Era pra ser nessa década, o que o Mercenários das Galáxias foi nos anos 80: um "primo pobre", porém divertido, de Star Wars.
Só que deu ruim. Enquanto o Mercenários tinha a trilogia original pra se inspirar/copiar/imitar, esse aqui pegou praticamente todos os vícios e clichês de uma época em que o cinema conseguiu fazer até o Star Wars (da trilogia mais atual) ser ruim. Heroína Mary Sue com 1,60/50kg que bate em 10 caras com o triplo do tamanho dela sem piscar (e sem poderes, nem justiicativa), uma péssima construção de personagens coadjuvantes e núcleos, algumas cenas risíveis e constrangedoras de tão ruins (a "apalpada" no bar e o ataque suicida à torre de artilharia se destacam nesse quesito), com a ajuda de um roteiro e desenvolvimento de trama que parecem ter sido escritos por fanfiqueiras idiotizadas de 14 anos. O que não deixa de ser uma pena, pois no quesito efeitos visuais e design de produção, o filme teve uma qualidade acima da média, e tinha potencial pra ser um concorrente sério.
Entretanto, caiu vítima das malditas "obrigatoriedades", vícios narrativos, e indigência de roteiros que assombram a Hollywood de hoje, obrigatoriedades essas que se transformaram em uma verdadeira máquina de piorar filmes que poderiam ser bons.
O tipo de filme que dá raiva por ter uma premissa que até poderia ser boa mas que é obliterada por uma execução péssima. Entretanto, por pior que esse filme tenha sido, algumas coisas ridículas que aconteceram nele foram tão absurdas, que conseguiram alcançar um lugar especial no meu coração. O negócio é tão ruim que chegou ao ponto de divertir. Um pouco só, e em apenas alguns momentos-chave, mas chegou.
Uma jovem perturbada, na pior e com poucas perspectivas recebe oferta de emprego que pode representar um novo começo: ir para uma cidade do interior (de nome curiosamente igual ao seu sobrenome) onde deverá morar e trabalhar na reforma (ela tem formação em carpintaria e chegou a cursar arquitetura) de um antigo moinho do século XVII. O moinho é peça central na lenda de um homem que enlouqueceu, se transformou em um lobo e cometeu vários assassinatos, sendo que no dia de sua execução ninguém conseguiu encontrá-lo no calabouço. E assim permaneceu pelos séculos seguintes. Ela chega na cidade, os arranjos para que ela comece o trabalho de reforma são feitos e ela se instala na velha construção. Quanto mais tempo a jovem passa morando no moinho, mais sua mente se perturba com sonhos estranhos (pessimamente representados, em cenas bizarras e malfeitas, talvez devido ao baixo orçamento do filme, talvez devido a uma direção de arte pouquíssimo inspirada) e com a presença de uma mulher silenciosa que vive em um anexo da velha construção.
Alguém achou que para interpretar uma pessoa com depressão ou algum outro distúrbio psicológico bastava escalar uma atriz que fica com a boca aberta 95% do tempo, na melhor escola Kristen Stewart de expressão facial. A protagonista convence muito pouco, mas perto do povo esquisito com quem ela irá contracenar, ela é a que menos incomoda. Temos a vizinha muda que só serve pra deixar a protagonista perturbada com sua presença. Temos o banqueiro almofadinha que parece mais um cafetão italiano. Temos o advogado envolvido em negócios escusos responsável por monólogos chatos e desnecessários. Temos a "motoqueira misteriosa" com cara de fodona responsável pelo momento mais ridículo do filme (falarei disso mais à frente) e temos o policial forasteiro que parece o Salsicha dos filmes do Scooby-Doo.
Antes que a protagonista finalmente consiga juntar todas as peças (demora muito, o filme é chatíssimo nesse sentido) sobre seu papel nessa história bizarra, ela ao invés de arrumar suas coisas e ir embora dali sem nunca olhar pra trás, prefere jogar seu pote de remédios no rio, só pra ter que procurá-los em desespero dias depois (e por incrível que pareça, achar). Ao descobrir que o homem-lobo existe e que ela faz parte de uma longa linhagem de filhas-esposas destinadas apenas a gerar uma descendência que irá manter a posse do moinho e servir como escrava particular dele, você que está assistindo isso se pergunta porque em vez de sair pelo mundo e tirar proveito de seu poder como qualquer criatura da noite normal, esse lobisomem imbecil prefere ficar enclausurado num subterrâneo de um moinho velho.
Ah, lembra da tal "motoqueira fodona" com um penteado ridículo, cuja cena de introdução foi uma constrangedora e nada convincente ameaça a um moleque que tentou assediá-la no ônibus? Ela aparentemente faz parte de uma seita, culto, ou ordem de "mulheres caçadoras armadas com balestras" chefiadas por uma rica da cidade que mora em uma bela casa, mas nunca diz uma palavra sequer. Em uma cena silenciosa, ela entra na casa da rica, recebe uma "flecha especial" e parte. Se você pensa que essa cena é uma preparação pro "confronto final" com o monstro, desista. O "confronto final" não acontece. Ou melhor, até acontece, só que nunca é mostrado. A protagonista aparece em uma cena onde aparentemente o confronto já aconteceu, e onde a "motoqueira fodona armada com a besta e a flecha mágica que mata lobisomem" jaz caída (Morta? Nocauteada? Quem sabe?).
Essa cena, que suponho até ter sido filmada (tudo no filme apontava para isso) mas deve ter ficado tão ridícula, mas tão ridícula, que foi removida na edição final, é o "clímax" desse filme que ficará guardado no meu coração. Mesmo que depois a protagonista tenha enfiado a flecha na barriga de seu pai-lobisomem e mesmo tendo pensado porque ninguém pensou em fazer isso em quatro séculos (ou simplesmente demolir a merda do moinho e construir uma usina nuclear em cima do FDP do homem lobo lazarento) nada me importou mais que o belíssimo confronto final que não aconteceu entre o Lobisomem com agorafobia, sua filha que joga antidepressivos no rio e a arqueira membra da ordem de caçadores de lobisomens mais incompetente que a Europa já viu.
Dentro do estilo, para um filme de baixo orçamento, fez até mais que o esperado. Não é uma obra prima mas também não cai em muitos dos clichês que estragam a maioria dos filmes do gênero. Criaruras bem feitas, atuações dignas, direção de arte bem razoável, enfim...se mantiver a expectativa baixa, dá pra tirar um bom proveito.
O filme é baseado numa história em quadrinhos francesa que tem como maiores qualidades uma arte muito bem detalhada, com cores incríveis, uma trama longa e um bom desenvolvimento de personagens, onde as cidades e "locações" em que se passa a trama fazem um papel importante na história e nas relações entre os personagens.
Transformaram em um filme com uma trama extremamente simplificada (a ponto de personagens e situações-chave na trama da história original ficarem de fora), péssimo desenvolvimento dos personagens, com as cidades e locações totalmente alteradas.
Ficamos com um filme visualmente interessante, mas com um roteiro tedioso, que jamais se justifica. Alguém disse em um outro comentário que o filme tem situações que parecem mais dignas de uma comédia, e realmente! Se o nome fosse "um assassino bem trapalhão", com muito poucas alterações poderia sair um filme bem melhor do que foi. E tendo um nome como o de David Fincher assinando o projeto, e gente como o Fassbender e a Swinton no elenco, a nota acaba caindo, por se esperar muito mais do que o entregue.
O Batman menos Batman já feito. Poucas vezes uma produção visual e atmosfera geral tão boas, em um filme de um personagem tão importante e conhecido, foram tão desperdiçadas com um roteiro tão meia-boca e equivocado quanto aqui.
Façam uma paródia, façam uma comédia, mas não façam um filme onde o Batman é burro e esperem ser levados a sério.
Tirando o Poirot, que já é um personagem conhecido e estabelecido na mente da maioria, a construção e direção de personagens (principalmente os de apoio) nesse filme é de uma fraqueza tão grande que compromete a obra. Resulta num festival de personas com as quais não podemos nos importar menos passando pela tela, minuto a minuto reduzindo a vontade de continuar vendo o filme. Chato,chato, chaaaaatooo...
Os Mercenários é uma franquia cujo nível de exigência deve ser baixo pra se poder curtir do modo adequada. A série sempre teve isso de "só uma desculpa pra reunir veteranos de filmes de ação dos anos 80 e 90 e brincar com a nostalgia do público que curtia esse tipo de filme". O valor que a série oferece aos fãs sempre estiveram mesmo é no quesito "tiro, porrada e bomba". Dito isso, mesmo levando-se tudo em conta, o filme é ruim.
O argumento é o pior numa série onde com baixa necessidade de qualquer profundidade de roteiro, trama e afins. Isso sai da realidade do texto e passa para o resto da produção, onde se uma certa falta de vontade no elenco é clara. Não há um prosseguimento ou evolução de história razoável, o filme acaba lembrando aqueles seriados antigos onde pouco importava a ordem dos episódios, pois não havia uma história que os conectasse. A sensação de "nada de novo" é presente o tempo todo. Não há tanto o conforto de rever ídolos do passado como em outros momentos da franquia, mas sim um cansaço pela falta de inspiração com as novas caras que vão aparecendo.
No fim vira só um filme que é de ação, que tem de fato ação, mas é muito menos empolgante do que deveria ser.
Uma boa surpresa. Uma mistura de filme baseado em fatos reais com filme de esporte (no caso automobilismo) e adaptação de videogame para as telas que me surpreendeu muito positivamente.
Primeiro porque é um filme extremamente focado em contar sua história, sem tentar passar mensagens secundárias, sem afetação de virtudes, sem inserçãozinha de discurso politicamente correto, nada. Foco na história.
Segundo, porque não faz feio no quesito "filme de corrida", com cenas bem filmadas e empolgantes o suficiente pra não fazer feio frente a outros filmes do gênero.
Terceiro, porque dá conta do recado no quesito "contar na tela uma história que aconteceu no mundo real", com uma boa construção de personagens no núcleo familiar do protagonista, fazendo com que mesmo sem aprofundar demais, consigamos saber o suficiente sobre os amores e motivações de cada um para nos importarmos com e torcermos pelo protagonista.
E quarto porque consegue ser uma das melhores "adaptações de videogame" já feitas, mesmo sem ser bem uma adaptação de videogame propriamente dita, mas ainda assim dá de 10 na ampla maioria das tentativas de "filme baseado em jogo" que já saíram no passado e até o momento.
No mais um bom desempenho geral do elenco, uma direção segura do Neil Blomkamp e até uma curiosa participação especial: a da ex-Spice Girl Geri Halliwell no papel da mãe do protagonista.
Às vezes um filme trata de um tema tão importante que se torna bem-vindo.
Quando esse tema é um tabu que muitas pessoas sequer tem a coragem de admitir que existe, ele se torna necessário.
Quando esse tema tabu tem por trás um esquema transnacional que envolve pessoas famosas, magnatas das artes e do entretenimento, gente bilionária oriunda da mais alta burguesia e até da realeza internacional, todos interessados em que esse assunto se mantenha para sempre sob o tapete da história para preservar seus nomes e não ligá-los à escravidão humana que ainda ocorre desavergonhadamente hoje como há séculos atrás, aí esse filme se torna indispensável.
Os dois pontos altos no trabalho do diretor Demián Rugna nesse (bom) filme são a manipulação perfeita da atmosfera, do clima de desesperança; e a utilização extremamente eficiente do incômodo como um suporte ao terror. Um filme argentino (embora em co-produção com os EUA) que entrega MUITO mais que a maioria dos filmes cansados e formulaicos de terror (às vezes muito mais incensados do que o merecido) que Hollywood tem empurrado incessantemente ao público na última década e meia. Ganha meia estrela a mais por meter mais uma goleada de 10 a 0 em qualquer porcaria que o obsessivo e ideologicamente sequestrado cinema nacional tenha a apresentar nos últimos tempos.
Embora alguns tenham reclamado de uma certa falta de adrenalina, creio que caso seja esse realmente o fechamento da trilogia, foi um final bem digno. O filme acerta ao baixar um pouco o tom do espetáculo e em mostrar um McCall cansado, comunicando que deseja se aposentar em paz, embora isso não seja tão fácil assim. Outro acerto do filme foi ao ambientar a trama na Itália, trazer toda uma iconografia católica muito própria, dialogando também em alguns momentos com a tradição dos filmes de máfia. Na cena onde McCall confronta o vilão final, onde muitos viram um quê de anticlímax, um tom poético, trágico e quase apocalíptico é um agrado a quem tem olhos para ver: O salário do pecado é a morte.
Um filme daqueles que te deixa com raiva não porque é ruim, mas do quanto poderia ter sido melhor e não foi. Parece aquelas receitas onde os caras pegam ingredientes excelentes mas que misturam de um jeito meio nada a ver a título de "fazer diferente" e a soma dos ingredientes acaba sendo bem pior que seus valores individuais.
Infelizmente, é o que acontece aqui quando a produção mistura um suspense de aliens (excelente nesse sentido, com perfeito domínio do clima) ao melhor estilo Sinais do Shyamalan com uma trama psicológica intimista (péssima ao nesse ponto, por escolher se escorar em uma colcha alegórica desastrada de culpa mal trabalhada) na qual a decepção vai crescendo cada vez mais à medida que se vai se desenrolando a trama.
Uma pena, pois acabou fazendo com que vários aspectos positivos (a começar pela ótima atuação de Kaitlyn Dever fossem perdendo o valor, principalmente no último terço do filme). E tudo isso coroado por um dos finais mais anticlímax e broxantes dos últimos tempos.
Achei bom. É um roteiro interessante que foge um pouco da rotina dos clichês hollywoodianos. Este filme finlandês é bizarro na medida certa, e tem mais de thriller psicológico do que de terror propriamente dito. Se pra alguns o filme pode render pouco no quesito da diversão midiática, é no campo da investigação de alguns aspectos pouco confortáveis da psique feminina em que ele brilha por sua sinceridade e contundência.
Temos a mãe que rege a família (que ela quer fazer parecer como de comercial de margarina) com mão de ferro. Temos o pai anulado, distante e adolescentizado. Temos o irmão menor, negligenciado e invejoso. E temos a filha, que divide o centro da trama com a mãe, numa dança (ou ginástica?) macabra onde o amor, a obsessão, o desequilíbrio, o desejo patológico por perfeição, e por fim a loucura acabam por borrar os limites de onde uma começa e a outra termina.
Pontos fortes: ambientação, parte técnica, atuações corretas da maior parte do elenco, clima geral e atmosfera bastante fiel ao estilo dos livros, boa trilha sonora.
Pontos fracos: Neeson foi a melhor escolha para personagem-título, o que acaba compromentendo o filme como um todo. E o roteiro um tanto engessado, com personagens jogados também contribuiu pra baixar bastante a qualidade do que poderia ter sido um filme BEM melhor.
No fim, um filme até bem-intencionado, mas que saiu um tanto cansativo e com interesse bastante diminuído.
FIlme italiano que conta uma história que beira o absurdo, ainda que baseada em fatos reais, detalhe que aumenta bastante o potencial de diversão do filme.
Não é um filme perfeito, tem alguns altos e baixos, mas a trajetória louca da própria trama e a interpretação do trio de irmãos (e da maioria do elenco) conseguem dar o tom correto e compensar na maioria das vezes, criando identificação e levando a história adiante com um colorido e um movimento suficientes para amenizar os pontos mais fracos.
Acaba sendo uma viagem muito divertida (e simpática) à Itália dos anos 80, através de personagens muito peculiares e uma história mais peculiar ainda.
Muito bem filmado, uma ótima fotografia, excelente escolha de ambientação e locações, e um tratamento visual de primeira ajudam a levantar a bola desse thriller de ação de guerra, transformando-o em uma ópera gráfica de violência e vingança.
Tirando alguns exageros quase infantis, que esticam a corda da suspensão de descrença até quase arrebentar (sim, além das mentiras habituais e esperadas para o gênero, tem algumas tão brabas, que são quase dignas de filme de comédia), ainda assim o filme merece crédito por conseguir divertir e despertar a curiosidade sobre como o "véio finlandês casca grossa" vai conseguir se livrar (e se vingar) da perseguição de todo um pelotão nazista.
Se tivesse um roteiro um pouco menos exagerado em alguns pontos, teria sido um filme de guerra de respeito, próximo de cinco estrelas, mas do jeito que ficou, ainda funciona perfeitamente bem como um filme de ação, meio como uma mistura de "Duro de Matar" com "Bastardos Inglórios".
A série dos Guardiões conseguiu uma unidade de qualidade em vários aspectos que acabaram tornando o seu conjunto um pacote de acertos bem maior que o de erros. Só que esse fato fez com que muitas pessoas acabassem olhando a coisa com os olhos do fã irracional, que passa o pano para os defeitos ou se recusa a enxergá-los. O fato desse filme ser considerado a melhor coisa dessa última fase da Marvel não significa que ele seja essa maravilha toda que os emocionados estão pintando. A fase é que foi tão ruim mesmo que fez esse filme, em perspectiva, parecer um tanto melhor do que ele realmente é em certos aspectos.
O nível de qualidade das piadas já tinha decaído discretamente do primeiro para o segundo filme, coisa que não foi tão perceptível então... mas do segundo para esse, essa queda se deu de maneira ainda mais acentuada - e bem mais perceptível. O roteiro passou a confiar demais na zona de conforto do humor, com piadocas ainda mais infantilizadas que nos dois filmes anteriores, explorando também repetições já cansadas das imperfeições dos personagens estabelecidos. Esse uso do humor, que teve um equilíbrio interessantíssimo no primeiro filme da série, acabou virando uma "saída fácil", que não só funcionou menos nos outros filmes dos Guardiões, como acabou virando uma espécie de "praga" na grande maioria dos filmes de heróis, onde todo mundo queria repetir a "fórmula de sucesso" e acabaram falhando miseravelmente (flops e bilheterias fracassadas estão aí pra provar, tanto no lado marvete quanto no lado decenauta da força).
A história de fundo em si é boa, mas a execução, nem tanto. Os vilões são ruins, as motivações são mal construídas, os personagens menos conhecidos são jogados, e o roteiro tem mais furos que nos dois filmes anteriores somados. E na falta de um roteiro mais bem estruturado, ou de uma história mais engenhosa, acabaram indo de all in num excesso de sentimentalismo sem a menor sutileza, usando o pobre do Rocket de bucha para um dramalhão cruel, de fazer inveja às mais piegas novelas mexicanas. No fim, o saldo acaba sendo positivo pelo filme funcionar como uma espécie de "fechamento" (ou não) para a trilogia. Como o público andava extremamente carente, a overdose de sentimentos acabou fazendo o filme servir pra amenizar a dor e a decepção causada por tantos filmes tão piores que esse que foram lançados nos últimos tempos.
Um filme carregado de uma sensibilidade ímpar. Talvez seu grande acerto tenha sido o roteiro focar num período específico da carreira da célebre dupla, em vez de seguir o padrão mais frequente em cinebiografias de tentar cobrir um leque mais amplo das vidas dos retratados.
Ao jogar luz sobre os pontos altos e baixos da "última turnê do Gordo e o Magro", o filme destaca tanto os defeitos quanto as qualidades da trajetória daqueles seres humanos, por trás de toda uma carreira de intimidade com a fama. Mostra também o quanto seus caráteres artísticos e suas vidas pessoais eram interconectadas até um ponto de serem difíceis de se desassociarem.
No fim, a sensibilidade tanto no roteiro, quanto na direção, e principalmente nas atuações, nos mostram um filme agridoce, com um tom outonal de despedida, mas ao mesmo tempo um belíssimo elogio à amizade, ao companheirismo e à dedicação apaixonada a uma carreira artística.
Tem um jogo de cenas em específico, onde o Stan "visita" um Ollie adoentado (que não por acaso conversa com outra cena de uma das sketches da dupla), que é pura poesia visual se desdobrando em camadas. De emocionar profundamente.
Um ótimo filme. Consegue costurar com perfeição uma história de guerra, um suspense climático e muito eficiente, um drama humanitário real e um sensível elogio à honra e ao compromisso entre dois semelhantes. A produção competente, a direção segura e as atuações de alto nível por parte de ambos os protagonistas fecham o pacote com maestria. Direto pra lista dos melhores filmes que assisti esse ano.
Tem dois pontos positivos que quebram um pouco a mesmice: um é o fato de ser baseado e ambientado no seio da cultura judaica, o que quebra um pouco a rotina mais cristã/ocidental dos terrores hollywoodianos. O outro é o roteiro, que também quebra um pouco a rotina ao colocar uma força do mal que se desvia de alguns clihês manjadíssimos de tão cansados.
A atuação do casal central do filme faria a nota subir mais uma estrela, mas não chega a comprometer demais, visto que o elenco de apoio ajuda a dar conta do recado.
No fim, vale a pena dar uma conferida, principalmente por quem acha o gênero de terror meio cansado e repetitivo demais.
Uma estrela pela fotografia e pelas belas cenas em uma das regiões mais turísticas e charmosas da Califórnia.
De resto, um amontoado de clichês cansados, já vistos em demasia nos últimos 20 anos de filmes com o envolvimento do trio Rudolph-Poehler-Fey. Essa dinâmica de roteiro e atuação funcionava bem num Bridesmaids da vida, mas convenhamos: uma década se passou e a repetição dos mesmos truques deixa a coisa com aquele tom de comida requentada. O que não deixa de ser uma decepção, porque "grupo de amigas cinquentonas que saem da rotina pra curtir a vida" é um tropo de comédia que o cinema europeu consegue fazer com maestria, e rende filmes muito simpáticos, mas que essa turma do SNL só conseguiu fazer ser incomodamente autorreferente, com personagens que gravitam entre a ingostabilidade e o caricaturalmente chato. É como assistir uma longa piada interna de 1h40m que só é divertida pras pessoas que conhecem a piada. Em suma, chato pra cacete.
Há um enorme abismo entre pretensão e entrega. O filme possui uma premissa que poderia ter rendido excelentes caminhos de roteiro. Entretanto, ao escolher colocar toda a competência técnica envolvida na produção a serviço do choque puro e simples, o filme deixa de trabalhar no aspecto do suspense e até mesmo do terror, fixando-se somente numa tentativa de causar um estado constante de mal-estar, que por falta de melhor sustentação, acaba se tornando somente choque pelo choque, aspecto que se volta contra o próprio filme, que fica carente de suporte e substância, ao invés de apoiá-lo como recurso criativo.
E mesmo no aspecto conjunto da boa cinematografia, efeitos, enquadramentos, trabalhos de câmera, fotografia, acaba ficando aquela sensação de "ok, tem impacto mas não é nada que já não tenha sido feito antes". No fim, as únicas coisas realmente infinitas que se identifica no filme são a sua pretensão e a vontade de quem assiste de que esse mal estar sem sentido acabe logo.
1 estrela pelo apuro técnico visual e pela boa atuação da Mia Goth.
• O velho papo de "proletariozinho bonzinho injustiçado" e "capitalistão malvadão predadorzão" é de um maniqueísmo podre e infantil e de uma filhadaputice moral, filosófica e intelectual imperdoáveis.
• O feminismo nunca irá funcionar porque a capacidade das mulheres odiarem amargamente e invejarem e desprezarem suas semelhantes é maior do que a capacidade dos homens fazerem guerra uns contra os outros.
• Todas as vezes que um homem tenta adaptar sua vida e modificar suas atitudes ao que as mulheres DIZEM que querem em vez daquilo que ele PRECISA fazer para viver em paz, a catástrofe vem em seguida.
• As relações de poder mudam o tempo todo e são muito mais dinâmicas e fluidas do que sugere a visão estereotipada, dogmática, limitada e míope que a esquerda tem desse assunto (e que a despeito disso impuseram como "padrão" durante todo o século XX através de seu domínio crescentemente hegemônico sobre as artes, a propaganda e o jornalismo). Essa imposição é um dos motivos pelo qual o mundo virou esse shitshow vomitivo que o filme retratou tão bem.
A premissa até era boa. Renderia um bom filme se tivesse uma direção mais estilosa e um argumento mais sofisticado e bem construído.
O Stallone nem é o responsável pelo flop dessa vez, pelo contrário. Ele até está bem na pele do aposentado durão e relutante, enquanto na categoria atores o prêmio de galhofa do filme vai mesmo pro Pilou Asbaek, que justiça seja feita, até tenta fazer alguma coisa com o vilão genérico que deram pra ele trabalhar, mas que de tão mal escrito acabou deixando o ator em maus lençóis.
Por conta de um roteiro fraquíssimo (vilões e heróis que ficam fracos ou superpoderosos do nada, e cuja força varia de cena pra cena de acordo com a necessidade do roteiro, e não com a lógica interna do próprio filme, incêndios que não machucam, nem queimam e cuja fumaça não intoxica nem mata ninguém) e de um desenvolvimento de personagens tétrico, arrepiante de tão ruim (um garoto de 13 anos que se parece e age como se tivesse 10, um vilão que tenta convencer como "revolucionário líder dos pobres e marginalizados", capangas dignos do seriado do Chapolin ou Os Trapalhoes), o que ficou foi um filme bobo, castrado, sem impacto, sessão da tarde demais pra adultos (cenas de luta onde caras normais lutam contra um super-humano e só são jogados longe sem um sanguinho sequer), e com uma atmosfera deprimente, onde nada de bom acontece, sem curvas narrativas relevantes, baixo astral demais pra crianças.
SE tivesse sido melhor escrito e dirigido, tinha tudo pra ser um filme de herói de segunda linha com méritos, mas acabou sendo só uma bobagem cansativa e esquecível.
Rebel Moon - Parte 1: A Menina do Fogo
2.6 305 Assista AgoraEra pra ser nessa década, o que o Mercenários das Galáxias foi nos anos 80: um "primo pobre", porém divertido, de Star Wars.
Só que deu ruim. Enquanto o Mercenários tinha a trilogia original pra se inspirar/copiar/imitar, esse aqui pegou praticamente todos os vícios e clichês de uma época em que o cinema conseguiu fazer até o Star Wars (da trilogia mais atual) ser ruim. Heroína Mary Sue com 1,60/50kg que bate em 10 caras com o triplo do tamanho dela sem piscar (e sem poderes, nem justiicativa), uma péssima construção de personagens coadjuvantes e núcleos, algumas cenas risíveis e constrangedoras de tão ruins (a "apalpada" no bar e o ataque suicida à torre de artilharia se destacam nesse quesito), com a ajuda de um roteiro e desenvolvimento de trama que parecem ter sido escritos por fanfiqueiras idiotizadas de 14 anos. O que não deixa de ser uma pena, pois no quesito efeitos visuais e design de produção, o filme teve uma qualidade acima da média, e tinha potencial pra ser um concorrente sério.
Entretanto, caiu vítima das malditas "obrigatoriedades", vícios narrativos, e indigência de roteiros que assombram a Hollywood de hoje, obrigatoriedades essas que se transformaram em uma verdadeira máquina de piorar filmes que poderiam ser bons.
Ele Vem à Noite
1.1 11 Assista AgoraO tipo de filme que dá raiva por ter uma premissa que até poderia ser boa mas que é obliterada por uma execução péssima. Entretanto, por pior que esse filme tenha sido, algumas coisas ridículas que aconteceram nele foram tão absurdas, que conseguiram alcançar um lugar especial no meu coração. O negócio é tão ruim que chegou ao ponto de divertir. Um pouco só, e em apenas alguns momentos-chave, mas chegou.
Uma jovem perturbada, na pior e com poucas perspectivas recebe oferta de emprego que pode representar um novo começo: ir para uma cidade do interior (de nome curiosamente igual ao seu sobrenome) onde deverá morar e trabalhar na reforma (ela tem formação em carpintaria e chegou a cursar arquitetura) de um antigo moinho do século XVII. O moinho é peça central na lenda de um homem que enlouqueceu, se transformou em um lobo e cometeu vários assassinatos, sendo que no dia de sua execução ninguém conseguiu encontrá-lo no calabouço. E assim permaneceu pelos séculos seguintes. Ela chega na cidade, os arranjos para que ela comece o trabalho de reforma são feitos e ela se instala na velha construção. Quanto mais tempo a jovem passa morando no moinho, mais sua mente se perturba com sonhos estranhos (pessimamente representados, em cenas bizarras e malfeitas, talvez devido ao baixo orçamento do filme, talvez devido a uma direção de arte pouquíssimo inspirada) e com a presença de uma mulher silenciosa que vive em um anexo da velha construção.
Alguém achou que para interpretar uma pessoa com depressão ou algum outro distúrbio psicológico bastava escalar uma atriz que fica com a boca aberta 95% do tempo, na melhor escola Kristen Stewart de expressão facial. A protagonista convence muito pouco, mas perto do povo esquisito com quem ela irá contracenar, ela é a que menos incomoda. Temos a vizinha muda que só serve pra deixar a protagonista perturbada com sua presença. Temos o banqueiro almofadinha que parece mais um cafetão italiano. Temos o advogado envolvido em negócios escusos responsável por monólogos chatos e desnecessários. Temos a "motoqueira misteriosa" com cara de fodona responsável pelo momento mais ridículo do filme (falarei disso mais à frente) e temos o policial forasteiro que parece o Salsicha dos filmes do Scooby-Doo.
Antes que a protagonista finalmente consiga juntar todas as peças (demora muito, o filme é chatíssimo nesse sentido) sobre seu papel nessa história bizarra, ela ao invés de arrumar suas coisas e ir embora dali sem nunca olhar pra trás, prefere jogar seu pote de remédios no rio, só pra ter que procurá-los em desespero dias depois (e por incrível que pareça, achar). Ao descobrir que o homem-lobo existe e que ela faz parte de uma longa linhagem de filhas-esposas destinadas apenas a gerar uma descendência que irá manter a posse do moinho e servir como escrava particular dele, você que está assistindo isso se pergunta porque em vez de sair pelo mundo e tirar proveito de seu poder como qualquer criatura da noite normal, esse lobisomem imbecil prefere ficar enclausurado num subterrâneo de um moinho velho.
Ah, lembra da tal "motoqueira fodona" com um penteado ridículo, cuja cena de introdução foi uma constrangedora e nada convincente ameaça a um moleque que tentou assediá-la no ônibus? Ela aparentemente faz parte de uma seita, culto, ou ordem de "mulheres caçadoras armadas com balestras" chefiadas por uma rica da cidade que mora em uma bela casa, mas nunca diz uma palavra sequer. Em uma cena silenciosa, ela entra na casa da rica, recebe uma "flecha especial" e parte. Se você pensa que essa cena é uma preparação pro "confronto final" com o monstro, desista. O "confronto final" não acontece. Ou melhor, até acontece, só que nunca é mostrado. A protagonista aparece em uma cena onde aparentemente o confronto já aconteceu, e onde a "motoqueira fodona armada com a besta e a flecha mágica que mata lobisomem" jaz caída (Morta? Nocauteada? Quem sabe?).
Essa cena, que suponho até ter sido filmada (tudo no filme apontava para isso) mas deve ter ficado tão ridícula, mas tão ridícula, que foi removida na edição final, é o "clímax" desse filme que ficará guardado no meu coração. Mesmo que depois a protagonista tenha enfiado a flecha na barriga de seu pai-lobisomem e mesmo tendo pensado porque ninguém pensou em fazer isso em quatro séculos (ou simplesmente demolir a merda do moinho e construir uma usina nuclear em cima do FDP do homem lobo lazarento) nada me importou mais que o belíssimo confronto final que não aconteceu entre o Lobisomem com agorafobia, sua filha que joga antidepressivos no rio e a arqueira membra da ordem de caçadores de lobisomens mais incompetente que a Europa já viu.
Navio de Sangue
2.3 36 Assista AgoraDentro do estilo, para um filme de baixo orçamento, fez até mais que o esperado. Não é uma obra prima mas também não cai em muitos dos clichês que estragam a maioria dos filmes do gênero. Criaruras bem feitas, atuações dignas, direção de arte bem razoável, enfim...se mantiver a expectativa baixa, dá pra tirar um bom proveito.
O Assassino
3.3 515O filme é baseado numa história em quadrinhos francesa que tem como maiores qualidades uma arte muito bem detalhada, com cores incríveis, uma trama longa e um bom desenvolvimento de personagens, onde as cidades e "locações" em que se passa a trama fazem um papel importante na história e nas relações entre os personagens.
Transformaram em um filme com uma trama extremamente simplificada (a ponto de personagens e situações-chave na trama da história original ficarem de fora), péssimo desenvolvimento dos personagens, com as cidades e locações totalmente alteradas.
Ficamos com um filme visualmente interessante, mas com um roteiro tedioso, que jamais se justifica. Alguém disse em um outro comentário que o filme tem situações que parecem mais dignas de uma comédia, e realmente! Se o nome fosse "um assassino bem trapalhão", com muito poucas alterações poderia sair um filme bem melhor do que foi. E tendo um nome como o de David Fincher assinando o projeto, e gente como o Fassbender e a Swinton no elenco, a nota acaba caindo, por se esperar muito mais do que o entregue.
Batman
4.0 1,9K Assista AgoraO Batman menos Batman já feito. Poucas vezes uma produção visual e atmosfera geral tão boas, em um filme de um personagem tão importante e conhecido, foram tão desperdiçadas com um roteiro tão meia-boca e equivocado quanto aqui.
Façam uma paródia, façam uma comédia, mas não façam um filme onde o Batman é burro e esperem ser levados a sério.
A Noite das Bruxas
3.3 187Tirando o Poirot, que já é um personagem conhecido e estabelecido na mente da maioria, a construção e direção de personagens (principalmente os de apoio) nesse filme é de uma fraqueza tão grande que compromete a obra. Resulta num festival de personas com as quais não podemos nos importar menos passando pela tela, minuto a minuto reduzindo a vontade de continuar vendo o filme. Chato,chato, chaaaaatooo...
Os Mercenários 4
2.4 151 Assista AgoraOs Mercenários é uma franquia cujo nível de exigência deve ser baixo pra se poder curtir do modo adequada. A série sempre teve isso de "só uma desculpa pra reunir veteranos de filmes de ação dos anos 80 e 90 e brincar com a nostalgia do público que curtia esse tipo de filme". O valor que a série oferece aos fãs sempre estiveram mesmo é no quesito "tiro, porrada e bomba". Dito isso, mesmo levando-se tudo em conta, o filme é ruim.
O argumento é o pior numa série onde com baixa necessidade de qualquer profundidade de roteiro, trama e afins. Isso sai da realidade do texto e passa para o resto da produção, onde se uma certa falta de vontade no elenco é clara. Não há um prosseguimento ou evolução de história razoável, o filme acaba lembrando aqueles seriados antigos onde pouco importava a ordem dos episódios, pois não havia uma história que os conectasse. A sensação de "nada de novo" é presente o tempo todo. Não há tanto o conforto de rever ídolos do passado como em outros momentos da franquia, mas sim um cansaço pela falta de inspiração com as novas caras que vão aparecendo.
No fim vira só um filme que é de ação, que tem de fato ação, mas é muito menos empolgante do que deveria ser.
Gran Turismo: De Jogador a Corredor
3.6 176 Assista AgoraUma boa surpresa. Uma mistura de filme baseado em fatos reais com filme de esporte (no caso automobilismo) e adaptação de videogame para as telas que me surpreendeu muito positivamente.
Primeiro porque é um filme extremamente focado em contar sua história, sem tentar passar mensagens secundárias, sem afetação de virtudes, sem inserçãozinha de discurso politicamente correto, nada. Foco na história.
Segundo, porque não faz feio no quesito "filme de corrida", com cenas bem filmadas e empolgantes o suficiente pra não fazer feio frente a outros filmes do gênero.
Terceiro, porque dá conta do recado no quesito "contar na tela uma história que aconteceu no mundo real", com uma boa construção de personagens no núcleo familiar do protagonista, fazendo com que mesmo sem aprofundar demais, consigamos saber o suficiente sobre os amores e motivações de cada um para nos importarmos com e torcermos pelo protagonista.
E quarto porque consegue ser uma das melhores "adaptações de videogame" já feitas, mesmo sem ser bem uma adaptação de videogame propriamente dita, mas ainda assim dá de 10 na ampla maioria das tentativas de "filme baseado em jogo" que já saíram no passado e até o momento.
No mais um bom desempenho geral do elenco, uma direção segura do Neil Blomkamp e até uma curiosa participação especial: a da ex-Spice Girl Geri Halliwell no papel da mãe do protagonista.
Som da Liberdade
3.8 482 Assista AgoraÀs vezes um filme trata de um tema tão importante que se torna bem-vindo.
Quando esse tema é um tabu que muitas pessoas sequer tem a coragem de admitir que existe, ele se torna necessário.
Quando esse tema tabu tem por trás um esquema transnacional que envolve pessoas famosas, magnatas das artes e do entretenimento, gente bilionária oriunda da mais alta burguesia e até da realeza internacional, todos interessados em que esse assunto se mantenha para sempre sob o tapete da história para preservar seus nomes e não ligá-los à escravidão humana que ainda ocorre desavergonhadamente hoje como há séculos atrás, aí esse filme se torna indispensável.
O Mal Que Nos Habita
3.6 538 Assista AgoraOs dois pontos altos no trabalho do diretor Demián Rugna nesse (bom) filme são a manipulação perfeita da atmosfera, do clima de desesperança; e a utilização extremamente eficiente do incômodo como um suporte ao terror.
Um filme argentino (embora em co-produção com os EUA) que entrega MUITO mais que a maioria dos filmes cansados e formulaicos de terror (às vezes muito mais incensados do que o merecido) que Hollywood tem empurrado incessantemente ao público na última década e meia.
Ganha meia estrela a mais por meter mais uma goleada de 10 a 0 em qualquer porcaria que o obsessivo e ideologicamente sequestrado cinema nacional tenha a apresentar nos últimos tempos.
O Protetor: Capítulo Final
3.5 219Embora alguns tenham reclamado de uma certa falta de adrenalina, creio que caso seja esse realmente o fechamento da trilogia, foi um final bem digno. O filme acerta ao baixar um pouco o tom do espetáculo e em mostrar um McCall cansado, comunicando que deseja se aposentar em paz, embora isso não seja tão fácil assim. Outro acerto do filme foi ao ambientar a trama na Itália, trazer toda uma iconografia católica muito própria, dialogando também em alguns momentos com a tradição dos filmes de máfia. Na cena onde McCall confronta o vilão final, onde muitos viram um quê de anticlímax, um tom poético, trágico e quase apocalíptico é um agrado a quem tem olhos para ver: O salário do pecado é a morte.
Ninguém Vai Te Salvar
3.2 562 Assista AgoraUm filme daqueles que te deixa com raiva não porque é ruim, mas do quanto poderia ter sido melhor e não foi. Parece aquelas receitas onde os caras pegam ingredientes excelentes mas que misturam de um jeito meio nada a ver a título de "fazer diferente" e a soma dos ingredientes acaba sendo bem pior que seus valores individuais.
Infelizmente, é o que acontece aqui quando a produção mistura um suspense de aliens (excelente nesse sentido, com perfeito domínio do clima) ao melhor estilo Sinais do Shyamalan com uma trama psicológica intimista (péssima ao nesse ponto, por escolher se escorar em uma colcha alegórica desastrada de culpa mal trabalhada) na qual a decepção vai crescendo cada vez mais à medida que se vai se desenrolando a trama.
Uma pena, pois acabou fazendo com que vários aspectos positivos (a começar pela ótima atuação de Kaitlyn Dever fossem perdendo o valor, principalmente no último terço do filme). E tudo isso coroado por um dos finais mais anticlímax e broxantes dos últimos tempos.
Ninho do Mal
3.4 140 Assista AgoraAchei bom. É um roteiro interessante que foge um pouco da rotina dos clichês hollywoodianos. Este filme finlandês é bizarro na medida certa, e tem mais de thriller psicológico do que de terror propriamente dito. Se pra alguns o filme pode render pouco no quesito da diversão midiática, é no campo da investigação de alguns aspectos pouco confortáveis da psique feminina em que ele brilha por sua sinceridade e contundência.
Temos a mãe que rege a família (que ela quer fazer parecer como de comercial de margarina) com mão de ferro. Temos o pai anulado, distante e adolescentizado. Temos o irmão menor, negligenciado e invejoso. E temos a filha, que divide o centro da trama com a mãe, numa dança (ou ginástica?) macabra onde o amor, a obsessão, o desequilíbrio, o desejo patológico por perfeição, e por fim a loucura acabam por borrar os limites de onde uma começa e a outra termina.
Sombras de um Crime
2.4 59 Assista AgoraPontos fortes: ambientação, parte técnica, atuações corretas da maior parte do elenco, clima geral e atmosfera bastante fiel ao estilo dos livros, boa trilha sonora.
Pontos fracos: Neeson foi a melhor escolha para personagem-título, o que acaba compromentendo o filme como um todo. E o roteiro um tanto engessado, com personagens jogados também contribuiu pra baixar bastante a qualidade do que poderia ter sido um filme BEM melhor.
No fim, um filme até bem-intencionado, mas que saiu um tanto cansativo e com interesse bastante diminuído.
Mixed by Erry
3.7 26 Assista AgoraFIlme italiano que conta uma história que beira o absurdo, ainda que baseada em fatos reais, detalhe que aumenta bastante o potencial de diversão do filme.
Não é um filme perfeito, tem alguns altos e baixos, mas a trajetória louca da própria trama e a interpretação do trio de irmãos (e da maioria do elenco) conseguem dar o tom correto e compensar na maioria das vezes, criando identificação e levando a história adiante com um colorido e um movimento suficientes para amenizar os pontos mais fracos.
Acaba sendo uma viagem muito divertida (e simpática) à Itália dos anos 80, através de personagens muito peculiares e uma história mais peculiar ainda.
Sisu: Uma História De Determinação
3.5 226 Assista AgoraMuito bem filmado, uma ótima fotografia, excelente escolha de ambientação e locações, e um tratamento visual de primeira ajudam a levantar a bola desse thriller de ação de guerra, transformando-o em uma ópera gráfica de violência e vingança.
Tirando alguns exageros quase infantis, que esticam a corda da suspensão de descrença até quase arrebentar (sim, além das mentiras habituais e esperadas para o gênero, tem algumas tão brabas, que são quase dignas de filme de comédia), ainda assim o filme merece crédito por conseguir divertir e despertar a curiosidade sobre como o "véio finlandês casca grossa" vai conseguir se livrar (e se vingar) da perseguição de todo um pelotão nazista.
Se tivesse um roteiro um pouco menos exagerado em alguns pontos, teria sido um filme de guerra de respeito, próximo de cinco estrelas, mas do jeito que ficou, ainda funciona perfeitamente bem como um filme de ação, meio como uma mistura de "Duro de Matar" com "Bastardos Inglórios".
Guardiões da Galáxia: Vol. 3
4.2 805 Assista AgoraA série dos Guardiões conseguiu uma unidade de qualidade em vários aspectos que acabaram tornando o seu conjunto um pacote de acertos bem maior que o de erros. Só que esse fato fez com que muitas pessoas acabassem olhando a coisa com os olhos do fã irracional, que passa o pano para os defeitos ou se recusa a enxergá-los. O fato desse filme ser considerado a melhor coisa dessa última fase da Marvel não significa que ele seja essa maravilha toda que os emocionados estão pintando. A fase é que foi tão ruim mesmo que fez esse filme, em perspectiva, parecer um tanto melhor do que ele realmente é em certos aspectos.
O nível de qualidade das piadas já tinha decaído discretamente do primeiro para o segundo filme, coisa que não foi tão perceptível então... mas do segundo para esse, essa queda se deu de maneira ainda mais acentuada - e bem mais perceptível. O roteiro passou a confiar demais na zona de conforto do humor, com piadocas ainda mais infantilizadas que nos dois filmes anteriores, explorando também repetições já cansadas das imperfeições dos personagens estabelecidos. Esse uso do humor, que teve um equilíbrio interessantíssimo no primeiro filme da série, acabou virando uma "saída fácil", que não só funcionou menos nos outros filmes dos Guardiões, como acabou virando uma espécie de "praga" na grande maioria dos filmes de heróis, onde todo mundo queria repetir a "fórmula de sucesso" e acabaram falhando miseravelmente (flops e bilheterias fracassadas estão aí pra provar, tanto no lado marvete quanto no lado decenauta da força).
A história de fundo em si é boa, mas a execução, nem tanto. Os vilões são ruins, as motivações são mal construídas, os personagens menos conhecidos são jogados, e o roteiro tem mais furos que nos dois filmes anteriores somados. E na falta de um roteiro mais bem estruturado, ou de uma história mais engenhosa, acabaram indo de all in num excesso de sentimentalismo sem a menor sutileza, usando o pobre do Rocket de bucha para um dramalhão cruel, de fazer inveja às mais piegas novelas mexicanas. No fim, o saldo acaba sendo positivo pelo filme funcionar como uma espécie de "fechamento" (ou não) para a trilogia. Como o público andava extremamente carente, a overdose de sentimentos acabou fazendo o filme servir pra amenizar a dor e a decepção causada por tantos filmes tão piores que esse que foram lançados nos últimos tempos.
Stan & Ollie: O Gordo e o Magro
3.7 79 Assista AgoraUm filme carregado de uma sensibilidade ímpar. Talvez seu grande acerto tenha sido o roteiro focar num período específico da carreira da célebre dupla, em vez de seguir o padrão mais frequente em cinebiografias de tentar cobrir um leque mais amplo das vidas dos retratados.
Ao jogar luz sobre os pontos altos e baixos da "última turnê do Gordo e o Magro", o filme destaca tanto os defeitos quanto as qualidades da trajetória daqueles seres humanos, por trás de toda uma carreira de intimidade com a fama. Mostra também o quanto seus caráteres artísticos e suas vidas pessoais eram interconectadas até um ponto de serem difíceis de se desassociarem.
No fim, a sensibilidade tanto no roteiro, quanto na direção, e principalmente nas atuações, nos mostram um filme agridoce, com um tom outonal de despedida, mas ao mesmo tempo um belíssimo elogio à amizade, ao companheirismo e à dedicação apaixonada a uma carreira artística.
Tem um jogo de cenas em específico, onde o Stan "visita" um Ollie adoentado (que não por acaso conversa com outra cena de uma das sketches da dupla), que é pura poesia visual se desdobrando em camadas. De emocionar profundamente.
O Pacto
3.9 242 Assista AgoraUm ótimo filme. Consegue costurar com perfeição uma história de guerra, um suspense climático e muito eficiente, um drama humanitário real e um sensível elogio à honra e ao compromisso entre dois semelhantes. A produção competente, a direção segura e as atuações de alto nível por parte de ambos os protagonistas fecham o pacote com maestria. Direto pra lista dos melhores filmes que assisti esse ano.
Oferenda ao Demônio
2.2 86 Assista AgoraBaixo orçamento, pobre porém limpinho.
Tem dois pontos positivos que quebram um pouco a mesmice: um é o fato de ser baseado e ambientado no seio da cultura judaica, o que quebra um pouco a rotina mais cristã/ocidental dos terrores hollywoodianos. O outro é o roteiro, que também quebra um pouco a rotina ao colocar uma força do mal que se desvia de alguns clihês manjadíssimos de tão cansados.
A atuação do casal central do filme faria a nota subir mais uma estrela, mas não chega a comprometer demais, visto que o elenco de apoio ajuda a dar conta do recado.
No fim, vale a pena dar uma conferida, principalmente por quem acha o gênero de terror meio cansado e repetitivo demais.
Entre Vinho e Vinagre
2.9 131Uma estrela pela fotografia e pelas belas cenas em uma das regiões mais turísticas e charmosas da Califórnia.
De resto, um amontoado de clichês cansados, já vistos em demasia nos últimos 20 anos de filmes com o envolvimento do trio Rudolph-Poehler-Fey. Essa dinâmica de roteiro e atuação funcionava bem num Bridesmaids da vida, mas convenhamos: uma década se passou e a repetição dos mesmos truques deixa a coisa com aquele tom de comida requentada. O que não deixa de ser uma decepção, porque "grupo de amigas cinquentonas que saem da rotina pra curtir a vida" é um tropo de comédia que o cinema europeu consegue fazer com maestria, e rende filmes muito simpáticos, mas que essa turma do SNL só conseguiu fazer ser incomodamente autorreferente, com personagens que gravitam entre a ingostabilidade e o caricaturalmente chato. É como assistir uma longa piada interna de 1h40m que só é divertida pras pessoas que conhecem a piada. Em suma, chato pra cacete.
Piscina Infinita
3.0 362 Assista AgoraHá um enorme abismo entre pretensão e entrega. O filme possui uma premissa que poderia ter rendido excelentes caminhos de roteiro. Entretanto, ao escolher colocar toda a competência técnica envolvida na produção a serviço do choque puro e simples, o filme deixa de trabalhar no aspecto do suspense e até mesmo do terror, fixando-se somente numa tentativa de causar um estado constante de mal-estar, que por falta de melhor sustentação, acaba se tornando somente choque pelo choque, aspecto que se volta contra o próprio filme, que fica carente de suporte e substância, ao invés de apoiá-lo como recurso criativo.
E mesmo no aspecto conjunto da boa cinematografia, efeitos, enquadramentos, trabalhos de câmera, fotografia, acaba ficando aquela sensação de "ok, tem impacto mas não é nada que já não tenha sido feito antes". No fim, as únicas coisas realmente infinitas que se identifica no filme são a sua pretensão e a vontade de quem assiste de que esse mal estar sem sentido acabe logo.
1 estrela pelo apuro técnico visual e pela boa atuação da Mia Goth.
Triângulo da Tristeza
3.6 730 Assista AgoraCoisas que aprendi com Triângulo da Tristeza:
• A hipocrisia é o oxigênio do marxista.
• O velho papo de "proletariozinho bonzinho injustiçado" e "capitalistão malvadão predadorzão" é de um maniqueísmo podre e infantil e de uma filhadaputice moral, filosófica e intelectual imperdoáveis.
• O feminismo nunca irá funcionar porque a capacidade das mulheres odiarem amargamente e invejarem e desprezarem suas semelhantes é maior do que a capacidade dos homens fazerem guerra uns contra os outros.
• Todas as vezes que um homem tenta adaptar sua vida e modificar suas atitudes ao que as mulheres DIZEM que querem em vez daquilo que ele PRECISA fazer para viver em paz, a catástrofe vem em seguida.
• As relações de poder mudam o tempo todo e são muito mais dinâmicas e fluidas do que sugere a visão estereotipada, dogmática, limitada e míope que a esquerda tem desse assunto (e que a despeito disso impuseram como "padrão" durante todo o século XX através de seu domínio crescentemente hegemônico sobre as artes, a propaganda e o jornalismo). Essa imposição é um dos motivos pelo qual o mundo virou esse shitshow vomitivo que o filme retratou tão bem.
Samaritano
2.8 221 Assista AgoraA premissa até era boa. Renderia um bom filme se tivesse uma direção mais estilosa e um argumento mais sofisticado e bem construído.
O Stallone nem é o responsável pelo flop dessa vez, pelo contrário. Ele até está bem na pele do aposentado durão e relutante, enquanto na categoria atores o prêmio de galhofa do filme vai mesmo pro Pilou Asbaek, que justiça seja feita, até tenta fazer alguma coisa com o vilão genérico que deram pra ele trabalhar, mas que de tão mal escrito acabou deixando o ator em maus lençóis.
Por conta de um roteiro fraquíssimo (vilões e heróis que ficam fracos ou superpoderosos do nada, e cuja força varia de cena pra cena de acordo com a necessidade do roteiro, e não com a lógica interna do próprio filme, incêndios que não machucam, nem queimam e cuja fumaça não intoxica nem mata ninguém) e de um desenvolvimento de personagens tétrico, arrepiante de tão ruim (um garoto de 13 anos que se parece e age como se tivesse 10, um vilão que tenta convencer como "revolucionário líder dos pobres e marginalizados", capangas dignos do seriado do Chapolin ou Os Trapalhoes), o que ficou foi um filme bobo, castrado, sem impacto, sessão da tarde demais pra adultos (cenas de luta onde caras normais lutam contra um super-humano e só são jogados longe sem um sanguinho sequer), e com uma atmosfera deprimente, onde nada de bom acontece, sem curvas narrativas relevantes, baixo astral demais pra crianças.
SE tivesse sido melhor escrito e dirigido, tinha tudo pra ser um filme de herói de segunda linha com méritos, mas acabou sendo só uma bobagem cansativa e esquecível.