Filme 'Chatô' ganha classificação indicativa de 14 anos
O filme "Chatô: O Rei do Brasil", do diretor Guilherme Fontes, existe e está pronto.
Pelo menos, segundo o radar do Ministério da Justiça, que recebeu uma cópia do longa por meio de um link para avaliar a sua classificação indicativa. A pasta determinou que ele não é recomendado para menores de 14 anos por "conteúdo sexual, drogas lícitas e linguagem imprópria".
A classificação foi publicada na edição desta sexta (15) do Diário Oficial da União.
O filme foi rodado nos anos 1990, mas nunca lançado. No meio cinematográfico "Chatô" é tido como uma lenda. Poucos o viram –o diretor Cacá Diegues escreve em sua autobiografia que assistiu a ele.
O fato de o ministério ter determinado uma classificação etária significa que o filme foi visto por uma equipe de pelo menos duas pessoas.
Baseado na biografia homônima escrita por Fernando Morais sobre Assis Chateaubriand, o filme tem Marco Ricca no papel-título, além de participações de Paulo Betti (como Getúlio Vargas), e da atriz Letícia Sabatella.
Entre 1995 e 1999, Fontes captou cerca de R$ 8,6 milhões, via Lei Rouanet e Lei do Audiovisual, para dirigir o longa –valor que, corrigido e acrescido de juros, chega a cerca de R$ 66 milhões.
Ele foi condenado pelo Tribunal de Contas da União a ressarcir esse valor e pagar uma multa de R$ 2,5 milhões porque, segundo o órgão, o diretor captou recursos incentivados sem ter apresentado o "produto final", isto é, sem ter realizado o filme.
Em novembro, o tribunal negou recurso de Fontes relativo à prestação de contas.
À época, ele disse que pretendia fazia sessões fechadas do filme para convidados antes de lançá-lo no circuito.
A Folha entrou em contato novamente com o diretor e informou-lhe a classificação indicativa que "Chatô" recebeu do Ministério da Justiça
"Catorze anos? Que maldade", respondeu. "Vou recorrer: quero que seja indicado para maiores de 12. Tem novela que tem coisa muito pior."
No pedido enviado ao ministério, ele buscou classificação indicativa de 10 anos.
Quando informado que o uso de "drogas lícitas" consta na fundamentação, ele diz: "É porque o personagem toma injeção de Viagra", sem especificar a quem se refere.
Segundo Fontes, já há distribuidores interessados no filme. Mas ele não informa quem são. "Eles estão felicíssimos com o 'Chatô'."
O diretor diz que quer esperar o fim do Festival de Cannes, que acaba no dia 24 e onde estão muitos distribuidores, para "sentar com eles e definir a data da estreia do filme". Ele diz que espera lançá-lo "ainda neste semestre".
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