Algo entre The Wicker Man e O Farol, com uma forte atmosfera de folk horror. A atmosfera e a fotografia em 16mm são pontos positivos, porém, como filme em si, não alcança tudo que poderia.
Mais do que um documentário de cunho pessoal, Guto Pasko consegue estabelecer as condições para que todo um povo converse com sua história. Habitualmente, quando falamos em cultura ucraniana, pensamos em dança, culinária e nos costumes, porém existem outras profundidades que são alimentadas pela história, pelo convívio e pelas idiossincrasias que muitas vezes passam despercebidas. Adentrar na abertura a que Guto Pasko nos convida para conhecer a sua própria história possibilita que vários descendentes como ele possam repensar os papéis, as relações e se ver dentro de uma história muito maior e complexa. Esse convite é muito oportuno numa época em que há um grande debate e às vezes até uma "oposição" entre as tradições e o presente estado das coisas. Aldeia Natal nos mostra que essas relações são muito mais elaboradas e que é possível ressignificar esse campo sem esquecer a própria história. Слава Україні.
Uma ótima investigação que toca casos bastante estranhos da ufologia em proximidade com o fenômeno Missing 411, nome dado aos casos de desaparecimentos em Parques Nacionais norte-americanos. O diretor é autor de livros sobre o assunto e ex guarda florestal que, vendo a complexidade e frequência do fenômeno, decidiu tornar sua missão pessoal o estudo do mistério. Em questão de documentário em si, não há do que reclamar, segue a fórmula clássica de documentários de mistério, entrevistando testemunhas, apresentando simulações e buscando esmiuçar cada caso apresentado. Mais do que uma simples apresentação de um assunto, é um mergulho investigativo nos estranhos fatos relatados.
Um bom documentário. Não se propõe a desvendar o mistério do Sasquatch, mas cobrir vários relatos, trazendo o diferencial de abordar a dimensão emocional que os mesmos tiveram nas vidas das testemunhas. O filme dá bastante espaço para o significado do Sasquatch dentro dos povos originais norte-americanos. Visualmente é muito bem produzido. Para alguns, já saturados de tantos relatos que caminham sempre em uma narrativa semelhante, e que esperam algum novo fantástico trabalho que traga dados conclusivos, pode não agradar tanto. Porém, dentro do que o documentário propõe, os criadores executaram um ótimo trabalho.
"We're using technology to extend the human nervous system. The internet is a kind of global prosthetic extension of human consciousness. It wasn't consciously intended as one, but it amounts to one. The internet, if one could see its totality, would be a very profound expression of what it is to be human today. It's become the place where we do everything. It's become the place where we look for everything. We're doing something new here. It resembles something we've done before, but it's different. I think it's probably as big a deal as the creation of cities."
James Hillman, ao tratar da Cidade e da sua Alma, fala do abandono dos significados profundos no espaço público e na vida em comunidade, de modo que o homem permanece solitário em meio a um mundo impessoal e apartado de si: "Daí, para trabalhar com o inconsciente, para fomentar meu desenvolvimento, meu autoconhecimento e a cura de minha doença, não mais me deixarei levar pelos sonhos, nem caminharei sozinho na natureza ou ficarei trancado num quarto para meditar e analisar ou recordar minha infância, esperando que algo dentro de meu cérebro ou pele se manifeste e me guie. Em vez disso, volto-me para o que simplesmente está aqui, minhas salas e seus objetos, meus conhecidos e suas reações, meus vizinhos e suas preocupações, pois isso expõe o meu Self, pois é disso tudo que sou formado. A interiorização da comunidade significa compreender, observar, dedicar-me ao que realmente me atrai e me enfurece. Esse meio agora é o espelho, e o insight é agora ultraje." [...] "A verdadeira vida da cidade é interior."
Aos interessados, o documentário foi disponibilizado no Youtube. Por algum motivo, esteve fora do ar por um tempo, mas já se encontra acessível novamente. https://www.youtube.com/watch?v=yPTH03lzRjU
Na minha opinião, podiam ter focado menos em casos específicos, abrindo mais para a semelhança entre os vários casos de desaparecimentos existentes em parques nacionais, assim como para os fenômenos inexplicáveis envolvidos, hipóteses e especulações de pessoas familiarizadas com o fenômeno.
No máximo, tivemos as palavras de um pai ressaltando quão impossível era o ocorrido e a declaração de Les Stroud de que aquilo só podia ser causado por "coisa outra" que não fosse algo de conhecido dentro da natureza local.
No caso da declaração de Les Stroud, o Survivorman, fica claro em que "coisa outra" ele implica:
Apocalipse 6:9-11: Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam. Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram.
O filme, em geral, pode deixar muito a desejar na parte da atuação, dos efeitos e em outros aspectos mais gerais, mas não deixa de ser uma boa experiência caso as expectativas não sejam muito elevadas. Em casos como esse, é sempre bom saber o contexto do filme e o que esperar de uma produção de baixo orçamento da época. Muitas vezes, são filmes que vemos por ter algum tipo de afinidade estética com o terror da época (chamado Folk Horror por alguns). Indo além desses detalhes, o que achei interessante é que o nome do filme serve na criação de uma teoria (suposição, na verdade) de que
as pedras são capazes de reter "imagens emocionais" em momentos de grande tensão e, no futuro, reproduzir essas imagens ou sons. Isso seria especialmente marcante nos casos de cristais de quartzo ou do calcário. Obviamente, é assunto do terreno da parapsicologia e afins, mas é bastante interessante notar que a suposição ganhou força em tais círculos bem nessa época e, hoje, é conhecida como Stone Tape Theory, Pelo que vi, não há uso do termo antes do filme.
Que satisfação encontrar o filme registrado aqui no Filmow! Já estava indo registrar quando me dei conta de que já estava aqui. Aos que assistiram, recomendo o "The Second Coming", também do David Wolstencroft e com participações do Boyd Rice, mas um filme muito mais maduro e interessante e que serve de sequência para o Pearls Before Swine. Falando do Pearls Before Swine, destacaria os momentos em que o legendário ícone do noise e do neofolk, Boyd Rice, faz seus pequenos monólogos sobre a violência ou os pensamentos que refletem, de uma forma muito teatral e exagerada, o que provavelmente são as suas convicções reais. A trilha sonora pode ser quase inteiramente reconhecida por fãs do Death in June e do Boyd Rice. Conseguimos ouvir Heaven Street, Pearls Before Swine, Night Watch, C'est un Rève e outras. Aliás, tenho certeza de que a maior curiosidade do público em ver a obra está, justamente, em ver atuando Boyd Rice e Douglas Pearce. Como filme, não é muito atrativo, mas o fato de envolver parte do mundo do neofolk já dá valor à experiência para um determinado público.
Repleto de conteúdo psicanalítico, ouso dizer. Há a questão da neurose e da psicose encontrando um confronto estrutural na relação entre médico e paciente, manifestando-se na assunção da inveja que o profissional tem pelo seu paciente e na culpa em tentar trazer o psicótico para o "lado de cá" do sintoma social, isto é, da neurose. Enquanto as correntes prendem a boca do neurótico, colocando-o sempre baixo alguma regra, alguma formalidade, como na viagem à Grécia que de experiência primitiva e primordial não teve nada, o psicótico é, ou aparenta ser, livre, sendo permitido a cavalgar além de onde as barreiras da linguagem e da castração se impõem ao doutor. Até que a próxima injunção interpele o caminho do jovem rapaz, claro. Na mente do jovem, permanece a figura dos cowboys como sujeitos livres, os únicos a entender os cavalos (que pagam por nossos pecados) e com eles serem um, cavalgando por campos vastos e livres de injunções ou de barreamentos por parte do Pai. Enquanto isso, o doutor se lamenta pela cavalgada que nunca dará e pensa naquela relação primordial que o garoto era capaz de atingir sem as amarras do Simbólico. Não sou perito no assunto, psicanálise não é a minha área, mas acho que ainda poderia ser trabalhada a questão da demanda do Outro na situação do garoto e os "olhos do deus equino", assim como do Real voltando no corpo. As atuações são muito boas, destaque para o médico nos momentos de "confissão" à câmera. O filme também traz uma boa aproximação do mundo grego nas entrelinhas, de um outro tipo de existência que vive na afirmação de que "Tudo está repleto de deuses" (panta plêre theon). O próprio psiquiatra reconhece esse mundo e como ele está distante de si. O mundo grego invocado é aquele que também traz Heidegger, um mundo de uma existência que vive em outra frequência, que vive aquém (ou além) da subjetividade, uma existência original que experimenta o mundo como Vida em todo seu aspecto primitivo. Uma fala de Martin sobre isso me chamou a atenção: "Queria que houvesse alguém nessa vida a quem pudesse mostrar... Uma pessoa carente a quem pudesse levar para conhecer a Grécia e diante de santuários e rios sagrados pudesse dizer: Olha, a vida só é compreensível através de mil deuses locais. Não só com deuses velhos como Zeus, mas também com lugares e pessoas. Não só na Grécia como também na Inglaterra de hoje. Aqui, o espírito de certas árvores, de certas curvas de muros de tijolos, de certas lojas de comida, por exemplo, e telhados de pizzaria, as expressões e andares das pessoas. Eu lhes diria: Cultua tudo o que poder ver e mais irá descobrir."
Novamente o que está sob a mira de Cronenberg é o corpo. Porém, aqui voltamos um pouco ao que traz Videodrome (1983): uma transcendência através da tecnologia. Assim como tantos outros que carregam a mesma preocupação quase apocalíptica, o filme aponta para a invasão do real pelo virtual, para a dissolução dos limites entre um mundo e outro. Parece que, dada uma época inaugurada há poucas décadas, essa preocupação se tornou rigorosamente intensa. Coisa semelhante sempre foi exposta de maneira mais leve, como em estórias nas quais personagens de livros, esculturas ou sonhos ganham vida etc. Porém, com a ascensão da tecnologia e do poder cada vez maior que ela desempenha na cotidianidade, o receio de ter a estrutura da realidade desafiada se tornou ainda mais forte.
O uso do corpo conectado a "consoles" de sistema nervoso próprio e toda a ênfase dada na estrutura carnal dessa novíssima tecnologia que leva o jogador ao recém-criado jogo "eXistenZ" parece uma analogia, ou mesmo um adiantamento, ao papel que a tecnologia viria a cumprir nas décadas seguintes dentro do campo da linguagem ou mesmo do discurso. A própria linguagem invadiu novas dimensões, novas possibilidades de relação em ambientes virtuais, estes que poderiam ser vistos como líquidos ou flutuantes - a nuvem -, sempre desvanecendo de forma dinâmica num ritmo que passa a ditar o passo da própria cotidianidade no mundo. Impacto semelhante tem Ted Pikul quando entra no jogo pela primeira vez, se sentindo "flutuante" (isto é, sem solo, sem mundo). Da mesma maneira que os personagens têm o corpo alterado, isto é, sua dimensão mais perceptível, nós temos nossa relação com o mundo e com a linguagem alteradas por essas novas formas de ser em meio a uma realidade paralela, virtual e de caráter suplementar à nossa. Apontar isso no corpo é apontar isso no que nos constitui como sujeito, é apontar aí onde está a linguagem - ao meu ver, claro. O tema da autenticidade também entra na discussão, e o faz quando, no jogo, é o personagem que fala pela pessoa, toma seu lugar ao dar a palavra; é palavra vazia determinada por "um" impessoal. Na existência substituta, onde se existe de forma ainda mais inautêntica, porém anestésica em relação ao real, os outros que jogam se tornam também seres inautênticos, um outro irreal que age como um só, ou como sistema, sem vontade ou liberdade de escolhas. É contra essa subversão da realidade que os grupos mencionados no filme se levantam. Ou contra isso ou contra a "transcendência através da máquina", como que por medo de saber pela experiência até onde poderíamos chegar, sob a tutela da ciência, nesses territórios desconhecidos. Dependerá da inclinação do espectador. Ainda assim, uma revelação na parte final do filme é esclarecedora: o jogo não é eXistenZ, mas no mundo real (pois boa parte do filme se passa num jogo que, até o desfecho, dá a entender ser a realidade) se chama transCendenZ, não é "existir fora", mas "ultrapassar". É dar um novo sentido à existência em outro "mundo" ainda misterioso para o qual se lança no anseio de eternidade, de não-morte, tal como em Videodrome.
A visão pessimista do futuro aparece bem clara. Estaríamos cada vez mais afetados pelo estreitar dos muros que separavam nosso mundo desses outros espaços, ficando progressivamente mais "sem mundo" e jogados à flutuação da curiosidade constante. A cada instante, estaríamos mais desamparados sob a solicitação sempre mais frequente de nossa atenção pelos meios tecnológicos, por essa realidade paralela, de modo a esquecer as condições de nossa verdadeira "existenz". Esse perder-se na tecnologia teria o aspecto de obscurecer as nossas incontornáveis condições como seres humanos; seria uma fuga da morte como destino e também uma negação da insignificância e da incerteza das coisas, aspectos fundamentais do existir. Quando entra no mundo de eXistenZ, Pikul diz: "Não gosto disto. Não sei o que está acontecendo. Estamos aos tropeções neste mundo disforme, cujas regras e objetivos são completamente desconhecidos, aparentemente indecifráveis ou possivelmente inexistentes, sempre à beira de sermos mortos por forças que não compreendemos." Diz isso sem perceber que acabara de descrever o já mencionado caráter incontornável da existência humana, e não do jogo. Ou, ainda, fez tal uso da palavra já tendo toda essa noção de antemão, o que justificaria seu papel político na trama.
Mais uma fantástica produção de Guto Pasko. Esperava que o filme fosse mais voltado aos relatos de um passado terrível, mas o que vi superou completamente essa expectativa.
Além do passado que naquilo tudo resultou, somos convidados a visitar uma cultura viva, autêntica, nos olhos de didos, babas e dos jovens de uma Ucrânia ainda rural e tradicional. Iván Bojko não foi somente um refugiado, mas um dos vários que compunham a OUN, era um nacionalista ucraniano que se emociona ao saber do destino trágico de outros jovens nacionalistas de sua aldeia. Um mundo espiritual entre a Cruz e a Espada. Quantos dos nossos antepassados não gostariam de dispor da oportunidade de retornar à Ucrânia para rever seus parentes depois de ter chego no Brasil? Quantos também não vieram parar no Sul do mundo por causa de um inimigo mais poderoso e em maior número, escorraçados por aqueles que diziam nem existir uma Ucrânia? E os que deram sua vida pela pátria livre e não puderam morrer ao lado de seus camaradas?
Outra reflexão que o filme traz aos descendentes diz da permanência e da manutenção da herança cultural recebida. Se a cultura ucraniana sobreviveu àquelas duras provas, aos tempos negros nos quais até os kobzars eram executados, qual seria nosso papel, hoje, para que ela sobreviva diante de um mundo globalizante? Agora, a Ucrânia é livre - embora se encontre em meio das ambições da União Europeia e de Moscovo, que buscam novamente dividi-la - e nada nos impede de conservar a memória viva, mas será que conseguiremos levar adiante o legado? As banduras de Iván aparecem aqui como símbolo, significando que o povo que tem música, cultura, tem raízes e unidade; que na Tradição se Vive e que nela persiste o espírito do povo.
Só há o que agradecer a Guto Pasko por, novamente, compartilhar sentimentos tão significativos através de sua arte. A fotografia é impecável, e, o mais importante, a forma com que a história é narrada nos situa no coração da emoção do reencontro, do pertencimento e do demorado regresso ao lar. Nada consegue transmitir melhor os valores humanos do que uma história verídica transbordando em sentimentos honestos após as privações do tempo.
A cena em que o cãozinho dirige um carro conversível e, antes de fazer a curva, dá sinal com o braço simplesmente marcou minha vida. Quem pode garantir que seu cãozinho não é seu melhor amigo?
Dourado é o adjetivo que descreve a qualidade desse filme. Tal como o tio bacana te chamaria de "Guri de ouro", poderíamos chamar esse filme de "um rolinho de ouro", tamanha sua importância e beleza. Um filme para rever muitas vezes com sua família.
Enys Men
2.2 6Algo entre The Wicker Man e O Farol, com uma forte atmosfera de folk horror. A atmosfera e a fotografia em 16mm são pontos positivos, porém, como filme em si, não alcança tudo que poderia.
Aldeia Natal
4.8 1Mais do que um documentário de cunho pessoal, Guto Pasko consegue estabelecer as condições para que todo um povo converse com sua história. Habitualmente, quando falamos em cultura ucraniana, pensamos em dança, culinária e nos costumes, porém existem outras profundidades que são alimentadas pela história, pelo convívio e pelas idiossincrasias que muitas vezes passam despercebidas. Adentrar na abertura a que Guto Pasko nos convida para conhecer a sua própria história possibilita que vários descendentes como ele possam repensar os papéis, as relações e se ver dentro de uma história muito maior e complexa. Esse convite é muito oportuno numa época em que há um grande debate e às vezes até uma "oposição" entre as tradições e o presente estado das coisas. Aldeia Natal nos mostra que essas relações são muito mais elaboradas e que é possível ressignificar esse campo sem esquecer a própria história.
Слава Україні.
Missing 411: The U.F.O. Connection
3.5 1Uma ótima investigação que toca casos bastante estranhos da ufologia em proximidade com o fenômeno Missing 411, nome dado aos casos de desaparecimentos em Parques Nacionais norte-americanos. O diretor é autor de livros sobre o assunto e ex guarda florestal que, vendo a complexidade e frequência do fenômeno, decidiu tornar sua missão pessoal o estudo do mistério.
Em questão de documentário em si, não há do que reclamar, segue a fórmula clássica de documentários de mistério, entrevistando testemunhas, apresentando simulações e buscando esmiuçar cada caso apresentado. Mais do que uma simples apresentação de um assunto, é um mergulho investigativo nos estranhos fatos relatados.
A Flash of Beauty: Bigfoot Revealed
3.8 1Um bom documentário. Não se propõe a desvendar o mistério do Sasquatch, mas cobrir vários relatos, trazendo o diferencial de abordar a dimensão emocional que os mesmos tiveram nas vidas das testemunhas. O filme dá bastante espaço para o significado do Sasquatch dentro dos povos originais norte-americanos. Visualmente é muito bem produzido.
Para alguns, já saturados de tantos relatos que caminham sempre em uma narrativa semelhante, e que esperam algum novo fantástico trabalho que traga dados conclusivos, pode não agradar tanto. Porém, dentro do que o documentário propõe, os criadores executaram um ótimo trabalho.
Evangelion: 3.0+1.01 A Esperança
4.3 91 Assista AgoraTá mais fácil acontecer um Impacto que lançar o bicho.
Robin Redbreast
4.0 1Uma espécie de precursor de Wicker Man, mas que não consegue executar tão bem a ideia.
No Maps for These Territories
4.2 1"We're using technology to extend the human nervous system. The internet is a kind of global prosthetic extension of human consciousness. It wasn't consciously intended as one, but it amounts to one. The internet, if one could see its totality, would be a very profound expression of what it is to be human today. It's become the place where we do everything. It's become the place where we look for everything. We're doing something new here. It resembles something we've done before, but it's different. I think it's probably as big a deal as the creation of cities."
Meu Winnipeg
4.0 11James Hillman, ao tratar da Cidade e da sua Alma, fala do abandono dos significados profundos no espaço público e na vida em comunidade, de modo que o homem permanece solitário em meio a um mundo impessoal e apartado de si:
"Daí, para trabalhar com o inconsciente, para fomentar meu desenvolvimento, meu autoconhecimento e a cura de minha doença, não mais me deixarei levar pelos sonhos, nem caminharei sozinho na natureza ou ficarei trancado num quarto para meditar e analisar ou recordar minha infância, esperando que algo dentro de meu cérebro ou pele se manifeste e me guie. Em vez disso, volto-me para o que simplesmente está aqui, minhas salas e seus objetos, meus conhecidos e suas reações, meus vizinhos e suas preocupações, pois isso expõe o meu Self, pois é disso tudo que sou formado. A interiorização da comunidade significa compreender, observar, dedicar-me ao que realmente me atrai e me enfurece. Esse meio agora é o espelho, e o insight é agora ultraje."
[...]
"A verdadeira vida da cidade é interior."
Natal Sangrento
2.1 181 Assista AgoraHorrível. Horrível. Horrível.
Dossiê Chupacabras
4.1 3Aos interessados, o documentário foi disponibilizado no Youtube. Por algum motivo, esteve fora do ar por um tempo, mas já se encontra acessível novamente.
https://www.youtube.com/watch?v=yPTH03lzRjU
Missing 411
3.0 2Na minha opinião, podiam ter focado menos em casos específicos, abrindo mais para a semelhança entre os vários casos de desaparecimentos existentes em parques nacionais, assim como para os fenômenos inexplicáveis envolvidos, hipóteses e especulações de pessoas familiarizadas com o fenômeno.
No máximo, tivemos as palavras de um pai ressaltando quão impossível era o ocorrido e a declaração de Les Stroud de que aquilo só podia ser causado por "coisa outra" que não fosse algo de conhecido dentro da natureza local.
Sasquatch!
O Quinto Selo
4.3 19 Assista AgoraApocalipse 6:9-11: Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam. Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram.
The Stone Tape
3.5 3O filme, em geral, pode deixar muito a desejar na parte da atuação, dos efeitos e em outros aspectos mais gerais, mas não deixa de ser uma boa experiência caso as expectativas não sejam muito elevadas. Em casos como esse, é sempre bom saber o contexto do filme e o que esperar de uma produção de baixo orçamento da época. Muitas vezes, são filmes que vemos por ter algum tipo de afinidade estética com o terror da época (chamado Folk Horror por alguns).
Indo além desses detalhes, o que achei interessante é que o nome do filme serve na criação de uma teoria (suposição, na verdade) de que
as pedras são capazes de reter "imagens emocionais" em momentos de grande tensão e, no futuro, reproduzir essas imagens ou sons. Isso seria especialmente marcante nos casos de cristais de quartzo ou do calcário. Obviamente, é assunto do terreno da parapsicologia e afins, mas é bastante interessante notar que a suposição ganhou força em tais círculos bem nessa época e, hoje, é conhecida como Stone Tape Theory, Pelo que vi, não há uso do termo antes do filme.
Suburban Sasquatch
2.7 3 Assista AgoraQue filmão!
Pérolas Aos Porcos
4.2 1Que satisfação encontrar o filme registrado aqui no Filmow! Já estava indo registrar quando me dei conta de que já estava aqui. Aos que assistiram, recomendo o "The Second Coming", também do David Wolstencroft e com participações do Boyd Rice, mas um filme muito mais maduro e interessante e que serve de sequência para o Pearls Before Swine.
Falando do Pearls Before Swine, destacaria os momentos em que o legendário ícone do noise e do neofolk, Boyd Rice, faz seus pequenos monólogos sobre a violência ou os pensamentos que refletem, de uma forma muito teatral e exagerada, o que provavelmente são as suas convicções reais. A trilha sonora pode ser quase inteiramente reconhecida por fãs do Death in June e do Boyd Rice. Conseguimos ouvir Heaven Street, Pearls Before Swine, Night Watch, C'est un Rève e outras. Aliás, tenho certeza de que a maior curiosidade do público em ver a obra está, justamente, em ver atuando Boyd Rice e Douglas Pearce.
Como filme, não é muito atrativo, mas o fato de envolver parte do mundo do neofolk já dá valor à experiência para um determinado público.
For the new dawn!
Equus
3.9 63Excelente filme.
Repleto de conteúdo psicanalítico, ouso dizer. Há a questão da neurose e da psicose encontrando um confronto estrutural na relação entre médico e paciente, manifestando-se na assunção da inveja que o profissional tem pelo seu paciente e na culpa em tentar trazer o psicótico para o "lado de cá" do sintoma social, isto é, da neurose. Enquanto as correntes prendem a boca do neurótico, colocando-o sempre baixo alguma regra, alguma formalidade, como na viagem à Grécia que de experiência primitiva e primordial não teve nada, o psicótico é, ou aparenta ser, livre, sendo permitido a cavalgar além de onde as barreiras da linguagem e da castração se impõem ao doutor. Até que a próxima injunção interpele o caminho do jovem rapaz, claro. Na mente do jovem, permanece a figura dos cowboys como sujeitos livres, os únicos a entender os cavalos (que pagam por nossos pecados) e com eles serem um, cavalgando por campos vastos e livres de injunções ou de barreamentos por parte do Pai. Enquanto isso, o doutor se lamenta pela cavalgada que nunca dará e pensa naquela relação primordial que o garoto era capaz de atingir sem as amarras do Simbólico. Não sou perito no assunto, psicanálise não é a minha área, mas acho que ainda poderia ser trabalhada a questão da demanda do Outro na situação do garoto e os "olhos do deus equino", assim como do Real voltando no corpo.
As atuações são muito boas, destaque para o médico nos momentos de "confissão" à câmera.
O filme também traz uma boa aproximação do mundo grego nas entrelinhas, de um outro tipo de existência que vive na afirmação de que "Tudo está repleto de deuses" (panta plêre theon). O próprio psiquiatra reconhece esse mundo e como ele está distante de si. O mundo grego invocado é aquele que também traz Heidegger, um mundo de uma existência que vive em outra frequência, que vive aquém (ou além) da subjetividade, uma existência original que experimenta o mundo como Vida em todo seu aspecto primitivo. Uma fala de Martin sobre isso me chamou a atenção:
"Queria que houvesse alguém nessa vida a quem pudesse mostrar... Uma pessoa carente a quem pudesse levar para conhecer a Grécia e diante de santuários e rios sagrados pudesse dizer: Olha, a vida só é compreensível através de mil deuses locais. Não só com deuses velhos como Zeus, mas também com lugares e pessoas. Não só na Grécia como também na Inglaterra de hoje. Aqui, o espírito de certas árvores, de certas curvas de muros de tijolos, de certas lojas de comida, por exemplo, e telhados de pizzaria, as expressões e andares das pessoas. Eu lhes diria: Cultua tudo o que poder ver e mais irá descobrir."
eXistenZ
3.6 317Novamente o que está sob a mira de Cronenberg é o corpo. Porém, aqui voltamos um pouco ao que traz Videodrome (1983): uma transcendência através da tecnologia. Assim como tantos outros que carregam a mesma preocupação quase apocalíptica, o filme aponta para a invasão do real pelo virtual, para a dissolução dos limites entre um mundo e outro. Parece que, dada uma época inaugurada há poucas décadas, essa preocupação se tornou rigorosamente intensa. Coisa semelhante sempre foi exposta de maneira mais leve, como em estórias nas quais personagens de livros, esculturas ou sonhos ganham vida etc. Porém, com a ascensão da tecnologia e do poder cada vez maior que ela desempenha na cotidianidade, o receio de ter a estrutura da realidade desafiada se tornou ainda mais forte.
O uso do corpo conectado a "consoles" de sistema nervoso próprio e toda a ênfase dada na estrutura carnal dessa novíssima tecnologia que leva o jogador ao recém-criado jogo "eXistenZ" parece uma analogia, ou mesmo um adiantamento, ao papel que a tecnologia viria a cumprir nas décadas seguintes dentro do campo da linguagem ou mesmo do discurso. A própria linguagem invadiu novas dimensões, novas possibilidades de relação em ambientes virtuais, estes que poderiam ser vistos como líquidos ou flutuantes - a nuvem -, sempre desvanecendo de forma dinâmica num ritmo que passa a ditar o passo da própria cotidianidade no mundo. Impacto semelhante tem Ted Pikul quando entra no jogo pela primeira vez, se sentindo "flutuante" (isto é, sem solo, sem mundo). Da mesma maneira que os personagens têm o corpo alterado, isto é, sua dimensão mais perceptível, nós temos nossa relação com o mundo e com a linguagem alteradas por essas novas formas de ser em meio a uma realidade paralela, virtual e de caráter suplementar à nossa. Apontar isso no corpo é apontar isso no que nos constitui como sujeito, é apontar aí onde está a linguagem - ao meu ver, claro.
O tema da autenticidade também entra na discussão, e o faz quando, no jogo, é o personagem que fala pela pessoa, toma seu lugar ao dar a palavra; é palavra vazia determinada por "um" impessoal. Na existência substituta, onde se existe de forma ainda mais inautêntica, porém anestésica em relação ao real, os outros que jogam se tornam também seres inautênticos, um outro irreal que age como um só, ou como sistema, sem vontade ou liberdade de escolhas. É contra essa subversão da realidade que os grupos mencionados no filme se levantam. Ou contra isso ou contra a "transcendência através da máquina", como que por medo de saber pela experiência até onde poderíamos chegar, sob a tutela da ciência, nesses territórios desconhecidos. Dependerá da inclinação do espectador. Ainda assim, uma revelação na parte final do filme é esclarecedora: o jogo não é eXistenZ, mas no mundo real (pois boa parte do filme se passa num jogo que, até o desfecho, dá a entender ser a realidade) se chama transCendenZ, não é "existir fora", mas "ultrapassar". É dar um novo sentido à existência em outro "mundo" ainda misterioso para o qual se lança no anseio de eternidade, de não-morte, tal como em Videodrome.
A visão pessimista do futuro aparece bem clara. Estaríamos cada vez mais afetados pelo estreitar dos muros que separavam nosso mundo desses outros espaços, ficando progressivamente mais "sem mundo" e jogados à flutuação da curiosidade constante. A cada instante, estaríamos mais desamparados sob a solicitação sempre mais frequente de nossa atenção pelos meios tecnológicos, por essa realidade paralela, de modo a esquecer as condições de nossa verdadeira "existenz". Esse perder-se na tecnologia teria o aspecto de obscurecer as nossas incontornáveis condições como seres humanos; seria uma fuga da morte como destino e também uma negação da insignificância e da incerteza das coisas, aspectos fundamentais do existir.
Quando entra no mundo de eXistenZ, Pikul diz: "Não gosto disto. Não sei o que está acontecendo. Estamos aos tropeções neste mundo disforme, cujas regras e objetivos são completamente desconhecidos, aparentemente indecifráveis ou possivelmente inexistentes, sempre à beira de sermos mortos por forças que não compreendemos."
Diz isso sem perceber que acabara de descrever o já mencionado caráter incontornável da existência humana, e não do jogo. Ou, ainda, fez tal uso da palavra já tendo toda essa noção de antemão, o que justificaria seu papel político na trama.
Iván: De Volta Para o Passado
3.9 6Mais uma fantástica produção de Guto Pasko. Esperava que o filme fosse mais voltado aos relatos de um passado terrível, mas o que vi superou completamente essa expectativa.
Além do passado que naquilo tudo resultou, somos convidados a visitar uma cultura viva, autêntica, nos olhos de didos, babas e dos jovens de uma Ucrânia ainda rural e tradicional. Iván Bojko não foi somente um refugiado, mas um dos vários que compunham a OUN, era um nacionalista ucraniano que se emociona ao saber do destino trágico de outros jovens nacionalistas de sua aldeia. Um mundo espiritual entre a Cruz e a Espada. Quantos dos nossos antepassados não gostariam de dispor da oportunidade de retornar à Ucrânia para rever seus parentes depois de ter chego no Brasil? Quantos também não vieram parar no Sul do mundo por causa de um inimigo mais poderoso e em maior número, escorraçados por aqueles que diziam nem existir uma Ucrânia? E os que deram sua vida pela pátria livre e não puderam morrer ao lado de seus camaradas?
Outra reflexão que o filme traz aos descendentes diz da permanência e da manutenção da herança cultural recebida. Se a cultura ucraniana sobreviveu àquelas duras provas, aos tempos negros nos quais até os kobzars eram executados, qual seria nosso papel, hoje, para que ela sobreviva diante de um mundo globalizante? Agora, a Ucrânia é livre - embora se encontre em meio das ambições da União Europeia e de Moscovo, que buscam novamente dividi-la - e nada nos impede de conservar a memória viva, mas será que conseguiremos levar adiante o legado? As banduras de Iván aparecem aqui como símbolo, significando que o povo que tem música, cultura, tem raízes e unidade; que na Tradição se Vive e que nela persiste o espírito do povo.
Só há o que agradecer a Guto Pasko por, novamente, compartilhar sentimentos tão significativos através de sua arte. A fotografia é impecável, e, o mais importante, a forma com que a história é narrada nos situa no coração da emoção do reencontro, do pertencimento e do demorado regresso ao lar. Nada consegue transmitir melhor os valores humanos do que uma história verídica transbordando em sentimentos honestos após as privações do tempo.
O Ébrio
3.5 28Fantástico! Magnífico!
Grande Vicente Celestino!
Dragonball Evolution
1.2 1,6K Assista AgoraBEST MOVIE EVER
Felpudo: O Cão Enfeitiçado
2.6 14A cena em que o cãozinho dirige um carro conversível e, antes de fazer a curva, dá sinal com o braço simplesmente marcou minha vida. Quem pode garantir que seu cãozinho não é seu melhor amigo?
Uma obra anormal e única.
O Rapto do Menino Dourado
3.0 302Dourado é o adjetivo que descreve a qualidade desse filme. Tal como o tio bacana te chamaria de "Guri de ouro", poderíamos chamar esse filme de "um rolinho de ouro", tamanha sua importância e beleza. Um filme para rever muitas vezes com sua família.
O Guerreiro Didi e a Ninja Lili
1.7 50Esqueça TUDO que você sabe de artes marciais. Esse filme mudará TOTALMENTE seus conceitos.
Gargantua
1.7 64Uma estória aterradora que mistura emoção e terror em um ambiente único e animalesco.