O ótimo trabalho de fotografia de Roger Deakins aliado à sensacional direção de Sam Mendes garantem momentos de tirar o fôlego. Mesmo diante dos horrores da guerra mostrados no filme, é possível ver um pouco de esperança e um grande senso de companheirismo.
Pode-se dizer que a franquia intitulada “Monsterverse” centrada nos imponentes Godzilla e Kong tem sido um sucesso junto ao público apesar de haver críticas mistas no geral. "Godzilla E Kong: O Novo Império”, quinto filme da saga, não deve mudar essa realidade. Afinal, o que acaba sendo mais importante é ver as lendárias criaturas expondo novamente aquela impetuosidade característica mesmo que a trama tenha lá seus pecados.
Como era de se esperar, a nova sequência entrega várias cenas eletrizantes de ação com inevitáveis doses cavalares de destruição envolvendo a dupla de titãs. Só que dessa vez, eles estão unidos para combater monstros ainda mais poderosos, garantindo assim batalhas épicas.
Outro ponto destacável nessa continuação é que os personagens humanos têm um desenvolvimento melhor, algo que ficou faltando em "Godzilla vs Kong" de 2021. A participação deles na história está mais relevante e convincente. Entretanto, o filme perde força quando resolve apelar para o sentimentalismo e soluções fáceis para determinadas situações.
Embora esteja longe de ser uma obra digna de aplausos, "Godzilla E Kong: O Novo Império” não faz feio e até supera o seu antecessor. Com certeza a diversão está garantida para os fãs ardorosos dos gigantes protagonistas e espectadores menos exigentes.
Mesmo tendo sido lançado nos cinemas há 40 anos, “Os Caça-Fantasmas” continua sendo um dos melhores filmes a misturar comédia, terror sobrenatural e fantasia. Além do ótimo dimensionamento dos diferentes gêneros, a trama conta com o belo entrosamento dos protagonistas e um exímio elenco de apoio.
Os efeitos visuais podem não impressionar nos dias de hoje, mas levando-se em consideração a época, eles proporcionam cenas memoráveis e são responsáveis por conceber seres fantasmagóricos e criaturas bizarras de forma bastante inventiva. O icônico carro dos Caça-Fantasmas conhecido como Ecto-1 é um dos maiores símbolos do cinema dos anos 80 e da própria cultura pop.
A trilha sonora composta pelo fabuloso Elmer Bernstein e a música-tema de Ray Parker Jr. são outros elementos que têm uma importância inestimável para o longa, pois o tornam rapidamente reconhecível e estabelecem uma atmosfera singular para sua narrativa.
"Os Caça-Fantasmas" segue encantando o público até hoje e quando se pensa em filmes oitentistas, ele é certamente um dos mais lembrados. É uma obra cinematográfica atemporal e, portanto, merece ser vista e revista por todas as gerações.
O enredo pode dar a entender que se trata de jovens apenas vivendo um triângulo amoroso, mas está além disso. Com sutileza, a narrativa mistura bem descobertas, amadurecimento e romance. São adolescentes adquirindo compreensão de si mesmos e vendo que o amor também pode vir em forma de amizade.
Drama, humor e pitadas de romance são a tônica de "Laços De Ternura", adaptação cinematográfica do romance homônimo escrito por Larry McMurtry. A combinação muito bem feita desses elementos nos conecta fortemente com a história.
As excelentes atuações de Shirley MacLaine e Debra Winger somadas à bela trilha sonora afloram ainda mais nossas emoções. Suas personagens mostram que o amor entre mãe e filha pode ser incondicional mesmo com as muitas diferenças nas personalidades de cada uma.
O filme é uma ode ao amor materno e um dos mais comoventes do cinema. Ele foi indicado a 11 Oscars e levou 5 estatuetas.
O fato de a história de horror se passar em um convento já estimula a curiosidade e gera expectativas. Embora a ambientação para o desenrolar dos acontecimentos sinistros não seja uma novidade no cinema, ela é muito bem trabalhada no filme através do uso bastante eficiente de luzes e sombras, fazendo com que a atmosfera seja a mais soturna possível.
O longa flerta com o terror sobrenatural, mas a repressão apoiada em dogmas religiosos, a inexplicável gravidez da protagonista e cenas capazes de causar aflição pelo seu impacto são os elementos que realmente aterrorizam. O horror é mais voltado para o psicológico. Há alguns clichês típicos do gênero e situações inconclusivas, porém não chegam a prejudicar a trama.
Ao dar vida a Cecilia, Sydney Sweeney consolida seu notório talento. A entrega da jovem atriz ao papel é extraordinária. Sua personagem vai da religiosa comprometida com sua fé e cumpridora de seus votos à mulher cheia de impetuosidade e astúcia para lidar com os mistérios e absurdos do convento.
"Imaculada" consegue surpreender positivamente com apenas 1 hora e 29 minutos de duração, já que apresenta um terror mais mundano e causa sensações autênticas de apreensão, medo e repulsa.
O filme, que é baseado no romance homônimo escrito por Bernhard Schlink, nos coloca diante de dois momentos bem complexos: o amor proibido entre um jovem e uma mulher madura e um julgamento por crimes de guerra dentro de um contexto de época marcado pelas perversidades do Holocausto. São situações contrastantes que criam uma atmosfera tão tensa quanto comovente.
A trama é um convite à reflexão sobre culpa, vergonha, piedade e reconciliação com o passado. A primorosa ambientação da Alemanha Pós-Segunda Guerra Mundial, a melancolia da trilha sonora e as excelentes atuações de Kate Winslet e David Kross são, sem dúvida, os pontos altos da narrativa.
"Beekeeper: Rede De Vingança” é mais um daqueles filmes de ação estrelados por Jason Statham a investir em muita pancadaria, tiros e explosões. Afinal, esses elementos já são marcas registradas na filmografia do ator britânico. E em seu mais recente longa, ele encarna mais um personagem com cara de poucos amigos e implacável na hora de agir.
Por mais que o filme não apresente novidades dentro do gênero, tem um detalhe que pode fazer uma certa diferença e chamar a atenção: o protagonista é um apicultor que baseia sua vingança no modo como as abelhas operam e se comportam. Embora exista um mistério em torno dele, este é logo revelado e o que vem a seguir é um homem personificando um enxame em fúria.
A bem da verdade, as cenas de luta e as boas doses de violência gráfica somadas aos momentos pirotécnicos são o que há de melhor na trama. Essa minha constatação é devido ao pouco interesse que os personagens secundários despertam e a muitos outros que só servem para ser tirados do caminho do protagonista. O próprio desfecho é bastante previsível.
O longa pode não surpreender por já termos visto vários com enredos muito parecidos, mas consegue ser um entretenimento satisfatório. E ainda tenho a sensação de que Adam Clay estará de volta.
Com uma bela fotografia toda em preto e branco, o longa, que é baseado em uma história real, mostra todo o drama de duas mulheres querendo viver um relacionamento proibido devido às convenções sociais da época.
O filme é uma adaptação do livro homônimo de Stephen King, um dos maiores mestres da literatura de terror, e estabelece uma atmosfera bem tensa e perturbadora ao fazer uso de elementos sobrenaturais.
A trama vai além do propósito de causar medo, pois trabalha temas sensíveis como bullying e fanatismo religioso. A maestria de Brian De Palma mergulha o público em um suspense constante e um dos recursos utilizados pelo diretor para intensificá-lo são os planos de câmera elaborados. Os efeitos visuais avançados para a época e a trilha sonora contribuem muito para que os momentos sejam ainda mais assustadores.
A atriz Sissy Spacek está excelente no papel principal. Ao interpretar Carrie, ela transmite genuinamente tanto a angústia e fragilidade da personagem quanto sua crescente raiva, o que provoca um misto de empatia e temor.
Mesmo depois de quase 50 anos de seu lançamento, "Carrie, A Estranha" continua sendo um dos filmes de terror mais apavorantes do cinema e seu chocante terceiro ato prova o que estou dizendo.
O filme tem uma trama super bem construída e oferece cenas vigorosas de ação e momentos bastante tensos. Porém, seu principal foco está na difícil batalha de um homem contra a corrupção sistêmica na polícia e os sérios riscos que corre por querer manter sua integridade.
O cineasta Sidney Lumet cria uma atmosfera pesada e nos apresenta uma Nova York suja, sem qualquer vestígio de glamour, e a completa desfaçatez de uma instituição. Um ainda jovem Al Pacino, que dá vida ao protagonista, entrega uma de suas melhores atuações. O ator expõe toda a transformação de seu personagem, indo do entusiasmo inicial à luta solitária para acabar com aquele esquema sórdido.
“Serpico” nos faz sentir o fardo do dilema moral do personagem-título, os enormes obstáculos no combate a uma prática tão desprezível, e também levanta questões sobre ética e justiça, que são sempre de grande relevância.
A segunda parte da saga corresponde a tudo que se podia esperar dela. Ela atinge um nível de qualidade tão acima da média que consegue superar a primeira parte. O cineasta Denis Villeneuve é novamente impecável na condução da sequência e nos garante uma experiência inigualável. É o fantástico universo criado por Frank Herbert retornando às telas de forma magistral.
Se “Duna” de 2021 funciona como uma bela apresentação daquele mundo, “Duna: Parte 2" o desenvolve para que os acontecimentos ganhem bem mais intensidade. O ritmo é mais acelerado, há reviravoltas surpreendentes, mais cenas de ação e subtramas que estimulam a curiosidade.
Enquanto os já conhecidos personagens adquirem maior profundidade, os recém-chegados dão ainda mais vigor à trama, o que a torna tão instigante quanto obscura. Outro aspecto importante que devo ressaltar é a excelência técnica do longa. Fotografia, design de produção, som, trilha sonora, figurino, maquiagem e efeitos visuais estão sublimes e contribuem significativamente para o total envolvimento do público com a narrativa.
“Duna: Parte 2" é um espetáculo absoluto e vale cada minuto de suas quase 3 horas de duração. Eu mesmo nem senti o tempo passar, tamanha a sensação de imersão. O fato é que quando o filme termina, o gostinho de quero mais é inevitável.
"Bonnie E Clyde: Uma Rajada De Balas" é baseado em uma história real e apesar da controversa glorificação do casal de criminosos em certos momentos, o filme é um dos primeiros representantes de um movimento que ficou conhecido como Nova Hollywood a partir da segunda metade da década de 60. Ele reflete muito bem a nova forma de se fazer cinema que começava a acontecer nesse período.
O longa impressiona por apresentar elementos inovadores para a época. O estilo visual, os ângulos de câmera incomuns e os cortes rápidos são alguns exemplos. O ritmo da trama é frenético e a violência em algumas cenas impacta pelo alto grau de ousadia e realismo.
Outro fator que chama a atenção são as ótimas atuações da dupla de protagonistas. Enquanto Faye Dunaway expõe tanto a impetuosidade quanto a vulnerabilidade de Bonnie, Warren Beatty expressa toda a insolência de Clyde. A química entre eles é impecável e só enriquece a narrativa.
O filme foi um sucesso de público e recebeu muitas críticas positivas. Ele também foi indicado a 10 Oscars e venceu em 2 categorias: Melhor Fotografia e Atriz Coadjuvante para Estelle Parsons.
“Ricky Stanicky” está recheado de piadas cretinas e situações “vergonha alheia”. É a típica comédia besteirol que, felizmente, sabe trabalhar esses elementos com muita eficiência e, dessa forma, garante boas gargalhadas.
O cineasta Peter Farrelly mostra mais uma vez sua notável capacidade de conduzir um longa nesse estilo. Os ótimos "Debi & Loide: Dois Idiotas Em Apuros" e "Quem Vai Ficar Com Mary?", este em parceria com seu irmão Bobby Farrelly, comprovam o que estou dizendo. O que se vê em seu mais recente longa são diversos momentos totalmente hilários.
Zac Efron, Andrew Santino e Jermaine Fowler se saem muito bem no papel de adultos inconsequentes. Eles fazem valer o lado deles sem noção. Mas, é John Cena quem realmente se destaca ao encarnar o personagem-título. O ator é bastante carismático, vem provando cada vez mais seu enorme talento para comédias e no filme, seu bom timing cômico é responsável pelas cenas mais engraçadas.
“Ricky Stanicky” tem muitos acertos, porém comete alguns pecados e o principal deles é explorar mal certos aspectos dramáticos. O bom é que eles não estragam a comicidade do longa e o que sobra é diversão.
"Adoráveis Mulheres" é mais uma adaptação cinematográfica da obra de Louisa May Alcott e um dos principais méritos do filme é a muito boa demarcação dos vários períodos da vida dos personagens entre as cenas. Isso se deve ao trabalho bastante competente do figurino, da fotografia e direção de arte. O espectador compreende melhor as diferentes passagens de tempo no decorrer da história. O longa certamente encanta, mas também comove ao vermos a condição das mulheres no século 19.
"Venom", a sequência "Venom: Tempo De Carnificina" e "Morbius", que pertencem ao universo cinematográfico do Homem-Aranha, estão, a meu ver, bem aquém em termos narrativos. Afinal, os personagens retratados nessas produções têm relação direta com o herói e mereciam uma abordagem melhor. Era de se esperar que "Madame Teia" trilhasse o mesmo caminho dos longas citados, porém ele consegue atingir uma relativa eficiência.
O filme estabelece bem alguns elementos como a origem da clarividência da personagem-título, a consequente descoberta desse poder e as dificuldades de lidar com ele. O vínculo entre Cassandra Webb e o trio adolescente não se dá de maneira forçada e as quatro exibem uma boa química na tela. Uma ou outra cena também chama a atenção pela qualidade técnica e há referências interessantes ao nosso querido Cabeça de Teia.
Entretanto, a pressa de amarrar pontas soltas faz com que a trama se torne inconsistente. Determinadas situações são pouco ou nada explicadas e o desenvolvimento do vilão é insatisfatório, o que torna seu antagonismo não muito convincente. É o longa apenas se deixando levar pelas conveniências e facilitações do roteiro para que façamos bom uso de nossa suspensão de descrença.
No geral, "Madame Teia" acerta tanto quanto erra e por esse motivo, o considero mediano. É mais uma produção que comprova o alto nível de saturação dos filmes de super-heróis e reforça novamente a necessidade de uma significativa revitalização do gênero.
Como sou um grande fã de filmes de fantasia, os lançamentos desse gênero sempre me despertam interesse. E "Donzela" é mais um entre tantos que explora o fantástico a motivar esse sentimento.
O filme combina bem a fantasia com a aventura, os efeitos visuais não são impecáveis, mas também não fazem feio, o arquétipo da princesa indefesa precisando ser salva a todo custo é quebrado e Millie Bobby Brown é convincente ao compor uma protagonista corajosa e determinada.
No entanto, a trama acaba caindo na armadilha da previsibilidade e não há muita ousadia para que a narrativa ganhe mais impulso. Além disso, o roteiro não se preocupa em dar um desenvolvimento adequado aos outros personagens. Em suma, o longa equilibra virtudes e defeitos, e pelo menos para mim, é uma produção apenas satisfatória.
Apesar de quase toda a história se passar em um ambiente fechado, a química muito boa dos protagonistas dá todo o charme ao filme. Talvez o maior mérito do roteiro é que ele te faz torcer para que dois completos estranhos fiquem juntos sem parecer algo extremamente clichê.
O filme é uma adaptação do livro de Alasdair Gray e nos mostra a determinação de Bella Baxter para conquistar sua emancipação. É um desafio e tanto, já que a história se passa na Era Vitoriana e a sociedade conservadora da época discriminava as mulheres.
A trama se concentra essencialmente na jornada de descobertas da protagonista e uma delas tem a ver com sua sexualidade. Quanto mais experiência nesse sentido ela vive, mais domínio tem de seus desejos e de seu próprio corpo. Esse comportamento muito além do seu tempo vai com toda certeza de encontro às normas estabelecidas e é nesse ponto que o humor ácido é inserido com maestria para alfinetar a sociedade patriarcal.
Emma Stone está irrepreensível como Bella Baxter. Ela se entrega à personagem com todo vigor, tornando-a extremamente cativante. Mark Ruffalo também se destaca ao viver um advogado tão canalha quanto idiota. E claro que não posso deixar de mencionar a ótima performance de Willem Dafoe. Ele não só expõe a imensa soberba de Godwin Baxter, mas também o afeto por sua criação.
"Pobres Criaturas" é mais um excelente trabalho do cineasta Yorgos Lanthimos. O longa nos leva para uma viagem repleta de surrealismo, que está em perfeita harmonia com a narrativa. A fotografia, o design de produção steampunk, a mistura de cenários reais com CGI e o figurino fazem com que aquele mundo seja absolutamente fascinante.
É bem provável que muitas pessoas vejam "Os Rejeitados" como mais um filme de Natal. No entanto, ele vai muito além disso, pois o foco da história é na complexidade da relação entre três personagens totalmente diferentes e a notória carga emocional que os envolve.
Estabelecida a principal premissa, o desenrolar da trama se dá através da mistura de drama e comédia. Graças ao ótimo roteiro escrito por David Hemingson e a magnífica direção de Alexander Payne, os dois gêneros funcionam de forma bem orgânica e com extrema eficiência. Enquanto o humor é inteligentemente sarcástico, os momentos dramáticos são genuinamente tocantes e não caem na pieguice.
Paul Giamatti, Da'Vine Joy Randolph e o novato Dominic Sessa estão sublimes em seus papéis. Além do impecável entrosamento, os personagens que fazem passam muita autenticidade em seus conflitos internos e em suas diferenças de personalidade. Outro ponto que merece elogios é o caprichado trabalho estético da produção. Ele ambienta tão bem os anos 70, período em que a narrativa se passa, que dá a impressão de estarmos vendo um longa lançado naquela época.
"Os Rejeitados" nos diverte e nos emociona na mesma proporção. Acredito que em um futuro não muito distante ele será considerado uma das melhores dramédias do cinema. Bem, este que vos escreve já o considera assim.
Mesmo tendo lido muitas críticas negativas e recebido a confirmação de que o filme saiu de cartaz com a menor bilheteria entre todas as produções do MCU, "As Marvels" está longe de ser a pior coisa que já foi produzida dentro deste mundo cinematográfico de super-heróis.
Não são muitos, mas o longa tem seus bons momentos, pois investe em um ritmo bastante frenético e conta com uma dinâmica muito boa do trio de protagonistas. Ação e aventura andam no mesmo compasso. Por outro lado, a inserção da comédia à trama não é bem feita, tornando o humor pouco efetivo. Outro problema, e penso que seja o principal do filme, é a antagonista. Há tantas falhas na construção da vilã que ela não consegue ser minimamente convincente.
Sendo bastante honesto, considero "As Marvels" um longa mediano. Entretanto, seu imenso fracasso nas bilheterias apenas reforça que a Marvel Studios precisa urgentemente mudar sua forma de conceber suas obras.
"Resistência" é mais um entre tantos filmes de ficção científica a investir pesado na distopia, se inspira em clássicos do gênero como "Blade Runner: O Caçador De Andróides" e "O Exterminador Do Futuro" e sinaliza que o uso indiscriminado das inteligências artificiais pode resultar em acontecimentos catastróficos para os seres humanos.
O filme dá um show de qualidade técnica, o que é comprovado pela excelência dos efeitos visuais, da fotografia, do design de produção e dos efeitos sonoros. Esses elementos demonstram de maneira bastante convincente e fidedigna o quanto a situação envolvendo os personagens é tensa e perigosa. Outro aspecto que deve ser ressaltado é a bela trilha sonora composta pelo talentosíssimo Hans Zimmer. Ela intensifica a imersão tanto nas cenas de ação quanto nos momentos de drama.
Embora a produção seja tecnicamente primorosa e a direção de Gareth Edwards seja competente no geral, o roteiro, que é coescrito pelo próprio Edwards, peca quando não desenvolve adequadamente certas temáticas e investe em situações clichês. Para quem espera uma trama com toques de originalidade, pode ficar um tanto decepcionado.
"Resistência" pode ter suas falhas no enredo, mas elas são compensadas pela construção de um mundo visualmente impecável e por oferecer alguns momentos bem impactantes.
O filme usa alguns clichês bem comuns em comédias com pitadas de romance e drama, tem personagens secundários muito pouco desenvolvidos e uma história bastante previsível. No entanto, a leveza do humor, a forte química entre Brittany Murphy e Dakota Fanning e suas ótimas atuações tornam a trama tão divertida quanto sensível. Apesar das falhas que mencionei, o longa consegue ser encantador e ainda levanta questões relevantes como senso de responsabilidade e amadurecimento precoce.
Há outras obras audiovisuais falando sobre esse terrível acidente aéreo ocorrido em 1972 e "A Sociedade Da Neve" é mais uma produção a oferecer uma nova leitura dos acontecimentos envolvendo o desastre.
O longa potencializa alguns dos aspectos daquela tragédia como o frio excruciante dos Andes, as tentativas dos sobreviventes de buscar uma forma de serem resgatados e a fome insuportável forçando-os a recorrer ao canibalismo. Embora a angústia permeie toda a trama, ela nunca se mostra apelativa.
A atuação do elenco é sublime, pois de forma fidedigna, todos expressam o sofrimento e a intensa luta pela sobrevivência através dos personagens que interpretam. Além disso, o filme tem uma estética impecável e os destaques vão para a fotografia, o figurino e os cenários detalhados. O longa nos dá uma real dimensão dos horrores que cada um dos sobreviventes teve que enfrentar durante 72 dias.
1917
4.2 1,8K Assista AgoraO ótimo trabalho de fotografia de Roger Deakins aliado à sensacional direção de Sam Mendes garantem momentos de tirar o fôlego. Mesmo diante dos horrores da guerra mostrados no filme, é possível ver um pouco de esperança e um grande senso de companheirismo.
Godzilla e Kong: O Novo Império
3.1 185 Assista AgoraPode-se dizer que a franquia intitulada “Monsterverse” centrada nos imponentes Godzilla e Kong tem sido um sucesso junto ao público apesar de haver críticas mistas no geral. "Godzilla E Kong: O Novo Império”, quinto filme da saga, não deve mudar essa realidade. Afinal, o que acaba sendo mais importante é ver as lendárias criaturas expondo novamente aquela impetuosidade característica mesmo que a trama tenha lá seus pecados.
Como era de se esperar, a nova sequência entrega várias cenas eletrizantes de ação com inevitáveis doses cavalares de destruição envolvendo a dupla de titãs. Só que dessa vez, eles estão unidos para combater monstros ainda mais poderosos, garantindo assim batalhas épicas.
Outro ponto destacável nessa continuação é que os personagens humanos têm um desenvolvimento melhor, algo que ficou faltando em "Godzilla vs Kong" de 2021. A participação deles na história está mais relevante e convincente. Entretanto, o filme perde força quando resolve apelar para o sentimentalismo e soluções fáceis para determinadas situações.
Embora esteja longe de ser uma obra digna de aplausos, "Godzilla E Kong: O Novo Império” não faz feio e até supera o seu antecessor. Com certeza a diversão está garantida para os fãs ardorosos dos gigantes protagonistas e espectadores menos exigentes.
Os Caça-Fantasmas
3.7 733 Assista AgoraMesmo tendo sido lançado nos cinemas há 40 anos, “Os Caça-Fantasmas” continua sendo um dos melhores filmes a misturar comédia, terror sobrenatural e fantasia. Além do ótimo dimensionamento dos diferentes gêneros, a trama conta com o belo entrosamento dos protagonistas e um exímio elenco de apoio.
Os efeitos visuais podem não impressionar nos dias de hoje, mas levando-se em consideração a época, eles proporcionam cenas memoráveis e são responsáveis por conceber seres fantasmagóricos e criaturas bizarras de forma bastante inventiva. O icônico carro dos Caça-Fantasmas conhecido como Ecto-1 é um dos maiores símbolos do cinema dos anos 80 e da própria cultura pop.
A trilha sonora composta pelo fabuloso Elmer Bernstein e a música-tema de Ray Parker Jr. são outros elementos que têm uma importância inestimável para o longa, pois o tornam rapidamente reconhecível e estabelecem uma atmosfera singular para sua narrativa.
"Os Caça-Fantasmas" segue encantando o público até hoje e quando se pensa em filmes oitentistas, ele é certamente um dos mais lembrados. É uma obra cinematográfica atemporal e, portanto, merece ser vista e revista por todas as gerações.
Você Nem Imagina
3.4 518 Assista AgoraO enredo pode dar a entender que se trata de jovens apenas vivendo um triângulo amoroso, mas está além disso. Com sutileza, a narrativa mistura bem descobertas, amadurecimento e romance. São adolescentes adquirindo compreensão de si mesmos e vendo que o amor também pode vir em forma de amizade.
Laços de Ternura
3.9 247 Assista AgoraDrama, humor e pitadas de romance são a tônica de "Laços De Ternura", adaptação cinematográfica do romance homônimo escrito por Larry McMurtry. A combinação muito bem feita desses elementos nos conecta fortemente com a história.
As excelentes atuações de Shirley MacLaine e Debra Winger somadas à bela trilha sonora afloram ainda mais nossas emoções. Suas personagens mostram que o amor entre mãe e filha pode ser incondicional mesmo com as muitas diferenças nas personalidades de cada uma.
O filme é uma ode ao amor materno e um dos mais comoventes do cinema. Ele foi indicado a 11 Oscars e levou 5 estatuetas.
Imaculada
3.1 193O fato de a história de horror se passar em um convento já estimula a curiosidade e gera expectativas. Embora a ambientação para o desenrolar dos acontecimentos sinistros não seja uma novidade no cinema, ela é muito bem trabalhada no filme através do uso bastante eficiente de luzes e sombras, fazendo com que a atmosfera seja a mais soturna possível.
O longa flerta com o terror sobrenatural, mas a repressão apoiada em dogmas religiosos, a inexplicável gravidez da protagonista e cenas capazes de causar aflição pelo seu impacto são os elementos que realmente aterrorizam. O horror é mais voltado para o psicológico. Há alguns clichês típicos do gênero e situações inconclusivas, porém não chegam a prejudicar a trama.
Ao dar vida a Cecilia, Sydney Sweeney consolida seu notório talento. A entrega da jovem atriz ao papel é extraordinária. Sua personagem vai da religiosa comprometida com sua fé e cumpridora de seus votos à mulher cheia de impetuosidade e astúcia para lidar com os mistérios e absurdos do convento.
"Imaculada" consegue surpreender positivamente com apenas 1 hora e 29 minutos de duração, já que apresenta um terror mais mundano e causa sensações autênticas de apreensão, medo e repulsa.
O Leitor
4.1 1,8K Assista AgoraO filme, que é baseado no romance homônimo escrito por Bernhard Schlink, nos coloca diante de dois momentos bem complexos: o amor proibido entre um jovem e uma mulher madura e um julgamento por crimes de guerra dentro de um contexto de época marcado pelas perversidades do Holocausto. São situações contrastantes que criam uma atmosfera tão tensa quanto comovente.
A trama é um convite à reflexão sobre culpa, vergonha, piedade e reconciliação com o passado. A primorosa ambientação da Alemanha Pós-Segunda Guerra Mundial, a melancolia da trilha sonora e as excelentes atuações de Kate Winslet e David Kross são, sem dúvida, os pontos altos da narrativa.
Beekeeper: Rede de Vingança
3.3 159 Assista Agora"Beekeeper: Rede De Vingança” é mais um daqueles filmes de ação estrelados por Jason Statham a investir em muita pancadaria, tiros e explosões. Afinal, esses elementos já são marcas registradas na filmografia do ator britânico. E em seu mais recente longa, ele encarna mais um personagem com cara de poucos amigos e implacável na hora de agir.
Por mais que o filme não apresente novidades dentro do gênero, tem um detalhe que pode fazer uma certa diferença e chamar a atenção: o protagonista é um apicultor que baseia sua vingança no modo como as abelhas operam e se comportam. Embora exista um mistério em torno dele, este é logo revelado e o que vem a seguir é um homem personificando um enxame em fúria.
A bem da verdade, as cenas de luta e as boas doses de violência gráfica somadas aos momentos pirotécnicos são o que há de melhor na trama. Essa minha constatação é devido ao pouco interesse que os personagens secundários despertam e a muitos outros que só servem para ser tirados do caminho do protagonista. O próprio desfecho é bastante previsível.
O longa pode não surpreender por já termos visto vários com enredos muito parecidos, mas consegue ser um entretenimento satisfatório. E ainda tenho a sensação de que Adam Clay estará de volta.
Elisa & Marcela
4.1 189 Assista AgoraCom uma bela fotografia toda em preto e branco, o longa, que é baseado em uma história real, mostra todo o drama de duas mulheres querendo viver um relacionamento proibido devido às convenções sociais da época.
Carrie, a Estranha
3.7 1,4K Assista AgoraO filme é uma adaptação do livro homônimo de Stephen King, um dos maiores mestres da literatura de terror, e estabelece uma atmosfera bem tensa e perturbadora ao fazer uso de elementos sobrenaturais.
A trama vai além do propósito de causar medo, pois trabalha temas sensíveis como bullying e fanatismo religioso. A maestria de Brian De Palma mergulha o público em um suspense constante e um dos recursos utilizados pelo diretor para intensificá-lo são os planos de câmera elaborados. Os efeitos visuais avançados para a época e a trilha sonora contribuem muito para que os momentos sejam ainda mais assustadores.
A atriz Sissy Spacek está excelente no papel principal. Ao interpretar Carrie, ela transmite genuinamente tanto a angústia e fragilidade da personagem quanto sua crescente raiva, o que provoca um misto de empatia e temor.
Mesmo depois de quase 50 anos de seu lançamento, "Carrie, A Estranha" continua sendo um dos filmes de terror mais apavorantes do cinema e seu chocante terceiro ato prova o que estou dizendo.
Serpico
4.1 276 Assista AgoraO filme tem uma trama super bem construída e oferece cenas vigorosas de ação e momentos bastante tensos. Porém, seu principal foco está na difícil batalha de um homem contra a corrupção sistêmica na polícia e os sérios riscos que corre por querer manter sua integridade.
O cineasta Sidney Lumet cria uma atmosfera pesada e nos apresenta uma Nova York suja, sem qualquer vestígio de glamour, e a completa desfaçatez de uma instituição. Um ainda jovem Al Pacino, que dá vida ao protagonista, entrega uma de suas melhores atuações. O ator expõe toda a transformação de seu personagem, indo do entusiasmo inicial à luta solitária para acabar com aquele esquema sórdido.
“Serpico” nos faz sentir o fardo do dilema moral do personagem-título, os enormes obstáculos no combate a uma prática tão desprezível, e também levanta questões sobre ética e justiça, que são sempre de grande relevância.
Duna: Parte 2
4.3 653A segunda parte da saga corresponde a tudo que se podia esperar dela. Ela atinge um nível de qualidade tão acima da média que consegue superar a primeira parte. O cineasta Denis Villeneuve é novamente impecável na condução da sequência e nos garante uma experiência inigualável. É o fantástico universo criado por Frank Herbert retornando às telas de forma magistral.
Se “Duna” de 2021 funciona como uma bela apresentação daquele mundo, “Duna: Parte 2" o desenvolve para que os acontecimentos ganhem bem mais intensidade. O ritmo é mais acelerado, há reviravoltas surpreendentes, mais cenas de ação e subtramas que estimulam a curiosidade.
Enquanto os já conhecidos personagens adquirem maior profundidade, os recém-chegados dão ainda mais vigor à trama, o que a torna tão instigante quanto obscura. Outro aspecto importante que devo ressaltar é a excelência técnica do longa. Fotografia, design de produção, som, trilha sonora, figurino, maquiagem e efeitos visuais estão sublimes e contribuem significativamente para o total envolvimento do público com a narrativa.
“Duna: Parte 2" é um espetáculo absoluto e vale cada minuto de suas quase 3 horas de duração. Eu mesmo nem senti o tempo passar, tamanha a sensação de imersão. O fato é que quando o filme termina, o gostinho de quero mais é inevitável.
Bonnie e Clyde - Uma Rajada de Balas
4.0 399 Assista Agora"Bonnie E Clyde: Uma Rajada De Balas" é baseado em uma história real e apesar da controversa glorificação do casal de criminosos em certos momentos, o filme é um dos primeiros representantes de um movimento que ficou conhecido como Nova Hollywood a partir da segunda metade da década de 60. Ele reflete muito bem a nova forma de se fazer cinema que começava a acontecer nesse período.
O longa impressiona por apresentar elementos inovadores para a época. O estilo visual, os ângulos de câmera incomuns e os cortes rápidos são alguns exemplos. O ritmo da trama é frenético e a violência em algumas cenas impacta pelo alto grau de ousadia e realismo.
Outro fator que chama a atenção são as ótimas atuações da dupla de protagonistas. Enquanto Faye Dunaway expõe tanto a impetuosidade quanto a vulnerabilidade de Bonnie, Warren Beatty expressa toda a insolência de Clyde. A química entre eles é impecável e só enriquece a narrativa.
O filme foi um sucesso de público e recebeu muitas críticas positivas. Ele também foi indicado a 10 Oscars e venceu em 2 categorias: Melhor Fotografia e Atriz Coadjuvante para Estelle Parsons.
Ricky Stanicky
3.1 82 Assista Agora“Ricky Stanicky” está recheado de piadas cretinas e situações “vergonha alheia”. É a típica comédia besteirol que, felizmente, sabe trabalhar esses elementos com muita eficiência e, dessa forma, garante boas gargalhadas.
O cineasta Peter Farrelly mostra mais uma vez sua notável capacidade de conduzir um longa nesse estilo. Os ótimos "Debi & Loide: Dois Idiotas Em Apuros" e "Quem Vai Ficar Com Mary?", este em parceria com seu irmão Bobby Farrelly, comprovam o que estou dizendo. O que se vê em seu mais recente longa são diversos momentos totalmente hilários.
Zac Efron, Andrew Santino e Jermaine Fowler se saem muito bem no papel de adultos inconsequentes. Eles fazem valer o lado deles sem noção. Mas, é John Cena quem realmente se destaca ao encarnar o personagem-título. O ator é bastante carismático, vem provando cada vez mais seu enorme talento para comédias e no filme, seu bom timing cômico é responsável pelas cenas mais engraçadas.
“Ricky Stanicky” tem muitos acertos, porém comete alguns pecados e o principal deles é explorar mal certos aspectos dramáticos. O bom é que eles não estragam a comicidade do longa e o que sobra é diversão.
Adoráveis Mulheres
4.0 975 Assista Agora"Adoráveis Mulheres" é mais uma adaptação cinematográfica da obra de Louisa May Alcott e um dos principais méritos do filme é a muito boa demarcação dos vários períodos da vida dos personagens entre as cenas. Isso se deve ao trabalho bastante competente do figurino, da fotografia e direção de arte. O espectador compreende melhor as diferentes passagens de tempo no decorrer da história. O longa certamente encanta, mas também comove ao vermos a condição das mulheres no século 19.
Madame Teia
2.1 240 Assista Agora"Venom", a sequência "Venom: Tempo De Carnificina" e "Morbius", que pertencem ao universo cinematográfico do Homem-Aranha, estão, a meu ver, bem aquém em termos narrativos. Afinal, os personagens retratados nessas produções têm relação direta com o herói e mereciam uma abordagem melhor. Era de se esperar que "Madame Teia" trilhasse o mesmo caminho dos longas citados, porém ele consegue atingir uma relativa eficiência.
O filme estabelece bem alguns elementos como a origem da clarividência da personagem-título, a consequente descoberta desse poder e as dificuldades de lidar com ele. O vínculo entre Cassandra Webb e o trio adolescente não se dá de maneira forçada e as quatro exibem uma boa química na tela. Uma ou outra cena também chama a atenção pela qualidade técnica e há referências interessantes ao nosso querido Cabeça de Teia.
Entretanto, a pressa de amarrar pontas soltas faz com que a trama se torne inconsistente. Determinadas situações são pouco ou nada explicadas e o desenvolvimento do vilão é insatisfatório, o que torna seu antagonismo não muito convincente. É o longa apenas se deixando levar pelas conveniências e facilitações do roteiro para que façamos bom uso de nossa suspensão de descrença.
No geral, "Madame Teia" acerta tanto quanto erra e por esse motivo, o considero mediano. É mais uma produção que comprova o alto nível de saturação dos filmes de super-heróis e reforça novamente a necessidade de uma significativa revitalização do gênero.
Donzela
3.1 299 Assista AgoraComo sou um grande fã de filmes de fantasia, os lançamentos desse gênero sempre me despertam interesse. E "Donzela" é mais um entre tantos que explora o fantástico a motivar esse sentimento.
O filme combina bem a fantasia com a aventura, os efeitos visuais não são impecáveis, mas também não fazem feio, o arquétipo da princesa indefesa precisando ser salva a todo custo é quebrado e Millie Bobby Brown é convincente ao compor uma protagonista corajosa e determinada.
No entanto, a trama acaba caindo na armadilha da previsibilidade e não há muita ousadia para que a narrativa ganhe mais impulso. Além disso, o roteiro não se preocupa em dar um desenvolvimento adequado aos outros personagens. Em suma, o longa equilibra virtudes e defeitos, e pelo menos para mim, é uma produção apenas satisfatória.
Apenas Duas Noites
3.3 359 Assista grátisApesar de quase toda a história se passar em um ambiente fechado, a química muito boa dos protagonistas dá todo o charme ao filme. Talvez o maior mérito do roteiro é que ele te faz torcer para que dois completos estranhos fiquem juntos sem parecer algo extremamente clichê.
Pobres Criaturas
4.1 1,2K Assista AgoraO filme é uma adaptação do livro de Alasdair Gray e nos mostra a determinação de Bella Baxter para conquistar sua emancipação. É um desafio e tanto, já que a história se passa na Era Vitoriana e a sociedade conservadora da época discriminava as mulheres.
A trama se concentra essencialmente na jornada de descobertas da protagonista e uma delas tem a ver com sua sexualidade. Quanto mais experiência nesse sentido ela vive, mais domínio tem de seus desejos e de seu próprio corpo. Esse comportamento muito além do seu tempo vai com toda certeza de encontro às normas estabelecidas e é nesse ponto que o humor ácido é inserido com maestria para alfinetar a sociedade patriarcal.
Emma Stone está irrepreensível como Bella Baxter. Ela se entrega à personagem com todo vigor, tornando-a extremamente cativante. Mark Ruffalo também se destaca ao viver um advogado tão canalha quanto idiota. E claro que não posso deixar de mencionar a ótima performance de Willem Dafoe. Ele não só expõe a imensa soberba de Godwin Baxter, mas também o afeto por sua criação.
"Pobres Criaturas" é mais um excelente trabalho do cineasta Yorgos Lanthimos. O longa nos leva para uma viagem repleta de surrealismo, que está em perfeita harmonia com a narrativa. A fotografia, o design de produção steampunk, a mistura de cenários reais com CGI e o figurino fazem com que aquele mundo seja absolutamente fascinante.
Os Rejeitados
4.0 321 Assista AgoraÉ bem provável que muitas pessoas vejam "Os Rejeitados" como mais um filme de Natal. No entanto, ele vai muito além disso, pois o foco da história é na complexidade da relação entre três personagens totalmente diferentes e a notória carga emocional que os envolve.
Estabelecida a principal premissa, o desenrolar da trama se dá através da mistura de drama e comédia. Graças ao ótimo roteiro escrito por David Hemingson e a magnífica direção de Alexander Payne, os dois gêneros funcionam de forma bem orgânica e com extrema eficiência. Enquanto o humor é inteligentemente sarcástico, os momentos dramáticos são genuinamente tocantes e não caem na pieguice.
Paul Giamatti, Da'Vine Joy Randolph e o novato Dominic Sessa estão sublimes em seus papéis. Além do impecável entrosamento, os personagens que fazem passam muita autenticidade em seus conflitos internos e em suas diferenças de personalidade. Outro ponto que merece elogios é o caprichado trabalho estético da produção. Ele ambienta tão bem os anos 70, período em que a narrativa se passa, que dá a impressão de estarmos vendo um longa lançado naquela época.
"Os Rejeitados" nos diverte e nos emociona na mesma proporção. Acredito que em um futuro não muito distante ele será considerado uma das melhores dramédias do cinema. Bem, este que vos escreve já o considera assim.
As Marvels
2.7 406 Assista AgoraMesmo tendo lido muitas críticas negativas e recebido a confirmação de que o filme saiu de cartaz com a menor bilheteria entre todas as produções do MCU, "As Marvels" está longe de ser a pior coisa que já foi produzida dentro deste mundo cinematográfico de super-heróis.
Não são muitos, mas o longa tem seus bons momentos, pois investe em um ritmo bastante frenético e conta com uma dinâmica muito boa do trio de protagonistas. Ação e aventura andam no mesmo compasso. Por outro lado, a inserção da comédia à trama não é bem feita, tornando o humor pouco efetivo. Outro problema, e penso que seja o principal do filme, é a antagonista. Há tantas falhas na construção da vilã que ela não consegue ser minimamente convincente.
Sendo bastante honesto, considero "As Marvels" um longa mediano. Entretanto, seu imenso fracasso nas bilheterias apenas reforça que a Marvel Studios precisa urgentemente mudar sua forma de conceber suas obras.
Resistência
3.3 265 Assista Agora"Resistência" é mais um entre tantos filmes de ficção científica a investir pesado na distopia, se inspira em clássicos do gênero como "Blade Runner: O Caçador De Andróides" e "O Exterminador Do Futuro" e sinaliza que o uso indiscriminado das inteligências artificiais pode resultar em acontecimentos catastróficos para os seres humanos.
O filme dá um show de qualidade técnica, o que é comprovado pela excelência dos efeitos visuais, da fotografia, do design de produção e dos efeitos sonoros. Esses elementos demonstram de maneira bastante convincente e fidedigna o quanto a situação envolvendo os personagens é tensa e perigosa. Outro aspecto que deve ser ressaltado é a bela trilha sonora composta pelo talentosíssimo Hans Zimmer. Ela intensifica a imersão tanto nas cenas de ação quanto nos momentos de drama.
Embora a produção seja tecnicamente primorosa e a direção de Gareth Edwards seja competente no geral, o roteiro, que é coescrito pelo próprio Edwards, peca quando não desenvolve adequadamente certas temáticas e investe em situações clichês. Para quem espera uma trama com toques de originalidade, pode ficar um tanto decepcionado.
"Resistência" pode ter suas falhas no enredo, mas elas são compensadas pela construção de um mundo visualmente impecável e por oferecer alguns momentos bem impactantes.
Grande Menina, Pequena Mulher
3.6 775 Assista AgoraO filme usa alguns clichês bem comuns em comédias com pitadas de romance e drama, tem personagens secundários muito pouco desenvolvidos e uma história bastante previsível. No entanto, a leveza do humor, a forte química entre Brittany Murphy e Dakota Fanning e suas ótimas atuações tornam a trama tão divertida quanto sensível. Apesar das falhas que mencionei, o longa consegue ser encantador e ainda levanta questões relevantes como senso de responsabilidade e amadurecimento precoce.
A Sociedade da Neve
4.2 723 Assista AgoraHá outras obras audiovisuais falando sobre esse terrível acidente aéreo ocorrido em 1972 e "A Sociedade Da Neve" é mais uma produção a oferecer uma nova leitura dos acontecimentos envolvendo o desastre.
O longa potencializa alguns dos aspectos daquela tragédia como o frio excruciante dos Andes, as tentativas dos sobreviventes de buscar uma forma de serem resgatados e a fome insuportável forçando-os a recorrer ao canibalismo. Embora a angústia permeie toda a trama, ela nunca se mostra apelativa.
A atuação do elenco é sublime, pois de forma fidedigna, todos expressam o sofrimento e a intensa luta pela sobrevivência através dos personagens que interpretam. Além disso, o filme tem uma estética impecável e os destaques vão para a fotografia, o figurino e os cenários detalhados. O longa nos dá uma real dimensão dos horrores que cada um dos sobreviventes teve que enfrentar durante 72 dias.