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Queria pontuar apenas que, particularmente, acho de um "racionalismo" extremamente limitado pensar a história por trás da figura de Robert Johnson como uma simples explicação racista para um homem negro com habilidades questionadas.
Como ficou claro no filme, no ano que passou afastado, ele treinou bastante suas habilidades musicais e sua simbiose com o instrumento. A partir disso, Johnson descobriu uma forma revolucionária, por méritos próprios enquanto humano, de se tocar o blues. Porém, ao contrário do que porventura se pode ver por aí em análises, esse esforço pessoal não é desprezado (não deve ser) e provavelmente não era quando se cria uma dimensão mítica sobre seus feitos. A história por trás de sua ascensão prodigiosa, colocada em termos lendários, mais do que tudo, alça Robert Johnson a uma figura de "semi-deus"; um inegável "sobre-humano" maior do que qualquer branco ou preto que pisava essa terra. Através da explicação mítica, sua existência, ao se afastar de uma reles mundanidade, adquire um caráter maior do que qualquer explicação lógico-racional poderia dar. E sim, os mitos e a magia têm um papel fundamental em culturas autóctones de África, da América Latina e até mesmo da Europa. Não são meras "mentirinhas", mas formas únicas de se explicar algo que transcende a racionalidade lógico-formal. Sempre lembrando, também, que o discurso mítico sobre o bluesman surge entre os seus, nos murmúrios cotidianos dos campos de plantação e nos cochichos que se espreitam entre as paredes de uma noite de afagos e bebidas nos bares frequentados por pessoas pretas.
Tendo a crer que o rechaço a dimensão mítica do Robert Johnson, enquanto uma representação social simbolicamente sobre-humana, é mais uma característica de uma "lógica científico-racional" que é extremamente ocidentalista e, portanto, branca. A "magia" em torno da figura de Robert Johnson explica muito melhor seu caráter extraordinário do que qualquer explicação de uma ciência "positivista".
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Lara A.
eu tentei responder seu comentário sobre o filme girimunho, mas não deu, estimo que por aqui apareça
eu tô sem redes sociais, vou mandar p ti meu email: [email protected]
Filme simplesmente sensacional. É louvável a forma que Noah Baumbach, apesar de seu lugar de gênero constituinte e incontornável enquanto sujeito, tece o filme sem ser maniqueísta: em incontáveis momentos, são feitas críticas a uma estrutura patriarcal e machista como forma de descrever e contextualizar a situação emocionalmente catastrófica que se insere a personagem Nicole Barber; mas, de forma análoga, é mostrada suas fragilidades com questões mal elaboradas em termos psicológicos que a fazem agir, de alguma forma, ferindo o ético e moralmente esquecido - por ambos - princípio de lealdade que por muito tempo sustentou o casal. Por tudo isso, o filme se torna complexo, profundo e assustadoramente real em sua forma de representar o fim de um casamento - ou, talvez, de muitos e representativos relacionamentos afetivos-amorosos.
Se caísse na armadilha de pesar a mão em um discurso feminista, a ponto dele se tornar vazio em significados sólidos, Noah levaria o filme para uma catástrofe entediante - ao mesmo desde o meu lugar. Se hipertrofiasse o amparo a subjetividade de Charlie Barber, o filme se tornaria mais uma inútil obra machistóide. Acertou em cheio, na minha opinião.