos o sétimo, que é justamente um episódio que foge um pouco do contexto da série, ao nos mostrar a Eleven em busca daquela garota que citei no início, a garota que também possui poderes telecinéticos. Nesse episódio descobrimos que a garota se chama Kali (Linnea Berthelsen), uma cobaia do laboratório Hawkins tendo ganhado o número 08 e sendo a irmã mais velha de Eleven. O episódio também serve para nos revelar que o nome verdadeiro da Eleven é Jane, que a Kali possui poderes telecinéticos diferentes da Eleven e até mais forte. Por outro lado também mostra a busca da Eleven (Jane) em achar respostas sobre o seu passado familiar, que obviamente envolve sua mãe, sua nova irmã e até seu pai.
Porém, devo considerar este sétimo episódio como o mais diferente da temporada, o mais fora de contexto, o mais questionável, sendo até o mais fraco. Toda aquela gangue que acompanha a Kali eu achei bem estranha e bem fora de contexto. Na verdade este episódio é inteiramente focado em um arco da Eleven, em que obviamente nos revela sobre essa trupe e a própria Kali, mas no meu ponto de vista é fora da narrativa, não agrega muita coisa na história que já estava sendo desenrolada antes mesmo desse grupo aparecer. Só espero que este grupo não morra na praia e tenha alguma relevância nas próximas temporadas, porque se for apenas uma mera participação será bem frustrante.
Sobre o elenco:
Os garotos Finn Wolfhard, Gaten Matarazzo, Caleb McLaughlin e Noah Schnapp sempre dão um show, continuam sendo excelentes em cada personagem. Gaten Matarazzo com seu ótimo Dustin, que teve episódios muito bons, principalmente a partir do seu encontro com o "Dart". Caleb McLaughlin trouxe um Lucas ainda mais participativo e hilário, principalmente naquela disputa pra ficar com a Max (e no final foi ele que conseguiu). Noah Schnapp traz um Will muito mais participativo nessa temporada, compondo episódios com uma alta entrega de interpretação, principalmente naquela cena final onde temos uma homenagem ao filme "O Exorcista", com a luta para libertá-lo daquela força monstruosa que o fazia de refém. Finn Wolfhard passa a temporada inteira sendo um Mike que ajuda diretamente seu amigo Will, porém, ele não consegue se desvencilhar das suas lembranças da Eleven.
Millie Bobby Brown mais uma vez excelente como a Eleven que já conhecemos e dessa vez indo até mais longe sendo a jane. Aquela cena que ela retorna para ajudar seus amigos e aparece do nada na frente de todos é muito boa. Nessa cena os olhinhos do Mike brilham de emoção ao rever a sua crush (e aquele beijinho no baile). Sadie Sink foi uma excelente escolha para viver a personagem Max, assim com o próprio Dacre Montgomery, que construiu um Billy com um propósito curioso e bastante questionável. Natalia Dyer (ainda mais linda que a primeira temporada) novamente integra uma Nancy que está lutando e buscando respostas, conseguindo se colocar de vez na série como uma personagem extremamente importante para a trama. Foi interessante acompanhar todo o desenvolvimento daquele triângulo amoroso entre ela, o Jonathan e o Steve. Por falar em Jonathan, Charlie Heaton cresceu muito no personagem e hoje nem é sombra daquele Jonathan que iniciou a primeira temporada, onde era zoado por todos ao seu redor. Assim como o próprio Joe Keery, que também teve um notável crescimento no seu personagem Steve, se destacando como fundamental para o grupo principalmente nos últimos episódios.
Winona Ryder já é a cara da série com sua personagem Joyce, que novamente mantém um altíssimo nível de atuação, sendo decisiva para o resgate e a libertação do seu filho Will. David Harbour novamente dá outro show na pele do destemido e corajoso Jim Hopper, nos mostrando em como ele se aplicava e lutava por uma causa, tanto na parte da Eleven quanto ao ajudar a Joyce. Como já mencionei anteriormente, está começando a nascer um possível romance entre Hopper e Joyce, que eu torcerei fervorosamente para que aconteça na próxima temporada, ainda mais depois da tristeza da Joyce por conta da morte brutal do Bob. Por falar em Bob, Sean Astin desenvolveu um ótimo personagem, sendo amável com a Joyce, brincalhão com o Will e até tentando desenvolver um vínculo afetivo com o Jonathan. Lamentei muito a sua morte, eu realmente queria que ele continuasse na série. Sem esquecer de mencionar a atriz Priah Ferguson, que deu vida a Erica Sinclair, a hilária irmã mais nova do Lucas.
Tecnicamente a série continua impecável!
Os efeitos especiais continuam excelentes. Uma fotografia prazerosa. Uma direção de arte muito bem ajustada e condizente com os anos 80. Por falar em anos 80, o que não falta na temporada são referências aos anos 80: como a referência ao clássico "O Exterminador do Futuro" e o icônico "Os Caça-Fantasmas", ambos lançados em 1984. Falando do filme "Os Caça-Fantasmas", temos aquela cena em que os garotos se vestem como os personagens do filme na noite de Halloween e discutem entre eles ao som da clássica "Ghostbusters" (Ray Parker Jr.). Por sinal uma cena excelente. No último episódio temos o baile da escola, onde temos as ótimas cenas em que os garotos procuram seus pares para o baile, rolam uns foras, uns desentendimentos e obviamente, uns beijinhos. Tudo isso ao som da clássica "Every Breath You Take" (The Police) e a maravilhosa e inesquecível "Time After Time" (Cyndi Lauper).
O episódio nove termina exatamente com aparição daquela gigante criatura das sombras tomando conta da escola e de toda cidade de Hawkins. O gancho perfeito para a terceira temporada.
A segunda temporada de "Stranger Things" é excelente, e muito por conseguir manter a essência, o ritmo e todo o clima da primeira. Apesar de estar um pouquinho abaixo da primeira temporada justamente por algumas decisões questionáveis do roteiro, mas em nenhum momento isso tira o peso e o brilho da série.
A série continua sendo maravilhosa e continua como uma das minhas séries preferidas. Pois além da série nos mergulhar em suas histórias com um contexto inserido no drama, na fantasia e no terror, além de nos proporcionar excelentes atuações e um ótimo roteiro, "Stranger Things" vai muito mais além de uma simples série de Sci-Fi ao nos trazer discursões acerca de transtornos mentais, ao nos fazer refletir em como as nossas fraquezas e nossos medos podem se virar contra nós - magnífico! [23/02/2023]
Stranger Things (1ª Temporada)
4.5 2,7K Assista AgoraStranger Things (1ª Temporada)
"Stranger Things" é uma série original Netflix criada em 2016 pelos irmãos Matt e Ross Duffer (ambos são diretores do thriller "Escondidos", de 2015), que também atuam como showrunners e são produtores executivos junto com Shawn Levy (diretor de "O Projeto Adam", de 2022) e Dan Cohen (produtor de "Tem Alguém na sua Casa", de 2021).
Passada na década de 1980 (especificamente no ano de 1983), na cidade fictícia de Hawkings, Indiana, "Stranger Things" conta a história de um garoto que desaparece misteriosamente e dos eventos paranormais que se passam em torno desse acontecimento.
"Stranger Things" é a típica série que me desperta atenção logo de cara, pois eu tenho um apreço muito grande por histórias que se passam em uma pequena e pacata cidadezinha americana, onde temos aquele velho discurso do Xerife de que aqui nunca acontece nada, o último crime e a última morte já fazem muitos anos. Este é o cenário perfeito para o desenrolar de uma boa história de terror, de ficção, um drama, ou até mesmo uma investigação criminalista - o que remete diretamente para a ótima série que assisti no ano passado, "Mare of Easttown", estrelada pela magnífica Kate Winslet.
Um dos principais pontos da série é exatamente toda a sua essência oitentista, pois "Stranger Things" é o puro suco das história dos anos 80, é o puro primor do Sci-Fi estilo anos 80, com inúmeras referências das produções dos anos 80. Tudo na série nos remete aos anos 80, como o próprio letreiro que nos apresentava o título de cada episódio, a cidadezinha, os cenários, as casas, os carros, os figurinos, a escola, as crianças, os adolescentes, tudo dentro da série está incrustado em um verdadeiro mergulho nos anos 80. Puxando para a parte técnica da série também temos um envolvimento total nos anos 80, como a trilha sonora, que até agora eu ainda não consegui me desvencilhar das músicas. Temos "Should I Stay Or Should I Go" / The Clash, "Africa" / Toto, "Atmosphere" / Joy Division, Elegia / New Order, entre várias outras que são um verdadeiro passeio musical pelos ano 80. A trilha sonora da série é um ponto muito forte, podemos dizer que é um dos personagens principais da trama.
Assim como a trilha sonora, a fotografia também tem um destaque absurdo, juntamente com a ambientação, cenografia, direção de arte, montagem, edição, ou seja, tudo dentro da série foi feito com muita atenção, com muito amor, com muita entrega, com um respeito muito grande pelo espectador.
Toda história de "Stranger Things", além das referências dos anos 80, tem influência de outras obras. Posso destacar "It" como uma influência direta pra série, por apresentar aquela cidadezinha pacata, o núcleo infanto-juvenil, aquele clima de suspense enigmático e misterioso que se instala acerca de toda investigação, e justamente uma investigação sobre o misterioso desaparecimento de uma criança. Ou seja, temos várias referências e influências da obra-prima do mestre Stephen King (por sinal é o livro que estou lendo no momento).
Posso afirmar que os irmãos Duffer tiveram uma sacada genial ao escolherem uma modesta cidadezinha como pano de fundo para o desenvolvimento de toda sua história sobrenatural e paranormal. Ou seja, este é o cenário perfeito que possivelmente não levantará dúvidas acerca de todo trabalho de pesquisas laboratoriais e experiências secretas conduzidas pelo governo americano. É incrível como os irmãos Duffer conseguiram conduzir toda história em uma mescla de investigativo com o sobrenatural, nos expondo exatamente entre uma investigação policial e uma ficção científica.
Os irmãos Duffer desenvolveram a série como uma mistura de drama investigativo e elementos sobrenaturais retratados com horror e sensibilidade infantil, enquanto infundiam referências à cultura pop da década de 1980 - fantástico. Vários elementos temáticos e de direção foram inspirados nas obras de Steven Spielberg, John Carpenter, David Lynch, Stephen King, Wes Craven e H. P. Lovecraft (grandes inspirações dos irmãos Duffer). Como não se maravilhar com os pôsteres espalhados pelos cenários da série; de filmes como "O Enigma de Outro Mundo" (1982), "The Evil Dead" (1981) e "Tubarão" (1975).
A série levanta várias questões, vários debates, várias discursões: temos o drama familiar pelo desaparecimento da criança (que desperta toda uma comoção nos habitantes da cidade), temos o bullying voltado para o núcleo infanto-juvenil, temos as crises e as relações conturbadas do núcleo adolescente, temos a corrupção que assola o governo americano em volta de toda experiência laboratorial com cobaias humanas. A série é incrível exatamente por conseguir navegar com propriedade no drama, na fantasia, no suspense, na ficção, no terror, e ainda aborda questões sobre a telecinese, o espaço-tempo e a realidade alternativa chamada "Mundo Invertido". Sem falar que ainda temos leves camadas de humor e romance, ou seja, "Stranger Things" consegue ser uma série perfeita em tudo que se propõe a fazer.
E realmente não é nada fácil conseguir uma abordagem em tantos temas, em tantos pontos, levantar várias discursões como a série levanta, porém, tudo é muito bem feito, muito bem desenvolvido, muito bem preparado, nada fica solto ou sobrando (obviamente a história continuará na segunda temporada), tudo tem seu peso, seu destaque e seu perfeito desenvolvimento. Posso afirmar com total certeza que o roteiro da primeira temporada de "Stranger Things" é 100% perfeito!
Para uma série ser considerada uma obra-prima ela tem que ser perfeita em tudo, e "Stranger Things" é, principalmente no quesito elenco.
É impressionante como o elenco da série é bom, funciona perfeitamente dentro da proposta de cada personagem e contribui exatamente com tudo que a série pedia e precisava. Outro ponto que vale ressaltar no elenco é o crescimento e o desenvolvimento de cada um, pois é notável como cada personagem tem seu arco pessoal na história, tem sua relevância dentro de todo contexto, e como cada um se desenvolve e cresce, agregando ainda mais qualidade em toda trama da série.
Começando pelo núcleo infanto-juvenil:
Temos Finn Wolfhard ("Pinóquio por Guillermo del Toro") como Mike, Gaten Matarazzo ("O Dragão do Meu Pai") como Dustin, Caleb McLaughlin ("Alma de Cowboy") como Lucas e Noah Schnapp ("Ponte dos Espiões") como Will. Todos completamente incríveis, formidáveis, excelentes, carismáticos, extrovertidos, conseguiriam ganhar a simpatia e a atenção do público instantaneamente. Como era gostoso acompanhar as aventuras do grupo, juntamente com todo embate e discursões que se criavam entre eles, principalmente quando descobriram a Eleven. Por falar na Eleven, a pequenina Millie Bobby Brown ("Godzilla vs Kong") é um show à parte na série. Millie trouxe toda uma construção em volta da sua personagem, se apresentando mais pacata inicialmente e ganhando forças expressivas com o passar do tempo dentro da trama. Incrível como ela com pouca idade conseguia contrastar uma atuação que se passava no drama, no mistério, no suspense, e ainda chegava nos momento mais leves e cômicos com o grupo.
Winona Ryder (dispensa apresentações) é o centro das atenções na série. É incrível como ela chama pra si todo o protagonismo e toda atenção. É magnífico como ela constrói a personagem de uma mãe que se mostra amável, solidária, logo após ela entra em um completo desespero com o desaparecimento do seu filho, mexendo com sua sanidade e seu estado espiritual e emocional. Winona atua com uma voracidade tremenda na pele da desolada e confiante Joyce, nos mostra todo o seu crescimento na personagem e chega a nos emocionar nos últimos episódios. Atuação completamente perfeita!
David Harbour ("Viúva Negra") me impressionou como o delegado do Departamento de Polícia de Hawkins, Jim Hopper. A princípio eu não dava nada para o Xerife Hopper, cheguei até a imaginar que ele seria apenas mais um delegado mau-caráter e aproveitador como já vimos inúmeras vezes por ai, e que ele não fosse agregar em nada na série. Porém, eu estava redondamente enganado, Jim Hopper tem um começo mais modesto, mais brando, mais suave, mas depois que ele começa descobrir as falcatruas envolvendo os experimentos do governo, o personagem tem um crescimento e uma relevância inimaginável dentro de todo contexto da série, chegando a dividir todo o protagonismo com a Winona Ryder. É muito interessante acompanhar todo o desenvolvimento do seu arco pessoal, que nos mostra todo o seu trauma envolvendo a morte de sua filha (ainda criança), o seu envolvimento com bebidas e como ele veio a demonstrar sua responsabilidade e capacidade ao salvar o filho de Joyce. Outra atuação completamente impecável!
A linda Natalia Dyer ("Acampamento do Pecado") viveu a personagem Nancy. A Nancy Wheeler foi a personagem que mais me impressionou dentro da série, e muito por inicialmente ela se portar como uma patricinha fútil e rasa, aquela típica garota adolescente que só pensa em namorar, aquela irmã mais velha implicante, aquela adolescente rebelde com os pais. Porém, depois do desaparecimento da sua amiga Barb (Shannon Purser), ela tem um crescimento avassalador dentro da trama. Agora ela se mostra mais crescida mentalmente, mais amadurecida, mais preocupada com assuntos relevantes, ela não deixou de ser uma adolescente e querer viver seus romances, mas não é mais uma garota fútil, todo o drama que ela viveu serviu para o seu crescimento e desenvolvimento. Adorei todo o trabalho entregue pela Natalia Dyer.
Charlie Heaton ("Os Novos Mutantes") é Jonathan Byers. Jonathan segue a mesma linha da Nancy, também tem um começo mais morno, mais apático, e muito por ser um adolescente tímido e auto-excluído na escola, que se desperta como um aspirante a fotógrafo. Seu crescimento é lado a lado com a Nancy, um ajudando o outro, um confiando no outro, ganhando uma grandiosa relevância e se desenvolvendo muito bem dentro da série. Foi muito interessante de acompanhar o nascimento e o crescimento de uma certa atração entre Jonathan e Nancy, que poderá se desenvolver ainda mais no futuro da série - eu shippo! kkkkk
Completando o elenco ainda tivemos a Cara Buono ("Monsters and Men") como Karen Wheeler, Matthew Modine ("Batman - O Cavaleiro das Trevas") como Martin Brenner e Joe Keery ("A Grande Jogada") como Steve Harrington.
"Stranger Things" é uma das principais séries da Netflix, que obviamente atraiu uma audiência recorde na plataforma de streaming. A série foi aclamada pela crítica por sua caracterização, atmosfera, atuação, trilha sonora, direção, roteiro e homenagens aos filmes dos anos 80. Devido sua popularidade, a série acabou gerando alguns produtos, como livros, brinquedos, videogames e histórias em quadrinhos. A série também recebeu vários prêmios e indicações em premiações, como Emmy Awards, Globo de Ouro, British Academy Television Award, entre outros.
"Stranger Things" já entra facilmente no hall das melhores séries de todos os tempos, e muito por já se tornar um ícone da cultura pop da década. Uma série extremamente relevante, influente, dinâmica, grandiosa, enérgica, que trouxe um excelente roteiro que navega muito bem no drama, no suspense, na ficção e na fantasia, soando até como uma fábula, uma passagem ou um conto. Sem falar no elenco grandioso que apresentaram atuações afiadíssimas, e as inúmeras referências e homenagens que a série presta à todo conteúdo da década de 1980.
Verdadeiramente um show de audiovisual!
Uma obra de arte!
Uma pérola!
Uma obra-prima das séries!
5 estrela com bastante louvor!
[04/02/2023]
The Walking Dead (11ª Temporada)
3.5 235 Assista AgoraTEM SPOILERS!
The Walking Dead (11ª Temporada) O Final
"The Walking Dead" é uma série americana desenvolvida por Frank Darabont e baseada na série de quadrinhos de mesmo nome de Robert Kirkman, Tony Moore e Charlie Adlard - juntos formando o núcleo da franquia "The Walking Dead". A série estreou em outubro de 2010 exclusivamente no canal a cabo AMC nos Estados Unidos e internacionalmente através do Fox Networks Group e Disney Media.
O primeiro episódio da série foi ao ar dia 31 de outubro de 2010, já o último episódio foi ao ar dia 20 de novembro de 2022. A série chega ao seu fim com 12 anos, 11 temporadas e 177 episódios.
"The Walking Dead" foi uma série que eu aprendi a amar e a respeitar desde o seu primeiro episódio. Foi uma série que eu acompanhei religiosamente temporada por temporada, episódio por episódio, ano após ano durante todo o seu ciclo. Foram longos anos acompanhando cada episódio, cada acontecimento, sempre vibrando, torcendo, se maravilhando, se emocionando, e claro, dando aqueles famosos rages. Durante todos esses anos a série sofreu diversas vezes com quedas de rendimentos em algumas temporadas, o que é normal para uma série de mais de uma década, porém sempre se manteve de pé, firme, nunca se deixou abalar pelos haters e por todos os julgamentos que recebeu.
Qual é a receita para uma série se manter em alto nível durante tanto tempo? Claro que "The Walking Dead" ao longo desses 12 anos passou por várias situações difíceis ao optar por algumas mudanças, principalmente em seu elenco (tanto secundário quanto principal). Digo isso pelo fato da série nunca se apegar em personagens, pois até hoje eu ainda não conheci uma série que matasse tantos personagens quanto "The Walking Dead". Eu sempre tive uma dor no coração por a série decidir tirar alguns personagens de cena, e sempre quando estávamos mais apegados à eles. Claro que o maior caso foi a saída de Rick Grimes, que impactou toda a comunidade de "The Walking Dead", e muitos até duvidando se a série conseguiria continuar e se manter sem o seu principal protagonista (confesso que eu fui um desses), fazendo com que grande parte da fanbase da série se dividisse. Tivemos a impactante saída, e na minha opinião completamente desnecessária, de Carl Grimes. A saída intrigante da Michonne. A própria Maggie que saiu da série e depois retornou.
A primeira temporada já é considerada clássica e icônica. Toda aquela apresentação do xerife Rick Grimes acordando em um hospital abandonado e ao sair se deparando em um mundo pós-apocalíptico dominado por mortos-vivos. A segunda temporada já mostra o grupo sem uma direção exata após perderem as esperanças de serem salvos, partindo em busca de um novo lugar onde possam permanecer seguros e livres. É nessa temporada que eles encontram a fazenda de Hershel, quando estão na busca pela a Sophia, a filha perdida de Carol. A terceira temporada é a invasão dos zumbis na fazenda, o que leva a destruição do local obrigando o grupo a partirem sem rumo até encontrarem a prisão abandonada. É nessa temporada que temos a entrada do primeiro grande vilão da série, o lendário Governador. Já a quarta temporada mostra o grupo do Rick cada vez mais unidos na prisão contra os ataques do Governador. Na quinta temporada a prisão foi destruída após uma terrível guerra contra o Governador e o grupo se vê mais uma vez sem direção. É nessa temporada que o grupo tem a missão de resgatar a Beth (irmã da Maggie), que está aprisionada em um hospital.
Seguindo com a sexta temporada, é quando Rick e seu grupo chegam até a comunidade de Alexandria. É nessa temporada que eles enfrentam o grupo dos Salvadores e conhecem seu pior pesadelo, Negan. A sétima temporada inicia com os ataques brutais de Negan contra o grupo de Rick. É nessa temporada que Rick é obrigado a obedecer as ordens de Negan, porém, ele começa a unir as comunidades para colocar um fim no reinado de Negan e os Salvadores. A oitava temporada é a hora que a guerra está totalmente declarada contra Negan. Nona temporada já tivemos a guerra contra os Salvadores, quando Rick e Carl tentam construir um novo futuro entre as comunidades. É nessa temporada que somos confrontados pela nova ameaça, os Sussurradores. Décima temporada o grupo está lutando contra a ameaça dos Sussurradores e sua líder, Alpha. Décima primeira temporada tem o encontro do grupo com Commonwealth, a grande rede de comunidades que possui equipamentos avançados, além dos confrontos contra os Ceifadores.
A série é responsável por várias cenas icônicas, lendárias e clássicas que eu vou guardar para sempre em minha memória. Uma das cenas que eu mais gosto de toda a história de "The Walking Dead" é a cena da Sophia saindo do celeiro na fazenda (fico arrepiado só de lembrar dessa cena). A morte da Lori, que teve aquela participação do seu filho Carl. Aquela cena da morte da Andrea (por sinal nunca vou aceitar essa morte). A morte da Beth, com aquela cena emocionante do Daryl carregando ela no colo na saída do hospital e encontrando a Maggie desesperada. Aquela cena impactante da entrada da Michonne na série. Uma das mortes que eu mais contestei de toda a história da série, obviamente a do Carl (uma cena triste demais). Assim como o episódio com a explosão da ponte causada pelo Rick. Devo dizer que esse foi o episódio que mais me emocionou em "The Walking Dead", eu cheguei a chorar de soluçar. Aquela cena emblemática quando a Carol e o Daryl encontram as cabeças cravadas nas estacas (outra cena que eu fiquei em choque e com um nó na garganta). Nessa última temporada tiveram duas cenas que também me deixaram em choque: a cena quando a Judith leva um tiro e a morte da Rosita.
Agora eu preciso destacar os dois melhores episódios de toda a história de "The Walking Dead". A mid season finale que envolve a guerra entre o Governador e o grupo do Rick na prisão...quando temos a emocionante morte do Hershel causada pelo próprio Governador, e a Michonne cravando sua espada nele. O outro é obviamente aquele episódio brutal do Negan matando o Abraham e o Glenn. O episódio de maior impacto e audiência da história da série. Vou confessar que este episódio me impactou demais, me deixou em choque durante todo o resto daquela noite (nunca esquecerei).
O elenco da série é a parte que eu mais tenho carinho, e consequentemente é a que irá fazer mais falta.
O icônico xerife Rick Grimes (Andrew Lincoln). Um personagem histórico dentro da franquia, completamente inesquecível. Eterno Shane Walsh (Jon Bernthal). A inesquecível Lori Grimes (Sarah Wayne Callies). Saudosa Andrea (Laurie Holden). Esse é eterno para todo fã - Glenn Rhee (Steven Yeun). A bela e muito poderosa Maggie Greene (Lauren Cohan). Um personagem que eu adorava desde pequenino, vi crescer na série - eterno Carl Grimes (Chandler Riggs). Pra mim o maior protagonista da série depois do Rick - Daryl Dixon (Norman Reedus). A lenda, a eterna, a Diva, a sempre incrível Carol (Melissa McBride). Melissa McBride e Norman Reedus foram os únicos que levaram seus personagens do início ao fim da série. Máximo respeito por eles.
Um personagem muito saudoso, o Morgan (Lennie James). A pequenina Sophia (Madison Lintz). Uma personagem que eu amava demais e fiquei triste com sua saída da série - Beth Greene (Emily Kinney). O grande paizão de Beth e Maggie - Hershel Greene (o já falecido Scott Wilson). O violento e irracional irmão mais velho de Daryl - Merle Dixon (Michael Rooker). A eterna e lendária Michonne (Danai Gurira). Um dos meus vilões preferidos da série - O Governador (David Morrissey). Outra personagem que eu aprendi a gostar bastante na série - a Sasha (Sonequa Martin-Green). Assim como o próprio Bob (Lawrence Gilliard Jr.). As irmãs Lizzie Samuels (Brighton Sharbino) e Mika Samuels (Kyla Kenedy). A inesquecível Tara Chambler (Alanna Masterson). O grande Abraham Ford (Michael Cudlitz). A bela Rosita Espinosa (Christian Serratos). O sempre inteligente Eugene Porter (Josh McDermitt).
O lendário Padre Gabriel (Seth Gilliam). O imponente Aaron (Ross Marquand). O eterno Jesus (Tom Payne). Uma personagem que com o tempo eu passei a gostar na série - Enid (Katelyn Nacon). O sempre empenhado Henry (Matt Lintz). O grande Rei Ezekiel (Khary Payton). O braço direito do Rei - Jerry (Cooper Andrews). A maravilhosa Connie (Lauren Ridloff). A forte Magna (Nadia Hilker). A destemida Yumiko (Eleanor Matsuura). A impiedosa Alpha (Samantha Morton). Agora a personagem mais fofa desse universo de "The Walking Dead" - a corajosa Judith Grimes (Cailey Fleming). Uma personagem que começou morna, mas depois ganhou uma relevância incrível na série, me fazendo se emocionar no penúltimo episódio - a Lydia (Cassady McClincy). E pra finalizar eu deixei o personagem mais odiado e depois amado na série - senhoras e senhores, o eterno Negan (Jeffrey Dean Morgan).
Sobre o último episódio: não foi um dos melhores episódios da série, mas foi um episódio épico, marcante e histórico. Foi um episódio que trouxe algumas cenas importantes e impactantes, como aquela conversa emblemática entre Maggie e Negan (obviamente ela jamais conseguiria perdoar ele), e a cena emocionante da morte da Rosita. Ao final ainda tivemos a presença icônica e ilustre de Rick Grimes e Michonne, nos apresentando cenas um tanto quanto curiosas, e abrindo espaço para os próximos passos da franquia, agora apostando nos Spin-off.
"The Walking Dead" foi uma série que revolucionou e influenciou a forma de se fazer séries, principalmente envolvendo o pós-apocalíptico e os zumbis. Foi uma série que trouxe os melhores e mais bem feitos zumbis da história da televisão e do cinema. Foi uma série que teve um gigantesco impacto e fez um sucesso estrondoso em suas primeiras temporadas. Foi uma série que teve uma influência direto na cultura Pop. Foi uma série que revolucionou e influenciou gerações com brinquedos, revistas, roupas e jogos de videogames.
"The Walking Dead" está no hall das melhores séries de todos os tempos. Assim como está no top 3 de melhores séries de toda a minha vida. Vou sentir uma enorme tristeza e uma grande saudade de esperar chegar todos os domingos de cada semana para poder acompanhar um episódio da série. Vou sentir uma enorme saudade de cada ator e atriz que fizeram parte dessa verdadeira família ao longo desses 12 anos de existência. Estou profundamente triste, com um nó na garanta e com lágrimas nos olhos nesse exato momento. Mas a vida infelizmente é assim, as coisas boas também se acabam, tudo tem um fim, o que nos resta é guardar na memória com todo o carinho as coisas boas que passaram por nossas vidas, e a série "The Walking Dead" está incluída na minha.
Um grande depoimento de um eterno fã apaixonado.
Obrigado "The Walking Dead". ⭐⭐⭐⭐⭐ ❤️❤️❤️❤️❤️
[20/11/2022]