Década chegando ao fim (por mais que existam divergências em relação a isso), listas brotando aos montes com os melhores da década em todas as redes sociais, críticos forçando o novo do Tarantino como um dos melhores filmes do ano... Não me sinto seguro em fazer uma lista de melhores da década — até porque eu acho que nem assisti a tanto filme assim. Contudo, para não passar em branco esse marco, eu fiz essa montagem digna de palmas com direito a WordArt, minha nova obsessão, e montei uma lista dos 50 (CINQUENTA!) melhores coming of age da década. Na minha humilde opinião, é claro!
Mas o que é o coming of age?, você me pergunta. Vou copiar da minha monografia, porque está escrito de forma bem mais bonita e embasada do que conseguiria fazer agora. (risos!)
“Durante a minha formação, deparei-me com o vocábulo criado para definir essa série de narrativas: coming of age (narrativas de amadurecimento, em tradução livre). [...] As narrativas de amadurecimento consistem em um gênero de produções em que seus protagonistas passam por momentos de difícil transição em sua vida — seja da infância para a pré-adolescência, seja da adolescência para a vida adulta (a 'chegada da idade’ que a expressão original se refere). [...] Um ponto sobre essas obras, contudo, costuma ser de fácil percepção: os protagonistas das narrativas de amadurecimento, usualmente, são homens prestes a entrar na adolescência. Essa recorrência se deve ao fato dos filmes possuírem reminiscências de um tipo específico de literatura: o Bildungsroman (romance de formação) — tendo seu marco inicial fixado no lançamento de Os Anos de Aprendizado de Wilhelm Meister (1795-1796) escrito por Johann Wolfgang von Goethe. [...] No cinema, esse ideário burguês do jovem protagonista vivenciando suas primeiras experiências em direção ao amadurecimento somente é contraposto, através de um número maior de obras, na contemporaneidade. A principal consequência desse fato, caso analisemos a trajetória do gênero, é a marginalização de um vasto número de personagens principais que se diferenciem do padrão, ou seja, do homem branco heterossexual, assim como as produções que protagonizam”.
Tentei não cometer esse erro na minha lista. Os filmes não se encontram em nenhuma ordem de preferência, nem nada. Os listei por ano de lançamento e, dentro dessa categorização, por ordem alfabética. Tentei construir uma lista para que novos ingressantes nessa hiper-categorização descubram as obras obrigatórias/marcantes dessa década, mas que os aficionados também se deparem com algumas incríveis surpresas (como, por exemplo, o dinamarquês Marcha Atlética de 2014). Estão presentes produções de diversas nacionalidades: do Japão até o Brasil, passando pelo México, França e Canadá. Do live action a animação. De variados gêneros: do drama a ficção científica com direito a algumas incursões pela fantasia ou, até mesmo, o terror. Com os mais diversos protagonistas enfrentando as mais complexas questões: da descoberta sexual a identidade de gênero; de psicopatias a superação do luto; do primeiro dia em uma escola nova até o dia-a-dia em uma casa de acolhimento. Tem filme polêmico por se enquadrar ou não nesta categorização, tem filme que a experiência audiovisual é melhor do que a narrativa (tô falando de você mesmo, Todd Haynes!), tem filme que eu odiei na época de lançamento e passei a curtir recentemente (Lady Bird, uma relação agridoce!), tem filme que possuo mais memória afetiva com a trilha sonora do que o filme em si como é o caso das músicas do Alex Turner e o filme Submarino; e tem até um curta-metragem infiltrado nessa lista (Scenes from the Suburbs do Spike Jonze, mas porque fez por merecer!). Meninos e meninas das mais variadas idades enfrentando a dura tarefa de amadurecer na sétima arte.
Enjoy!