Esta coprodução dublada em inglês é uma sucessão de erros do início ao fim. O objetivo é até bem interessante, mas a narrativa é profundamente arrastada e repleta de clichês que enchem o saco depois de 30 minutos de projeção.
A misteriosa história da condessa húngara Barthory que banhava-se em sangue de suas criadas para conservar sua beleza já foi explorada dezenas de vezes mas até agora nenhuma das versões atingiu o impacto necessário que a tal condessa mereça.
Esta longa e desordenada versão tem inúmeras falhas históricas e dramáticas que atrapalham bastante o perfil da famosa condessa. A introdução do pintor Caravaggio (!!??) como amante de Barthory, os dois espiões atrapalhados fazendo palhaçadas do nível de comédia pastelão, a péssima dublagem em inglês que afasta historicamente os personagens de sua origem (o filme passa-se na Hungria no início de 1600) entre outras bobagens (personagens em excesso, a indefinição da personalidade da condessa, edição estereotipada das imagens e fotografia escura ) são alguns exemplos da péssima adaptação que esta versão apresenta.
O final ainda tem a ousadia de honrar a imagem da condessa anunciando nos letreiros que sua reputação de assassina foi inventada por Thurzo, o amante rejeitado, pois não há registro nenhum sobre as maldades de Barthory.
Este sensacional filme, do uruguaio Adrian Biniéz, revela como o entediado cotidiano de um segurança de um supermercado qualquer, pode trazer surpresas além das expectativas.
A câmera de Adrian fica praticamente parada transmitindo uma sensação de peso, como seu personagem título, o gigantesco Jara (com atuação comovente de Horacio Camandule) que nutre, à distância, uma adoração à faxineira Julia.
O filme fala das dificuldades que Jara possui para comunicar-se com seu meio, falando apenas por monossílabos e grunhidos. O único personagem que ele desfruta de maior empatia é seu sobrinho, um garoto gordinho entre 13 a 15 anos.
O diretor apresenta seus personagens de uma forma bastante econômica sem exageros e a trama transcorre de uma maneira compassada e sem surpresas (assim como todo cotidiano) transmitindo ao público à exata sensação de tédio e aborrecimento pela falta de opções que a vida tem a oferecer, mas mesmo assim o filme mantém um ritmo interessante e curioso.
O encontro entre Java e Julia é um verdadeiro anticlímax, já que não ouvimos o que os personagens confidenciam entre sim (assim como várias falas durante a narrativa), mas, na verdade, esta é, talvez, a maior sacada do filme. O diretor deixa que o espectador interprete do jeito que quiser sem interferência nenhuma, o que é um verdadeiro presente.
Embarque Imediato é uma das PIORES coisas que o cinema nacional fez.
Não tem narrativa, não há construção de personagens, não há edição, a direção é um verdadeiro nada e José Wilker irrita de tão canastrão que é. Sua cara fazendo caretas pode tranquilamente ser incluída como uma das piores interpretações já feitas no cinema (além da tonalidade de sua voz empostada).
Tenho pena (e muita pena mesmo) de Marília Pera ter aceito o convite para esta porcaria. É uma chanchada podre, sem nenhum timing cômico, e completamente desarticulada.
Se existisse nota negativa aqui no Filmow esse filme levaria menos 5 estrelas.
Premiado em vários festivais internacionais, La Nana é um poderoso e intenso retrato sobre a tolerância humana.
Sebastian Silva (diretor e roteirista) faz uma belíssima interpretação de uma imagem esquisita e angustiante repleta de códigos subjetivos, através do personagem de Raquel, uma criada de 41 anos que trabalha há 20 e poucos anos na casa de uma família de classe média alta chilena.
Logo no início do filme, Raquel está na copa sozinha jantando e olha para câmera como fosse uma vítima a ser explorada. É um olhar incomodo com muita aflição que parece pedir por socorro. Usando basicamente a câmera com o propósito de observação, o diretor acompanha Raquel sob o ponto de vista mais verdadeiro possível
Solitária e contida, Raquel nunca olha nos olhos nem faz nenhuma ligação entre seus sentimentos ou pensamentos. Sofrendo de fortes dores de cabeça e engolindo pílulas como se fossem balas, Raquel trabalha como uma verdadeira escrava para uma família acolhedora e hospitaleira. Ela simplesmente age instintivamente e rejeita aqueles que não necessitam mais de sua ajuda, como no caso de Camila, a filha adolescente. Ela chega ao cúmulo de riscar Camila de suas fotos como fazem as crianças rejeitadas.
No entanto, o diretor não se fixa nestes pequenos gestos e segue sua narrativa cheia de espontaneidade e sem rodeios. Após uma pane em seu sistema nervoso, Raquel é obrigada a aceitar o inevitável. Forçada a trabalhar menos, ela vê seu pequeno mundinho ruir quando percebe a presença de outras “invasoras” contratadas pela sua dona.
Lucy (uma nova criada), no entanto não aceita as provocações infantis e atravessa a impenetrável barreira da couraça de Raquel numa belíssima cena no banheiro. Lucy faz contato com o ser humano que Raquel tanto esconde e é acolhida como sua melhor amiga.
Mas o que o filme tem de melhor não é a sua história simples, cotidiana e corriqueira, nem os maravilhosos atores, com destaque máximo para Catalina Saavedra que encarna Raquel com uma tensão tão reprimida que custa acreditar que ela é apenas uma atriz interpretando um papel.
É a maneira como Sebastian Silva encaixa as sequências preparando o espectador para um clímax que nunca chega e dando destaque para detalhes que fazem muita diferença no resultado final.
A Criada é um destes filmes que ficam em nossos pensamentos por meses, seja pela sua singeleza e simplicidade, seja pela sua poderosa análise sobre o ser humano e suas diversas dimensões.
Em 2005 o estudante de cinema, Shane Acker, produziu um curta animado (11 min) como resultado da tese de seu doutorado em cinema. A criatividade foi tanta, que foi indicado ao Oscar de melhor curta de animação em 2006 (sem ganhar).
Era uma animação pós apocalíptica sobre estranhas figuras que lutavam contra um monstro de metal que roubava as almas dos pequenos seres.
Um grupo de produtores (Tim Burton entre eles) maravilhados com a genialidade do diretor estreante, resolveu bancar um projeto onde o filme ganharia uma metragem maior e sua história teria um desenrolar mais elaborado.
Assim nasceu 9 - A Salvação!
Embora o roteiro explore situações indefinidas, o filme tem um grande mérito, exatamente, por não prender-se a linha politicamente correta das animações tradicionais. A mensagem é diluída através das atitudes dos pequenos (e estranhos) seres, mas a capacidade inventiva do diretor supera qualquer falha neste sentido.
O visual excêntrico das criaturas é o ponto alto desta ficção que, obviamente, não é recomendada para crianças devido ao teor assustador que permeia todo o filme. Achei diferente e pela ousadia das imagens dou 4 estrelas.
Baseado no livro da jornalista Mariane Pearl, esposa do, também jornalista do Wall Street Journal, Daniel Pearl, sequestrado e assassinado por fanáticos terroristas islâmicos, o roteiro de John Orloff foca, basicamente, toda a atenção na procura desesperada de Mariane logo após o desaparecimento de Daniel em 2002.
Michael Winterbottom, que é dono de uma respeitosa filmografia, sabe como ninguém, manipular um material verídico. Com a câmera na mão ele acompanha a aflição desta mulher e seus esforços para localizar o marido em Karachi, uma das maiores cidades do mundo. O enredo é tenso por natureza, pois todos sabem de antemão, qual o final reservado para o pobre jornalista, mas Winterbottom mantém certo grau de suspense através das investigações feitas pelas autoridades.
Fica claro que a intenção era muito mais de fazer um filme denúncia do que um drama pessoal. Mesclando muitas imagens de arquivo, o diretor vai então montando o intrínseco quebra-cabeça sobre uma das organizações mais complexas do mundo.
Os melhores momentos são reservados para Angelina Jolie (excelente) no papel da decidida Mariane. O filme cresce em sua presença e a cena de sua catarse final é de arrepiar os cabelos.
No entanto, o complexo enredo amontoa tantos nomes e siglas que deixa o espectador atordoado e confuso (tanto quanto a pobre Mariane) da metade para o final. O estardalhaço político em torno do sequestro também não fica muito claro e, pouco a pouco, vamos nos distanciando do drama para assistir uma espécie de reportagem denúncia de 108 minutos.
O filme funciona bastante como uma espécie de acusação sobre o uso fanático do terrorismo no mundo muçulmano, mas perde bastante como texto ou composição dramática.
Diante de um material bem poderoso, Matheus conseguiu estragar uma excelente história com sua câmera parada e sem movimentos (tem cenas desnecessárias de gafanhotos nas folhas, tartarugas copulando, besouro na pia, etc.). Tudo é muito paradão e chatíssimo. O som é péssimo e tive que ver com legendas para entender o que se falava.
O filme não consegue transmitir NENHUMA emoção e ficamos à espera de algo que nunca acontece. Matheus ficou mais preocupado nas mensagens sublimares dos personagens do que propriamente contar uma (boa) história.
Os atores estão perfeitos e alguns parecem cidadãos da vila onde tudo acontece. Mas isso é muito pouco para conquistar quem está assistindo. Tudo é monótono e repleto de interpretações dúbias. Além do mais os personagens são histéricos e não guardam nenhuma identificação com o espectador.
O momento em que santinho fica de cara com a mãe e o seu discurso final para a cidade...me lembrou Paul Dano em Sangue Negro. E a cena do porco eu achei extremamente sem sentido e de mau gosto porque somos torturados em excesso por muito tempo.
Por incrível que pareça, A Trilha consegue reverter o já batido texto: casal à mercê de assassinos em lugar inóspito e apresenta um thriller digno de roer unhas.
O diretor David Twohy já demonstrou que consegue filmar temas repetidos com uma nova roupagem e apresentação (Por exemplo: Pitch Black onde aliens ameaçavam um grupo num planeta qualquer).
Com uma boa e segura direção, Twohy não fez mais um filme sobre casais em férias que são ameaçados, em sua felicidade, pela presença ameaçadora de um serial killer. Ele reverte os papéis e captura a atenção do espectador até o último minuto.
Twohy, que também escreve roteiros, faz uma pegadinha com as normas e tópicos da elaboração de um roteiro, colocando Cliff (o excelente Steve Zahn) como roteirista de cinema. Milla Jovovich, embora não faça nada de muito especial no papel de Cidney, está muito melhor do que na chata série Resident Evil.
Timothy Oliphant e Kiele Sanchez são a surpresa do elenco. Com exuberantes paisagens naturais do Hawai, A Trilha é uma (boa) surpresa do início ao fim. É um thriller ágil, desenvolto sem aquelas sugestões babacas já manjadas pelo público.
Excelente documentário de Fernando Grosntein Andrade sobre a excursão de Caetano Veloso no lançamento de seu disco "A Foreign Sound".
O filme é uma reflexão do artista sobre ele mesmo, seu processo de criação e alguns conceitos como religião, música etc. A câmera, literalmente, acompanha Caetano nas ruas, nos quartos de hotéis, nos shows e camarins, onde ele discursa sobre os temas com uma naturalidade baianamente filosófica.
Há interessantes momentos bem espontâneos como o do Japão, onde um budista, num templo, confessa ser fã de "Coração Vagabundo", antigo sucesso de Caetano. (O título foi escolhido por causa desta declaração incomum).
Há depoimentos emocionantes de Pedro Almodóvar, Michelangelo Antonioni (com 92 anos) e Regina Cazé.
Apesar da curta duração este documentário atinge com plenitude a verdadeira alma do artista que se expõe de uma maneira discreta, mas muito verdadeira e sem glamour.
Eu gostei bastante, o Joseph Gordon-Levitt, que eu acho um ator fenomenal, consegue encarnar perfeitamente o papel do cara romântico desde o momento que se apaixona até os momentos finais com ela. A Zooey Deschanel, atriz que eu confessava não gostar, consegue também fazer muito bem o papel de garota simpática, porém com um mistério no fundo. Sem falar que a química entre os dois funciona perfeitamente.
O roteiro é muito bom ao enquadrar os momentos que Tom e Summer passam juntos como pura alegria, afinal o filme se passa na mente de Tom e obviamente as recordações dele iriam lembrar dos momentos felizes, de um modo que o expectador se pergunta porque eles acabaram se aparentemente estavam tão felizes. E a revelação feita no início, que não é uma história de amor seguida pela revelação que ela acabou com ele, em vez de tirar ritmo da narrativa, dá ainda mais força a ela por fazer que torçamos irracionalmente para que estes deem certo.
Ao lado do casal de protagonistas, o ponto forte do filme está no diretor: Marc Webb. Já começa acertando ao conduzir a trama de forma acronológica, indicando que o filme na realidade se passa no psicológico do Tom Hansen. Consegue utilizar as funções típicas de clipes, por ele ser um veterano nestes, de forma perfeitamente orgânica ao filme. Como no mini-clipe do dia após a primeira noite entre os protagonistas e no momento em que a tela é dividia entre a realidade e as expectativas de Tom.
Entretanto, o maior bom gosto do diretor vem na trilha sonora, algo notório pelo seu amor à musica demonstrado durante todo o filme (sendo a música, inclusive, um dos fatores que unem os dois protagonistas e é várias vezes discutida nos diálogos entre ambos). Neste ponto ele cria uma trilha sonora magnífica e que também segue a regra do filme se passar no interior do protagonista.
É um filme que vale a pena ser conferido. Primeiro por Andréa Beltrão, atriz de muitos recursos, inclusive dramáticos. Segundo por ter um roteiro redondo, quase sem arestas (acho que só peca nos diálogos que, apesar de naturais, poderiam ter sido mais elaborados). E terceiro porque, do meio para o fim, a história se torna bem envolvente.
O que pesa contra o filme é o enredo já bastante explorado em outros filmes como Glória e Central do Brasil (nesses casos com resultados muito mais satisfatórios). Verônica é interessante por não tentar alcançar essas duas obras-primas e se propõe a ser um thriller tendo como pano de fundo os problemas brasileiros e cariocas como a corrupção policial e o problema educacional.
Outro fator contra é que o público brasileiro está acostumado a ver thrillers norte-americanos milionários, com perseguições mirabolantes e efeitos de tirar o fôlego (pelo menos para os adolescentes), muito melhor produzidos. Os tiroteios e as perseguições em Verônica são convincentes, eficazes, mas simples.
Também achei que poderiam ter escolhido um garoto mais expressivo e fotogênico. Marco Ricca, como sempre, manda muito bem (ótimo ator).
Revi o filme esses dias e gostei mais ainda dessa vez!
A Isabelle destrói na atuação – no bom sentido. É interessante que o filme mostra o antagonismo belo x feio e questiona os limites dessa relação denotando esses dois pontos dentro de uma mesma pessoa. A personagem que toca piano clássico está envolvida com o que se considera alta cultura, e ao mesmo tempo faz coisas ditas repugnantes. Eu vejo isso como um "o que é bonito? o que é feio?".
Tem muita coisa interessante no filme para ser analisada, como a forma que a personagem lida com os sentimentos, a sua obsessão em ser melhor que os alunos e a sua relação incomum com a mãe. E aquele final é bizarro de instigante! Vale a pena conferir, a Isabelle se tornou uma das minhas atrizes favoritas.
Durante o filme o cara fala algo como "ferida de amor não machuca", e aí no fim ela faz aquilo...e segue em frente normalmente, será que nada drástico aconteceu porque aquilo era um ferida de amor? É muito aberto aquele final... Poderia ser uma tentativa de matar qualquer sentimento que ela nutria pelo rapaz também.
Gostei principalmente pela presença de um humor "tragicômico", pelo escarcéu que a mídia faz diante de determinados eventos e quais as consequências implicadas, o enorme distanciamento que existe entre o vaticano e os fiéis e pelo fato de (infelizmente) retratar um evento verídico.
"Má Educação" retratou perfeitamente o interior do Uruguai, a falta de possibilidades, aquela esperança do pai de que uma boa ideia poderia mudar a situação. Empreendedorismo em super micro-escala e na maior pobreza. As pessoas do filme são como são, sem tentar passar uma imagem idealizada, com seu lado bom e o lado mau expostos.
Achei um máximo. A visita do Papa era colocado ali como um fenômeno meramente comercial. A simplicidade deles gerava simpatia e o final dava uma visão de que de alguma maneira a esperança de melhorar continuava intacta.
Crítica muito bem elaborada, de um evento não fictício, dos nossos vizinhos uruguaios. Um humor sutil e bem equilibrado.
Genial filme do Bergman que impressiona pela beleza e densidade. Possui uma das maiores - se não A - interpretações femininas da história do cinema em minha opinião:
Ingrid Bergman - primeiro e único filme com o seu conterrâneo Ingmar. O que é aquele monólogo no quarto e ela tocando piano?
Liv Ullmann - para quem tem dúvidas se ela é uma das maiores atrizes da história, percebam a nuance de seu personagem nesse filme, como ela vai do amor ao ódio em poucos takes, como a personagem dela cresce ao ponto de sombrear a da Ingrid...
Sven Nykvist - direção de fotografia fantástica, tanto os closes como os planos abertos são de cair o queixo, além dos contrastes de cores, marca registrada - conseguiu extrair ainda mais expressão dos rostos das atrizes.
Tudo isso envolto pelos diálogos fantásticos do Ingmar e trilha sonora fabulosa, com direito a prelúdios do Chopin.
Obrigatório para quem gosta do diretor sueco e de cinema existencialista europeu.
Prós: Ótimo filme de ação com grandes interpretações e direção. Contras: Só tem duas horas de duração.
"Santos Justiceiros" é daqueles filmes que você nunca ouviu falar, e que depois que o assiste, fica sem compreender o porquê disso.
Não, este não é o melhor filme da sua vida, longe de ser isso, mas é um ótimo representante do cinema entretenimento. Thriller carregado de exageros, numa clara reverência às Blood Operas de Hong Kong (categoria de filmes de ação produzidos aos montes em Hong Kong e que revelaram John Woo ao mundo), "The Boondock Saints" conta a história de dois irmãos irlandeses que, após uma briga de bar, percebem que não é tão difícil assim livrar a sua cidade da escória criminosa que a atormenta.
Porém um dos melhores detetives investigadores da polícia local, magnificamente interpretado por Willem Daffoe, entra na caça dos irmãos justiceiros, e ao ver o verdadeiro estrago que ambos estão fazendo no submundo do crime, começa a ficar em dúvidas se o extermínio em massa de criminosos não seria realmente o correto.
O filme, como toda Blood Opera que se preze, é recheado de saltos e ações impossíveis de se realizar - ou seja, as tradicionais mentiradas. Mas são tão audaciosas e bem filmadas que valem a pena serem vistas, e farão o espectador grudar os olhos na tela. A direção é de alta qualidade (o roteiro é de autoria do diretor), e a trilha sonora é de excelente gosto, misturando doses de música eletrônica e irlandesa, deixando uma atmosfera bastante peculiar.
Se você ainda não viu, e curte um filme de ação que não ofenda o seu intelecto, “The Boondock Saints” é uma grande pedida. Além de ter muitas cenas de ação e tiroteios de qualidade, conta com excelentes interpretações e uma história muito bacana. Se você é fã de histórias em quadrinhos de heróis, como Batman, Justiceiro e Demolidor, pare de ler e vá assistir agora mesmo.
É um filme que nos faz refletir - hoje - sobre muitas coisas que, provavelmente, só pensaríamos no fim da vida. O humor é refinado e sagaz. Não acho que mereça o título de obra-prima, mas nada menos do que um filme muito bom e muito gostoso de ser visto.
O que mais gostei no filme foi justamente o fato do personagem principal e seus colegas, demonstrarem que, apesar de elitistas, conseguem ter a incrível capacidade de rir de si mesmos (coisa rara).
Ao mesmo tempo em que criticam a ignorância gritante da nova geração, eles próprios, do alto de toda sua erudição, se gozam mutuamente, por exemplo, dizendo que já apoiaram todos os "ismos" que existiram, do Leninismo ao Anarquismo.
A época do sexo livre e suas consequências na formação da família, drogas e relações pessoais, completam esta agradável película.
Perfeito em todos os sentidos. É introspectivo e a beleza das paisagens traz sentimentos de reflexão. Acho que a história de abandonar a sociedade e viver na natureza tem tudo a ver com as questões existenciais do homem moderno.
O personagem de Christopher McCandless nos faz repensar nossos valores e o que realmente faz sentido ou não nesta vida. Somos cobrados de tudo o tempo todo e nunca temos tempo ou chance de pensar se é isso o que realmente queremos pra nós mesmos. Estudar, fazer uma faculdade, casar, ter filho, fazer pós, etc.. Viramos escravos de um sistema que ninguém perguntou se queríamos fazer parte.
Resumindo gente, o filme é intraduzível em palavras. É muito especial. Para ser guardado pro resto da vida. Só vendo mesmo. Ele te dá uma cutucada na cabeça e te deixa pensando depois.
Ah, não posso me esquecer da trilha sonora que se encaixa como uma luva no filme. Trilha feita pelo Eddie Vedder do Pearl Jam. Ela é bem lentinha só no violão, e as letras são demais.
O filme é interessante, e retrata mais ou menos o que vivemos no nosso Brasilzão. A polícia corrupta é fato. Nos trancamos atrás de muros enormes, sistemas de segurança, e fica a pergunta: isso é liberdade ?
Não me esqueço de uma cena do documentário ''Tiros em Columbine'' quando o diretor pergunta para vários moradores de uma cidade do Canadá se os mesmos trancam as portas de casa.
Absolutamente ninguém tranca!! Tem gente que nem lembra onde estão guardadas as chaves. Um dia chegamos lá.
Porra, assisti essa obra de arte recentemente, pois sou fã do Lars, mas estava reticente perante algumas críticas que li e ouvi. Mas que FILMAÇO! Sinceramente, reconheci lampejos de genialidade na complexa obra. Para entender e captar o sentido do filme é preciso antes, conhecer o Lars e seus trabalhos. Chego a compará-lo com Bergman, pois ambos enxergam a mulher, o sexo feminino como uma espécie mais forte do que aparenta, quase um ser mitológico, um ser complexo e indecifrável.
Lars von Trier nunca soube como tratar ou lidar com as mulheres, provavelmente (na minha opinião com certeza), sofreu na mão de uma ou mais, acredito que tem problemas psicológicos (infância?) em relação a elas. Então é recorrente que ele sinta prazer em fazê-las sofrer em suas obras.
Em seus filmes mais notórios (Dancer in the Dark, Dogvile, Manderlay, Anticristo) as protagonistas são mulheres que iniciam frágeis, belas, ingênuas, mas acabam sofrendo (e muito! - fetiche do Lars..), se desnudando ética e moralmente, e esta perversidade que von Trier enxerga no sexo oposto é inclusive absorvida pelas atrizes - vide o desaparecimento da Bjork em Dancer in the Dark e a recusa de Nicole Kidman (sentiu-se humilhada) em filmar Manderlay, onde repetiria a personagem de Dogville.
Em Anticristo, contudo, von Trier justifica a maldade presente na mulher como consequência de séculos de opressão e violência, tendo seu ápice no período da inquisição. A obra é densa e creio que este filme merece ser revisto sobre outro prisma após análise da obra e do próprio Lars.
O filme não é recomendado para pessoas que se impressionam facilmente e creio que o objetivo do Lars não foi somente chocar, mas chamar a atenção, aquelas cenas para mim causaram o efeito de uma obra de arte, assim como todo filme. É preciso aprender a apreciá-la.
Cena de sexo no início: Quem disse que foi desnecessário aparecer o pênis entrando na vagina, sinto muito, mas não vi nada de pornográfico, todo o contexto da cena, como trilha, fotografia e dinâmica é pura arte.
Trocar os sapatos da criança: Acho que era para punir a figura do homem, já que se tratava de uma psicopata com pensamentos deste tipo.
Cenas pesadas: vi um cara falando mal do filme ''Bastardos Inglórios'', pois achou muito violento... Oras, o que espera ver em um filme de Tarantino? A mesma máxima vale para Trier, se não quiser se chocar, não assista Trier.
Se as cenas fossem menos chocantes e explícitas, esse filme não teria tanta discussão e consequentemente não nos chamaria tanto a atenção. Um pintor não expressa seus sentimentos no quadro? Se o diretor não estava bem quando fez o filme, o resultado não poderia ser diferente.
Acho que este filme é uma obra-prima, as imagens são bem feitas, o conteúdo histórico também, os personagens são cativantes (Balian, Saladino), sem contar a trilha sonora, e também mostrou os dois lados de um cavaleiro medieval e como interesses pessoais podiam influenciar nas guerras, e, desfez aquele mito do europeu lutando em nome de deus contra bárbaros árabes, a história era bem ao contrário. Não foi um Gladiador, mas para mim, é sem dúvidas excepcional.
Hiperprodução, muitos efeitos monstruosos, elenco mais do que superestrelado, alias, bem estrelado, porem girando demais sob Aquiles, distorcendo em partes a história (aquilo não me pareceu uma guerra com 10 anos de duração nunca!). Gostei da atuação de Eric Bana, não tem como imaginar outro Heitor depois desse filme, ele sim foi o verdadeiro herói, apesar de tentarem mostrar sempre e sempre Aquiles, o que víamos era Brad Pitt mostrando a bunda (mal pelo termo, mas foi isso mesmo). Orlando Bloom também teve uma atuação legal como Paris, talvez a não influência dos deuses gregos nesse filme tenha mudado muito a ideia para quem leu a Ilíada, quem não leu, acho que num fez tanta diferença. Agora, Aquiles ser morto dentro de Tróia, ai já é demais.
A interpretação de Burt Lancaster é soberba (rendendo-lhe um Oscar) interpretando Elmer Gantry, uma pessoa com raízes religiosas, que se desviou da religião, tornando-se caixeiro-viajante, de vida errante, boêmio e que, um dia entusiasma-se com uma famosa pregadora religiosa, tornando-se um fervoroso pregador. Ou um farsante? A conclusão é sua. O filme aborda o fanatismo a que podem ser levadas as pessoas pelos pregadores e sob interpretação, muitas vezes duvidosas, da Bíblia. Diálogos densos, inteligentes e atualíssimos. Um verdadeiro "cult".
Um filmaço, aço, aço, considerado o melhor filme do Carl Theodor Dreyer, um cineasta dinamarquês, do cinema mudo, infelizmente muito pouco conhecido! O cara é muito bom e as sequências que ele monta, neste filme são simplesmente fantásticas. O uso de closes quase que o tempo todo e os travellings naqueles idos de 1928 são muito bem orquestrados, claro em companhia do excepcional fotógrafo Rudolph Maté.
Esse é daqueles filmes que te "puxam" para a história, a gente sente mesmo o sofrimento da mítica personagem da Renée Maria Falconetti. Não é um filme para todos os gostos, claro, até por ser mudo, mas quem está acostumado com filmes nesse estilo não tem como não apreciar esse grande clássico.
Parece que o Dreyer, para forçar o isolamento da personagem, deixou a Renée Maria Falconetti dois meses isolada em um castelo, antes de filmar... ela quase enlouqueceu.
Condessa de Sangue
3.1 192 Assista AgoraEsta coprodução dublada em inglês é uma sucessão de erros do início ao fim. O objetivo é até bem interessante, mas a narrativa é profundamente arrastada e repleta de clichês que enchem o saco depois de 30 minutos de projeção.
A misteriosa história da condessa húngara Barthory que banhava-se em sangue de suas criadas para conservar sua beleza já foi explorada dezenas de vezes mas até agora nenhuma das versões atingiu o impacto necessário que a tal condessa mereça.
Esta longa e desordenada versão tem inúmeras falhas históricas e dramáticas que atrapalham bastante o perfil da famosa condessa. A introdução do pintor Caravaggio (!!??) como amante de Barthory, os dois espiões atrapalhados fazendo palhaçadas do nível de comédia pastelão, a péssima dublagem em inglês que afasta historicamente os personagens de sua origem (o filme passa-se na Hungria no início de 1600) entre outras bobagens (personagens em excesso, a indefinição da personalidade da condessa, edição estereotipada das imagens e fotografia escura ) são alguns exemplos da péssima adaptação que esta versão apresenta.
O final ainda tem a ousadia de honrar a imagem da condessa anunciando nos letreiros que sua reputação de assassina foi inventada por Thurzo, o amante rejeitado, pois não há registro nenhum sobre as maldades de Barthory.
Gigante
3.6 75Este sensacional filme, do uruguaio Adrian Biniéz, revela como o entediado cotidiano de um segurança de um supermercado qualquer, pode trazer surpresas além das expectativas.
A câmera de Adrian fica praticamente parada transmitindo uma sensação de peso, como seu personagem título, o gigantesco Jara (com atuação comovente de Horacio Camandule) que nutre, à distância, uma adoração à faxineira Julia.
O filme fala das dificuldades que Jara possui para comunicar-se com seu meio, falando apenas por monossílabos e grunhidos. O único personagem que ele desfruta de maior empatia é seu sobrinho, um garoto gordinho entre 13 a 15 anos.
O diretor apresenta seus personagens de uma forma bastante econômica sem exageros e a trama transcorre de uma maneira compassada e sem surpresas (assim como todo cotidiano) transmitindo ao público à exata sensação de tédio e aborrecimento pela falta de opções que a vida tem a oferecer, mas mesmo assim o filme mantém um ritmo interessante e curioso.
O encontro entre Java e Julia é um verdadeiro anticlímax, já que não ouvimos o que os personagens confidenciam entre sim (assim como várias falas durante a narrativa), mas, na verdade, esta é, talvez, a maior sacada do filme. O diretor deixa que o espectador interprete do jeito que quiser sem interferência nenhuma, o que é um verdadeiro presente.
Embarque Imediato
2.0 38 Assista AgoraEmbarque Imediato é uma das PIORES coisas que o cinema nacional fez.
Não tem narrativa, não há construção de personagens, não há edição, a direção é um verdadeiro nada e José Wilker irrita de tão canastrão que é. Sua cara fazendo caretas pode tranquilamente ser incluída como uma das piores interpretações já feitas no cinema (além da tonalidade de sua voz empostada).
Tenho pena (e muita pena mesmo) de Marília Pera ter aceito o convite para esta porcaria. É uma chanchada podre, sem nenhum timing cômico, e completamente desarticulada.
Se existisse nota negativa aqui no Filmow esse filme levaria menos 5 estrelas.
A Criada
3.8 104 Assista AgoraPremiado em vários festivais internacionais, La Nana é um poderoso e intenso retrato sobre a tolerância humana.
Sebastian Silva (diretor e roteirista) faz uma belíssima interpretação de uma imagem esquisita e angustiante repleta de códigos subjetivos, através do personagem de Raquel, uma criada de 41 anos que trabalha há 20 e poucos anos na casa de uma família de classe média alta chilena.
Logo no início do filme, Raquel está na copa sozinha jantando e olha para câmera como fosse uma vítima a ser explorada. É um olhar incomodo com muita aflição que parece pedir por socorro. Usando basicamente a câmera com o propósito de observação, o diretor acompanha Raquel sob o ponto de vista mais verdadeiro possível
Solitária e contida, Raquel nunca olha nos olhos nem faz nenhuma ligação entre seus sentimentos ou pensamentos. Sofrendo de fortes dores de cabeça e engolindo pílulas como se fossem balas, Raquel trabalha como uma verdadeira escrava para uma família acolhedora e hospitaleira. Ela simplesmente age instintivamente e rejeita aqueles que não necessitam mais de sua ajuda, como no caso de Camila, a filha adolescente. Ela chega ao cúmulo de riscar Camila de suas fotos como fazem as crianças rejeitadas.
No entanto, o diretor não se fixa nestes pequenos gestos e segue sua narrativa cheia de espontaneidade e sem rodeios. Após uma pane em seu sistema nervoso, Raquel é obrigada a aceitar o inevitável. Forçada a trabalhar menos, ela vê seu pequeno mundinho ruir quando percebe a presença de outras “invasoras” contratadas pela sua dona.
Lucy (uma nova criada), no entanto não aceita as provocações infantis e atravessa a impenetrável barreira da couraça de Raquel numa belíssima cena no banheiro. Lucy faz contato com o ser humano que Raquel tanto esconde e é acolhida como sua melhor amiga.
Mas o que o filme tem de melhor não é a sua história simples, cotidiana e corriqueira, nem os maravilhosos atores, com destaque máximo para Catalina Saavedra que encarna Raquel com uma tensão tão reprimida que custa acreditar que ela é apenas uma atriz interpretando um papel.
É a maneira como Sebastian Silva encaixa as sequências preparando o espectador para um clímax que nunca chega e dando destaque para detalhes que fazem muita diferença no resultado final.
A Criada é um destes filmes que ficam em nossos pensamentos por meses, seja pela sua singeleza e simplicidade, seja pela sua poderosa análise sobre o ser humano e suas diversas dimensões.
9: A Salvação
3.6 699 Assista AgoraEm 2005 o estudante de cinema, Shane Acker, produziu um curta animado (11 min) como resultado da tese de seu doutorado em cinema. A criatividade foi tanta, que foi indicado ao Oscar de melhor curta de animação em 2006 (sem ganhar).
Era uma animação pós apocalíptica sobre estranhas figuras que lutavam contra um monstro de metal que roubava as almas dos pequenos seres.
Um grupo de produtores (Tim Burton entre eles) maravilhados com a genialidade do diretor estreante, resolveu bancar um projeto onde o filme ganharia uma metragem maior e sua história teria um desenrolar mais elaborado.
Assim nasceu 9 - A Salvação!
Embora o roteiro explore situações indefinidas, o filme tem um grande mérito, exatamente, por não prender-se a linha politicamente correta das animações tradicionais. A mensagem é diluída através das atitudes dos pequenos (e estranhos) seres, mas a capacidade inventiva do diretor supera qualquer falha neste sentido.
O visual excêntrico das criaturas é o ponto alto desta ficção que, obviamente, não é recomendada para crianças devido ao teor assustador que permeia todo o filme. Achei diferente e pela ousadia das imagens dou 4 estrelas.
O Preço da Coragem
3.3 101 Assista AgoraBaseado no livro da jornalista Mariane Pearl, esposa do, também jornalista do Wall Street Journal, Daniel Pearl, sequestrado e assassinado por fanáticos terroristas islâmicos, o roteiro de John Orloff foca, basicamente, toda a atenção na procura desesperada de Mariane logo após o desaparecimento de Daniel em 2002.
Michael Winterbottom, que é dono de uma respeitosa filmografia, sabe como ninguém, manipular um material verídico. Com a câmera na mão ele acompanha a aflição desta mulher e seus esforços para localizar o marido em Karachi, uma das maiores cidades do mundo. O enredo é tenso por natureza, pois todos sabem de antemão, qual o final reservado para o pobre jornalista, mas Winterbottom mantém certo grau de suspense através das investigações feitas pelas autoridades.
Fica claro que a intenção era muito mais de fazer um filme denúncia do que um drama pessoal. Mesclando muitas imagens de arquivo, o diretor vai então montando o intrínseco quebra-cabeça sobre uma das organizações mais complexas do mundo.
Os melhores momentos são reservados para Angelina Jolie (excelente) no papel da decidida Mariane. O filme cresce em sua presença e a cena de sua catarse final é de arrepiar os cabelos.
No entanto, o complexo enredo amontoa tantos nomes e siglas que deixa o espectador atordoado e confuso (tanto quanto a pobre Mariane) da metade para o final. O estardalhaço político em torno do sequestro também não fica muito claro e, pouco a pouco, vamos nos distanciando do drama para assistir uma espécie de reportagem denúncia de 108 minutos.
O filme funciona bastante como uma espécie de acusação sobre o uso fanático do terrorismo no mundo muçulmano, mas perde bastante como texto ou composição dramática.
A Festa da Menina Morta
3.3 232Diante de um material bem poderoso, Matheus conseguiu estragar uma excelente história com sua câmera parada e sem movimentos (tem cenas desnecessárias de gafanhotos nas folhas, tartarugas copulando, besouro na pia, etc.). Tudo é muito paradão e chatíssimo. O som é péssimo e tive que ver com legendas para entender o que se falava.
O filme não consegue transmitir NENHUMA emoção e ficamos à espera de algo que nunca acontece. Matheus ficou mais preocupado nas mensagens sublimares dos personagens do que propriamente contar uma (boa) história.
Os atores estão perfeitos e alguns parecem cidadãos da vila onde tudo acontece. Mas isso é muito pouco para conquistar quem está assistindo. Tudo é monótono e repleto de interpretações dúbias. Além do mais os personagens são histéricos e não guardam nenhuma identificação com o espectador.
Matheus é um bom ator..e só!
O momento em que santinho fica de cara com a mãe e o seu discurso final para a cidade...me lembrou Paul Dano em Sangue Negro. E a cena do porco eu achei extremamente sem sentido e de mau gosto porque somos torturados em excesso por muito tempo.
A Trilha
3.2 773Por incrível que pareça, A Trilha consegue reverter o já batido texto: casal à mercê de assassinos em lugar inóspito e apresenta um thriller digno de roer unhas.
O diretor David Twohy já demonstrou que consegue filmar temas repetidos com uma nova roupagem e apresentação (Por exemplo: Pitch Black onde aliens ameaçavam um grupo num planeta qualquer).
Com uma boa e segura direção, Twohy não fez mais um filme sobre casais em férias que são ameaçados, em sua felicidade, pela presença ameaçadora de um serial killer. Ele reverte os papéis e captura a atenção do espectador até o último minuto.
Twohy, que também escreve roteiros, faz uma pegadinha com as normas e tópicos da elaboração de um roteiro, colocando Cliff (o excelente Steve Zahn) como roteirista de cinema. Milla Jovovich, embora não faça nada de muito especial no papel de Cidney, está muito melhor do que na chata série Resident Evil.
Timothy Oliphant e Kiele Sanchez são a surpresa do elenco. Com exuberantes paisagens naturais do Hawai, A Trilha é uma (boa) surpresa do início ao fim. É um thriller ágil, desenvolto sem aquelas sugestões babacas já manjadas pelo público.
Coração Vagabundo
3.6 76Excelente documentário de Fernando Grosntein Andrade sobre a excursão de Caetano Veloso no lançamento de seu disco "A Foreign Sound".
O filme é uma reflexão do artista sobre ele mesmo, seu processo de criação e alguns conceitos como religião, música etc. A câmera, literalmente, acompanha Caetano nas ruas, nos quartos de hotéis, nos shows e camarins, onde ele discursa sobre os temas com uma naturalidade baianamente filosófica.
Há interessantes momentos bem espontâneos como o do Japão, onde um budista, num templo, confessa ser fã de "Coração Vagabundo", antigo sucesso de Caetano. (O título foi escolhido por causa desta declaração incomum).
Há depoimentos emocionantes de Pedro Almodóvar, Michelangelo Antonioni (com 92 anos) e Regina Cazé.
Apesar da curta duração este documentário atinge com plenitude a verdadeira alma do artista que se expõe de uma maneira discreta, mas muito verdadeira e sem glamour.
(500) Dias com Ela
4.0 5,7K Assista AgoraEu gostei bastante, o Joseph Gordon-Levitt, que eu acho um ator fenomenal, consegue encarnar perfeitamente o papel do cara romântico desde o momento que se apaixona até os momentos finais com ela. A Zooey Deschanel, atriz que eu confessava não gostar, consegue também fazer muito bem o papel de garota simpática, porém com um mistério no fundo. Sem falar que a química entre os dois funciona perfeitamente.
O roteiro é muito bom ao enquadrar os momentos que Tom e Summer passam juntos como pura alegria, afinal o filme se passa na mente de Tom e obviamente as recordações dele iriam lembrar dos momentos felizes, de um modo que o expectador se pergunta porque eles acabaram se aparentemente estavam tão felizes. E a revelação feita no início, que não é uma história de amor seguida pela revelação que ela acabou com ele, em vez de tirar ritmo da narrativa, dá ainda mais força a ela por fazer que torçamos irracionalmente para que estes deem certo.
Ao lado do casal de protagonistas, o ponto forte do filme está no diretor: Marc Webb. Já começa acertando ao conduzir a trama de forma acronológica, indicando que o filme na realidade se passa no psicológico do Tom Hansen. Consegue utilizar as funções típicas de clipes, por ele ser um veterano nestes, de forma perfeitamente orgânica ao filme. Como no mini-clipe do dia após a primeira noite entre os protagonistas e no momento em que a tela é dividia entre a realidade e as expectativas de Tom.
Entretanto, o maior bom gosto do diretor vem na trilha sonora, algo notório pelo seu amor à musica demonstrado durante todo o filme (sendo a música, inclusive, um dos fatores que unem os dois protagonistas e é várias vezes discutida nos diálogos entre ambos). Neste ponto ele cria uma trilha sonora magnífica e que também segue a regra do filme se passar no interior do protagonista.
Verônica
3.5 465É um filme que vale a pena ser conferido. Primeiro por Andréa Beltrão, atriz de muitos recursos, inclusive dramáticos. Segundo por ter um roteiro redondo, quase sem arestas (acho que só peca nos diálogos que, apesar de naturais, poderiam ter sido mais elaborados). E terceiro porque, do meio para o fim, a história se torna bem envolvente.
O que pesa contra o filme é o enredo já bastante explorado em outros filmes como Glória e Central do Brasil (nesses casos com resultados muito mais satisfatórios). Verônica é interessante por não tentar alcançar essas duas obras-primas e se propõe a ser um thriller tendo como pano de fundo os problemas brasileiros e cariocas como a corrupção policial e o problema educacional.
Outro fator contra é que o público brasileiro está acostumado a ver thrillers norte-americanos milionários, com perseguições mirabolantes e efeitos de tirar o fôlego (pelo menos para os adolescentes), muito melhor produzidos. Os tiroteios e as perseguições em Verônica são convincentes, eficazes, mas simples.
Também achei que poderiam ter escolhido um garoto mais expressivo e fotogênico. Marco Ricca, como sempre, manda muito bem (ótimo ator).
A Professora de Piano
4.0 686 Assista AgoraRevi o filme esses dias e gostei mais ainda dessa vez!
A Isabelle destrói na atuação – no bom sentido. É interessante que o filme mostra o antagonismo belo x feio e questiona os limites dessa relação denotando esses dois pontos dentro de uma mesma pessoa. A personagem que toca piano clássico está envolvida com o que se considera alta cultura, e ao mesmo tempo faz coisas ditas repugnantes. Eu vejo isso como um "o que é bonito? o que é feio?".
Tem muita coisa interessante no filme para ser analisada, como a forma que a personagem lida com os sentimentos, a sua obsessão em ser melhor que os alunos e a sua relação incomum com a mãe. E aquele final é bizarro de instigante! Vale a pena conferir, a Isabelle se tornou uma das minhas atrizes favoritas.
Durante o filme o cara fala algo como "ferida de amor não machuca", e aí no fim ela faz aquilo...e segue em frente normalmente, será que nada drástico aconteceu porque aquilo era um ferida de amor? É muito aberto aquele final... Poderia ser uma tentativa de matar qualquer sentimento que ela nutria pelo rapaz também.
Má Educação
4.2 1,1K Assista AgoraGostei principalmente pela presença de um humor "tragicômico", pelo escarcéu que a mídia faz diante de determinados eventos e quais as consequências implicadas, o enorme distanciamento que existe entre o vaticano e os fiéis e pelo fato de (infelizmente) retratar um evento verídico.
"Má Educação" retratou perfeitamente o interior do Uruguai, a falta de possibilidades, aquela esperança do pai de que uma boa ideia poderia mudar a situação. Empreendedorismo em super micro-escala e na maior pobreza. As pessoas do filme são como são, sem tentar passar uma imagem idealizada, com seu lado bom e o lado mau expostos.
Achei um máximo. A visita do Papa era colocado ali como um fenômeno meramente comercial. A simplicidade deles gerava simpatia e o final dava uma visão de que de alguma maneira a esperança de melhorar continuava intacta.
Crítica muito bem elaborada, de um evento não fictício, dos nossos vizinhos uruguaios. Um humor sutil e bem equilibrado.
Sonata de Outono
4.5 492Genial filme do Bergman que impressiona pela beleza e densidade. Possui uma das maiores - se não A - interpretações femininas da história do cinema em minha opinião:
Ingrid Bergman - primeiro e único filme com o seu conterrâneo Ingmar. O que é aquele monólogo no quarto e ela tocando piano?
Liv Ullmann - para quem tem dúvidas se ela é uma das maiores atrizes da história, percebam a nuance de seu personagem nesse filme, como ela vai do amor ao ódio em poucos takes, como a personagem dela cresce ao ponto de sombrear a da Ingrid...
Sven Nykvist - direção de fotografia fantástica, tanto os closes como os planos abertos são de cair o queixo, além dos contrastes de cores, marca registrada - conseguiu extrair ainda mais expressão dos rostos das atrizes.
Tudo isso envolto pelos diálogos fantásticos do Ingmar e trilha sonora fabulosa, com direito a prelúdios do Chopin.
Obrigatório para quem gosta do diretor sueco e de cinema existencialista europeu.
Santos Justiceiros
3.9 158Prós: Ótimo filme de ação com grandes interpretações e direção.
Contras: Só tem duas horas de duração.
"Santos Justiceiros" é daqueles filmes que você nunca ouviu falar, e que depois que o assiste, fica sem compreender o porquê disso.
Não, este não é o melhor filme da sua vida, longe de ser isso, mas é um ótimo representante do cinema entretenimento. Thriller carregado de exageros, numa clara reverência às Blood Operas de Hong Kong (categoria de filmes de ação produzidos aos montes em Hong Kong e que revelaram John Woo ao mundo), "The Boondock Saints" conta a história de dois irmãos irlandeses que, após uma briga de bar, percebem que não é tão difícil assim livrar a sua cidade da escória criminosa que a atormenta.
Porém um dos melhores detetives investigadores da polícia local, magnificamente interpretado por Willem Daffoe, entra na caça dos irmãos justiceiros, e ao ver o verdadeiro estrago que ambos estão fazendo no submundo do crime, começa a ficar em dúvidas se o extermínio em massa de criminosos não seria realmente o correto.
O filme, como toda Blood Opera que se preze, é recheado de saltos e ações impossíveis de se realizar - ou seja, as tradicionais mentiradas. Mas são tão audaciosas e bem filmadas que valem a pena serem vistas, e farão o espectador grudar os olhos na tela. A direção é de alta qualidade (o roteiro é de autoria do diretor), e a trilha sonora é de excelente gosto, misturando doses de música eletrônica e irlandesa, deixando uma atmosfera bastante peculiar.
Se você ainda não viu, e curte um filme de ação que não ofenda o seu intelecto, “The Boondock Saints” é uma grande pedida. Além de ter muitas cenas de ação e tiroteios de qualidade, conta com excelentes interpretações e uma história muito bacana. Se você é fã de histórias em quadrinhos de heróis, como Batman, Justiceiro e Demolidor, pare de ler e vá assistir agora mesmo.
As Invasões Bárbaras
4.0 203É um filme que nos faz refletir - hoje - sobre muitas coisas que, provavelmente, só pensaríamos no fim da vida. O humor é refinado e sagaz. Não acho que mereça o título de obra-prima, mas nada menos do que um filme muito bom e muito gostoso de ser visto.
O que mais gostei no filme foi justamente o fato do personagem principal e seus colegas, demonstrarem que, apesar de elitistas, conseguem ter a incrível capacidade de rir de si mesmos (coisa rara).
Ao mesmo tempo em que criticam a ignorância gritante da nova geração, eles próprios, do alto de toda sua erudição, se gozam mutuamente, por exemplo, dizendo que já apoiaram todos os "ismos" que existiram, do Leninismo ao Anarquismo.
A época do sexo livre e suas consequências na formação da família, drogas e relações pessoais, completam esta agradável película.
Na Natureza Selvagem
4.3 4,5K Assista AgoraPerfeito em todos os sentidos. É introspectivo e a beleza das paisagens traz sentimentos de reflexão. Acho que a história de abandonar a sociedade e viver na natureza tem tudo a ver com as questões existenciais do homem moderno.
O personagem de Christopher McCandless nos faz repensar nossos valores e o que realmente faz sentido ou não nesta vida. Somos cobrados de tudo o tempo todo e nunca temos tempo ou chance de pensar se é isso o que realmente queremos pra nós mesmos. Estudar, fazer uma faculdade, casar, ter filho, fazer pós, etc.. Viramos escravos de um sistema que ninguém perguntou se queríamos fazer parte.
Resumindo gente, o filme é intraduzível em palavras. É muito especial. Para ser guardado pro resto da vida. Só vendo mesmo. Ele te dá uma cutucada na cabeça e te deixa pensando depois.
Ah, não posso me esquecer da trilha sonora que se encaixa como uma luva no filme. Trilha feita pelo Eddie Vedder do Pearl Jam. Ela é bem lentinha só no violão, e as letras são demais.
Zona do Crime
3.8 30O filme é interessante, e retrata mais ou menos o que vivemos no nosso Brasilzão. A polícia corrupta é fato. Nos trancamos atrás de muros enormes, sistemas de segurança, e fica a pergunta: isso é liberdade ?
Não me esqueço de uma cena do documentário ''Tiros em Columbine'' quando o diretor pergunta para vários moradores de uma cidade do Canadá se os mesmos trancam as portas de casa.
Absolutamente ninguém tranca!! Tem gente que nem lembra onde estão guardadas as chaves. Um dia chegamos lá.
Toda Nudez Será Castigada
3.6 117"- Herculano, aqui quem fala é uma morta!"
No mínimo interessante, no máximo, genial.
Anticristo
3.5 2,2K Assista AgoraMASTERPIECE!!!
Porra, assisti essa obra de arte recentemente, pois sou fã do Lars, mas estava reticente perante algumas críticas que li e ouvi. Mas que FILMAÇO! Sinceramente, reconheci lampejos de genialidade na complexa obra. Para entender e captar o sentido do filme é preciso antes, conhecer o Lars e seus trabalhos. Chego a compará-lo com Bergman, pois ambos enxergam a mulher, o sexo feminino como uma espécie mais forte do que aparenta, quase um ser mitológico, um ser complexo e indecifrável.
Lars von Trier nunca soube como tratar ou lidar com as mulheres, provavelmente (na minha opinião com certeza), sofreu na mão de uma ou mais, acredito que tem problemas psicológicos (infância?) em relação a elas. Então é recorrente que ele sinta prazer em fazê-las sofrer em suas obras.
Em seus filmes mais notórios (Dancer in the Dark, Dogvile, Manderlay, Anticristo) as protagonistas são mulheres que iniciam frágeis, belas, ingênuas, mas acabam sofrendo (e muito! - fetiche do Lars..), se desnudando ética e moralmente, e esta perversidade que von Trier enxerga no sexo oposto é inclusive absorvida pelas atrizes - vide o desaparecimento da Bjork em Dancer in the Dark e a recusa de Nicole Kidman (sentiu-se humilhada) em filmar Manderlay, onde repetiria a personagem de Dogville.
Em Anticristo, contudo, von Trier justifica a maldade presente na mulher como consequência de séculos de opressão e violência, tendo seu ápice no período da inquisição. A obra é densa e creio que este filme merece ser revisto sobre outro prisma após análise da obra e do próprio Lars.
O filme não é recomendado para pessoas que se impressionam facilmente e creio que o objetivo do Lars não foi somente chocar, mas chamar a atenção, aquelas cenas para mim causaram o efeito de uma obra de arte, assim como todo filme. É preciso aprender a apreciá-la.
A MEU VER:
Cena de sexo no início: Quem disse que foi desnecessário aparecer o pênis entrando na vagina, sinto muito, mas não vi nada de pornográfico, todo o contexto da cena, como trilha, fotografia e dinâmica é pura arte.
Trocar os sapatos da criança: Acho que era para punir a figura do homem, já que se tratava de uma psicopata com pensamentos deste tipo.
Cenas pesadas: vi um cara falando mal do filme ''Bastardos Inglórios'', pois achou muito violento... Oras, o que espera ver em um filme de Tarantino? A mesma máxima vale para Trier, se não quiser se chocar, não assista Trier.
Se as cenas fossem menos chocantes e explícitas, esse filme não teria tanta discussão e consequentemente não nos chamaria tanto a atenção. Um pintor não expressa seus sentimentos no quadro? Se o diretor não estava bem quando fez o filme, o resultado não poderia ser diferente.
Cruzada
3.4 633 Assista AgoraAcho que este filme é uma obra-prima, as imagens são bem feitas, o conteúdo histórico também, os personagens são cativantes (Balian, Saladino), sem contar a trilha sonora, e também mostrou os dois lados de um cavaleiro medieval e como interesses pessoais podiam influenciar nas guerras, e, desfez aquele mito do europeu lutando em nome de deus contra bárbaros árabes, a história era bem ao contrário. Não foi um Gladiador, mas para mim, é sem dúvidas excepcional.
Tróia
3.6 1,2K Assista AgoraHiperprodução, muitos efeitos monstruosos, elenco mais do que superestrelado, alias, bem estrelado, porem girando demais sob Aquiles, distorcendo em partes a história (aquilo não me pareceu uma guerra com 10 anos de duração nunca!). Gostei da atuação de Eric Bana, não tem como imaginar outro Heitor depois desse filme, ele sim foi o verdadeiro herói, apesar de tentarem mostrar sempre e sempre Aquiles, o que víamos era Brad Pitt mostrando a bunda (mal pelo termo, mas foi isso mesmo). Orlando Bloom também teve uma atuação legal como Paris, talvez a não influência dos deuses gregos nesse filme tenha mudado muito a ideia para quem leu a Ilíada, quem não leu, acho que num fez tanta diferença. Agora, Aquiles ser morto dentro de Tróia, ai já é demais.
Entre Deus e o Pecado
4.0 35A interpretação de Burt Lancaster é soberba (rendendo-lhe um Oscar) interpretando Elmer Gantry, uma pessoa com raízes religiosas, que se desviou da religião, tornando-se caixeiro-viajante, de vida errante, boêmio e que, um dia entusiasma-se com uma famosa pregadora religiosa, tornando-se um fervoroso pregador. Ou um farsante? A conclusão é sua. O filme aborda o fanatismo a que podem ser levadas as pessoas pelos pregadores e sob interpretação, muitas vezes duvidosas, da Bíblia. Diálogos densos, inteligentes e atualíssimos. Um verdadeiro "cult".
A Paixão de Joana d'Arc
4.5 229 Assista AgoraUm filmaço, aço, aço, considerado o melhor filme do Carl Theodor Dreyer, um cineasta dinamarquês, do cinema mudo, infelizmente muito pouco conhecido! O cara é muito bom e as sequências que ele monta, neste filme são simplesmente fantásticas. O uso de closes quase que o tempo todo e os travellings naqueles idos de 1928 são muito bem orquestrados, claro em companhia do excepcional fotógrafo Rudolph Maté.
Esse é daqueles filmes que te "puxam" para a história, a gente sente mesmo o sofrimento da mítica personagem da Renée Maria Falconetti. Não é um filme para todos os gostos, claro, até por ser mudo, mas quem está acostumado com filmes nesse estilo não tem como não apreciar esse grande clássico.
Parece que o Dreyer, para forçar o isolamento da personagem, deixou a Renée Maria Falconetti dois meses isolada em um castelo, antes de filmar... ela quase enlouqueceu.