Eu tô encantada por diversos enquadramentos e diálogos, como por exemplo:
[spoiler][/spoiler]
A cena do pai após ver a foto recebida pelo filho, de sua mãe, feliz em outra companhia ainda que cercada pela família que amava. O enquadramento é sobre o rosto e um canto da parede ao fundo, onde o pai fica grandioso e a casa parece minúscula, como o é, em sentimento. O diálogo entre irmãos sobre a separação é algo denso, a quebra da idealização de um filho que percebe a sua semelhança à mãe, após acreditar que esta é a pessoa mais egoísta que já conheceu, aqui se inicia um processo. De longe, a mais instigante relação fica exposta por intermédio da imagem em movimento: o jovem filma seu “inimigo” de colégio como um herói de cinema, para que este pudesse ver a sua limítrofe existência, por outro ângulo.
Quando o David Lynch aparece para representar um grande diretor, que naquele contexto, seria o maior, eu fui genuinamente feliz e senti o presente que Spielberg entregava para o cinema do qual fez parte, porque pra mim, o Lynch é o maior.
Pearl faz sequência à "X" de maneira bastante generosa. A trilogia, me parece ter algo a dizer ao gênero do terror da última década, revisitando os seus subgêneros e algumas produções malcriadas da indústria. O primeiro filme se apega ao slasher e dá tom ao horror anos 1980, nesse aqui, há algo mais ambicioso: assumir o drama como elemento constitutivo do terror em uma memória visual aos clássicos de época. É uma condição bastante interessante recorrer a técnicas de edição e design para a alegoria sugerida, sem cair em maneirismos narrativos ou flertes mais simples com o estilo de filmagem do período ao qual Pearl remonta. A construção do horror do ponto de vista do drama, é algo que nesse caso me pega pessoalmente. Um dos maiores desafios de se estar vivo é lidar com as expectativas sobre o futuro e as frustrações com o passado. Conhecemos Pearl na velhice em "X", sabemos como sua vida termina, mas neste aqui a conhecemos jovem, com sonhos e descontente com a sua realidade em condição juvenil. É quase que presenciar toda a possibilidade que se experiencia quando se é jovem e o paradigma de que na velhice, deve se estar confortável com o que foi feito, ao passo em que o momento comparativo à atualidade que se vivencia é o passado.
Assisti pela segunda vez ontem, na cinemateca brasileira com a presença da filha de Glauber, Paloma Rocha que dirigiu a digitalização e a restauração da obra em 4k. Paloma disse que este trabalho era dedicado às crianças, que surpreendentemente faziam coro aos jovens, em sua maioria, presentes na exibição. É de fato um presente às novas gerações ter contato com o Brasil dos olhos de Glauber Rocha. O filme em si, dispensa comentários: é o país desvelado em sua critica mais profunda, onde a política institucional, de uma esquerda assintomática e uma direita delirante, jamais propusera a dignidade humana em sua concepção material e existencial ao país. Frente a vasta desigualdade que corta o longo tecido territorial, não conseguiram compreender que a terra não é de Deus, e que também não pertence ao Diabo, esta é a casa do homem, de todos eles.
A crítica que Haneke instaura em sua filmografia e o acompanha por todos os longas de sua carreira, nesse começo, já se apresenta com maestria: a forte indignação perante uma sociedade onde as relações humanas são intermediadas pelo Deus dinheiro. A moral burguesa é o suprassumo da imoralidade. Não há vínculos emocionais, não há escuta ou amparo, é um grande cinismo de aparências falidas. Estas, aproximadas pelo vídeo televiosanado, espantam muita gente, ou no limite, como sugere o diretor sequer geram comoção ao humano reprimido pela "imagem pública".
[spoiler][/spoiler] Em um momento conhecemos a morte do ponto de vista especista, que naturalizada pouco parece comover. Percebemos então, que está não é uma cena do filme de Haneke, mas sim uma cena do vídeo de Benny, que logo em seguida toma forma ao protagonizar a violência sugerida por Haneke que nos coloca no lugar de Benny, agora somos nós que assistimos ao horror. É nessa sacada que se constrói a crítica do diretor, seriamos nós expectadores passivos? Ao que tece as relações sugeridas, a típica família burguesa tem a porta de sua cobertura escancarada: a falta de humanidade em nome de uma moral fracassada. É desesperador acompanhar a supressão da humanidade dos pais frente a tentativa de sustentar a sagrada família.
Resolvi ver este clássico após ter assistido a peça teatral "PÓS-F" com texto de Fernanda young, que satiriza em certo momento a extrema "sonsisse" e referencia este filme. Fernanda, interpretada por Maria Ribeiro, diz que as sonsas tem um poder quase surreal de apaziguar conflitos, enquanto outras, vivem a dor de serem o próprio conflito a partir de sua sensibilidade vulnerável, incapaz de deixar-se fingir e limitar suas emoções intensas. Ainda que o filme tenha maior profundidade e fale sobre transtornos psíquicos, há uma personagem que parece ter esse poder e organicamente está fadada a resolver num passe de mágica situações conflituosas, ainda que isso custe uma parte profunda de sua humanidade. Trágico.
White savior em sua face mais estúpida: a armadilha da identidade, onde é necessário que mulheres brancas viagem ao oriente médio para causar alvoroço na tentativa de impactar costumes que elas sequer conhecem com alguma profundidade e "salvarem" as demais mulheres, que definitivamente vão encontrar suas "liberdades" nos mesmos anseios fúteis e liberalescos de uma burguesia cafona. No geral é um filme cômico, gosto das personagens sem nenhum motivo crivel de fato hahahaaha
A maternidade em sua complexidade é uma das esferas das identidades oprimidas. Muito sensível e dilacerante, deve ser foda amar profundamente um filho e não poder ser "mãe", na medida em que o corpo e os seus processos de subjetivação não podem incorrer na lógica da maternidade patriarcal e misógina. Lindo!
"A felicidade nem sempre é alegre" É nesse embalo que sentimos o desabrochar maduro do queer de maneira singular, em cenas longas do cotidiano ínfimo, desinteressante e completamente desafiador para aqueles que ousam transgredir a reflexão de suas próprias vidas, que escolhem viver, ou morrer, se preciso for. Sem desaforos, com muitos riscos, mas sempre embalado na onda dos sonhos "aqueles possíveis, viado!" são modestos, é no grande sonho de uma vida que a solidão se desfaz, quando encontramos e deixamos que exista, a nossa Greta Garbo. Obrigada cinema nacional, mais uma vez.
O filme é um produto histórico, fruto da guerra fria é certamente propaganda anticomunista. Usar o Rocky, uma grande figura da cultura pop esatdunidense para mandar essa mensagem merda, foi genial. No limite, tem a melhor luta de todos os filmes da franquia.
A parte A, quase que documentalmente narra as atrocidades humanas, em perspectiva criminal e violenta. A parte B, em sua maestria, apresenta o conteúdo existencialista, onde a busca por objetividade ou lógica para a existência não passa de mero flagelo da alma, e que talvez, não tenha sentido algum. É violento gratuitamente, sem conclusão ou sentido, porque a vida é assim mesmo: Um grande nada.
Essa simbologia socialista rodeando cenas de violência não me desceu. A que propósito se fez isso? Em outros aspectos o filme é bastante intenso e comovente.
Todos Menos Você
3.1 374 Assista AgoraUm mais do mesmo, que não ofende ninguém.
Morte Morte Morte
3.1 642 Assista AgoraO não dito é o que mata hahaha
Os Fabelmans
4.0 389Eu tô encantada por diversos enquadramentos e diálogos, como por exemplo:
[spoiler][/spoiler]
A cena do pai após ver a foto recebida pelo filho, de sua mãe, feliz em outra companhia ainda que cercada pela família que amava. O enquadramento é sobre o rosto e um canto da parede ao fundo, onde o pai fica grandioso e a casa parece minúscula, como o é, em sentimento. O diálogo entre irmãos sobre a separação é algo denso, a quebra da idealização de um filho que percebe a sua semelhança à mãe, após acreditar que esta é a pessoa mais egoísta que já conheceu, aqui se inicia um processo. De longe, a mais instigante relação fica exposta por intermédio da imagem em movimento: o jovem filma seu “inimigo” de colégio como um herói de cinema, para que este pudesse ver a sua limítrofe existência, por outro ângulo.
Quando o David Lynch aparece para representar um grande diretor, que naquele contexto, seria o maior, eu fui genuinamente feliz e senti o presente que Spielberg entregava para o cinema do qual fez parte, porque pra mim, o Lynch é o maior.
Titanic
4.0 4,6K Assista AgoraA experiência de ver isso aqui no cinema me arrebatou!
Pearl
3.9 998Pearl faz sequência à "X" de maneira bastante generosa. A trilogia, me parece ter algo a dizer ao gênero do terror da última década, revisitando os seus subgêneros e algumas produções malcriadas da indústria. O primeiro filme se apega ao slasher e dá tom ao horror anos 1980, nesse aqui, há algo mais ambicioso: assumir o drama como elemento constitutivo do terror em uma memória visual aos clássicos de época. É uma condição bastante interessante recorrer a técnicas de edição e design para a alegoria sugerida, sem cair em maneirismos narrativos ou flertes mais simples com o estilo de filmagem do período ao qual Pearl remonta.
A construção do horror do ponto de vista do drama, é algo que nesse caso me pega pessoalmente. Um dos maiores desafios de se estar vivo é lidar com as expectativas sobre o futuro e as frustrações com o passado. Conhecemos Pearl na velhice em "X", sabemos como sua vida termina, mas neste aqui a conhecemos jovem, com sonhos e descontente com a sua realidade em condição juvenil. É quase que presenciar toda a possibilidade que se experiencia quando se é jovem e o paradigma de que na velhice, deve se estar confortável com o que foi feito, ao passo em que o momento comparativo à atualidade que se vivencia é o passado.
Deus e o Diabo na Terra do Sol
4.1 429 Assista AgoraAssisti pela segunda vez ontem, na cinemateca brasileira com a presença da filha de Glauber, Paloma Rocha que dirigiu a digitalização e a restauração da obra em 4k. Paloma disse que este trabalho era dedicado às crianças, que surpreendentemente faziam coro aos jovens, em sua maioria, presentes na exibição. É de fato um presente às novas gerações ter contato com o Brasil dos olhos de Glauber Rocha. O filme em si, dispensa comentários: é o país desvelado em sua critica mais profunda, onde a política institucional, de uma esquerda assintomática e uma direita delirante, jamais propusera a dignidade humana em sua concepção material e existencial ao país. Frente a vasta desigualdade que corta o longo tecido territorial, não conseguiram compreender que a terra não é de Deus, e que também não pertence ao Diabo, esta é a casa do homem, de todos eles.
Tudo em Todo O Lugar ao Mesmo Tempo
4.0 2,1K Assista AgoraPsicanalise e o multigênero dos Daniels: estranho e sublime!
Top Gun: Maverick
4.1 1,1K Assista Agorase todo blockbuster fosse isso aqui, tava ótimo.
O Vídeo de Benny
3.6 232 Assista AgoraA crítica que Haneke instaura em sua filmografia e o acompanha por todos os longas de sua carreira, nesse começo, já se apresenta com maestria: a forte indignação perante uma sociedade onde as relações humanas são intermediadas pelo Deus dinheiro.
A moral burguesa é o suprassumo da imoralidade. Não há vínculos emocionais, não há escuta ou amparo, é um grande cinismo de aparências falidas. Estas, aproximadas pelo vídeo televiosanado, espantam muita gente, ou no limite, como sugere o diretor sequer geram comoção ao humano reprimido pela "imagem pública".
[spoiler][/spoiler]
Em um momento conhecemos a morte do ponto de vista especista, que naturalizada pouco parece comover. Percebemos então, que está não é uma cena do filme de Haneke, mas sim uma cena do vídeo de Benny, que logo em seguida toma forma ao protagonizar a violência sugerida por Haneke que nos coloca no lugar de Benny, agora somos nós que assistimos ao horror. É nessa sacada que se constrói a crítica do diretor, seriamos nós expectadores passivos?
Ao que tece as relações sugeridas, a típica família burguesa tem a porta de sua cobertura escancarada: a falta de humanidade em nome de uma moral fracassada. É desesperador acompanhar a supressão da humanidade dos pais frente a tentativa de sustentar a sagrada família.
Medida Provisória
3.6 432Teoria da ferradura fodida kkkkk
Atração Fatal
3.6 444 Assista AgoraResolvi ver este clássico após ter assistido a peça teatral "PÓS-F" com texto de Fernanda young, que satiriza em certo momento a extrema "sonsisse" e referencia este filme. Fernanda, interpretada por Maria Ribeiro, diz que as sonsas tem um poder quase surreal de apaziguar conflitos, enquanto outras, vivem a dor de serem o próprio conflito a partir de sua sensibilidade vulnerável, incapaz de deixar-se fingir e limitar suas emoções intensas. Ainda que o filme tenha maior profundidade e fale sobre transtornos psíquicos, há uma personagem que parece ter esse poder e organicamente está fadada a resolver num passe de mágica situações conflituosas, ainda que isso custe uma parte profunda de sua humanidade. Trágico.
Sex and the City 2
3.3 736 Assista AgoraWhite savior em sua face mais estúpida: a armadilha da identidade, onde é necessário que mulheres brancas viagem ao oriente médio para causar alvoroço na tentativa de impactar costumes que elas sequer conhecem com alguma profundidade e "salvarem" as demais mulheres, que definitivamente vão encontrar suas "liberdades" nos mesmos anseios fúteis e liberalescos de uma burguesia cafona.
No geral é um filme cômico, gosto das personagens sem nenhum motivo crivel de fato hahahaaha
Festa de Família
4.2 397 Assista Agora"A Família é o crime perfeito" - Heloisa Buarque de Hollanda
O Mensageiro do Diabo
4.1 263 Assista AgoraO cinema enquanto arte histórica em defesa de direitos, é ideologicamente uma promoção da defesa dos direitos das crianças. Fofinho demais!
A Filha Perdida
3.6 573A maternidade em sua complexidade é uma das esferas das identidades oprimidas. Muito sensível e dilacerante, deve ser foda amar profundamente um filho e não poder ser "mãe", na medida em que o corpo e os seus processos de subjetivação não podem incorrer na lógica da maternidade patriarcal e misógina. Lindo!
Tetsuo, o Homem de Ferro
3.7 136Comecei 2022 com esse aqui. Foda!
Greta
3.5 74 Assista Agora"A felicidade nem sempre é alegre" É nesse embalo que sentimos o desabrochar maduro do queer de maneira singular, em cenas longas do cotidiano ínfimo, desinteressante e completamente desafiador para aqueles que ousam transgredir a reflexão de suas próprias vidas, que escolhem viver, ou morrer, se preciso for. Sem desaforos, com muitos riscos, mas sempre embalado na onda dos sonhos "aqueles possíveis, viado!" são modestos, é no grande sonho de uma vida que a solidão se desfaz, quando encontramos e deixamos que exista, a nossa Greta Garbo. Obrigada cinema nacional, mais uma vez.
Rocky IV
3.6 444 Assista AgoraO filme é um produto histórico, fruto da guerra fria é certamente propaganda anticomunista. Usar o Rocky, uma grande figura da cultura pop esatdunidense para mandar essa mensagem merda, foi genial. No limite, tem a melhor luta de todos os filmes da franquia.
Mártires
3.9 1,6KA parte A, quase que documentalmente narra as atrocidades humanas, em perspectiva criminal e violenta. A parte B, em sua maestria, apresenta o conteúdo existencialista, onde a busca por objetividade ou lógica para a existência não passa de mero flagelo da alma, e que talvez, não tenha sentido algum. É violento gratuitamente, sem conclusão ou sentido, porque a vida é assim mesmo: Um grande nada.
Saint Maud
3.5 336 Assista AgoraA realidade da complexidade humana é o elemento mais angustiante do terror, é o medo de não se saber quem é, durante toda a vida.
Alabama Monroe
4.3 1,4KA intimidade do olhar na dor, é dilacerante.
Amores Expressos
4.2 356 Assista AgoraDaqueles que dá vontade de viver coisas... ♡
Nu
4.0 126A personagem Johnny é quase algo metafísico, aquela consciência violenta que passa para visitar corações atormentados e solitários, como ele mesmo.
Incompreendida
3.8 35 Assista AgoraEssa simbologia socialista rodeando cenas de violência não me desceu. A que propósito se fez isso?
Em outros aspectos o filme é bastante intenso e comovente.